Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, março 18, 2008

Um texto sem tabus…

PACO – A EXTRAORDINÁRIA

FIGURA PÚBLICA DO ANO 2007…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

1 – “Água mole em pedra dura tanto dá até que fura…”

Permitam-me a liberdade de vos apresentar esta crónica sobre um tema da maior actualidade: a candidatura do mui valoroso e distinto Paco a figura pública do ano 2007.
Interpretando o interesse do Paco, celebrizando a sua notória humildade e prevendo a alegria do seu tutor, ouso sugerir o vosso apoio na promoção da iniciativa tendente a laurear a citada personagem que tem relevante papel apaziguador na sociedade lisbonense. Trata-se de uma proposta que é lançada pela segunda vez. E à semelhança do que acontece com a promitente atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao jornalista-arquitecto José António Saraiva, tenhamos a reconfortante esperança que neste ano seja alcançada a glorificação do Paco. Julgo não cometer indiscrição ou abuso de confiança (que, aliás, não me foi dada pelas criaturas envolvidas) ao sugerir que todas as intervenções sejam naturalmente dirigidas à direcção do SOL - o conhecido astro que com seu difuso “brilho” nos “cega” a todos: os “portugas” que ainda vão resistindo nesta tempestade político-social que, tal como o Toyota, veio para ficar. E à qual entidade, devidamente, caberá a proficiente condução do respectivo processo.

2 – Quem é o Paco?

Desde o dia 16 de Dezembro de 2006 que se soube – em todo o país - da sua existência. Na mesma altura veio a público a fascinante história do seu percurso de vida na capital alfacinha.

O Paco embora com nome castelhano é português. Não se conhece a data do nascimento, nem onde foi parido. Dos avós e dos pais desconhecem-se as respectivas identidades. Existe a suspeita de ser filho de pais incógnitos. Não consta dos ficheiros da polícia qualquer registo de suas aventuras rocambolescas ou acções de natureza criminosa. Sabe-se que vive em Lisboa, com recato e bons relacionamentos. Partilha da amizade, acomodação, mesa e automóvel do ilustre Saraiva. Não confundir este com o cardeal (maçon) Saraiva ou com o Saraiva que foi ministro da Educação de um governo salazarista e hoje é apreciado comunicador de Televisão - por sinal, tio deste Saraiva, aqui em foco, que é arquitecto de canudo universitário, jornalista e director de um badalado semanário; o qual, no século passado, foi ingénua vítima de uma rasteira pregada por um conhecido banco, relacionada a um cartão de crédito não solicitado e depois indevidamente desconsiderado.

Do Paco, se dirá que é uma figura de aspecto vulgar mas que não deslustra a espécie. A sua estatura é meã. De referir que nem gordo, nem magro. Tem a particularidade de ser imberbe por condição genética. No fácies sobressaem uns olhos vivos a denotarem uma visão ágil de penetrante inteligência. Embora, quando em pose de contemplação, deixe transparecer serenidade e alguma nostalgia, quiçá resignação. A boca é recortada com finura de traços e logo acima dela, no lábio superior, é inútil tentar enxergar alguns pêlos de incipiente bigode. Aparenta uma dentadura bem conservada sem indícios de cárie. Mostra boa presença física, elegância no andar e invejável ligeireza de movimentos quando faz algumas corridas para desentorpecer os músculos. Pelo aspecto indicia regulares hábitos de higiene. Não se lhe conhecem vícios e propensões agressivas. Dá a impressão de gozar de boa saúde – o que é factor relevante, se tivermos em conta que é mudo de nascença e, por isso, eventualmente, predisposto a ocasionais crises existenciais de profunda depressão.

Aos predicados físicos acrescenta outras facetas da sua rica personalidade. Para além das divulgadas qualidades e manifestações de inteligência, há informação que o Paco é civilizado e que pratica boas maneiras, facilitando o convívio social. Com uma extravagante excepção: tende, nas madrugadas de insónia, a entreter-se com ensaios de sapateado que incomodam a vizinhança.

É leal e fraterno. O que são características importantíssimas neste “mundo cão” (sem desprimor para os exemplares caninos) em que estamos sujeitos a viver sem rei nem roque.

O conhecido Saraiva, de que falámos, é pessoa que conhece de ginjeira o Paco. E foi ele que, numa interessante crónica, nos deu notícias desta extraordinária criatura. Com uma particularidade: não lhe regateia elogios. Para além da descrição das façanhas do “ser inocente que confia tão abertamente em nós” da inteligência, das capacidades de raciocínio e das manifestações de afectos, atenções e outros invulgares sentimentos, o amigo Saraiva que se assume como uma espécie de tutor do Paco, elucida-nos que ainda está por descobrir a razão porque o Paco não fala. E com perplexidade, talvez angústia, interroga-se quanto ao modo como ele articula os raciocínios e qual o nível dos seus sentimentos. E aqui está o factor crucial para bem interpretarmos a notabilidade do Paco: Qual é o nível dos seus sentimentos? Nível alto? Médio? Baixo? Um problema sério, susceptível de nos deixar, a todos, embaraçados Depois, Saraiva vai mais profundo na explanação das virtudes do Paco. E diz que a felicidade desta criatura é a de poder respirar o ar que ele, Saraiva, respira e partilhar o mesmo espaço. Neste ponto, fica-nos a preocupação: se o Paco absorve o ar da respiração do Saraiva no mesmo confinado espaço deste senhor, decerto que estará sendo envenenado aos poucos, visto que o hálito expelido pelas vias respiratórias do conhecido jornalista estará viciado. E se este fuma, pior será e imenso o risco de doença grave do Paco.

Outra coisa que parece intrigar o protector do Paco é a mania deste de quando o Saraiva se levanta de um maple, vai logo deitar-se no sítio em que o célebre jornalista estava sentado – ou quando Saraiva sai do carro o companheiro vai de imediato ocupar-lhe o lugar. Mas, na volta de Saraiva, ele instantaneamente regressa ao lugar traseiro. Face a este comportamento do Paco, Saraiva conclui que ele pensa e que percebe as situações. Nós objectamos: se mudo, teria de ser estúpido? Depois, há a novidade: o Paco faz gracinhas ao Saraiva. E a revelação: prega-lhe sustos

Não obstante os louvores e as constantes exaltações do Paco o cidadão Saraiva adianta opiniões sobre a mudez do Paco que nos deixam estarrecidos porque contraditórias no contexto da matéria descrita e improcedentes nos conceitos em que assentam as afirmações. Saraiva diz que a vantagem do Paco é exactamente não falar. Perguntamos: Qual vantagem? A seguir, Saraiva inquire: “O que aconteceria se ele falasse? Quantos dislates não diria? Quantas irritações não nos provocaria? Ele exprime silenciosamente os seus sentimentos. Não nos perturba a paz.”

Não deixemos passar em claro a reserva que está subjacente a estas inquietações sobre o Paco. Saraiva, lá bem no íntimo, desconfia do Paco Em contraposição, o distinto jornalista, precavido, solícito, generoso na comunhão de sentimentos e porque irresistivelmente embalado (ou enredado?) na fantasia das suas divagações, informa-nos que através do silêncio do Paco percebeu outra coisa: os afectos dispensam palavras. Descoberta sensacional. Seres humanos, porventura fugidios do humanismo, temos andado distraídos Ou naturalmente estupidificados

Também se deve anotar o deslize de linguagem de Saraiva ao escrever para a posteridade esta saraivada: “Se me fosse dado escolher, não gostaria que o Paco falasse. Assim sei que gosto dele. E o que aconteceria se começasse a dar opiniões?”.

É aqui, nesta parte final, que Saraiva meteu o pé na poça e mostrou a sua fibra.

Deduz-se que a satisfação de Saraiva está condicionada e é incompatível com a possibilidade do uso da fala do Paco. Enquanto mudo este ser não dirá disparates, nem provocará irritações ao amigo Saraiva. Sobretudo, não põe em perigo o estado de paz em que o conhecido jornalista estará mergulhado.

Ademais, Saraiva nega à criatura Paco aquele que é um dom que, certamente, muito preza: o da fala. Deste modo evidencia um intolerável egoísmo.

Realce para o preciosismo de Saraiva: “Assim sei que gosto dele”. Quer esta expressão significar que Saraiva nem estará tão seguro dos laços de amizade que o unem ao Paco, pois admite que só gosta dele devido à sua intrínseca condição de mudez. E se Paco falasse lá ia por água abaixo o “gosto” por ele.

E como girândola final, Saraiva lança a inquietante pergunta que lhe atormenta a alma: “E o que aconteceria se o Paco começasse a dar opiniões”? É nesta interrogação, a valer como confissão, que bate o grande busílis. Saraiva confessa implicitamente que não suporta quem dê opiniões. Opiniões, as dele, Saraiva, é que lhe interessa cuidar num conveniente exercício de audição de si próprio.

Concluindo: o Paco é o cão de Saraiva.

Atendendo ao exposto, Paco, ente excepcional, pelos seus muitos predicados, deve ser elevado à categoria de figura portuguesa do ano de 2007. Para servir de exemplo a muita desvairada gente. E, enquadrado na perspectiva reticenciosa do dono, de pretexto a oportuna reflexão por parte de bastantes sujeitos, designados “bons cidadãos” de não menos "reservados costumes", que - contrariando as aparências – se opõem à livre expressão do pensamento