Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, junho 30, 2006

FALAR DA CENSURA COM O MARCELO?

PARA QUÊ?

Brasilino Godinho

Há dias, através da Internet, o jornalista João Barata Ferreira trouxe algumas achegas ao tema “Censura em Portugal” e interpelou-me da seguinte maneira: “Quanto à censura nas redacções, olhe, fale com o Marcelo”.

A esse respeito quero dizer: não será caso disso… Nem adiantaria conveniência ou proveito à causa e à cidadania.

Vamos conversar.

O Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa é um mestre com cátedra na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa. É um artista dos sons vocais e um hábil pintor especializado nos tons mais ou menos coloridos de laranja que espalha sobre as telas com que embasbaca os apreciadores das suas maquiavélicas façanhas artísticas. Ousarei considerá-lo um extraordinário malabarista na arte de se exprimir pelas palavras, pelos gestos, pelas entoações de voz e pelos esgares com que vai dando vivacidade e realce às passagens do discurso. Sem dúvida, um excelente cultivador da oratória. Conhecido e recomendado “criador de factos políticos”.

Também, com a prática do jornalismo constante do seu currículo em que se inclui o exercício do cargo de director do “Expresso”, está perfeitamente habilitado para falar sobre a censura praticada nas redacções dos órgãos de comunicação social. E tão dotado neste domínio o considero que não tive dúvidas de lhe sugerir a criação e regência de um curso pós-graduação com a seguinte designação: NORMAS EM BOM DIREITO ATINENTES A UM “NOVO MÉTODO MARCELO REBELO DE SOUSA” DE UTILIZAR COM EFICÁCIA E À DISCRIÇÃO A LIBERDADE DE EXERCÍCIO DA CENSURA NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA.

Portanto, nesta específica área da Censura, ele, senhor da matéria e possuído da experiência assume, descontraidamente, uma autoridade incontestável. Igualmente, aqui, sem admissão do contraditório

E, exactamente, por se sentir confortavelmente instalado no sistema ele nem se dará ao desfrute da abordagem profunda e séria de um tema tão complexo que se lhe torna incómodo quando é interpelado. Isso acontecendo, dele ouviremos o óbvio e conveniente para disfarçar a realidade. Tenho disso prova. Por duas vezes (vai decorrido um ano) o contactei por escrito verberando seus procedimentos censórios tidos para com “A QUINTA LUSITANA” e nessas ocasiões me deixou mensagens gravadas no meu telemóvel a tentar justificar-se com argumentos falaciosos.

Daí, acreditar que o, também, mestre de Censura, Marcelo Rebelo de Sousa se um dia “abrisse o livro” nada acrescentaria sobre tudo quanto é do meu conhecimento acerca do assunto em debate. E, aqui chegado, ao entendimento “da essência dos jogos de bastidores”, estou em desacordo com o senhor Ferreira ao escrever que não os entendemos. Certamente que ambos não só os conhecemos, como entendemos. Ó, se os entendemos!

Mais: o jornalista J. B. Ferreira e o articulista Brasilino Godinho, não desconhecem o “conjunto de condicionalismos que obstam ao digno exercício da profissão de jornalista que tem vindo a contribuir para a decadência do jornalismo em Portugal”.

Quanto estar nas nossas mãos alterar este estado de coisas, admito que não esteja ao alcance ou tal conseguir-se na profundidade desejada nos próximos tempos. Todavia, pela minha parte, devo, quero e posso, na medida do possível, malhar no ferro frio na esperança de, com pessoal esforço e pertinácia, ele ir aquecendo até o pôr ao rubro em condições de ser moldado no formato do instrumento que todos necessitamos de utilizar na nossa vida quotidiana para varrermos definitivamente esse lixo abominável que é a censura praticada desavergonhadamente nas redacções de certos órgãos da comunicação social.

Completando esta “conversa” apresento uma primeira lista dos censuradores que mais se distinguiram na censura da obra “A QUINTA LUSITANA”. São os seguintes:

jornais: “Correio da Manhã”, “JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias”, “Expresso”, “Público”.

Televisões: RTP, SIC, TVI.

Jornalistas: João Marcelino, José Carlos Vasconcelos, Rodrigues da Silva, José António Saraiva, Isabel Coutinho.

Director de Programação da TVI: José Eduardo Moniz.

Locutores: José Rodrigues dos Santos, Alberto Carvalho, Mário Crespo, Manuela Moura Guedes.

Presidente do Conselho de Administração da RTP: Almerindo Marques.

Escritor: Francisco José Viegas, no programa do Canal 2 sobre livros (destes: uns, mostrados abertos, repetidamente publicitados; outros, ignorados ou escondidos, seguramente fechados… por causa das moscas).

Professor catedrático de Direito, ex-chefe do PSD e comentador de Televisão: Marcelo Rebelo de Sousa.

segunda-feira, junho 26, 2006

Um texto sem tabus…

É FREQUENTE OUVIR-SE:

- “QUEM SOU EU PARA JULGAR OS OUTROS”?

Apetece responder: PESSOA INSIGNIFICANTE!...

1 - “Quem sou eu para julgar os outros” é uma expressão corriqueira sem qualquer sentido de ordem prática e vazia de subjectividade relacionada com sérias preocupações de higiene mental, de rigor formal e de aptidão ética.

Também, prova da incultura que grassa nos tempos actuais em que tudo se manifesta pela rama numa linguagem de quase total impropriedade de termos e significações; quase sempre apoiada em expedientes idiotas e cínicos - muitos deles, reveladores de uma total fuga às responsabilidades, de negação dos comportamentos cívicos e de desprezo pela língua pátria.

Igualmente, uma observação que, nalguns casos, releva de três equívocos. O primeiro, o da pessoa julgar que assim preserva ou afirma a sua humildade. Pela certa, que evidencia um complexo de inferioridade. O segundo, o de supor que, deste modo cauteloso, ao formular apreciação aparentemente neutra e inconclusiva sobre as questões em discussão, impõe aos interlocutores a sua (pretensa) superioridade moral. O terceiro, que consegue ficar de bem com Deus e com o Diabo…

Quer dizer: existe uma generalizada tendência para os indivíduos não tomarem, sobre si, as responsabilidades pelos seus actos. Agem como se fossem seres amorfos determinados pelo oportunismo e pelo jogo dos interesses julgados mais acessíveis ou favoráveis. De maneira que tais sujeitos constituem-se medíocres actores espalhados pelo imenso teatro das nossas trapalhadas, através do qual se entretém a representar papéis de fingimento em desconformidade com valores importantes da esfera individual e da vida colectiva. Valores que incorporam a transparência e lealdade nos relacionamentos e a aplicação das normas de civilidade implícitas num salutar convívio em sociedade.

E são tantos (aos milhares) os maus actores espalhados pelo território nacional que, por tão desclassificados, negligentes e fastidiosos, induzem a ideia de serem a causa da crise que atravessa o nosso teatro (de comédia, de revista, de pantomina, de farsa e… de natureza política). É que, antigamente, havia um reduzido escol de actores profissionais, formados no Conservatório Nacional e no Teatro D. Maria II, que faziam escola e se impunham pela sua arte – o que também se alicerçava na exigência de qualidade no exercício da profissão, ao tempo, prevalecente no meio artístico. Agora, com a globalização da mediocridade e da facilitação, o bom teatro perdeu espaço e influência e os “artistas” amadores, ignorantes mas atrevidos e astutos, rapidamente ocuparam a cena teatral... apesar do repúdio generalizado dos portugueses que vão abominando os deploráveis espectáculos que se sucedem numa cadência diabólica.

No entanto, há boas peças de programas ideais para preencher reportório de uma época de grande êxito. Mas faltam os mestres de cena e os excelentes actores. Daí, o regabofe, o destrambelhamento e o descalabro do teatro amador, exibicionista e obsceno, que está aí para sujar e durar…

2 – Sem dúvida que, pela habituação aos espectáculos da nossa decadência, muitos de nós, portugueses, estamos conformados com a situação. Não ocorrem notórias reacções.

Tão arreigadas estão a apatia e a disfunção no tecido social e disso tendo a arreliadora experiência, que nem houvemos surpresa face a uma observação de uma pessoa amiga que - preocupada pelo eventual não reconhecimento, por parte dos leitores, do serviço cívico atribuível ao trabalho da escrita para o público - nos advertia: Nem se arvore em juiz para castigar todos os infractores, pois como muito bem diz o ditado popular “cada povo tem o governo que merece”

Esta observação suscita alguns comentários. Começamos pela parte final. Aqui, o ditado diz mal… e erra clamorosamente. O autor anónimo do rifão deixou-se levar pelas aparências e pela facilidade de aproximação ao que é superficial e primário. Desde logo, porque ainda hoje o povo não tem capacidade para analisar e ir ao fundo das questões. Muito menos, poder, força e meios para inverter as situações a seu favor – o que é da suprema conveniência dos poderes que dominam Portugal. Por isso, o Zé-Povinho não deve ser responsabilizado pelas consequências das políticas que desmesuradamente o atingem. Ele não merece os incompetentes governos que se vêm sucedendo, nem aquilo porque estamos passando. Não lhe coube a ele ser fautor do actual estado de coisas. Sim, ele é a grande vítima. Num estádio que ultrapassa o seu entendimento e transcende a sua, ainda, intransponível condição de subproduto cultural da nossa sociedade. O povo nada alcança para contrariar a situação. Que pode ele contra as poderosas forças (partidos, seitas, organizações secretas, alta finança, multinacionais, mafias, etc,) que o mantém confinado nos vários analfabetismos: primário, funcional e cultural?

A propósito, intercalamos um reparo. Escusam certos intelectuais de Lisboa fazerem exercícios muito elaborados sobre esta matéria. Porquê? Certamente, porque não conseguem iludir a essência do problema em causa. Pessoas desligadas da alma popular, sem o profundo conhecimento do assunto e afastadas do convívio com o Zé-Povinho, não absorvem os fundamentos desta questão que levianamente abordam de forma superficial, de todo incompatível com a sua grande importância. Também nem ousam ultrapassar o diletantismo. Nele se contemplam. Talvez com proveito próprio. Seguramente sem utilidade para o povo sofredor.

3 – Quanto ao Brasilino Godinho se arvorar juiz e uma vez que há longo tempo mantém diálogo com os leitores, ele anota, sem prosápia, com pleno sentido da realidade, que nem se arvora… porque, desde que se conhece como ser pensante, tem sido toda a vida um juiz exigente e rigoroso. Primeiro, como juiz dele próprio, a todos os momentos ajuizando dos seus comportamentos; desta forma, respeitando-se na qualidade de cidadão consciente e responsável. Depois, ao formular críticas e opiniões, juiz dos outros no cumprimento dos deveres de cidadania e de respeito para com o próximo e ao serviço da comunidade que integra. É um direito e um dever de que não abdica, consagrados na Constituição da República Portuguesa. Claro, que não é juiz de beca e toga. Muito menos, produz sentenças de amarração ao pelourinho, de prisão e de morte. Sequer, move processos de intenção a quem quer que seja. E esta maneira de estar em sociedade não colide com a liberdade dos seus leitores discordarem das suas apreciações. Aí, seus contraditores ditam as suas “sentenças” que, naturalmente, aceita como expressão da prerrogativa que lhes assiste de pensarem de maneira diferente.

O articulista, Brasilino Godinho, preocupa-se em comentar políticas, factos, procedimentos. Sobretudo, referenciando figuras e eventos públicos, sem se determinar pelas cores partidárias, pelos credos religiosos e pelos conceitos de segregação racial.

E isso é inevitável. Nem se deve estranhar. Quem anda à chuva molha-se. Pois quantos exercem cargos que, de algum modo, interferem com as vidas e os legítimos interesses de terceiros, têm que se sujeitar às avaliações dos seus semelhantes. Por isso, igualmente, Brasilino Godinho, que emite juízos por várias áreas, é julgado. Julgamento, mesmo consequência derivada de se expor na praça pública. É o ónus a pagar pelas actividades literárias e pelas intervenções cívicas que vem exercendo.

Aliás, desde a infância, no seio da família, na escola, no emprego, na comunidade, a todos os instantes julgamos os outros e estamos a ser julgados. É a ordem natural das coisas. Todos julgam todos. Aliás, se assim não houvesse sentido, nem se justificavam as eleições para os governos centrais e locais.

As diferenças de juízes e dos julgamentos dos cidadãos decorrem da sensibilidade de cada um e dos melhores ou piores desempenhos individuais. Uns expõem-se, pegam os bois pelos chifres, vão à luta por uma sociedade melhor estruturada; outros, retraem-se, vacilam e (ou) acomodam-se. Porém, estes últimos não têm autoridade moral para se pronunciarem sobre as situações boas ou más que existam no seio da sociedade. Porque, comodistas, medrosos, impotentes ou oportunistas, nada fazem para inverter o mau rumo dos acontecimentos em curso ou para garantir o sucesso daqueloutros que seguem uma regular via de percurso.

Para terminar, registe-se que não temos veleidades de endireitar o País e o Mundo. Temos os pés bem assentes na terra que pisamos. Mas não nos demitimos de cumprir, em plenitude de força e determinação, os direitos e as obrigações do vínculo jurídico-político da cidadania; embora cientes do nosso modesto contributo para a formação de um mundo melhor em todos os sentidos que concorram para a elevação dos padrões de vida dos portugueses e dos outros povos.

Brasilino Godinho

terça-feira, junho 20, 2006

VAMOS CRIAR “O DIA DO GOVERNO”…

PARA QUÊ? PARA COMEMORAR O SUCESSO…

DO INSUCESSO GOVERNAMENTAL.

Brasilino Godinho

1 - No p.p. dia 10 de Junho, o Presidente da República fez um discurso à Nação. Aproveitou a circunstância para dirigir aos portugueses quatro apelos:

Primeiro: “Não se resignem face às dificuldades”.

Segundo: “Aprendam com a insatisfação colectiva”

Terceiro: “Arranjem coragem para enfrentar dificuldades”.

Quarto: “Não se deixem vencer pelo desânimo ou pelo cepticismo”.

2 – Antes, a 26 de Maio transacto, no “FÓRUM PARA A COMPETITIVIDADE” o conhecido gestor americano Jack Welch dissera:

a) - As pessoas são demasiado estáticas em Portugal.

b) - Os portugueses deveriam ter vergonha da degradação do País.

c) - É humilhante para os portugueses a percepção que o exterior tem de Portugal, que é de uma contínua degradação e declínio ao longo dos últimos anos.

d) - Cortem as ervas daninhas e terão um bonito jardim.

e) - Os gestores que apenas gostam de números e que não querem saber de pessoas - mas elas existem na empresa - são uns idiotas.

3 – Desde anos mais recuados, Brasilino Godinho vem escrevendo sobre o famigerado plano inclinado do nosso desvario colectivo. Ainda, há pouco, na sua obra ”A QUINTA LUSITANA”, escreveu a página 76: “Neste país, de gente amordaçada pelo sistema hermético da partidocracia, de cidadãos confundidos pelos fingimentos dos “políticos” e de pessoas molestadas pela inaptidão ou má fé de governantes irresponsáveis, tem faltado o tempo, não houve espaço, não existiu o bom ambiente, nem surgiram os estadistas capazes, para se afirmarem os valores dos princípios, as mais-valias das competências, as riquezas dos saberes e as extremas autoridades das experiências acumuladas”.

António Oliveira Salazar, sempre ele, o grande mestre (pedreiro-livre? ou pedreiro-cativo?) das tiradas grandiloquentes, a baralhar-nos o juízo, depois de nos atirar à cara “que a vontade de obedecer é a única escola para aprender a mandar” e sem nos ter dado conhecimento se teria exercitado regras e devoção de obediência, induzia os sequazes a perguntarem ao pagode: Quem manda? E logo, os mesmos, sem darem tempo aos indígenas de respirar fundo, apressavam-se a responder desabridamente: Salazar! Salazar! Salazar! (Em dose tripla para desfazer hipotéticas dúvidas…). Pois foi este homem que um dia disse que “a Agricultura é a arte de empobrecer alegremente”. E providenciou, resolutamente, nesse sentido. Instigou a malta a cavar a terra, a comer o pão que o diabo amassou e, nos intervalos, a divertir-se com Fátima, Fado e Futebol. Foi uma santa alegria que deu naquilo que todos sabemos e de que ainda hoje sofremos as sequelas.

Parafraseando a “máxima” do chefe do Estado Novo (este, concebido e institucionalizado segundo o modelo do regime fascista de Itália, criado por Benito Mussolini em 1922, três anos após a fundação do Partido Fascista e logo rematando a Marcha dos Camisas Negras sobre Roma), diremos que, actualmente, a política, em Portugal, é a arte de enriquecermos de amarguras. Tristemente. Resignadamente. Barafustando, persistentemente, em surdina e com regularizada acomodação. Vindimando numa vinha com muita parra e pouquíssima uva.

Mas se bem considerarmos a bondade do contraditório e a importância dos dualismos que nos condicionam o viver quotidiano, inevitavelmente daremos a chamada volta por cima; ou seja: iremos encarar, com outro espírito, o quadro existencial da sociedade portuguesa.

E nada melhor para nos orientar nesta análise do que seguirmos a linha de pensamento expressa pelo Chefe do Estado e as apreciações críticas de Jack Welch acima reproduzidas.

De facto, os portugueses (na sua maioria) sofrem, queixam-se e estão desanimados. Em contraposição, entidades como os bancos, algumas empresas, grandes capitalistas e magníficos empresários, atravessam um período de enorme prosperidade. Mal dos primeiros. Bem super-requintado dos últimos. É verdade que fecham fábricas quase todos os meses e milhares de famílias ficam na miséria sem sustento. Igualmente, os serviços dos hospitais, das maternidades, das escolas, das cadeias, são encerrados. Está a definhar e a encerrar tudo aquilo de instituições e meios da organização social, que o pagode necessita para satisfazer necessidades básicas para levar por diante uma vida regular e decente. Porém… atenção!

Um olhar mais atento descortinará que se muitas responsabilidades cabem ao governo, alguns reparos têm de ser dirigidos à malta…

Alguém já se deu ao cuidado de pensar nos esforços dos governantes quando nada fazem de concreto ou de útil e nos aborrecimentos e transtornos que padecem naquelas frequentes ocasiões que agem mal e porcamente? Dá-nos um arrepio na espinha só de imaginar o cansaço físico e o desgaste psicológico que, por causa dessas atribulações e desventuras, se apodera irremediavelmente das excelências. Depois, os cidadãos mais desfavorecidos estão mal habituados quanto às lamúrias. É nas dificuldades que se fortalece a alma. E não só do pão vive o espírito do homem. Também se pode dizer que nem só do espírito se alimentam os ricos homens e as belas mulheres. Se uns carecem de pão para a boca; outros tendo o pão precisam da boca e de olhos convenientemente tratados… a completar a enriquecida alma. Que imensidão de preocupações não atingem os ricaços machos e as esplêndidas fêmeas, a qualquer momento perspectivando assaltos aos seus bens. Também, inquietos, sobrecarregados de dúvidas quanto às aplicações financeiras. Quem há por aí que não tenha ouvido o desabafo de ilustre milionário: Ó como os pobres são felizes por não terem problemas de defesa e (ou) aplicação dos bens materiais!... Sem dúvida: o vil metal a atormentar o povo, a nobreza e o clero. Ontem, hoje, amanhã…

Depois, Jack Welch não tem razão. Os portugueses estão desde a época dos descobrimentos habituados a percorrer declives de afundamento das condições de vida e já não têm vergonha disso. Como dizia o Salazar – e lá vem ele outra vez à baila… – estamos orgulhosamente sós; no primeiro lugar dos últimos da Comunidade Europeia. Já é alguma coisa… Quanto a cortar ervas daninhas e termos um bonito jardim já nos basta ter o canastrão do Jardim da Madeira. Ufa!...

Mais um apontamento sobre o Welch. Este amigo da onça não é nada perspicaz ao falar de números e pessoas das empresas portuguesas. Francamente, chamar idiotas aos nossos empresários não lembrava ao Diabo. E logo àqueles espertalhaços que sabem das pessoas mas apenas gostam dos números… e de contemplar o próprio umbigo. Onde se viu um inteligente empresário apresentar-se numa venda de melões a comprar os ditos com uma pessoa. Não é com os números (de notas, claro!) que se compram os melões e… outras coisas mais?

Caramba! Todo este palavreado para chegar a esta conclusão: Vamos de mal a pior, segundo o sentir de muitos cidadãos. Estamos nas sete quintas na opinião de alguns excelentes reformados, imponentes gestores, majestosos capitalistas.

E está quase tudo a encerrar. Certo! Todavia, estranhamente ninguém se lembrou de meter em clausura o Governo.

Tome nota presidente Cavaco Silva: porque “não nos resignamos”; porque “aprendemos com a insatisfação colectiva”; porque não necessitamos “arranjar coragem”; porque não vamos sucumbir arrastados “pelo desânimo e pelo cepticismo” – TODOS, VAMOS CRIAR O “DIA NACIONAL DO GOVERNO”.

Para, no mínimo - e pelo menos por um dia - nos livrarmos dele. E durante 24 horas recuperarmos o fôlego. Igualmente, festejarmos o sucesso… do insucesso governamental.

Tal como num dia sem automóveis nas cidades, hajam festas, missas de acção de graças, bailes de máscaras (e temos imensas na área política), encontros de namorados, cortejos, fanfarras, celebrações de teatro revisteiro, provas desportivas e… debates sobre o estado em que estamos, com especial incidência nas trapalhadas contempladas no circo político. Tudo apresentado com entusiasmo e alegria. Ah! Em Lisboa, no Terreiro do Paço, não esqueçam de fazer uma grande manifestação ordeira, civilizada, com muitos discursos de elogio ao insucesso do Governo. Ele merece! Aliás, seguindo o exemplo dos que o antecederam.

Sobretudo, lembrem-se: Tristezas não pagam dívidas… E, nossas, muito sofridas, nem põem a governar bem, quem - mal governando - bem se governa…

No “DIA NACIONAL DO GOVERNO”, POBRETES, MAS ALEGRETES, GRITEMOS: VIVA A FOLIA!!!

Apelo aos portugueses

Demo-nos as mãos e as vontades.

Vamos dar uma forcinha para que esta generosa ideia posta na contemplação dos nossos queridos e sacrificados governantes e mui reconfortante da nossa auto-estima, se concretize a breve prazo. Ela é do maior interesse político-social…

Sempre em Portugal se falou mal dos presidentes, dos ministros, dos políticos, dos administradores. É tempo de, publicamente e com pompa e circunstância, se reconhecer os méritos das desgovernações, das incompetências, dos desleixos, dos abusos, das falcatruas, dos oportunismos. Outrossim, se abrir uma brecha nesse deprimente estado de abatimento colectivo que tanto dificulta o exercício da boa vontade e a expressão das faculdades de alma dos detentores do Poder…

E acontece que nunca em Portugal se festejou com relevo o fracasso dos governos.

Portanto e porque os portugueses sabem ser agradecidos para quem os trata com tanto desvelo e carinho… está na hora de, a título excepcional, festejarmos o sucesso do insucesso das governanças.

É agora!!!

Passem palavra! A Bem do Zé-Povinho!...

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

terça-feira, junho 06, 2006

Um texto sem tabus…

O ACONTECIMENTO, O JORNALISTA, O EXEMPLO…

Brasilino Godinho

O acontecimento teve lugar há dias numa sala de uma instituição católica (CUFC) do burgo aveirense – melhor dizendo: no campus universitário. Tratou-se de uma sessão promovida por uma tertúlia não identificada que tinha como tema de agenda a audição de uma conferência sobre a informação e desinformação em Portugal. A palestra sapiencial esteve a cargo do jornalista José Carlos Vasconcelos. Atendendo ao local do evento é de crer que este conhecido pregador, de Lisboa, tenha vindo a Aveiro em missão evangelizadora… Em nome de que irmandade religiosa ou afim? Não se sabe! Mistério… Adiante!

Pelo que li, a assistência ficou encantada. Não era para menos, se considerarmos os predicados da doutoral figura e a circunstância de ser o grande progenitor, o grande mentor, o grande impulsionador, das “capelinhas” intelectuais de Lisboa e de outras selectas ambiências citadinas; nas quais, proliferam os inúmeros amigos e confrades que, por decorrentes (e dependentes) dos anelantes impulsos e por abençoada mercê da mãozinha protectora estendida pela simpática criatura, se vão empoleirando no alto poleiro da pré-fabricada, bastante seleccionada, muito estabelecida, acintosamente imposta e firmemente regulada, moderna literatura portuguesa. E assinale-se que tais íntimos companheiros, amigos e irmãos, convenientemente solidários entre si, vão generosamente repartindo as esmagadoras edições, as célebres promoções em Portugal e no estrangeiro, as festejadas reputações e os cobiçados prémios literários. Um fartote de discretas acções e de fantásticos resultados…

Imagino a riqueza da exposição do conferencista José Carlos Vasconcelos e a profundidade com que ele abordou o assunto. O conhecimento da matéria, a facilidade de exposição das ideias e dos conceitos, o relato das evoluções operadas na imprensa escrita, nas rádios e nas televisões, as interpretações dos factos e as análises dos sentidos das orientações políticas e programáticas, a altivez posta nas modulações da voz, nas expressões faciais e nos gestos elegantes, a vivacidade, talvez, até, o tom dramático com que terá sublinhado as passagens mais impressivas e exaltantes da oração, ter-se-ão conjugado num crescendo que, certamente, terá arrebatado os assistentes ao ponto de os levar ao êxtase. Estou “vendo” a cena. E a observar a assistência rendida ao verbo e à roupagem com que o famoso cavalheiro, embelezou o “discurso” e deu luzimento ao negrume da noite.

Mas onde o Dr. José Carlos Vasconcelos terá ultrapassado todas as manifestações de talento, de fulgor e de objectividade, ali expendidas, terá sido, atrevo-me a conjecturar, naquele inesquecível momento em que ele, inspirado no desprendimento total do seu ego e num assomo de invulgar afirmação da insuperável seriedade intelectual e coerência que lhe são publicamente reconhecidas, lembrando-se, repentinamente, que estava em Aveiro - e a título de demonstração inteligente como se faz desinformação e censura - terá explicado à plateia os termos, em que, sob sua responsabilidade como director do JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, foi exercida, no quinzenário que dirige, a censura à obra “A QUINTA LUSITANA – O “ESTADO DE TANGA” E… ALGO DEMAIS!”, da autoria do aveirense Brasilino Godinho. E sem entrar em pormenores – para não entediar os assistentes – o inefável jornalista, José Carlos Vasconcelos, ter-se-á limitado a referir que tendo o autor, Brasilino Godinho, pago dois anúncios sobre a obra, de meia página, no seu jornal, tempos depois lhe foi oferecido, a ele, director, um exemplar do livro e outro ao editor do seu quinzenário (como é procedimento habitual dos autores e editoras) e que, em retribuição de fina expressão educacional, não só (um e outro) não comunicaram a recepção dos livros, como nem, num simples cartão de visita agradeceram a oferta. E, com ênfase, terá acrescentado que nem numa pequena nota de rodapé de página foi inserida no JL qualquer notícia do lançamento da obra na Sociedade Portuguesa de Autores e na Biblioteca de Aveiro, ou sobre a existência do citado livro. O que teria acontecido porque o director Vasconcelos e o editor Silva sentenciaram que tal obra deveria ser censurada. Nem disse porquê tal julgamento. Não obstante, convenhamos que seria exigir demasiado ao ilustre orador… Sejamos compreensivos. Se algum dos assistentes insistisse neste ponto poderia ter ocasionado uma situação embaraçosa para o insinuante cavalheiro. Quão confrangedor não seria ouvi-lo repetir: Não me comprometam!… Não me comprometam!… Pois!... Aqui entre nós, até entendemos que a censura praticada pelo director José Carlos Vasconcelos tenha correspondido a hábitos instalados na vida do quinzenário. A qual, censura, teve a ver com o facto daquele jornal de letras o ser - democraticamente falando… - só de certas letras, adornadas e autenticadas com as chancelas de garantia de gentes amigas e fraternas…

Dito isto, suponho que, naquela altura da sintomática revelação, alguns presentes bateram palmas. E então, alguém terá ficado na dúvida: Os cidadãos aplaudiram as acções de censura e deseducação dos jornalistas obsequiados, José Carlos Vasconcelos e Rodrigues da Silva? Ou festejaram a humildade do palestreiro, cidadão José Carlos Vasconcelos ao referir-se às atitudes censórias e deselegantes do jornalista José Carlos Vasconcelos?

Pelos vistos, ficou demonstrado que o conferencista José Carlos Vasconcelos procurou ilustrar com a sua experiência pessoal como se processa a sacrílega censura nos órgãos de comunicação social deste País, dando valioso testemunho de si próprio. Ficou-lhe bem… Aí está uma referência para a história do jornalismo português.

Outrossim, o conferencista José Carlos Vasconcelos quis correlatar a essência da desinformação e a substância da censura que, praticadas à sorrelfa, geralmente, escapam à observação e entendimento do grande público.

Neste ponto, caio em mim. Interrogo-me: Estive conjecturando – e acertei - sobre o reconhecimento da maldade, por parte do respectivo protagonista? Ou as coisas, no decorrer da conferência, não se passaram como acabei de as descrever?

Em qualquer caso, haverá que extrair conclusões da lição facultada pelo portentoso José Carlos Vasconcelos. Precisamente, alguém detentor das seguintes qualificações: conceituado jornalista; distinto director de jornais; indispensável coordenador geral de revistas; insuprível comentador de televisão; enternecedor amigo de José Saramago; entusiástico publicitário da qualidade de “genial” e do poder do “génio” Saramago, prémio Nobel de Literatura; diligente fundador do “O Jornal” (neste caso, desinfeliz, mal sucedido); celebrado escritor; aplaudido poeta e virtuoso pregador.

Igualmente, se deixa à consideração dos leitores o descrito exemplo da censura praticada pelo cidadão José Carlos Vasconcelos, director do JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias.

Para esclarecimento do público aqui se evidenciou a existência da Censura em Portugal.

Ela é praticada por muitos que apregoam a liberdade de pensamento e de expressão e o seu apego aos valores democráticos e cívicos e, no entanto, sem pudor, renegam-nos quando no exercício das actividades profissionais.

À atenção dos leitores – A questão da censura, ora suscitada, engloba três componentes: a censura propriamente dita, a presente crónica e a apreciação do livro por parte dos leitores. Das duas primeiras, os leitores ficam cientes. Quanto à terceira, recomendo aos leitores que leiam “A QUINTA LUSITANA”.

A seguir, proponho que se interroguem sobre os seguintes pontos: A obra está mal escrita? A obra é sectária? A obra não é oportuna face à situação que aflige os portugueses? A obra não é imparcial? A obra não trata de assuntos do maior interesse e actualidade? O contexto da obra não está expresso numa linguagem acessível? A obra falseia os dados da história portuguesa desde o 28 de Maio de 1926 até à actualidade? A obra não tem qualquer importância para os portugueses? A obra, se da autoria de um frequentador das “capelinhas” de Lisboa teria sido ignorada, bloqueada, escondida e rejeitada pelo JL, pelos jornais nacionais de Lisboa e pelas televisões? Os portugueses devem ser impedidos de a conhecer? De a ler? De a julgar? Por que razão em algumas livrarias ela foi escondida e negada a sua existência aos clientes que a procuravam? Porquê tanto receio da obra “A QUINTA LUSITANA”? Quem tem medo da obra? Leitores, digam-se a si mesmos, porquê tanto rancor sobre a obra e o autor?

Repito a chamada de atenção aos leitores: Procurem ler “A QUINTA LUSITANA” e depois tirem conclusões sobre as três componentes da questão aqui colocada.

segunda-feira, junho 05, 2006

*O PINTO DE MOTA LANÇADO EM CONTRAMÃO, NÃO CUMPRIU O CÓDIGO, QUIS CANTAR DE GALO E… ESTAMPOU-SE! UMA DESGRAÇA! UM CASO PERDIDO…

Ele, um simples pinto, membro da celebrada fauna dos políticos bem instalados na Quinta Lusitana, licenciado (doutorado) num qualquer curso universitário, importante chefe de um organismo oficial da república portuguesa, há dias, piou: “Os portugueses que vieram para o Brasil eram ignorantes”.

Face a este surpreendente pio, ainda não refeitos da surpresa, poderíamos concluir que tal facto teria sido uma desventura para o Brasil e um alívio para os portugueses que ficaram no rincão pátrio, caracterizante de seu inqualificável egoísmo. Teria acontecido aquilo que se chama limpeza étnica. Uma coisa chata que ainda hoje não se perceberia como fora possível ter sido aceite pelos brasileiros. Se calhara na rota da sorte que protege os audazes, os emigrantes lusos apodados em Lisboa de néscios, chegariam ao Brasil carimbados de sabichões e os nossos irmãos brasileiros não se teriam apercebido da marosca. Porém, releve-se a proeza subsequente. Se tal fora a verdade dos factos, estamos em crer que os portugueses deram a volta por cima e com a mudança de ares se tornaram finórios e conhecedores e lá na terra brasuca, mostraram a mais valia das suas escondidas, grandes capacidades.

Da afirmação do ilustre pequeno ser, apreciável espécie da família das aves galináceas da vastíssima capoeira governamental, pode-se inferir que a partir das selecções, entre portugueses cultivados mantidos na terra natal e portugueses ignorantes destinados à exportação para o Brasil, certamente, efectuadas por inteligentes altos funcionários dos sucessivos governos que iam orientando os fluxos emigratórios ao longo dos anos, Portugal vendo-se livre dos imprestáveis e deseducados e tendo ficado com os instruídos, fez destes um grande aproveitamento ao ponto de ser hoje uma nação bestialmente (sim, é o termo apropriado) desenvolvida.

A que se deve este fantasioso estádio de progresso? Está à vista: aos inteligentes que ficaram cá, à beira do Tejo, na capital do Império, Lisboa, em reserva como se fossem um escol de primeira...

Felizmente, que os governos brasileiros não deram pelo logro porque senão poderiam considerar que estaria em curso uma agressiva operação de sabotagem do desenvolvimento do Brasil. E assim, estupidamente, as relações dos dois países seriam gravemente afectadas e, quem sabe, descambarem numa situação de guerra entre os dois países. Safa!

Todavia, entendamo-nos. A realidade da História foi outra. Não a subentendida pela oficial criatura, pinto. Nem os portugueses imigrados no Brasil eram ou são uns ignorantes, nem os que foram ficando no continente português eram uns espertalhaços segundo a versão pintainhada. Ele, pinto, instruído pelas teorias dos manuais que lhe postaram na frente dos pequeninos olhos, evidenciou um impressionante desconhecimento da antropologia cultural.

Ora, de pronto, nos vamos entender. O pinto ao pipilar naquela desentoada sonoridade veio confirmar a inaptidão dos governantes portugueses para escolher os melhores e mais fortes pintos a instalar na capoeira do Estado. Aliás, à semelhança do que o governo procede na área dos humanos entes e muitos dos governados (melhor dizermos desgovernados) julgam ser a correspondência entre os títulos académicos, as funções e as capacidades dos indígenas escolhidos para servirem o Bem Comum. Isto é: os graus académicos conferem instrução aos indivíduos e habilitações para os desempenhos dos cargos. Não é garantido que saiam das universidades homens formados em Educação e que sejam possuidores de cultura. Ao longo da vida, fomos conhecendo pessoas que sendo iletradas, possuíam invejável cultura. E ao contrário, por acaso, ninguém encontrou um ou outro sujeito com formação universitária que era analfabeto cultural?

Daí que, estabelecida a confusão entre Instrução e Cultura, surjam os casos dos pintos que tão mal pipilam. Os portugueses do Brasil e os portugueses de Portugal deixem as pequenas aves galináceas - que nem chegaram à idade adulta de galos – pipilar; mesmo que desafinadas… gorjeios de aves, mesmo raras, não chegam aos céus…

Depois: os pintainhos pipilam e… a caravana passa!...

* Dr. João Mota Pinto, do ICEP.