Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, outubro 03, 2006

Um texto sem tabus…
ASSIM NÃO!
Umas, são filhas dilectas…
Outras, são enteadas tidas ao abandono…
Brasilino Godinho
A Domus Municipalis de Aveiro está atravessando um mau bocado…É a crise! Falta tudo: a confiança no futuro; a esperança em melhores dias; e, sobretudo, o “pilim” para liquidar as despesas correntes, para saldar os débitos atrasados e para custear as obras com que os edis costumam atirar às más caras de uns e às boas ventas de outros dos eleitores, com vista a arregalar-lhes os olhos de tal forma que eles bem enxerguem o quadrado do boletim de voto onde deverão riscar a cruzinha de todas as bênçãos eleitorais e das ansiadas garantias de vitória da rapaziada fixe no p.f. sufrágio directo.
Mas nem só de falta de recursos financeiros se pode queixar a edilidade aveirense. Ela está a consumir-se de melindres, palpites, cuidados, emoções, sobressaltos e prevenções, na disputa do Jogo da Glória das Dividas. Estas, pesadonas, disformes, de contornos pouco visíveis a olho nu, esticam e encolhem conforme variam os lados de onde sopram os agrestes ventos que serpenteiam pelo gabinetes e imediações da vetusta sede da autarquia. É uma terrível disputa entre duas correntes antagónicas. O temporal não amaina. Não se vislumbra arraial vencedor, nem campo derrotado. Aliás, supõe-se que o Divino Criador - acaso chamado a decidir o pleito - optaria por um empate técnico. Para já, tem-se como dado adquirido que o verdadeiro vencido foi, no devido tempo, apurado sem grandes dificuldades: o grupo de entidades que, perdido na expectativa e sofredor na amargura, precisa – urgentemente - de ser ressarcido dos famigerados débitos.
Igualmente, a Câmara Municipal de Aveiro, encontra-se a arder em lume brando nos seus dois sectores vitais: o espaço administrativo e a área feminina.
O escol dos responsáveis político-administrativos da autarquia, de tão absorvido com o referido Jogo da Glória das Dívidas, nem se apercebe da situação que se passa relativamente a certos elementos do sexo feminino que se encontram acomodados nos vários departamentos e nos particulares e reservados gabinetes do presidente e dos vereadores.
Do lado de cá, exterior ao palácio municipal, os munícipes desatentos e permissivos às distracções e escorregadelas dos gestores autárquicos ignoram os discretos sinais da turbulência que existe no interior da câmara e os fumos que dela emanam com frequência susceptível de causar calafrios nas mais frágeis criaturas que, descuidadas, não se preveniram com as vacinas adequadas.
Assim, nem se estranha que os aveirenses não façam a mínima ideia do mal-estar existente em certos elementos de natureza feminina residentes na câmara municipal. É algo que perturba os cidadãos e os leva a considerar que há dois pesos e duas medidas no tratamento das matérias que estão cativas das rotinas dos serviços da autarquia aveirense.
Ora é, precisamente, sobre as incandescentes matérias camarárias que estamos aqui a desenvolver esta intervenção cívica – que, provavelmente, alguns espertalhões mal intencionados e providos de língua viperina, apelidarão de conversa fiada…
E nada melhor para nos fazermos entender do que, aqui, recordar o que se passou numa sessão da Câmara Municipal de Aveiro, realizada no pretérito mês de Agosto.
Discutia-se um determinado assunto e em dada altura um vereador do PS (por que será que os políticos da oposição hão-de ser, permanentemente, curiosos, chatos e inoportunos?...) interpelou o senhor presidente com uma questão de crível pertinência. Então, a presidencial figura, soerguendo-se até ao píncaro do seu imponente porte atlético, agastada, mas desta vez, a título excepcional, resoluta, em tom imperativo, exclamou: “Essa matéria não tem resposta!”. Todos quantos assistiam, apanhados de surpresa, ficaram estupefactos. Fez-se confrangedor silêncio. E ninguém reagiu a tão insólita atitude. A “matéria”, visada e atingida no seu amor-próprio, quedou-se, apalermada, sem tugir, nem mugir. Coitada! O respeitinho à autoridade do chefe ainda é aquilo que foi... em tempos de triste memória.
Agora, à distância, com a cabeça fria e a perspectiva histórica do evento e das suas implicações no soturno meio ambiente municipal, importa fazer com isenção e objectividade a análise dessa triste ocorrência que terá afectado profundamente a “matéria” em causa. E não só. Decerto, registaram-se perniciosas interferências com os inegáveis direitos e idoneidades das outras matérias. Desde já se diga que das duas uma: ou a tal “matéria” tinha efectiva resposta e o presidente, autoritariamente, exorbitando os poderes da função presidencial, lhe cortou cerce a possibilidade de a dar e, desta forma, violou um elementar direito de expressão consagrado na Constituição da República Portuguesa; ou a “matéria”, não tendo resposta, foi ferida na sua própria dignidade ao ser, implicitamente, taxada de incapaz, de diminuída física e atrasada mental. Também, discriminada na sua dimensão social pelo presidente porquanto, quando ele disse “essa matéria”, estava a indiciar que outras matérias existirão na câmara e, nota a não desprezar, aptas a dar respostas. Outrossim, podemos intuir que estas matérias são devidamente instruídas, acompanhadas, acarinhadas, quiçá, especialmente distinguidas com o apreço e a consideração de cada uma das excelências que dirigem a autarquia. Enquanto a “desafortunada matéria”, que desmerece do presidente, não só é impedida de se exprimir - talvez, até (quem sabe?) por ter alguma resposta que não agradaria a Sua Excelência – como é desprezada e remetida à penumbra de todos os silêncios e omissões, onde não coabitam a instrução ministrada pelos edis e o desejável e simpático acompanhamento que a estes incumbe prestar com empenho de utilidade pública e… o desvelo sempre bem-vindo ao ego feminino. E, em vista do exposto, não esqueçamos que matéria é ser do género feminino…
Fixemos a óbvia conclusão: na Câmara Municipal de Aveiro há matérias que não têm respostas; ou tendo-as, o presidente não lhes consente voz e expressão. Mais preocupante: estas matérias desinfelizes, que bem merecem uma palavra de estímulo e de solidariedade, são as enteadas mal vistas e pior consideradas... As outras, felizes, instaladas no aconchego da simpatia do senhor presidente, são as encantadoras filhas bem instruídas e melhor apreciadas…
Enfim, dois pesos e duas medidas… E a malfadada sorte de uma “matéria” não cair no goto do presidente…