No Telejornal de 25-03-2008.
Três notícias. . .
Escreveu: Brasilino Godinho
A primeira:
Valter Lemos, secretário de Estado da Educação, em pose sorridente, escarninha, declarou à RTP que têm havido alguns casos pontuais de indisciplina escolar sem grande importância. A não ser que, como o acontecimento da Escola Carolina Michaelis, do Porto, sejam muito empolados pela Comunicação Social.
Insinuou que neste aspecto, no sector do ensino, nada de particularmente grave a assinalar. Menos, ainda, de prioritário a considerar na política do ministério.
Dado adquirido: a criatura continuará a dormir descansada… Presume-se que sem se rir… de si próprio.
A segunda:
Transmitida com a apresentação de imagens de vídeo amador, mostrando o desenrolar de uma aula na escola secundária de Tarouca. A professora lei um texto enquanto os alunos falam, gritam e batem, ruidosamente, com as mãos nas carteiras. A professora continua a leitura sem interrupções, aceitando passivamente a situação de total insubordinação e desrespeito.
Deploráveis os comportamentos dos discentes e a aceitação, por parte da docente, do caos instalado.
A terceira:
A notícia reportada com imagens de uma breve entrevista ao Procurador-Geral da República, em que esta alta autoridade do Estado declara que são inadmissíveis situações de indisciplina e actos de violência nas escolas. Mais disse que está decidido a agir numa perspectiva de tolerância de grau zero, com vista a pôr ordem no sistema escolar.
Nossos comentários:
- Comparem-se, por um lado, a acintosa indiferença, as absurdas negação e desvalorização dos factos, a incrível e vergonhosa tentativa de desculpabilização e a lamentável inoperância do membro da equipa da ministra da Educação; e, por outro,
a atitude lúcida, determinada, esclarecida e objectiva, relevando alto sentido das responsabilidades, do Procurador-Geral da República.
- Apesar da gravidade dos estragos causados no tecido escolar pelas actividades e orientações da equipa do Ministério da Educação Nacional é um espanto que os artistas que temos a actuar no circo político sejam unânimes em considerar que o primeiro-ministro não demitirá a ministra e os secretários porque… isso afectaria a sua imagem política.
Em vista disso, salvem-se as aparências… O que enquadra bem no campo da hipocrisia existente.
- Todavia, importa acentuar que, pelo contrário, grande mérito caberia ao chefe do Governo se, assumindo as suas responsabilidades perante o País e compenetrado da importância dos valores e dos princípios que dão sentido à vida do cidadão no seio da sociedade e autêntica respeitabilidade ao governante, tivesse a coragem de demitir a ministra da Educação Nacional e seus colaboradores mais directos - os “ajudantes”, conforme a classificação efectuada pelo distinto cidadão Aníbal Cavaco Silva à época em que habitou uma ala do Palácio de S. Bento.
Elucidativo: O Ensino afunda-se. A Nação degrada-se. Tudo bem! Desde que a (já desconchavada) imagem do engenheiro José Sócrates não seja beliscada com a classificação de fraca. Ela, efectivamente desfocada, estará muito acima dos superiores interesses da grei.
Fantástico!
Ao que chegámos!
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