Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, abril 06, 2012

Ao compasso do tempo…

ARREPIANTE!!!

E SE ELE, MINISTRO,

TIVESSE FALADO DEPRESSA…

Brasilino Godinho

http://quintalusitana.blogspot.com

Ontem, dia 05 de Abril de 2012, no templo da sabedoria parlamentar, onde têm lugar os prolixos rituais dos respectivos sacerdotes e sacerdotisas e os patéticos artifícios exercitados pela rapaziada da governança, que é a designada Assembleia da República, instalado no antigo palácio beneditino de S. Bento, em Lisboa, aconteceu um insólito acontecimento que, se tivesse tido maior expressão dramática, nos poria, a todos, em doloroso transe, grande inquietude e em estádio de maiores agravos e sofrimentos, para além dos vivenciados no tempo presente.

Foi o caso do ministro das Finanças, Gaspar (de sua graça), qual calendarista, por demais precavido – não fosse entrar mosca na cavidade bucal – que no uso da palavra, em tom enfático, disse: “Deixem-me falar vagarosamente”.

E após uma breve pausa - e não tendo havido nenhuma oposição por parte dos presentes ao desejo formulado pelo orador – o senhor ministro mostrando-se sobremodo lúcido, sapiente, brilhante de raciocínio, assertivo conhecedor do calendário gregoriano, sentenciou, martelando bem e pausadamente as palavras, por forma a nem levantar atrevidas objecções: “O ano de 2015 é o ano consecutivo ao de 2014”. Assim dito, melhor pronunciado e superiormente determinado em são juízo e solene circunstância.

Um evento arrasador! Simplesmente, convincente. Bastante conforme às conveniências. Mui elucidativo do padrão cultural emblemático da instituição.

Mas com o respeito vulgarmente atribuído a um templo que desmerece do público, importa referir que no crítico - que somos - ficou a desconfortável interrogação sobre a forma de elocução e as inerentes consequências que adviriam para a criatura falante e para o povoléu se a excelência ministerial tivesse falado de pressa.

Desde logo, conjectura-se: O ministro Gaspar engasgar-se-ia? Entraria a mosca na sua boca? E não entrando mosca o que se representaria em alternativa? Como se costuma dizer: ele meteria os pés pelas mãos? Sucumbiria ao esforço do aparelho fonador?

Porém, mais complicado e prejudicial para a grei se pode considerar a terrível hipótese que se impõe à nossa reflexão: ou seja a de que o entendimento de Sua Excelência podia chegar ao obscuro ponto de decretar que o ano de 2015 em vez de se seguir ao ano de 2014, fosse transferido (arbitrariamente, por sua altíssima decisão) para outro período mais dilatado no tempo. O que seria uma outra tragédia…

Diga-se que tal expediente vindo da área do governo que temos, nem surpreenderia. Até porque alertados pelo previsível efeito de proximidade e contágio da actual tragédia grega e, também, decorrente da ameaçadora eliminação dos subsídios de férias e de Natal; cuja menção esteve associada ao referente temporal (anos de 2014 e 2015) citados pelo ministro Gaspar na intervenção aqui posta em causa.

Resumindo: Nesta extraordinária e histórica ocorrência havida no templo da sabedoria parlamentar, instalado no Palácio de S. Bento, sobreleva o facto demonstrativo de que os governantes, por vezes, não se enganam na contagem da sucessão dos anos… Isto em contraposição de que, não se enganando eles mesmos, estão conscientemente e com persistência a enganar o Zé-Povinho.

Este é o drama que, acarretando enormes e desastrosas consequências, nos atinge a todos com fragor e violência.

Fim