Um texto sem tabus…
TAMBÉM UM DIA, ALGURES, PINTARAM BIGODE NUM RETRATO DE SALAZAR…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Portugal é um país de gentes desvairadas… e pessoas despachadas. Um grupo, entre vários, sobressai com arreganho, atrevimento e sem respeito pelo Zé-Povinho. Precisamente, aquele que o leitor está a pensar. O que se inclui na classe política. Mas não só – como deixámos antever. Também, noutros sectores da sociedade a espécie anómala marca presença. Ou se faz notar com maior ou menor evidência, conforme os respectivos "calibres" das personalidades intervenientes. Nos órgãos de comunicação social, nos vários domínios das autoridades policiais, administrativas, judiciais, instituições oficiais e entidades particulares, se encontram indivíduos verdadeiros especialistas nas artes do improviso idiota, do incrível disfarce, do insuspeito embuste, do malabarismo acrobático, do arrebatamento descontrolado, da incompetência encartada e atrevida, do autoritarismo desenfreado, do execrável abuso do poder, do nepotismo mais dissipador, da avassaladora desfaçatez na imoralidade e falta de ética manifestadas a qualquer momento, da enorme ligeireza e abominável irresponsabilidade explícitas nas falas e nos actos.
Ainda há poucos dias se registou um clamoroso facto que ilustra bem até que ponto vai o voluntarismo de certas pessoas com maneiras de ser próprias de ditadores de pacotilha. O país sobressaltou-se com a iniciativa da presidente da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) em suspender do serviço e levantar um processo disciplinar ao professor Fernando Charrua, ex-deputado do PSD, com fundamento num motivo fútil. Sem dúvida para quem tivesse o sentido das proporções e das conveniências e, decerto, a capacidade de discernir correctamente sobre as grosserias e as ofensas à dignidade das pessoas, não ocorreria a peregrina ideia de sancionar um cidadão que num diálogo, em privado, sem escândalo público, disse uma piada sobre o actual chefe do governo português. O procedimento da citada directora da DREN prestou um mau serviço ao País e à causa da Educação; esta, englobada na ordem cívica da Nação. Igualmente, com o seu gesto de subserviência e pretensa desafronta da suposta ofensa à pessoa do chefe do governo “deu-lhe um tiro no pé” absolutamente despropositado e inconveniente para o próprio. Deplorável que o visado (Sócrates) e a ministra da Educação não se tenham compenetrado da extrema gravidade e negativo alcance desta tristonha novela de mau gosto.
Também, neste caso, bem notada a aplicação da regra da discreta "fraternidade" que um dia foi evocada pelo socialista Jorge Coelho: quem se meter com o PS leva… Só que nunca se sabe o quê… Certamente, que não chocolates, nem mimos. E o maçon António Vitorino avisou: Habituem-se!... Infelizmente, os portugueses esquecem-se destas ameaças.
Outrossim, tratou-se de uma arbitrariedade na sequência de uma delação. Portanto, até mais que a classificação de fútil que é atribuível à motivação invocada para o procedimento da directora da DREN releva a circunstância de ela, a sanção aplicada, se constituir como grave violação do direito à liberdade: quer do pensamento, quer de opinião, consagrado no articulado da Constituição da República Portuguesa.
Estando a responsável da DREN sob a tutela da ministra da Educação teria sido procedente que esta governante abrisse um inquérito face à transgressão das normas constitucionais, com vista a procedimento disciplinar sobre a directora da DREN. Por outro lado, ao primeiro-ministro e à ministra em causa ficou-lhes mal que, interpelados pelos jornalistas, alegassem o desconhecimento oficial do facto e se refugiassem no pretexto de não deverem intervir na área de competência da senhora chefe da delegação do ministério. Um mau exemplo de não assunção de responsabilidades hierárquicas.
Um outro aspecto bastante grave e condenável é que neste caso, sobressai o clima de perseguição às pessoas não filiadas no partido detentor do Poder e se fomenta a indecente prática da delação, à semelhança da que constava dos métodos do regime corporativista do Estado Novo, a ditadura de Salazar e, mais tarde, de Marcelo Caetano. Agora, sem a PIDE. Mas com recurso aos cidadãos que instigados a ser bufos gratuitos se prestam ao triste papel de delatores renegando elementares deveres éticos e de cidadania. Aqui, por gestos gratuitos, dir-se-ia outra medida de restrição das despesas do Orçamento… não fora a provável hipótese de as compensações se processarem noutros formatos mais sofisticados… e de mais gravosos activos financeiros…
Esta, é mais uma ocorrência confirmativa de que - sob o disfarce de uma democracia institucionalizada - continuamos a viver sob uma ditadura do vale tudo, de contornos obscuros e de efeitos não menos perniciosos e ofensivos da dignidade de indistinto cidadão. Não esqueçamos que os oportunistas democráticos de hoje são farinha do mesmo saco da ditadura salazarista; como amanhã o serão se vier por aí desmandada outra corrente ditatorial. É uma questão de oportunidade e mudança de fatiota…
Actualmente, os portugueses têm medo das represálias que lhes podem ser aplicadas pelas atitudes que intentam perante as arbitrariedades do Poder e face às sombrias forças que o sustentam e o manipulam. São interesses instalados que intimidam, exploram, maltratam, afligem e discriminam. Eles, os respectivos detentores, comandam e determinam as políticas de opressão económico-financeira demasiado asfixiantes das classes desfavorecidas que, nalgumas vertentes, se articulam e convergem no sentido de se tornarem arrasadoras das vidas humanas. Isto é: visam humilhar o cidadão; procuram complicar-lhe a vida; desejam fatigá-lo excessivamente de forma a levá-lo à apatia, ao desespero, ao convencimento da inutilidade da sua resistência e, consequentemente, se deixar abater até ao limite de ser destruído. Acrescente-se: sem piedade. E manifestação de luto… Aliás, incompatível com o egoísmo, a prepotência e a desumanidade que evidenciam no dia-a-dia.
Vem a propósito contar uma história verdadeira.
Estávamos – se não nos falha a memória – no ano de 1966. Em plena era de Salazar.
Algures, neste país, certo dia primaveril, em departamento oficial, um funcionário bem colocado numa posição cimeira da escala hierárquica do serviço, resolveu fazer uma brincadeira no retrato de Salazar; o qual, pendurado numa parede, para ali estava mostrando a soturna imagem do ditador com olhos de carneiro mal morto, pasmado, como se estivesse vigiando os funcionários. Que fez ele? Pintou um bigode no lábio superior da figura do Presidente do Conselho, como o caudilho era designado. Os circunstantes riram-se. O momento foi de boa disposição. Mas o chefe do sector administrativo quando viu a foto da criatura metamorfoseada não achou graça nenhuma. Ficou furibundo. Peremptório, afirmava que "aquilo" era uma grave falta de respeito para com Sua Excelência o Senhor Presidente do Conselho. No círculo dos seus subalternos insistia que tinha de se agir rapidamente (limpando o retrato) e em força na investigação de apuramento da autoria de tão ofensivo despautério.
Vai daí - e desde logo - propunha-se fazer participação a entidade superior com eventual encaminhamento à PIDE. (a polícia de repressão política do regime). Durante alguns dias pairou no ar a ameaça de, a breve instante, se assistir à entrada de rompante dos agentes da temível polícia. Valeu naquela ocasião o chefe do serviço onde exercia o "atrevido" prevaricador que, sensatamente, pôs água na fervura e desencorajou o colega, a não prosseguir nos seus destemperados intentos. Um chefe responsável que, apesar de ser um salazarista ferrenho, deu prova de justo discernimento. Escusado será dizer que, a quando do dia 25 de Abril de 1974, o "escandalizado" reprovador do bigode de Salazar, se portou com tal jeito que parecia um democrata convicto e fervoroso entusiasta do Movimento das Forças Armadas.
Isto contado para ilustrar como, em qualquer época, surgem criaturas mais papistas que o papa.
E para assinalar que também há gente oportunista com falha de carácter, sem resquícios de vergonha, que facilmente muda de vestimenta na praça pública...
Para terminar, aventamos que, brevemente, a directora da DREN seja colocada no Funchal, num serviço adequado e propício à meritória(…) tarefa de providenciar um expedito processo disciplinar ao Dr. Alberto João Jardim que, como se sabe, não morre de amores pelo chefe do Governo. Um processo devidamente precedido de suspensão de vencimento e transferência compulsória para Lisboa, onde – eventualmente – prestará a José Sócrates assessoria de proximidade com especial ênfase em asneirolas e correlativas boas maneiras… A tão compenetrada funcionária não lhe faltará ocasião e motivo para mostrar a sua coragem, habilidade, eficiência e fidelidade ao grande chefe Sócrates… (Já repararam como este país está predestinado a ter grandes chefes?... Atente-se na galeria onde se destacam: Salazar, Caetano, Jardim, Soares, Cavaco, Guterres, Durão, Santana, Sócrates. E quanto a resultados?...).
Antecipemos as palmas e os foguetes…
Bem vistas as coisas e loisas tudo em conformidade:
- Ao Bem da Nação Socialista regida pela batuta do "grande" maestro Sócrates - o desembaraçado regente de todas as nossas desgraças quotidianas.
- Em prol dos misteriosos "grandes" objectivos do "Grande Oriente Lusitano"…
- A favor da consagração do "grande" regime maçónico (também participado pela Opus Dei – a conhecida maçonaria branca) que nos chaga a paciência…
E com a "grande" bênção do Grande Arquitecto do Universo…
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