“PORTUGAL ESTÁ
UM ANO ATRÁS
DA GRÉCIA”
Com a devida vénia, transcrevemos do Diário Económico, edição de 24 de Fevereiro de 2012, alguns trechos de uma entrevista dada por Charles Wyplosz, conhecido professor de Economia, da Universidade de Genebra.
Vale a pena ler com atenção a peça e apreendermos o sentido das suas palavras.
Desde logo, atente-se neste aviso: “A política de austeridade em Portugal coloca-o no caminho da Grécia”.
Pergunta do jornalista, Luís Rego: “O acordo grego é um passo para resolver a crise do euro?”.
“Não. É adiar o próximo passo que vai ser tomado daqui a uns dias ou semanas. Na verdade o acordo não resolve nada, porque não reduz seriamente a dívida grega, não fixa objectivos razoáveis nem é um caminho sério para os cumprir. A crise só pode continuar a piorar. Os países acumularam muita dívida e não conseguem crescer: aqui incluo a Grécia, Portugal mas também a Itália.
Outra pergunta do jornalista: “Portugal ainda está longe dos níveis de dívida grega. É um caso diferente? Ou é uma questão de tempo?
Resposta de Charles Wyplosz: “Vai pelo caminho da Grécia. Está justamente a entrar nessa espiral de recessão e austeridade que só faz com que a dívida cresça e as melhorias no défice sejam demasiado pequenas para fazerem uma diferença substancial. Naturalmente os mercados ficam muito nervosos com estes desenvolvimentos e vão continuar a ficar nos próximos tempos porque a resposta é sempre intensificar as doses de austeridade. Portugal está um ano atrás da Grécia”.
Noutro passo da entrevista Wyplosz sublinha que o acordo grego estabelece ”condições que melhor servem os interesses dos governos alemão e francês, cujo objectivo é proteger os seus bancos”. E concretiza a observação dizendo que o acordo “serve para assegurar os pagamentos aos bancos franceses e alemães”.
“Se o objectivo fosse ajudar os gregos tinha-se reduzido a dívida para, pelo menos, 60%” – concluiu Charles Wyplosz.
Esta autorizada voz de Charles Wyplosz vem corroborar as sérias e objectivas análises que têm sido feitas em Portugal sobre a conjuntura prevalecente; as quais alertam as consciências dos portugueses mais atentos e esclarecidos para o enorme desastre financeiro e a correlativa calamidade social que, de forma irresponsável, germinaram e estão prosseguindo em Portugal.
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