Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, março 29, 2008

Adivinhe, se for capaz…

Cavaco consolado? Ou desconsolado?

Durante a recente visita oficial a Moçambique, Cavaco Silva comentou a oferta de um lenço tradicional à sua mulher da seguinte forma:

“Agora é que a minha mulher vai ficar mais bonita”

Repare-se no subtil sentido da palavra agora…

Caso para dizermos: Mais vale tarde do que nunca…

Ironia do destino. E logo isso acontecer em Moçambique. No mês de Março de 2008. Século XXI...

Brasilino Godinho

sexta-feira, março 28, 2008

Estimadas senhoras,

Caros senhores,

Nas SARAIVADAS de 22 de Março do corrente ano, Saraiva criou um enigma que põe toda a gente de cabeça à roda na vã tentativa de matar a charada.

Também tropeçou no termo debate e ficou baralhado.

E no meio de tanta barafunda em que se misturam política, taberna, democracia, Zapatero e Rajoy, os leitores que se cuidem.

Se Saraiva continua a dar mais do mesmo a malta, qualquer dia, toma-lhe o jeito por força de continuada acomodação que, sub-repticiamente, se vai introduzindo na mente das pessoas crédulas ou distraídas. E aí, salve-se quem puder…

Os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: SARAIVA, um portento

na criação de charadas…

O arquitecto-jornalista José António Saraiva, na edição da revista do seu semanário do p. p. sábado, inseriu uma crónica de comentário ao debate entre Zapatero e Rajoy que precedeu a data das eleições legislativas de Espanha. Designou-a por “Assim vai a Espanha”.

Aproveitando a “deixa” e tomando em conta o texto em causa nós diremos: Assim vai o Saraiva.

Desde logo o artigo de Saraiva atinge o clímax da confusão induzida no leitor; a qual nem se sabe que seja involuntária ou propositada. Exactamente porque geradora de perturbações da percepção que se tenta apreender da charada contida numa frase emblemática da escrita do articulista.

Atente-se na intrigante charada:

“(…) um confronto civilizado, ordeiro, respeitador das regras, quase respeitoso. Enganava-se redondamente quem pensasse assim”.

De facto quem pensasse assim enganava-se. Exactamente como Saraiva ao criar a charada. Com que então se “respeitador das regras”, eventualmente, não seria respeitoso? Quiçá “quase respeitoso”? Possivelmente esta é a melhor conseguida charada da fértil colecção de charadas da autoria de Saraiva.

Depois o autor embrulha-se em torno da palavra “debate”.

“(…) o debate foi dividido em vários temas”. A seguir o articulista escreve “Não era pois um debate – eram dois monólogos”. Um pouco adiante o “debate” volta a lume: “Passemos, então, ao que mais interessa ao leitor: o debate propriamente dito”. Depois desta trapalhada de flagelação e desordenação do “debate” quem diria?

E quando parecia que a desventura do termo “debate” tinha cessado eis senão que lá vem a bordoada terrível: “O debate entre Rajoy e Zapatero fez-me lembrar uma acareação”.

Este jornalista tem cada triste lembrança que até arrepia os leitores mais resolutos.

A juntar à grande embrulhada Saraiva nem atina com a essência do problema da Democracia, assaz maltratada pelos políticos rascas. Persiste em ignorar que se há desrespeito pelo poder e pelos titulares dos cargos, ele decorre da grande falta de respeito que os agentes políticos têm por si próprios. Quem não se respeita, não suscita nem merece o respeito do próximo.

Elaborando este trabalho ao corrente da leitura da peça de Saraiva, agora deparamos com outra encrenca sobre o debate. Transcrevemos: “Quanto à substância do debate, foi de uma pobreza franciscana”.

Face às voltas e reviravoltas em torno da palavra debate note-se que: uma vez é mesmo debate; outra vez não era debate mas sim dois monólogos; noutra passagem passava a debate propriamente dito (alto aqui, para não nos afastarmos do contexto do palavreado de Saraiva,: não seria debate impropriamente dito? Em que ficamos?); mais à frente admitia que fora uma acareação; para, finalmente, referir-se à substância do debate.

Uma tal complicação e mistura de interpretações da palavra debate, coloca os leitores em dúvida: o que foi aquilo que a TV espanhola transmitiu? Um debate? Propriamente dito por Saraiva? Ou impropriamente? Dois monólogos? Uma acareação? E quanto à substância do debate? E à sua pobreza franciscana? Foi a substância e a pobreza que deram ou retiraram a qualificação do debate? Ou os monólogos? Ou a acareação que, por sinal, nem teria tido a presença do célebre juiz Baltasar Garzón?

Por último, Saraiva remata em grande estilo: “A política está hoje a descer perigosamente ao nível da taberna. Se calhar não poderia ser de outra maneira”.

Duplo engano do arquitecto-jornalista.

As tabernas, no tempo actual, são modernos estabelecimentos onde - para além de se beberem uns copos, se comerem apetitosos frangos de churrasco com muito piripiri, sob a zelosa vigilância dos “rambos” da ASAE - se cultivam boas maneiras de convívio entre selectas assistências. Claro que bom ambiente garantido pelos garbosos vigilantes da prestimosa polícia, também ela de bons e saudáveis costumes

“Não poderia ser de outra maneira”? Como assim? Com que base Saraiva faz semelhante afirmação?

quarta-feira, março 26, 2008

Intervenção útil e oportuna

No “Jornal das 9”, da SIC, edição de hoje, dia 26 de Março de 2008, esteve presente o Dr. Daniel Sampaio. A sua intervenção centrou-se na análise da situação de indisciplina nas escolas dos Ensinos Básico e Secundário. A todos os títulos brilhante. Ponderada. Sensata.

Destaque para a caracterização do fenómeno. Sobretudo importantes as achegas para os modos de tratar a questão; com realce para o papel determinante dos responsáveis de cada estabelecimento de ensino.

Uma lição notável.

Que deveria não cair no saco roto da senhora ministra da Educação

Brasilino Godinho

Uma mensagem anónima . . .

Não costumo dispensar atenção a mensagens anónimas. Por razões óbvias.

Agora abro uma excepção. Recebi uma de um meu conhecido “Anónimo” que trata da problemática da indisciplina e da violência nas escolas secundárias com pertinência, bom senso e objectividade.

É de interesse público a sua divulgação.

Pena que o cidadão, subscritor, persista no anonimato.

Brasilino Godinho

Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "No Telejornal de 25-03-2008. Três notícias. . . ...":

A violência existe nas escolas porque falta a autoridade e o castigo que seria devido por mau comportamento, indisciplina e até mesmo delinquência.

Como não se pode aplicar quaisquer castigos físicos, porque no mínimo provocam traumas psicológicos, na falta de outros castigos eficazes, resta a impunidade que serve de incentivo para que cresçam estes comportamentos anormais, nas escolas e fora delas. Eu, no meu tempo de escola fui castigado algumas vezes, mas nunca por mau comportamento, com algumas “palmatoadas” e não fiquei traumatizado por isso, nem conheço quem tenha ficado. Pelo contrário, acho que aqueles castigos eram úteis e me levaram a fazer os “trabalhos de casa”, que de outra forma ficariam sempre esquecidos a troco da brincadeira com os outros rapazes. Os castigos físicos eram bem tolerados pelos pais de todas as crianças e não consta que fossem piores pais do que os actuais.

Que castigos deverão ser aplicados aos alunos? Ficam de castigo numa sala escura? Há o risco de ser considerado violência psicológica. Além disso, quando os visados se aperceberem de que nada lhes acontece se recusarem o castigo é isso mesmo que vão fazer: recusam o castigo. E depois? São multados? Quem paga as multas? Pagam-nas os alunos ou os pais? E se não pagarem? E se não tiverem meios para isso? Qual é o castigo alternativo? Ficam impunes? Expulsam-se da sala de aula ou da escola? Não serve de nada, apenas se transfere o problema para o exterior da sala de aula ou da escola. Esses jovens irão dar azo à sua liberdade doentia noutro lugar.

Os castigos físicos são hoje todos condenáveis, mas, por vezes, são os únicos que têm algum efeito e são muito úteis até certa idade. É óbvio que me refiro a castigos físicos adequados e dentro de limites aceitáveis, mas só até aos 10, 12 anos de idade. Mas estes castigos são por ora condenados pelas nações ocidentais, pela EU e pelo nosso país. Assim, as mudanças terão que ocorrer primeiro nas principais nações (EUA, UK, França..), que a seu tempo se aperceberão da necessidade da reposição de alguns castigos físicos (Portugal nisto, como noutras matérias seguirá então o exemplo). Os pais irão aceitar e compreender a necessidade até para a protecção dos seus próprios filhos, que são as primeiras vítimas dos poucos jovens com procedimentos anormais.

Mas a partir das idades que referi os jovens já não deverão nem poderão ser utilizados aqueles castigos nas escolas, pelo que esses jovens deverão ser encaminhados para "Casas de Correcção" ou lá como lhes queiram chamar (era assim no passado e poderá voltar a ser no futuro). Estes estabelecimentos devem incutir aos jovens aí internados as regras morais de conduta e hábitos de trabalho; estar autorizados a castigar os desvios que mesmo aí venham a ocorrer, fazendo sentir aos jovens aí internados que estão a cumprir um castigo: Poderá ser normal o levantarem-se e deitarem-se a uma hora certa e tratarem eles próprios das suas necessidades pessoais, como fazerem a cama e tratarem das suas roupas. É claro que as actividades escolares e de preparação para uma vida profissional seriam também incluídas. As actividades de lazer devem ser permitidas só em dias definidos, mas podendo ser canceladas em caso de castigo.

A maioria das crianças e jovens não são delinquentes e pode ser corrigida de qualquer desvio através de uma simples conversa, mas basta um "rebelde" para boicotar uma aula e para arrastar consigo outros mais pacatos que não levantariam qualquer problema. Os colegas mais humildes são as primeiras vítimas e a escola não tem hoje maneira de as proteger.

Algo deve mudar nas escolas por forma a castigar os desvios de comportamento dos jovens, senão estamos, sem o saber, a criar pequenos “monstros” que nunca se habituarão a cumprir regras sociais, que serão uns inúteis e que viverão sempre à custa do trabalho alheio, porque é mais fácil.

Um dia as ideias que agora dominam, de não aplicar quaisquer castigos físicos, em quaisquer circunstâncias, terão que mudar: o que é hoje um conceito aceite e indiscutível será um dia posto em causa pelos futuros pedagogos. Houve no passado uma inversão nos castigos admissíveis nas escolas e outra acontecerá inevitavelmente no futuro.

Há quem diga que tudo se resolve se os pais derem educação aos filhos. Pergunto: e quando os próprios pais não a têm, como podem ministrá-la aos filhos?

Zé da Burra o Alentejano

No Telejornal de 25-03-2008.

Três notícias. . .

Escreveu: Brasilino Godinho

A primeira:

Valter Lemos, secretário de Estado da Educação, em pose sorridente, escarninha, declarou à RTP que têm havido alguns casos pontuais de indisciplina escolar sem grande importância. A não ser que, como o acontecimento da Escola Carolina Michaelis, do Porto, sejam muito empolados pela Comunicação Social.

Insinuou que neste aspecto, no sector do ensino, nada de particularmente grave a assinalar. Menos, ainda, de prioritário a considerar na política do ministério.

Dado adquirido: a criatura continuará a dormir descansada… Presume-se que sem se rir… de si próprio.

A segunda:

Transmitida com a apresentação de imagens de vídeo amador, mostrando o desenrolar de uma aula na escola secundária de Tarouca. A professora lei um texto enquanto os alunos falam, gritam e batem, ruidosamente, com as mãos nas carteiras. A professora continua a leitura sem interrupções, aceitando passivamente a situação de total insubordinação e desrespeito.

Deploráveis os comportamentos dos discentes e a aceitação, por parte da docente, do caos instalado.

A terceira:

A notícia reportada com imagens de uma breve entrevista ao Procurador-Geral da República, em que esta alta autoridade do Estado declara que são inadmissíveis situações de indisciplina e actos de violência nas escolas. Mais disse que está decidido a agir numa perspectiva de tolerância de grau zero, com vista a pôr ordem no sistema escolar.

Nossos comentários:

- Comparem-se, por um lado, a acintosa indiferença, as absurdas negação e desvalorização dos factos, a incrível e vergonhosa tentativa de desculpabilização e a lamentável inoperância do membro da equipa da ministra da Educação; e, por outro,

a atitude lúcida, determinada, esclarecida e objectiva, relevando alto sentido das responsabilidades, do Procurador-Geral da República.

- Apesar da gravidade dos estragos causados no tecido escolar pelas actividades e orientações da equipa do Ministério da Educação Nacional é um espanto que os artistas que temos a actuar no circo político sejam unânimes em considerar que o primeiro-ministro não demitirá a ministra e os secretários porque… isso afectaria a sua imagem política.

Em vista disso, salvem-se as aparências… O que enquadra bem no campo da hipocrisia existente.

- Todavia, importa acentuar que, pelo contrário, grande mérito caberia ao chefe do Governo se, assumindo as suas responsabilidades perante o País e compenetrado da importância dos valores e dos princípios que dão sentido à vida do cidadão no seio da sociedade e autêntica respeitabilidade ao governante, tivesse a coragem de demitir a ministra da Educação Nacional e seus colaboradores mais directos - os “ajudantes”, conforme a classificação efectuada pelo distinto cidadão Aníbal Cavaco Silva à época em que habitou uma ala do Palácio de S. Bento.

Elucidativo: O Ensino afunda-se. A Nação degrada-se. Tudo bem! Desde que a (já desconchavada) imagem do engenheiro José Sócrates não seja beliscada com a classificação de fraca. Ela, efectivamente desfocada, estará muito acima dos superiores interesses da grei.

Fantástico!

Ao que chegámos!

terça-feira, março 25, 2008

Recebemos pela Internet

e reproduzimos o seguinte texto

E ainda dizem que o estatuto do aluno está a favor do professor?

Porto: Indisciplina no Carolina Michaelis

Escola escondeu agressão da aluna

A professora agredida pela aluna da escola Carolina Michaelis, no Porto, queixou-se ao Conselho Executivo no próprio dia do violento conflito na sala de aula.

Nesse dia, 14 de Março, a docente de Francês, Adozinda Cruz, terá desvalorizado a fúria de Patrícia mas, mesmo assim, participou o episódio a um vice-presidente. Segundo o CM apurou, ambos falaram sobre o sucedido. Contudo Adozinda Cruz não terá apresentado formalmente qualquer queixa contra a estudante.
Foi com a divulgação do vídeo na Internet que o caso acabou por ser alvo de medidas por parte da direcção da escola que abriu já processos disciplinares à aluna e também ao aluno da mesma turma que filmou com um telemóvel a fúria de Patrícia contra a professora. O autor da filmagem já está identificado.
Todos os estudantes da turma do 9.º C que estavam presentes na aula naquele dia serão ouvidos no âmbito do inquérito. Até porque as imagens reveladas apenas mostram um minuto e quarenta e oito segundos do episódio. Falta ainda saber o que aconteceu concretamente antes e depois de Patrícia disputar fisicamente a posse do telemóvel que a docente lhe retirou. Uma fúria contra uma professora sem reacção, acompanhados por risos e comentários de outros alunos, que poderão ser também castigados.

SOLIDARIEDADE
Quanto à professora, o CM sabe que, embora abalada com a exposição pública, até tentou acalmar alguns colegas que ficaram indignados com os factos e que lhe telefonaram a manifestar solidariedade.


DREN QUER CASTIGO EXEMPLAR

A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) acompanha todos os procedimentos disciplinares a que os estudantes estão sujeitos. Ontem de manhã, responsáveis da DREN reuniram com a direcção da escola Carolina Michaelis.
A DREN defende uma "pena exemplar" para os alunos envolvidos. Um castigo que não pode ser a expulsão, porque o Estatuto do Aluno impede esta medida para menores de dezasseis anos.
Patrícia deverá ser punida com a transferência para uma escola a decidir pela DREN, tendo em conta o local de residência e os meios de transportes disponíveis.

Manuela Teixeira

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Um texto sem tabus…

AGRESSÕES QUE SÃO RETRATOS

DOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

01 - Há dias as televisões transmitiram um vídeo com imagens de uma aluna da Escola Carolina Michaelis, do Porto, a desrespeitar e agredir a respectiva professora de Francês, enquanto a turma assistia como se presenciasse espectáculo de circo ou combate de box. Certamente que muitos portugueses ao verem aquelas inqualificáveis cenas ficaram estarrecidos e indignados.

No entanto há o conhecimento, muito alargado, que a violência nas escolas atingiu uma grande expressão; e que a ocorrência trazida a público não é um caso isolado. Bastantes são as agressões que se registam no meio escolar – até de maior gravidade.

Porém, no ministério da tutela, o grave problema da indisciplina escolar é minimizado. Frequentemente a ministra e os seus secretários de Estado quando confrontados com as afirmações do Procurador Geral da República, dos professores e dos órgãos de Comunicação Social, assinalando o clima de insegurança e violência nas escolas básicas e secundárias, chegam ao ponto de afirmar que desconhecem a sua existência e que, simplesmente, haverá casos pontuais sem importância que são facilmente resolvidos pelos conselhos directivos dos estabelecimentos escolares.

02 - Já deu para perceber que a actual ministra da Educação paira nas nuvens de um espaço virtual que se firmou no seu subconsciente. E ao qual só ela e seus “ajudantes” têm acesso. Segundo aquilo que Sua Excelência deixa transparecer todos, indígenas que seremos mal-intencionados ou idiotas, temos a mania de dramatizar e pôr em cheque a agudeza de espírito, superior visão e relevante competência, da senhora ministra. Atributos, evidentemente, partilhados pelos seus secretários de Estado. Decerto, contemplados pela oportuna benignidade do augusto Criador – o Grande Arquitecto do Universo.

Arredando a esperteza da ministerial figura para o seu privativo e resguardado cantinho onde, sossegada e exultante, fará a emblemática contemplação do singular umbigo, o que actualmente se passa em Portugal no domínio abrangente do Ensino e da Educação é de uma enorme gravidade com implicações incalculáveis no futuro da nação portuguesa.

Está criada uma situação que, diga-se em abono da verdade, é da responsabilidade do governo Sócrates e dos anteriores executivos que se sucederam desde o ano da revolução de 25 de Abril de 1974.

03 - Múltiplos factores influenciaram a dramática evolução do Ensino e da Educação. Não cabe nesta breve crónica esmiuçá-los. Em todo o caso importa, numa sucinta resenha, apontar algumas determinantes. Desde logo as condições de vida modificaram-se rapidamente. Muitos pais não dispõem de tempo para se dedicarem aos filhos ou não atendem ao dever de os “acompanhar” no dia-a-dia das suas vidas. Os usos e costumes alteraram-se de forma radical. O acesso à informação através das televisões, de outros equipamentos electrónicos e da Internet, (nos últimos anos) foi avassalador. Perderam-se valores civilizacionais. Abastardaram-se os princípios. Instalou-se um egoísmo feroz. Uma infamante hipocrisia sobrepujou-se a tudo e a todos. As populações e os interesses da grei estão desprezados e subvertidos e, desgraçadamente, sujeitos à manipulação dos grupos mafiosos e das seitas de secretíssima índole que, com a maior desfaçatez e impunidade, prosseguem fins obscuros e atentatórios da trilogia: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Diga-se: ao arrepio do direito do cidadão a uma existência digna e respeitada, em consonância com a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Decerto que umas coisas e outras da mais diversa natureza e importância trouxeram instrumentos de progresso; mas, também, perturbação e instabilidade em vários sectores da sociedade que, de certo modo, apanhados desprevenidos não se revelaram capazes de enfrentar o embate.

A Família, o Ensino e Educação, a própria Igreja se revelou titubeante e inadaptada; todas estas estruturas da sociedade entraram em crise de declínio, sem se descortinar num horizonte próximo a recuperação e o encetar de uma via ascendente de futuro promissor.

Claro que as políticas das autoridades governamentais dos derradeiros trinta e quatro anos deram um empurrão decisivo na escalada da degradação do Ensino e da Educação que arrastaram ao estado caótico em que nos encontramos.

04 - Cingindo-nos ao Ensino e à Educação agora na berra pelos últimos desenvolvimentos ocorridos no respectivo sector, a ligeireza com que se fizeram inúmeras experiências pedagógicas, substituições de programas e cursos, a rejeição a partir de 1974 do princípio da autoridade e prestígio do professor, a permissiva liberdade dos discentes serem malcriados nas aulas e poderem faltar sem limites de ausências e ainda as passagens de anos sem a demonstração do conhecimento das matérias, teria forçosamente que conduzir à destrambelhada e preocupante situação que tanto afecta a nossa vida colectiva.

No decurso do mandato do governo chefiado pelo secretário-geral do Partido Socialista, José Sócrates, a degradação dos Ensinos Básicos Secundário acentuou-se por força da orientação seguida pela ministra da Educação de afrontar os professores na tentativa de os tornar bodes expiatórios pelas consequências nefastas de medidas avulsas sem nexo de conformidade com um sentido de acerto e ajuste no plano de real aproveitamento escolar. Tem sido notória a tendência de engendrar mecanismos de minimização de conteúdos disciplinares e de facilidades na passagem dos anos lectivos com a impressionante preocupação governamental de apresentar em Bruxelas estatísticas de sucesso escolar da nossa estrutura escolar.

Tal propósito do Governo é aberrante. A Nação está sofrendo as consequências. Urge tomarmos consciência que este caminho vai arrastar-nos para um abismo talvez sem retorno.

05 - Uma nota final: A agressão, aqui focada, de uma aluna à professora de francês da Escola Carolina Michaelis por causa de um telemóvel e aqueloutra, anterior, que foi feita a professora por uma discente insatisfeita com a nota que lhe tinha sido atribuída, mostram o estado de insubordinação existente no sistema escolar.

Acima de tudo são retratos da miséria dos Ensinos Básico e Secundário em Portugal.

Aleluia! …

Fenómeno? Milagre? Transformação que veio para ficar?

Numa noite da semana transacta em que não havia nevoeiro, não trovejava, nem chovia ou se notava a presença de fantasmas de má catadura nos estúdios de Carnaxide e, apreciável excepção, o engenheiro Sócrates esteve ausente das televisões, a Paulinha Teixeira da Cruz que, normalmente, carrega no rosto uma tristonha imagem de pessoa zangada com a vida e com os semelhantes, esboçou alguns sorrisos, um tanto ou quanto contrafeitos e enigmáticos, enquanto participava no “Frente-a-Frente” do “Jornal das 9”, da SIC. Face ao fenómeno a malta surpreendeu-se e rejubilou.

Mas não deitemos foguetes. Parece que aquele facto terá sido mesmo milagre. Aconteceu! Uma vez. Talvez por acaso. Não mais se repetiu. Haja resignação…

A impor-nos a indulgência quanto à sua evidência. A certeza é manifesta nas páginas do prestadio (para os amigos e financiadores) semanário SOL, edição de hoje, ao inserir uma entrevista da Paulinha em que ela está retratada, nas gravuras impressas, com uma expressão de tão infinita amargura que assusta qualquer pacato ser vivo…

Caso para nos interrogarmos:

- O que aflige a Paulinha?

- “A caução de Sócrates”?

- A procura de bandeiras que considera perdidas?

Uma interrogação pertinente: Para além do semanário SOL, da SIC e do novo chefe da Causa Monárquica, seu afortunado esposo já totalmente restabelecido da invalidez que o levou de supetão, enquanto o Diabo esfregava um olho, com guia de marcha, do gabinete de uma junta médica para a confortável reforma do BCP-Millennium (a crer nas notícias dos jornais), quem mais se apresenta a amparar com engenho e arte a Paulinha? Simplesmente para ela aprender a sorrir

Brasilino Godinho

(21/03/2008)

Estimadas senhoras,

Caros senhores,

Aqui as “Marcelices” da semana.

Constituem-se como triste fado entoado semanalmente.

E sorte malvada para os leitores do semanário de Saraiva.

Com os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

“Marcelices”…

Do Prof. Seixa *

*Às vezes, designado Prof. Sousa.

Para quem não saiba, informamos que “seixa” é uma espécie muito apreciada de pombo bravo, esquivo, também chamada “sousa”, que não dispensa a conhecida variedade de fruta manga, vulgo “rebelo”.

Trata-se de um pombo traquinas de aspecto simpático que, todos os domingos, à noite, num programa televisivo, arrulha com desenvoltura e trejeitos que fazem as delícias da interlocutora.

Brasilino Godinho

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DESGRAÇA CULTURAL

Soma e segue

Infelizmente a desgraça cultural todas as semanas trazida a público pelo semanário do arquitecto-jornalista José António Saraiva prossegue sem desfalecimento do autor e com a acomodação dos dirigentes do jornal. As pessoas envolvidas na apresentação da inenarrável peça jornalística nem se apercebem (ou fingem não perceber) dos danos que a peça “BLOGUE” acarreta à cultura nacional. E nem só. Ela consagra e instiga a prática do mexerico, o culto das futilidades, a promoção do favoritismo de familiares e parentes, o abuso da vacuidade, a manifestação do absurdo, a exibição da idiotia, os obscenos relatos das vaidades pessoais e a desavergonhada demonstração dos tráficos de influências no círculo de amigos, compadres e companheiros de fraternidades mais ou menos discretas.

De modo efectivo o malfadado “BLOGUE” faz lembrar os comportamentos de quantos se entretêm a espreitar pelos buracos das fechaduras das casas dos vizinhos ou nos quartos de hotel; acima de tudo ele recupera os hábitos das antigas mulheres de soalheiro. Isto num tempo de desvarios e de abandalhamento de usos e costumes, que impõe aos cidadãos o dever de, afirmando-se respeitadores dos valores da cidadania, se desempenharem nas actividades que exercem com o indispensável sentido pedagógico.

Nas presentes circunstâncias deveria haver, por parte dos intervenientes, um mínimo de atenção e seriedade na avaliação do problema gerado pela existência do “BLOGUE”.

Oxalá que sobrevenha bom senso

A título de ilustração da desgraça cultural transcrevemos duas “notinhas”.

PRIMORES I Praia. Atrás de mim, jovem de 12-13 anos diz aos pais:”Preciso desse livro escolástico”. Corrige o pai, apesar de não intelectual: “Escolar”. Era escolar. Esta juventude!

Nosso comentário:

Ficámos perplexos Como o Prof. Seixa descobriu que o pai do jovem não é intelectual? Ele teria letreiro na testa?

Interessante o pormenor da posição do rapaz. E o que aconteceria se o rapaz estivesse á frente de si?

Este professor!

PALMERS No fim da maratona jurídica no Martinho da Arcada, tive uma recompensa: um (uma, corrigimos o lapso) caixa de magníficos mini-palmiers. Deliciosos ao jantar.

Nosso comentário:

A reter a informação do Prof. Seixa: as maratonas – por enquanto só as jurídicas – têm a recompensa de caixas de magníficos mini-palmiers. Detalhe intrigante: Só ao jantar é que são deliciosos? Se assim é, convenhamos que se trata de uma desagradável restrição para a excelente condição de magníficos

quinta-feira, março 20, 2008

Estimadas senhoras,

Caros senhores,

Junto as SARAIVADAS de 15 de Março do corrente ano.

Nestas, Saraiva oscila entre o desacerto e o acerto. Lastimável na primeira posição. De aplaudir na segunda.

Os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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Tema: SARAIVA PERDIDO E ACHADO…

EM “A revolta dos professores”

José António Saraiva, esta semana escreveu um editorial sobre “A revolta dos professores”. Ao seu peculiar estilo o articulista manifesta uma insanável salgalhada entre ideias feitas, por si assimiladas sem esforço crítico, que expende com alguma ligeireza na primeira coluna e considerações pertinentes e válidas acerca da essência da problemática em causa que formula nas outras quatro colunas que compõem o texto.

Na primeira coluna lêem-se opiniões de Saraiva que aos leitores causariam a maior perplexidade se não fora o caso de já se terem habituado à frequência das confusões do conhecido arquitecto-jornalista.

Por exemplo:

“Nas MINHAS aulas na Universidade Católica defendo que todas as manifestações têm uma componente antidemocrática. Porquê? Porque o seu objectivo é sempre forçar o Governo legitimamente eleito a fazer (ou não fazer) alguma coisa contra sua vontade. Nas democracias a vontade popular exprime-se pelo voto. Ora as manifestações são uma espécie de pronunciamento pacífico de revolta sem violência, que pela força do número pretende obrigar o poder político a mudar de posição” (o sublinhado é nosso).

O arquitecto-jornalista José António Saraiva não tem razão ao emitir as precedentes observações.

Em primeiro lugar sobressaem os manifestos egocentrismo e voluntarismo: “Nas MINHAS aulas defendo que todas as manifestações têm uma componente antidemocrática. Elas (todas… sem escapar nenhuma, com o pecado original atribuído por Saraiva) não têm nenhuma componente antidemocrática. Simplesmente são expressão colectiva e pública de sentimentos e opiniões, legítimas e nalguns casos imprescindíveis para a reposição da normalidade político-administrativa. Sobretudo quando os poderes exorbitam nas suas funções e desvirtuam o sentido das políticas sufragadas pelo eleitorado. Ou nos casos em que desenvolvem práticas lesivas dos interesses da comunidade e da qualidade de vida das populações. As pessoas ao manifestarem-se exercem um direito constitucional e, até, cumprem uma obrigação cívica. O que nunca pode ser admitido como antidemocrático.

Atendendo á circunstância do professor Saraiva induzir em erro de interpretação um tal processo dinâmico de exercício da plena cidadania dos futuros cidadãos é lastimável que assim suceda, porquanto não se estará a dar a melhor formação aos jovens - a qual, necessariamente, implicaria da parte do mestre a maior abertura de espírito e justeza convenientemente adequada à matéria.

Depois, mesmo ao “ Governo legitimamente eleito” é-lhe vedado, sob o ponto de vista ético e consoante o enquadramento da legalidade da acção governativa, fazer qualquer coisa que, subordinada à sua interesseira vontade ou a desperta tendência autoritária, redunde no desprezo e prejuízo dos superiores interesses das populações; sobretudo das camadas mais desfavorecidas.

Ademais sempre que o Governo enveredar pelo autoritarismo, se mostre incompetente e encaminhe o país para o abismo, bom será que hajam intervenções ordeiras que o forcem a corrigir os maus procedimentos. E quanto maior for o número dos manifestantes, reflexo do mal-estar geral, melhor para se induzir um bom futuro da sociedade portuguesa. Até porque os cidadãos nem dispõem de meios eficazes para intervirem junto dos poderes constituídos que regem o sistema político-administrativo. Atente-se que o Parlamento, da presente república maçónica, não cumpre o requisito de zelar pelo Bem Comum – o que é sobejamente reconhecido por toda a gente em Portugal.

Registe-se que pouco importa, sob o ponto de vista do prestígio e da representatividade das personagens, que hajam recuos nas orientações governamentais - desde que levados à prática com a perspectiva de melhores soluções. Não é por aí que lhes caem os pergaminhos ou os parentes na lama Aliás instalou-se a perversa ideia dos recuos serem banidos da governação porque motivo de chacota das oposições; o que tanto perturba governantes, opositores e meios de comunicação social. É uma asserção cínica, mal intencionada e limitativa - que já começa a assumir os contornos de alienação mental - facilmente acolhida pelos políticos e comentadores medíocres e irresponsáveis que, afinal, os condicionam e os levam, pelo temor do significado, pelo pretenso risco da (ilusória) carga pejorativa do termo (recuo) ou, ainda, pela suposta e oportunista vantagem que os detractores julgam obter, a persistir na irracionalidade e no erro. Também, desta maneira, insensíveis segunda a primária lógica do modismo incongruente e algo estúpido.

Nessa embrulhada dos recuos acontece que aqueles que mais reclamam, apontam erros e “exigem” alterações de medidas e de orientações, são os mesmos que se as reclamações e “exigências” são atendidas pelos destinatários, por reconhecerem validade aos reparos que lhes cão feitos, mais agitam o “papão” (recuo). Outrossim, agigantam-se no disparate, ficam possessos, não mais se calam e lançam continuamente o pretenso labéu de que ministro e Governo recuaram – como sucedeu com o ministro Mário Lino no caso do aeroporto na Ota.

O pior da questão é a circunstância de, por outro lado, os fracos governantes que alegremente nos desgovernam, terem inculcada a ideia de auto-suficiência e que é uma chatice essa história do recuo. Mais consideram que a assumpção dos erros será sinal de fraqueza. Aqui, neste ponto, há que contrapor e acentuar que a verdadeira grandeza está na capacidade do reconhecimento da inexactidão. Só os burros e os ignorantes é que nunca se enganam. Os cidadãos inteligentes erram algumas vezes e muito aprendem com os erros. Infelizmente anda por aí muita gente altamente colocada em lugares cimeiros da sociedade que não aprende nada

E porque manifestações pacíficas – como a recente dos professores – nem são pronunciamentos violentos ou bélicos é que invalidam as descabidas analogias que Saraiva faz com as quedas dos governos da I República e com as ruidosas e gigantescas concentrações na Alemanha e Itália dos tempos de Adolfo Hitler e Benito Mussolini, na URSS e na China..

Mal vai a Democracia, pior decorre o dia-a-dia dos cidadãos, exactamente por estar instalada a mentalidade na “inteligência” portuguesa de serviço às grandes e obscuras causas internacionalistas de que a vontade popular só se deve exprimir pelo voto. Reconheça-se que há muita gente interessada em manter essa restrição ao exercício da cidadania, que mais não é que uma falácia.

Mas importa alterar significativamente a situação. Visto que é muitíssimo redutor e perigoso que só pelo voto se exercite a participação dos cidadãos na vida colectiva. E, nas actuais circunstâncias, um dos modos de afirmação do querer do cidadão será através da manifestação pública sem violência.

Sintetizando: colhe a observação de aos analistas e professores caber a obrigação de na abordagem dos temas, se orientarem num único sentido que comporte dever de reserva, cuidado de objectividade, zelo de sapiência e nexo de responsabilidade, nas apreciações que daqueles se façam sob o delicado ângulo da crítica.

terça-feira, março 18, 2008

Um texto sem tabus…

PACO – A EXTRAORDINÁRIA

FIGURA PÚBLICA DO ANO 2007…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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1 – “Água mole em pedra dura tanto dá até que fura…”

Permitam-me a liberdade de vos apresentar esta crónica sobre um tema da maior actualidade: a candidatura do mui valoroso e distinto Paco a figura pública do ano 2007.
Interpretando o interesse do Paco, celebrizando a sua notória humildade e prevendo a alegria do seu tutor, ouso sugerir o vosso apoio na promoção da iniciativa tendente a laurear a citada personagem que tem relevante papel apaziguador na sociedade lisbonense. Trata-se de uma proposta que é lançada pela segunda vez. E à semelhança do que acontece com a promitente atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao jornalista-arquitecto José António Saraiva, tenhamos a reconfortante esperança que neste ano seja alcançada a glorificação do Paco. Julgo não cometer indiscrição ou abuso de confiança (que, aliás, não me foi dada pelas criaturas envolvidas) ao sugerir que todas as intervenções sejam naturalmente dirigidas à direcção do SOL - o conhecido astro que com seu difuso “brilho” nos “cega” a todos: os “portugas” que ainda vão resistindo nesta tempestade político-social que, tal como o Toyota, veio para ficar. E à qual entidade, devidamente, caberá a proficiente condução do respectivo processo.

2 – Quem é o Paco?

Desde o dia 16 de Dezembro de 2006 que se soube – em todo o país - da sua existência. Na mesma altura veio a público a fascinante história do seu percurso de vida na capital alfacinha.

O Paco embora com nome castelhano é português. Não se conhece a data do nascimento, nem onde foi parido. Dos avós e dos pais desconhecem-se as respectivas identidades. Existe a suspeita de ser filho de pais incógnitos. Não consta dos ficheiros da polícia qualquer registo de suas aventuras rocambolescas ou acções de natureza criminosa. Sabe-se que vive em Lisboa, com recato e bons relacionamentos. Partilha da amizade, acomodação, mesa e automóvel do ilustre Saraiva. Não confundir este com o cardeal (maçon) Saraiva ou com o Saraiva que foi ministro da Educação de um governo salazarista e hoje é apreciado comunicador de Televisão - por sinal, tio deste Saraiva, aqui em foco, que é arquitecto de canudo universitário, jornalista e director de um badalado semanário; o qual, no século passado, foi ingénua vítima de uma rasteira pregada por um conhecido banco, relacionada a um cartão de crédito não solicitado e depois indevidamente desconsiderado.

Do Paco, se dirá que é uma figura de aspecto vulgar mas que não deslustra a espécie. A sua estatura é meã. De referir que nem gordo, nem magro. Tem a particularidade de ser imberbe por condição genética. No fácies sobressaem uns olhos vivos a denotarem uma visão ágil de penetrante inteligência. Embora, quando em pose de contemplação, deixe transparecer serenidade e alguma nostalgia, quiçá resignação. A boca é recortada com finura de traços e logo acima dela, no lábio superior, é inútil tentar enxergar alguns pêlos de incipiente bigode. Aparenta uma dentadura bem conservada sem indícios de cárie. Mostra boa presença física, elegância no andar e invejável ligeireza de movimentos quando faz algumas corridas para desentorpecer os músculos. Pelo aspecto indicia regulares hábitos de higiene. Não se lhe conhecem vícios e propensões agressivas. Dá a impressão de gozar de boa saúde – o que é factor relevante, se tivermos em conta que é mudo de nascença e, por isso, eventualmente, predisposto a ocasionais crises existenciais de profunda depressão.

Aos predicados físicos acrescenta outras facetas da sua rica personalidade. Para além das divulgadas qualidades e manifestações de inteligência, há informação que o Paco é civilizado e que pratica boas maneiras, facilitando o convívio social. Com uma extravagante excepção: tende, nas madrugadas de insónia, a entreter-se com ensaios de sapateado que incomodam a vizinhança.

É leal e fraterno. O que são características importantíssimas neste “mundo cão” (sem desprimor para os exemplares caninos) em que estamos sujeitos a viver sem rei nem roque.

O conhecido Saraiva, de que falámos, é pessoa que conhece de ginjeira o Paco. E foi ele que, numa interessante crónica, nos deu notícias desta extraordinária criatura. Com uma particularidade: não lhe regateia elogios. Para além da descrição das façanhas do “ser inocente que confia tão abertamente em nós” da inteligência, das capacidades de raciocínio e das manifestações de afectos, atenções e outros invulgares sentimentos, o amigo Saraiva que se assume como uma espécie de tutor do Paco, elucida-nos que ainda está por descobrir a razão porque o Paco não fala. E com perplexidade, talvez angústia, interroga-se quanto ao modo como ele articula os raciocínios e qual o nível dos seus sentimentos. E aqui está o factor crucial para bem interpretarmos a notabilidade do Paco: Qual é o nível dos seus sentimentos? Nível alto? Médio? Baixo? Um problema sério, susceptível de nos deixar, a todos, embaraçados Depois, Saraiva vai mais profundo na explanação das virtudes do Paco. E diz que a felicidade desta criatura é a de poder respirar o ar que ele, Saraiva, respira e partilhar o mesmo espaço. Neste ponto, fica-nos a preocupação: se o Paco absorve o ar da respiração do Saraiva no mesmo confinado espaço deste senhor, decerto que estará sendo envenenado aos poucos, visto que o hálito expelido pelas vias respiratórias do conhecido jornalista estará viciado. E se este fuma, pior será e imenso o risco de doença grave do Paco.

Outra coisa que parece intrigar o protector do Paco é a mania deste de quando o Saraiva se levanta de um maple, vai logo deitar-se no sítio em que o célebre jornalista estava sentado – ou quando Saraiva sai do carro o companheiro vai de imediato ocupar-lhe o lugar. Mas, na volta de Saraiva, ele instantaneamente regressa ao lugar traseiro. Face a este comportamento do Paco, Saraiva conclui que ele pensa e que percebe as situações. Nós objectamos: se mudo, teria de ser estúpido? Depois, há a novidade: o Paco faz gracinhas ao Saraiva. E a revelação: prega-lhe sustos

Não obstante os louvores e as constantes exaltações do Paco o cidadão Saraiva adianta opiniões sobre a mudez do Paco que nos deixam estarrecidos porque contraditórias no contexto da matéria descrita e improcedentes nos conceitos em que assentam as afirmações. Saraiva diz que a vantagem do Paco é exactamente não falar. Perguntamos: Qual vantagem? A seguir, Saraiva inquire: “O que aconteceria se ele falasse? Quantos dislates não diria? Quantas irritações não nos provocaria? Ele exprime silenciosamente os seus sentimentos. Não nos perturba a paz.”

Não deixemos passar em claro a reserva que está subjacente a estas inquietações sobre o Paco. Saraiva, lá bem no íntimo, desconfia do Paco Em contraposição, o distinto jornalista, precavido, solícito, generoso na comunhão de sentimentos e porque irresistivelmente embalado (ou enredado?) na fantasia das suas divagações, informa-nos que através do silêncio do Paco percebeu outra coisa: os afectos dispensam palavras. Descoberta sensacional. Seres humanos, porventura fugidios do humanismo, temos andado distraídos Ou naturalmente estupidificados

Também se deve anotar o deslize de linguagem de Saraiva ao escrever para a posteridade esta saraivada: “Se me fosse dado escolher, não gostaria que o Paco falasse. Assim sei que gosto dele. E o que aconteceria se começasse a dar opiniões?”.

É aqui, nesta parte final, que Saraiva meteu o pé na poça e mostrou a sua fibra.

Deduz-se que a satisfação de Saraiva está condicionada e é incompatível com a possibilidade do uso da fala do Paco. Enquanto mudo este ser não dirá disparates, nem provocará irritações ao amigo Saraiva. Sobretudo, não põe em perigo o estado de paz em que o conhecido jornalista estará mergulhado.

Ademais, Saraiva nega à criatura Paco aquele que é um dom que, certamente, muito preza: o da fala. Deste modo evidencia um intolerável egoísmo.

Realce para o preciosismo de Saraiva: “Assim sei que gosto dele”. Quer esta expressão significar que Saraiva nem estará tão seguro dos laços de amizade que o unem ao Paco, pois admite que só gosta dele devido à sua intrínseca condição de mudez. E se Paco falasse lá ia por água abaixo o “gosto” por ele.

E como girândola final, Saraiva lança a inquietante pergunta que lhe atormenta a alma: “E o que aconteceria se o Paco começasse a dar opiniões”? É nesta interrogação, a valer como confissão, que bate o grande busílis. Saraiva confessa implicitamente que não suporta quem dê opiniões. Opiniões, as dele, Saraiva, é que lhe interessa cuidar num conveniente exercício de audição de si próprio.

Concluindo: o Paco é o cão de Saraiva.

Atendendo ao exposto, Paco, ente excepcional, pelos seus muitos predicados, deve ser elevado à categoria de figura portuguesa do ano de 2007. Para servir de exemplo a muita desvairada gente. E, enquadrado na perspectiva reticenciosa do dono, de pretexto a oportuna reflexão por parte de bastantes sujeitos, designados “bons cidadãos” de não menos "reservados costumes", que - contrariando as aparências – se opõem à livre expressão do pensamento

quinta-feira, março 13, 2008

Com a devida vénia…

Recebemos pela Internet uma carta aberta da autoria do Prof. Paulo Carvalho (pessoa nossa desconhecida).

Por se tratar de matéria da maior actualidade e a carta se revestir de pertinência e de grande interesse no enquadramento do confronto entre os professores e a tutela do Ministério da Educação, publicamo-la a seguir.

Merece a nossa total concordância.

Brasilino Godinho.

Exmo. Sr. Rangel:

Não sou uma figura pública como V. Exa., nem tenho um jornal que acolha as minhas opiniões. Felizmente existe hoje a blogosfera e os amigos para publicar o mais possível a nossa opinião; espero que esta carta chegue até si.

Sou apenas um dos 143 000 professores deste país e um dos 100 000 que estiveram na Marcha da Indignação no dia 8 de Março, dia em que fui brindado com o seu artigo de opinião a que batizou de «HOOLIGANS EM LISBOA». Ei-lo:

Como deve estar à espera, depois daquilo que escreveu, ou coloca uma venda nos olhos e uns tampões nos ouvidos ou terá de ver e ouvir os argumentos dos visados. Como quem não se sente não é filho de boa gente, e fui um dos seus alvos, o seu artigo merece-me uma resposta, bem ao estilo político e jornalístico, em dez breves pontos. Está preparado? Cá vai:

1) A sua legitimidade para me chamar «hooligan» é a mesma que eu tenho de lhe chamar palerma, idiota e atrasado mental. Repito: a legitimidade é exactamente a mesma.

2) A sua legitimidade para me chamar comunista e que o Prof. Mário Nogueira (não é Sequeira, Sr. Rangel) é um assalariado do PCP e que tal partido alugou 600 autocarros para a manifestação, é a mesma que eu tenho para lhe chamar fascista, assalariado do PS e alugado por este partido para emitir estas imundas alarvidades. Repito: a legitimidade é exactamente a mesma.

3) Os professores e os empregados da Lisnave são cidadãos dignos, que trabalham toda a vida para sustentar as suas famílias com ordenados por vezes miseráveis, não são jornalistas de segunda que andam à crava de pequenos tachos de ocasião, depois de fracassarem pessoal e profissionalmente à frente de grandes cadeias de televisão, com ordenados de rei para gastar em opulentas noitadas algarvias.

4) A maioria dos professores que V. Exa diz ainda terem dignidade, comparando-os aos seus, somos todos nós, Sr. Rangel, porque somos 143 000, estavam lá 100 000, sendo que dos 43 000 que não estavam certamente 40 000 não estiveram apenas de corpo e os restantes 3000, ou por aí, serão os inevitáveis fundamentalistas partidários, cuja religião PS lhes ofusca a lucidez.

5) V. Exa nunca pertenceu à nossa classe! V. Exa foi professor, mas universitário e, não lhe retirando mérito pela formação que isso permitiu, fique sabendo que ser professor universitário nada tem a ver com o que se passa nas nossas salas de aula, onde todas as crianças e jovens têm lugar, os bons, os maus, os educados, os mal-educados, os civilizados, os selvagens, os ricos, os pobres, os inteligentes, os deficientes, os meus filhos, os seus filhos… Enfim, não se trata de um lugar onde uma clivagem por resultados escolares, permite que tenhamos uma sala com 20 ou 30 alunos com toda a socialização feita e a quem basta dar bibliografia e pouco mais.

6) V. Exa ignora por completo o que o ME quer impor nas escolas e aos professores, pois isso sim, é que favorecerá a incultura, deseducação, a anarquia pedagógica, em que o obrigatório facilitismo formará uma geração de humanóides completamente ocos de valores, cultura e sabedoria; eu sou um produto do sistema que V. Exa acusa de iníquo e sei o que significa dignidade, respeito, admiração, ponderação, civismo, tolerância… enfim, tudo o que V. Exa não revela, na sua miserável crónica.

7) Vergonha devem sentir os cidadãos portugueses de terem de levar com opiniões de jornalistas (esses sim, é que são pseudo) completamente esventrados de sensatez, isenção e responsabilidade. Este artigo de V. Exa é o epíteto do desnorte e testemunho de um intoxicado intelecto.

8) A Ministra é corajosa e determinada? Estamos de acordo. Acontece que V. Exa confunde estes conceitos com clareza, responsabilidades e, sobretudo, com justiça e sentido de visão estratégica para a Educação. Todos os grandes facínoras políticos da História eram corajosos e determinados.

9) Todos os que V. Exa chama estúpidos e que, sendo do PSD, do PCP ou daquilo que você quiser, apoiam e compreendem a causa dos professores, se o fazem por antipatia política ou oportunismo, e sei que os há, tal adjectivo assenta-lhes que nem uma luva; aos restantes, que são infinitamente mais, não os confunda com um espelho.

10) V. Exa pertence, ou pelo menos pertenceu, a uma recente classe de portugueses, muito inferior à dos professores, quer em número quer em dignidade, cujo novo - riquismo aliado ao corrupto mercado da imagem, fazem de vós uma praga infestante para o cidadão comum, que luta todos os dias contra as dificuldades de um país minado por políticos fajutos e incompetentes e por um jornalismo bacoco e de algibeira, do qual V. Exa é um belo protagonista.

Paulo Carvalho

quarta-feira, março 12, 2008

Estimadas senhoras,

Caros senhores,

Trago-vos as “Marcelices”.

Para que não se perca a atenção sobre a gravidade que reveste a contínua exibição (todas as semanas) da desgraça cultural, da lavra do Prof. Seixa, impressa no semanário do arquitecto-jornalista Saraiva.

Infelizmente com gravame para a cultura portuguesa.

Com os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

“Marcelices”…

Do Prof. Seixa *

*Às vezes, designado Prof. Sousa.

Para quem não saiba, informamos que “seixa” é uma espécie muito apreciada de pombo bravo, esquivo, também chamada “sousa”, que não dispensa a conhecida variedade de fruta manga, vulgo “rebelo”.

Trata-se de um pombo traquinas de aspecto simpático que, todos os domingos, à noite, num programa televisivo, arrulha com desenvoltura e trejeitos que fazem as delícias da interlocutora.

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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DESGRAÇA CULTURAL

Soma e segue

O Prof. Seixa prossegue a desdita de todas as semanas publicar no semanário com nome de estrela, dirigido pelo arquitecto-jornalista José António Saraiva, o “BLOGUE” – peça escrita destrambelhada que preenche duas páginas com “notinhas” de futilidades, de coscuvilhices e apontamentos ridículos sobre as andanças do autor, dos familiares e dos amigos. O professor delira com o tema. Percebe-se que sente grande gozo com o insólito entretimento. Julga os leitores uns parvóides interessados na leitura das insípidas referências que faz sobre as frivolidades próprias que cultiva e as alheias que tanto o ocupam e muito lhe agradam. Assim preenche o desmesurado ego. Digamos que tal efeito é conseguido de forma absolutamente deplorável, se considerarmos as inegáveis capacidades intelectuais do consagrado mestre de Direito.

Atendendo ao conteúdo e à forma o “BLOGUE” constitui um factor de atraso e regressão nos domínios da higiene mental; que deveria ser estimulada no colectivo dos cidadãos. Tão anacrónico painel de “notinhas”, escritas à toa, potencia consequências de agravamento de um estádio de subdesenvolvimento cultural de largas faixas da população portuguesa. Ele é uma desgraça cultural.

Para se fazer alguma ideia da pobreza franciscana da peça jornalística em causa basta transcrevermos três “notinhas”.

A LER A rapariga que roubava livros, de Markus Zusac. Da Presença. Devorei-o num dia de paragem forçada”.

Nosso comentário:

Subentende-se que se trata de um volume brochado De notar que o professor, com aquele seu hábito das jantaradas, devorou o livro num dia, enquanto o diabo esfregava um olho. Do invulgar facto deve-se extrair uma lição: nem os livros lhe escapam à sofreguidão. Igualmente uma prevenção: há que ter o maior cuidado com os convites ao Prof. Seixa para repastos em casa do ofertante. É que o Prof. Seixa é devorador e facilmente leva à glória a dispensa de qualquer desprevenido e amável cidadão. Todos os seus amigos se ponham a pau

“NEVE Recebo por e-mail, fotografias do neto Francisco na neve. Começar pela Estrela é patriótico. O filho Nuno garante que ele tem jeito. Eu nunca gostei de esqui de montanha, só de fundo. E pouco, que a neve dá-me tristeza. Sou marítimo.

Nosso comentário:

Isto é o que se chama de uma cajadada matar muitos coelhos. Todos quantos leram a prosa do Prof. Seixa devem ter ficado muito satisfeitos por recolherem as informações de que a criatura recebe, por e-mail, fotografias do neto Francisco; que este vai à neve e, precocemente, já imbuído do espírito patriótico, começa pela Estrela (admite-se que seja a serra do mesmo nome…); e que o filho Nuno garante que o pequenote tem jeito. Também aqui é de presumir que seja para o esqui, uma vez que o avô aproveita para dizer que nunca gostou de esquiar na montanha. Porquê? Por que a neve lhe dá tristeza. Sendo assim, os leitores e ouvintes do professor são uns felizardos. A chatice que não seria se a acrescentar à desgraça cultural do BLOGUE no sábado, tivessem que compartilhar a tristeza do professor nas noites dos domingos. Safa! Do que a malta se livrou

“EMOÇÃO Fenerbahçe mete lança na Europa. Cristiano marca. Berlusconi fica fulo com o seu Milão (e logo em campanha eleitoral!)”.

Nosso comentário:

Aqui temos uma charada. Fenerbahçe mete lança na Europa. Na Europa? Se calhar deveria disparar torpedo (arma mais moderna) no Alasca ou na China. Quem sabe? Em todo o caso uma lança não será arma tão mortífera quanto um torpedo. Além de ser mais barata.

Cristiano (O futebolista?) carimba O quê? Como? Com as mãos? Com os pés? Usando a cabeça? Enigmático, este Prof. Seixa

Berlusconi chateado com o Milão. O professor enganou-se? Não queria dizer-nos que o Berlusconi colheu um melão?... Pelo descrito, intragável

Enfim, aqui reproduzida uma pequena amostra da desgraça cultural que o professor e o semanário de José António Saraiva fazem gala em expor aos portugueses.