Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, maio 31, 2007

Caríssimas senhoras,

Caros senhores

Aqui deixamos as SARAIVADAS da semana.

Desta vez, o Arq.º Saraiva ás voltas em redor de António Costa, candidato à presidência da Câmara Municipal de Lisboa - num tempo de lembranças.

Saudações cordiais.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: Saraiva em tempo de lembranças…

O Arq.º José António Saraiva dá-nos a impressão que atravessa uma fase de boa predisposição para recuperar memórias de pessoas com quem privou no decorrer do tempo e de acontecimentos que testemunhou e algumas marcas lhe deixaram no subconsciente. É um bom e exaltante sinal de uma saudável actividade da mente do conhecido jornalista.

Aqui e agora, a evidência da apreciação que fazemos é-nos facultada pelo próprio no seu texto sobre o político António Costa ao interrogar-se: Este ex-ministro da Administração Interna fez bem em se lançar na corrida eleitoral para a presidência da câmara lisbonense?

Desta vez, o arquitecto-jornalista estava inspirado, solto na expressão e possuído de rápido raciocínio.

Teve três lembranças.

A primeira, reporta a um dia, há muitos anos, em que soube da existência do pequeno Costa. Isso aconteceu porque “os nossos pais eram amigos – confessa Saraiva.

Pela nossa parte anotamos: Sem dúvida, uma oportuna e feliz coincidência

A segunda, referente a “Sampaio e João Soares que “estiveram ambos seis anos na Praça do Município”.

Mais uma vez, conforme nele é hábito incorrigível, Saraiva fica-se nas encolhas e deixa o leitor perdido em conjecturas sem descortinar aquilo que de incompleto na afirmação, mas realmente consubstanciado em factos, poderia ajudar a melhor esclarecimento. Não há como fugir à inquietante questão: o que estiveram ambos, Jorge Sampaio e João Soares, convenientemente remunerados com os dinheiros dos contribuintes que somos todos os indígenas deste país, a fazer durante seis anos pasmados na Praça do Município, em Lisboa? A dedilharem as guitarras e a cantarem o fado do “Desgraçadinho, quem és tu”? Ou a entoarem num coro desafinado a castiça melopeia “A Rosa enjeitada”? Entretidos com o desenrolar da “Batalha Naval”? Arengando às hostes? Fingindo que trabalhavam? Vendo passar os comboios da “linha” de Cascais? Disfarçados, a jogarem às damas? A arriscar no bingo? A competir no dominó? A disputar o xadrez da política de trazer pelas ruas da amargura? Radiantes, a dançarem o tiroliro? A exibirem-se no fandango? Excitados com os rodopios do corridinho? Desconcentrados na cadência do malhão? Dados a jantaradas? Cada um delico-doce no seu cantinho a fazer provas de ginjinhas, de bagaços e de água-pé? Diligentes e entusiásticos a ensaiarem os passos de dança dos Pauliteiros de Miranda? A treinar a pontaria atirando sobre os pardais de telhados com bastantes vidraças? Ocupando-se nos intervalos com leituras pornográficas? De quando em vez fazendo voltas de rodeio ao som da canção do “Jardim da Celeste”? Quiçá, a jogarem o berlinde? Absortos, sem se aperceberem do bulício da cidade? Atentos, num trabalho de apuramento estatístico das beldades que acorriam à Praça do Município para os contemplarem com admiração e enlevo? E durante esses longos anos nunca teriam sido presenteados com umas inebriantes beijocas das admiradoras? Alguma vez desagradavelmente e com muito fastio, ocuparam o tempo a receber em audiência o Zé-Povinho?

Infelizmente, Saraiva fechou-se em copas Nem qualquer indício... Tão-pouco uma inocente dica Ainda somos nós que, sentindo a obrigação cívica de puxar pela mioleira, ousamos dar modesto contributo para se fazer luz no espírito de qualquer leitor angustiado com tantas dúvidas e imprecisões

Se bem consideramos o que Saraiva sugere acerca daquele “retiro” de Jorge Sampaio e João Soares na Praça do Município, o mesmo teria sido um grande incómodo. Também uma grande e estafante provação. De que o último se libertou “por uma unha negra”. Aos dois antigos presidentes ter-lhes-á valido a feliz circunstância de não se ter entreposto uma unha branca

A terceira, teve a ver com a visão das obras feitas pelos antigos presidentes: Abecassis, Sampaio, João Soares, Santana Lopes e Carmona Rodrigues. As enumeradas: Reconstrução do Chiado, túneis, túneis e parques de estacionamento, etc. e tal…

Igualmente habituais são as grandes interrogações que Saraiva se põe a si próprio; geralmente desgastantes porque dificilmente encontra respostas. Mas, desta vez, pragmático e contido, enfiado na pele do Costa, interpelou-se: “no seu lugar faria o mesmo”? A resposta foi rápida. Saiu-lhe espontânea: Sim! Preto no branco

Porém, Saraiva aponta uma enigmática ressalva: “o único senão que lhe encontro é uma certa falta de loucura”. E completa o pensamento notando no Costa “a ausência daquele golpe de asa que distingue os que nascem para ser líderes”.

Parece evidente que o arquitecto-jornalista Saraiva considera que uma certa dose de loucura é necessária para se ser gente. E António Costa não sendo louco nem ave que lhe proporcionasse a faculdade de executar o tal “golpe de asa” acrobático com que se exibisse naquele local mencionado por Saraiva (a Praça do Município) perante o respeitável público, não estará predestinado a tornar-se o líder sonhado pelo articulista. A menos que José António Saraiva se tenha enganado. Aliás, à cautela foi escrevendo: “admito que Costa ainda não tenha tido oportunidade de revelar essa faceta, caso disponha dela”. Subtil, esta farpa envenenada: caso disponha dela… E aqui, outras dúvidas: Que específico “golpe de asa”? E asa direita? Asa esquerda? Acompanhado de golpe de rins? Saraiva refere-se à loucura? À não existência dela? À falta do golpe de asa? Ou à ausência de asas, sem as quais não há hipótese para o dito golpe?

Um achado interessante - mas que faz sentir calafrios a quem nunca praticou equitação e receia os coices, as cangochas e os pinos das cavalgaduras - é aquele de Saraiva dizer que “o lugar de presidente da Câmara da capital é uma cavalaria e tem sido trampolim para outras cavalarias”. Assim, se subentendem as mais diversas cavalariasQual indígena da Província ousaria dizer semelhante coisa?

Enfim, Saraiva depois de ter notado falta de loucura no candidato António Costa permitiu-se o desplante de incluir no escrito o termo maire para designar o presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Palavra francesa caída de pára-quedas e a despropósito, de forma gratuita e descabida. À semelhança do que pratica o chefe Paulo Portas, do Partido Popular, que faz gala - no jornal de José António Saraiva - titular artigos com designações estrangeiras e mostrar que sabe escrever em Inglês e Francês Um e outro, voluntariosos, colocam-se num pedestal onde se revêem elevados ao mais alto grau do chiquismo prevalecente nas noites de boémia da Lisboa de todas as veleidades e futilidades. Ambos ficam impecáveis no retrato da presunção e da água benta

Dedução lógica: Quer o director Saraiva, quer o desassossegado colaborador Paulo de muitas portas, estarão convencidos que com estes expedientes linguísticos deslumbram os leitores. Pois, muito se engana quem cuida... Desiludam-se! A malta já não vai atrás dessas bacoquices.

Quanto mais não seja por mera questão de decoro e de higiene mental lembrem-se que estão em Portugal. E que em Português nos devemos comunicar e entender.

Fim