Caros senhores,
Nas SARAIVADAS de 22 de Março do corrente ano, Saraiva criou um enigma que põe toda a gente de cabeça à roda na vã tentativa de matar a charada.
Também tropeçou no termo debate e ficou baralhado.
E no meio de tanta barafunda em que se misturam política, taberna, democracia, Zapatero e Rajoy, os leitores que se cuidem.
Se Saraiva continua a dar mais do mesmo a malta, qualquer dia, toma-lhe o jeito por força de continuada acomodação que, sub-repticiamente, se vai introduzindo na mente das pessoas crédulas ou distraídas. E aí, salve-se quem puder…
Os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho
SARAIVADAS…
Ou as confissões do Arq.º Saraiva…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Tema: SARAIVA, um portento
na criação de charadas…
O arquitecto-jornalista José António Saraiva, na edição da revista do seu semanário do p. p. sábado, inseriu uma crónica de comentário ao debate entre Zapatero e Rajoy que precedeu a data das eleições legislativas de Espanha. Designou-a por “Assim vai a Espanha”.
Aproveitando a “deixa” e tomando em conta o texto em causa nós diremos: Assim vai o Saraiva.
Desde logo o artigo de Saraiva atinge o clímax da confusão induzida no leitor; a qual nem se sabe que seja involuntária ou propositada. Exactamente porque geradora de perturbações da percepção que se tenta apreender da charada contida numa frase emblemática da escrita do articulista.
Atente-se na intrigante charada:
“(…) um confronto civilizado, ordeiro, respeitador das regras, quase respeitoso. Enganava-se redondamente quem pensasse assim”.
De facto quem pensasse assim enganava-se. Exactamente como Saraiva ao criar a charada. Com que então se “respeitador das regras”, eventualmente, não seria respeitoso? Quiçá “quase respeitoso”? Possivelmente esta é a melhor conseguida charada da fértil colecção de charadas da autoria de Saraiva.
Depois o autor embrulha-se em torno da palavra “debate”.
“(…) o debate foi dividido em vários temas”. A seguir o articulista escreve “Não era pois um debate – eram dois monólogos”. Um pouco adiante o “debate” volta a lume: “Passemos, então, ao que mais interessa ao leitor: o debate propriamente dito”. Depois desta trapalhada de flagelação e desordenação do “debate” quem diria?
E quando parecia que a desventura do termo “debate” tinha cessado eis senão que lá vem a bordoada terrível: “O debate entre Rajoy e Zapatero fez-me lembrar uma acareação”.
Este jornalista tem cada triste lembrança que até arrepia os leitores mais resolutos.
A juntar à grande embrulhada Saraiva nem atina com a essência do problema da Democracia, assaz maltratada pelos políticos rascas. Persiste em ignorar que se há desrespeito pelo poder e pelos titulares dos cargos, ele decorre da grande falta de respeito que os agentes políticos têm por si próprios. Quem não se respeita, não suscita nem merece o respeito do próximo.
Elaborando este trabalho ao corrente da leitura da peça de Saraiva, agora deparamos com outra encrenca sobre o debate. Transcrevemos: “Quanto à substância do debate, foi de uma pobreza franciscana”.
Face às voltas e reviravoltas em torno da palavra debate note-se que: uma vez é mesmo debate; outra vez não era debate mas sim dois monólogos; noutra passagem passava a debate propriamente dito (alto aqui, para não nos afastarmos do contexto do palavreado de Saraiva,: não seria debate impropriamente dito? Em que ficamos?); mais à frente admitia que fora uma acareação; para, finalmente, referir-se à substância do debate.
Uma tal complicação e mistura de interpretações da palavra debate, coloca os leitores em dúvida: o que foi aquilo que a TV espanhola transmitiu? Um debate? Propriamente dito por Saraiva? Ou impropriamente? Dois monólogos? Uma acareação? E quanto à substância do debate? E à sua pobreza franciscana? Foi a substância e a pobreza que deram ou retiraram a qualificação do debate? Ou os monólogos? Ou a acareação que, por sinal, nem teria tido a presença do célebre juiz Baltasar Garzón?
Por último, Saraiva remata em grande estilo: “A política está hoje a descer perigosamente ao nível da taberna. Se calhar não poderia ser de outra maneira”.
Duplo engano do arquitecto-jornalista.
As tabernas, no tempo actual, são modernos estabelecimentos onde - para além de se beberem uns copos, se comerem apetitosos frangos de churrasco com muito piripiri, sob a zelosa vigilância dos “rambos” da ASAE - se cultivam boas maneiras de convívio entre selectas assistências. Claro que bom ambiente garantido pelos garbosos vigilantes da prestimosa polícia, também ela de bons e saudáveis costumes…
“Não poderia ser de outra maneira”? Como assim? Com que base Saraiva faz semelhante afirmação?
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