Mais um atirador furtivo
dispara sobre o Zé-Povinho…
E se o tiro lhe saísse pela culatra?
Comentário de:
Brasilino Godinho
Quem
é o atirador?
- É o economista António Borges, conselheiro do
Governo para as privatizações. Postado de atalaia, prepara o golpe fatal: as
privatizações das “jóias da coroa” ainda disponíveis e que sobraram do
desmantelamento do tecido económico de Portugal.
Qual é o “tiro” disparado por António Borges?
Ao Diário Económico (edição de hoje, dia 1 de Junho de
2012), ele disse: “Diminuir
salários não é uma política, é uma urgência”.
Anunciada a mortífera estratégia do atirador Borges,
os compradores dos ricos activos, postos em obscuro leilão, podem estar
tranquilos: vêm aí mais reduções de salários dos trabalhadores. E, por isso, também
os oportunistas aproveitadores da desgraça nacional devem sentir-se confiantes
no previsto sucesso das empresas que adquirirem. António Borges lhes estende a
passadeira de entrada e lhes antecipa as facilidades e as promessas de grande
apoio institucional. Numa palavra: Borges, não sendo ministro, qual figura de
frívola opereta, sem qualquer pudor ou rebate de consciência, friamente - e
desde já - lhes facilita a vida à custa do suor, da fome, da miséria e das
lágrimas de inúmeros portugueses.
Só que – como dizia um jovem e atrevidote deputado
centrista – o silêncio é de ouro. O atirador esqueceu-se que deve estar calado
e não espantar a caça… Como mandam as regras das práticas venatórias, as
investidas querem-se cautelosas e dissimuladas e os tiros devem ser discretos e
disparados sem produzir ruídos… Para não dar espaço e tempo de as vítimas suspirarem…
Mas seria deveras interessante e de alcance
moralizador se ao atirador
de serviço, António Borges, “saísse o tiro pela culatra”… Atingido,
precisamente, naquele ponto sensível onde se acumulam os seus honorários… O
que, convenhamos, também configura a urgência que ele admite não ter
escapatória… A menos que, matreiro e escapadiço ao dever cívico da
solidariedade e da igualdade, queira usufruir da espúria prerrogativa de autoclassificar-se
como mau gestor…
E, imagine-se, logo o profeta da desgraça, António
Borges, que acusa o Estado de ser “um mau gestor”…
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