Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, julho 26, 2007

Caríssimas damas,
Caros senhores,

Aqui inseridas as SARAIVADAS da semana.
Estas, especiais, relacionam-se com a peça O VENCEDOR, esculpida pelo talentoso arquitecto-jornalista Saraiva. A qual, foi apresentada ao respeitável público no p.p. sábado, dia 21 de Julho.
Posso dizer-vos que, atendendo aos seus dedicados (perdão, delicados) traços, tal obra de arte me trouxe à lembrança A FLOR AGRESTE, do escultor Soares dos Reis - claro que ressalvando as devidas distâncias entre um genial mestre da Escultura e um consagrado arquitecto jornalista que, nesta arte, estará inciando os primeiros passos ...
Sem desprimor para Saraiva - como o próprio, sem grande esforço, reconhecerá.
Apresento-vos os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema I: Saraiva e a sua arte de criar

“O VENCEDOR”


De José António Saraiva se conhece ser formado na arte da Arquitectura e ter currículo nas artes da escrita. Há muitos anos exerce a actividade de jornalista, correlacionada com o desempenho de funções de director de jornais. Escreveu livros. Factor não despiciendo é que, a qualquer momento, pode cair de pára-quedas no quintal da sua residência o almejado Prémio Nobel de Literatura – segundo a informação que, há tempos não muito recuados, teve a amabilidade (diremos: a generosidade) de nos transmitir durante uma entrevista a Maria João Avilez, aos microfones da SIC.

Mas não se lhe conhecia a aptidão para criar factos políticos, à semelhança do seu amigo e colaborador professor Marcelo. Agora, talvez por indução ou reflexo da proximidade, Saraiva ter-se-á aventurado a enveredar por essa expressão artística. E deu o passo de entrada em grande estilo. Aliando a prestidigitação à concepção e criação. Tal engenhoso prodígio de realização mediática configurou-se na modelada formatação de Carmona Rodrigues, perdedor no escrutínio eleitoral de Lisboa, retratado na imponente figura do grande vencedor.

Sem reticências e falsos pudores, ufano, senhor de si e das suas conclusões tiradas a compasso e esquadro – ou não fosse o visado, engenheiro e o modelador, arquitecto - Saraiva dita: “O grande vencedor desta eleições foi, assim, Carmona Rodrigues”. Assim e assado. Frito e cozido. Criado O VENCEDOR. Pronto a servir de repasto a quem dele se quiser aproveitar

Por coincidência feliz dá-se o caso de Saraiva ser admirador (confesso) de Carmona. O que de certo terá facilitado o trabalho de esculpir a nova e surpreendente imagem do ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Porém, o que mais intriga na afirmação do autor da peça é a contradição contida nas suas formulações. Algumas delas logo apresentadas nas primeiras linhas do artigo “O VENCEDOR”.

Para começar, pergunta José António Saraiva: “Quem ganhou as eleições de Lisboa? De imediato, responde: António Costa, certamente.

Depois, Saraiva embrulha-se em considerações sobre a “enorme abstenção”, “o eleitorado do PSD que partiu-se em dois”, o Carmona “aguentou-se bem” e “desforrou-se do PSD, vencendo o Fernando Negrão”, “tornou-se o verdadeiro fiel da balança podendo fazer maiorias absolutas juntando-se a António Costa ou igualar o número de vereadores de Costa aliando-se a Negrão” etc. e tal. Que maravilhosas oportunidades para Carmona fazer brilharetes de encher o olho a qualquer paspalhãoIsto, no pressuposto de ele, arvorado triunfador, não se tornar o verdadeiro infiel da hipotética balança, talvez mal aferidaE se lhe dá na cachimónia fazer minorias absolutas? Saraiva não pensou na perturbante hipótese. Sequer, admitiu os estragos que isso poderia causar na autarquia lisbonense. Se esse drama acontecer, não venha Saraiva à praça pública imitar Pilatos e, com pose seráfica, interrogar-se: “Que mais se lhe poderia exigir”? Não pode enjeitar responsabilidades. Pois o criador jamais se pode desresponsabilizar pelo ser criado.

Daqui, o arquitecto-jornalista, Saraiva, parte para a meta da digressão pelo mundo da fantasia que se propusera efectuar com denodo e pertinácia. Ao chegar, evidenciando satisfação com a sua pessoa e exultante com o seu raciocínio, dispôs-se a lançar o fogo de artifício. Estrelejam os foguetes. Logo o primeiro, legendado: “Carmona Rodrigues tem pois razões para estar feliz”. Interrogamos: Tem razões? Ou Saraiva queria dizer: ilusões? Carmona não se sentirá desinfeliz?

A seguir, outra peça de pirotecnia, resplandecente, de cores berrantes, a imitar uma tarja onde se lia: “Quem ri por último é quem ri melhor”. E Carmona, constituído arguido (não significa que condenado) num processo judicial, está nessa condição?

Para rematar em beleza, atingindo o sublime, Saraiva dispara o último tiro de morteiro destinado a soar como metralha de canhão; através do qual apresentou à laia de consagração de Carmona a seguinte mensagem: “E dificilmente as coisas lhe poderiam ter corrido mais de feição” – o sublinhado é nosso.

Esta, sendo uma mensagem do Arq.º Saraiva, expressa de forma tão simples e objectiva (…), é percebida por qualquer indígena. Que não passará sem suscitar o elementar comentário: Grande, extraordinário felizardo é Carmona Rodrigues! Por que facilmente as coisas lhe poderiam ter corrido menos de feição. Bastava que ele tivesse ganho a presidência da Câmara Municipal de Lisboa

Enfim, a leitura de “O VENCEDOR” proporcionou-nos momentos de boa disposição. Tão intensa, que quase chegada ao limite de ficarmos sem fôlego

Fim