Brasilino Godinho, com a devida vénia,
transcreve o texto que recebeu através da Internet
D. Januário Torgal:
“Estou a ser vítima
de um linchamento”
Por Rosa Ramos, publicado em 9 Jun 2012 -
03:10
O
Bispo das Forças Armadas diz--se vítima de um “linchamento público” devido a
ter criticado, na última quarta-feira, o primeiro-ministro.
Em
declarações ao i, D. Januário Torgal garante serem “falsas” as notícias
de ontem, que deram conta de que ganha quase 4500 euros por mês – ordenado
superior ao de um deputado e o equivalente a nove salários mínimos nacionais.
“É totalmente falso. Ganho pouco mais de 2500 euros”, garante o bispo,
acrescentando que “metade” da sua reforma vai para o Estado. “Depois de uma
vida inteira a trabalhar, praticamente metade do que ganho vai para o Estado,
que depois não sabe gerir esse dinheiro: vai para espiões e para empresas
privadas”, critica.
O
bispo garante ainda que uma reforma de 2500 euros “depois de décadas de
trabalho” não “é nenhuma fortuna” e que a maior parte da pensão que aufere diz
respeito aos anos em que foi professor assistente e regente na Faculdade de
Letras do Porto. “Fui professor desde Fevereiro de 1971 e até 1989. Saí quando
entrei para as Forças Armadas”, explica. Ontem, o “Correio da Manhã” adiantava
que, além da reforma, D. Januário Torgal tem também direito a um conjunto de
regalias – como um gabinete de apoio, carro, motorista, secretária e telemóvel.
“O que também é completamente falso”, assegura o bispo. “Quando pedi a reforma,
há quatro anos, abdiquei de tudo isso e nunca tive, sequer, secretária ou
motorista”, diz, acrescentando: “E não sou nenhum herói por abdicar dessas
regalias. Fiz aquilo que qualquer cidadão deve fazer.”
“Linchamento” O bispo das Forças Armadas atribui a polémica aos
comentários que fez, na passada quarta-feira, às declarações de Passos Coelho –
que, no balanço de um ano de governo, agradeceu a paciência dos portugueses em
tempos de austeridade. “É evidente que não posso deixar de associar uma coisa à
outra. É uma tentativa de linchamento da minha vida privada”, considera o
bispo. “Só lamento que o governo não me tenha respondido às críticas, que eram
dirigidas não ao salário do primeiro-ministro ou à sua vida pessoal, mas sim à
sua atitude perante os portugueses”, remata.
Na
quarta-feira, o bispo das Forças Armadas disse, em entrevista à TSF, que
Portugal, neste momento, “não tem governo”. “E no fim ainda aparece um senhor,
que pelos vistos ocupa as funções de primeiro-ministro, dizendo um obrigado à
profunda resignação de um povo dócil e tão bem amestrado que até merecia estar
no Jardim Zoológico. Conclusão: parecia que estava a ouvir o discurso de uma
certa pessoa há 50 anos”, referiu. E acrescentou: “Apetecia-me dizer: vamos
todos para a rua. Não vamos fazer tumultos, vamos fazer democracia.”
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