PIOR A EMENDA (da personagem coelhal )
QUE
O SONETO
(a complexa crise do BES)
Brasilino Godinho
Passos diz:
- depositantes podem confiar no BES
Lusa
Cala-te,
boca...
Motivo:
o azar de mosca só entrar «quando o rei faz anos...»
"Os
depositantes têm razões para ter toda a confiança quanto à
segurança que o Banco Espirito Santo oferece às suas poupanças,
disse Pedro Passos Coelho.”
Por Brasilino
Godinho
A banca nacional
está a passar um mau bocado face ao temporal que se levantou no
campo do BES. A origem e a situação vigente têm a ver com uma
grave crise financeira que afecta o banco BES, o grupo da famíia
Espírito Santo e a economia portuguesa. Também com repercussões
internacionais.
O chefe do governo
tem vindo a proclamar que ele e o governo nada têm a ver com os
problemas da instituição bancária.
Porém, hoje,
talvez reagindo à vaga internacional de alarmes e às oscilações
dos mercados bolsistas, em várias capitais financeiras, Passos
Coelho veio fazer o pronunciamento acima citado em título de
referência.
Mais uma vez se
contradisse. E como se costuma dizer: perdeu oportunidade de estar
calado. A outra entidade, Banco de Portugal, cumpria desempenhar-se
dessa tarefa, com mais competência e melhor aceitação pelo
público e pelos mercados internacionais.
Se é admissível
que haja o cuidado de sossegar os depositantes do banco BES e evitar
que se instale o pânico, nunca esse objectivo estará ao alcance do
actual chefe do governo. Pela simples razão que não se encontra
credenciado para isso.
O pior é que com a
sua atitude concitou mais dificuldades às entidades bancárias
nacionais, visto que os efeitos decorrentes das suas declarações
contrariam o propósito implícito na iniciativa. Iniciativa que não
facilita a instauração de um clima de serenidade e de confiança
no sistema bancário nacional. Decerto a declaração de Passos
Coelho aviva a desconfiança na banca e a suspeita de insegurança
dos depósitos confiados à guarda e gestão das entidades
bancárias. Aliás, reflexos vários e dispersos por diferentes
latitudes, que justificarão os dois comunicados que o Banco de
Portugal endereçou aos órgãos da comunicação social no espaço
das últimas 24 horas, tendentes a tranquilizar os depositantes do
BES, os clientes dos estabelecimentos bancários de Portugal e o
mundo da alta finança internacional.
Para melhor se
ajuizar o papel de Pedro Passos Coelho na actual situação,
tenha-se presente o filme-documentário da vida política de
Pedro Passos Coelho.
Desde há três
anos que o chefe do governo anda envolvido num permanente conflito,
quase diário, entre a verdade do que faz mal e a mentira do que
promete fazer bem. Conflito insanável, como está amplamente
demonstrado, acontece que quase sempre a mentira do prometido se
evidencia e se sobrepõe à verdade da negativa prática
descumpridora do compromisso assumido.
Cremos que nos
meios indígenas prevalece a opinião de que, em sede coelhal, à
verdade dos procedimentos transgressores da palavra dada,
corresponde uma outra verdade anterior: a mentira das promessas.
Estas, dir-se-ia que por norma, são posteriormente ignoradas ou
subvertidas. Ou seja: em primeira fase, o chefe do governo, promete
ou garante; na segunda fase,
conclusiva, esquece o prometido e quanto a garantias foi um ar que
lhes deu.
Com
este historial o chefe do governo não deveria ter intervido na
latente questão bancária por não reunir condições de
credibilidade junto dos portugueses.
E
sem irmos mais longe nos considerandos, atente-se no teor de nula
objectividade da declaração de Passos Coelho citada no início
desta crónica:
"Os
depositantes têm razões para ter toda a confiança quanto à
segurança que o Banco Espirito Santo oferece às suas poupanças".
Então ele que vinha dizendo que não tinha nada a
ver com a situação do BES, diz agora o que os leitores acabam de
ler.
Claro que devemos lançar a seguintes interrogações:
Quais são as razões que os depositantes têm? De ciência certa
quem as conhece? Como ele sabe que os depositantes têm razões para
ter confiança? E logo (imagine-se!) toda
– repare-se no tom peremptório. Que conhecimento ele tem ou quem
lhe falou da suposta segurança que o BES oferece às poupanças?
Mais observando: se
por absurdo aceitássemos como válida a afirmação do chefe do
governo faria sentido perguntar-lhe: Passos Coelho também tem razões
para confiar na oferecida segurança às
poupanças? Serão as mesmas dos depositantes? Ou, por acaso,
diferentes?
Verdade seja dita: a
situação geral de Portugal e de suas gentes descambou num
insuportável pântano mal-cheiroso onde proliferam as mais destrambelhadas
aberrações político/administrativas e as avassaladoras corrupções
que tudo subvertem. E que também aniquilam o que de melhor, de mais
útil e de benéfico, vai restando ou resistindo à calamidade a que
estamos sujeitos.
A questão aqui
tratada é mais um episódio da mesma via de destruição do país.
Fim
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