A Quinta Lusitana
Entre nesta "quinta"! Atente na sua beleza formal! Apodere-se do seu "recheio"! Pondere... Divirta-se com as paródias e os "artistas" do circo... Resista à tentação de chorar face aos quadros mais tristes... E recupere a auto-estima!... Visto, lido e respigado: Vai gostar!... Também, no seu interior, conheça de quantos irão detestar a QUINTA LUSITANA... Do mesmo modo, vai saber porquê...
Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!
SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA
SE FIXOU TODINHA EM LISBOA
NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...
Motivo: A "QUINTA LUSITANA "
ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...
QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...
e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!
SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA
SE FIXOU TODINHA EM LISBOA
NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...
Motivo: A "QUINTA LUSITANA "
ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...
QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...
e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho
sexta-feira, julho 25, 2014
De Salgado passar, num
piscar de olhos, a Insonso?
A química estará assim
tão avançada?
Não acredito!
Por Brasilino Godinho
Segundo o que hoje foi noticiado pelos jornais,
esta manhã agentes especializados em actividades de investigação, também em
acções de profilaxia social e, ainda, em procedimentos de terapêutica cívica,
no âmbito das competências atribuidas ao ministério rotulado de Justiça, foram
recolher numa moradia de Cascais um sólido corporal de três dimensões
(comprimento, largura e altura) de grande envergadura e avantajado peso,
designado Salgado e o conduziram, com todos os cuidados e requintes de
segurança, a um estabelecimento oficial (vulgo tribunal) de Lisboa onde se
supõe funcionar um laboratório devidamente apetrechado de meios humanos e
materiais para proceder à delicada, difícil e complexa tarefa de execução da
notoriamente invulgar transformação química de um sólido salgado num amorfo
(entenda-se de estrutura não cristalina) composto insonso.
A mim, por intuir um dever cívico e uma vez que
estou lançado no rumo da clarificação do insólito acontecimento, cabe a
obrigação de completar a informação com mais alguns dados.
Desde logo, indicar que o sólido Salgado para
além de ter conformação humana, como antes assinalei, tem como identidade de
baptismo o nome de Ricardo Salgado.
Perguntará o leitor: Quem é Ricardo Salgado?
Respondo:
- Ricardo Salgado, que até há poucos dias foi o presidente do
Conselho de Admistração do Banco Espírito Santo é e continuará a ser
o poderoso DDT – leia-se DONO DISTO TUDO.
Repare-se no pormenor dos tempos verbais que empreguei e sublinhei
no antecedente parágrafo. E mantenho-os
em letra de forma.
Decisão de que me prevaleço por uma pessoal razão simples: com as
passadas décadas, inclusas no meu historial de vida, adquiri saberes de Física,
Química, Engenharia (civil e financeira); colhi experiências de outras ciências
como as naturais e sociais; obtive conhecimentos profundos nuns casos,
superficiais noutros, por vezes alguns revelados ou intuídos, outrossim por
contactos ocasionais, de artes múltiplas como: Arquitectura, Política, Teatro,
Circo, Pintura, Música, Folclore, Pantomina, Prestidigitação, Malabarismo
(verbal e circence), Embuste. Também em memória figura o registo de tudo que
imenso comporta o meio ambiente pátrio e as condições climatéricas que dão
carácter peculiar à irrespirável atmosfera do território que me serviu de berço
e onde me mantenho fixado. E talvez, outrossim - devendo ser considerada em
cúmulo de predicados da singular criatura que sou entre os meus concidadãos - a
importante circunstância de que no subentendido lugar e à semelhança dos
vulgares macacos (não confundir com os tais bacocos, de imitação) concentrei
muitos calos que estão bastante endurecidos, certamente devido ao prolongado
tempo de criação e consolidação...
Tudo isto exaustivamente descrito, para dar alguma credibilidade à
profissão de fé que aqui e agora vou fazer solenemente: Não creio que se dei o
milagre químico de Salgado ser transformado em Insonso...
Atendendo à extrema dificuldade e grande perigosidade de que se
reveste o respectivo processo científico (em curso), estou propenso a dizer que
nem o Grande Arquitecto/Engenheiro do Universo se permitiria dar permissão a
tão milagrosa operação química.
Concluindo: espero ter convencido as minhas leitoras e os meus
leitores dos bons argumentos de que disponho nas minhas faculdades de alma para
afirmar convictamente que o famoso Salgado é e continuará a ser o poderoso DDT
– DONO DISTO TUDO e da nossa glória nacional...
Pelo menos e pelo mais, enquanto tiver vida e saúde.
quinta-feira, julho 24, 2014
Em Timor-Leste,
*chefe Cavaco e *presidente Coelho livraram-se de
boa...
Brasilino Godinho
Na
reunião ora celebrada em Dili, capital de Timor-Leste, esteve
prestes a acontecer uma bronca das grandes. Há a percepção de nela
terem estado representantes de alguns estados membros da CPLP
dispostos a não suportarem mais a hipocrisia dos governantes
portugueses de se oporem à admissão da Guiné Equatorial na
Comunidade de Países de Língua Portuguesa, por este Estado ter
legislação penal de aplicação da pena de morte. (Um parêntesis
para anotar que o uso da Língua Portuguesa devia ser a condição
essencial para o ingresso na Comunidade. Ainda que se tenha em conta
que a Guiné Equatorial foi território português e que, em
determinada zona daquele país africano, existe uma população que
fala um dialecto aportuguesado).
Mas
passada a nuvem que ameaçava escurecer o palácio governamental de
Dili e indispor as entidades nele presentes, é preciso dizer o
seguinte:
-
Em primeiro lugar, acontece que o Estado português mantém profundas
relações amistosas, comerciais, políticas, e culturais, com países
que aplicam a pena de morte; tais como os Estados Unidos da América
e a China. A própria Guiné-Bissau é persistente violadora dos
direitos humanos. Além de que Portugal também integra organismos
internacionais nos quais os respectivos governos daqueles Estados
participam activamente: casos da ONU, da UNESCO e da
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE COMÉRCIO (OIC) - o que não incomoda
minimamente os nossos governantes. Acresce que o governo português,
sendo um obstinado desrespeitador da Constituição Portuguesa, no
que concerne aos direitos dos cidadãos, é um mau exemplo para a
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Portanto,
ressalta - no âmbito da política externa - a falta de coerência
política dos governantes portugueses.
-
Em segundo lugar, dado o conhecimento que existe em certos sectores
do estrangeiro, nomeadamente no mundo da lusofonia, acerca da
verdadeira situação político/social existente em Portugal, esteve,
em Dili, iminente a repetição, em versão portuguesa, da
admoestação do rei Juan Carlos a Hugo Chávez, feita durante a
Conferência Ibero-Americana, realizada em 2007, em Santiago do
Chile: «Por qué no te callas?».
E a seguir viria a observação quanto à falta de
autoridade moral dos representantes oficiais portugueses neste campo
da mortandade de humanas criaturas; visto que o governo português
prossegue um sofisticado método de extermínio de cidadãos,
sobretudo da terceira idade. Decerto seria dado realce à existência
em Portugal de crianças esfomeadas, precocemente encaminhadas para a
morte e à situação de inúmeros velhos a viverem em estado de
pobreza envergonhada e aguardando a hora da morte por fome e faltas
de assistência médica e de apoio social (quantos casos - não têm
sido revelados nos jornais - de pessoas que aparecem mortas em suas
casas, muitos dias, semanas e até meses, após as datas dos
respectivos óbitos?).
Hemos de reconhecer que, a ter acontecido, a bronca
faria sentido.
É verdade que a pena de morte tem sido de uso corrente
na Guiné Equatorial. Com recurso a instrumentos de agressão e de
execução sumária - um procedimento ditatorial que deve suscitar
generalizada repulsa de gente civilizada.
Em Portugal, a pena de morte foi abolida nos anos de
1852 e 1867 e não se verificam execuções sumárias através de
contundentes instrumentos, nem as pessoas são enviadas para campos
de concentração; embora bastantes sejam vítimas das mais diversas
retaliações do poder político instalado.
Porém, o governo recorre a expedientes legislativos que
impõem condições de vivência propiciadoras de um genocídio que
incide em seleccionadas faixas etárias e que se vai processando com
expressivos resultados, geralmente a curto e médio prazos, sem
alarido e convenientemente resguardado por cortinas publicitárias.
Ou seja: configurando uma jornada mortal que se desenvolve a
regular cadência de tempo. E que permite aos governantes virem
ciclicamente perante o público: apresentar
extraordinários(...) índices de baixa natalidade; ocultar os
números da maior mortalidade existente pós 1974; enaltecer as
entusiasmantes(...) percentagens decrescentes do desemprego; e,
sobretudo, contemplarem-se embevecidos com os deslumbrantes(...)
números de milhares e milhares de portugueses (na maioria jovens)
que emigram e que, afinal, são os festejados provocadores de tão
magníficos(...) apuramentos estatísticos. Aliás, estes, bem
reflectidos nas excessivas ocupações dos cemitérios e das camas
dos hospitais (daqueles que ainda funcionam); as quais, já são
insuficientes para quantos se encontram em fase terminal das suas
debilitadas vidas.
Um
quadro de marginalidade funcional que o governo sistematicamente
propagandeia ser da responsabilidade do Tribunal Constitucional. Tal
desculpa de 'mau pagador de promessas'
é absolutamente condenável.
Mas fique, também, bem claro que assim, atrevidamente,
na insofismável condição de sujeito que será passivo de processo
penal, o governo arvora-se à abusiva e inconcebivel prerrogativa de
juiz em causa própria.
- Em terceiro lugar, atente-se no paradoxo e
infelicidade traduzíveis na circunstância a seguir exposta:
Portugal tendo sido dos primeiros países a abolir a pena de morte é
hoje um Estado modelo de bem cultivar a morte em determinados grupos
de cidadãos; a ponto tal de excelência que o habilita a ser
inspirador de políticas de morticínio de outros Estados - como já
houve, em data recente, exemplo de seguidismo por parte do governo
japonês; o qual, abstendo-se de sofismas e subtilezas de linguagem
ardilosa, admitiu sem quaisquer pretensões de salvar aparências
humanitárias, que iria aplicar idênticos procedimentos de
incentivar a morte dos idosos do país do sol-nascente.
Neste preciso domínio (aquele aqui posto em foco) e a
partir de agora a Guiné Equatorial poderá salvar a face se
aprender com os governantes portugueses como se fazem as coisas com a
maior das limpezas étnicas; embora com atropelo da Ética, ao
arrepio da Moral, sem a sombra embaraçosa da Fraternidade, afastando
o empecilho da Liberdade, esquecendo a inquietante Igualdade e
subjugando o estorvo abominável do Direito...
Para concluir, fica a nota de que o venerando chefe de
Estado, Cavaco Silva, e o presidente do Conselho, Passos Coelho,
certamente prevenidos do propósito que estava antevisto, desta vez
resolveram acomodar-se e não repetirem as posições de bloqueio à
admissão da Guiné Equatorial na CPLP que vinham mantendo há anos.
Prevalece
a opinião de que quiseram não correr o risco da humilhação; esta,
decorrente da previsível concretização da ameaça que pairava no
horizonte de Timor. Lá diz o ditado: 'Homem prevenido,
vale por dois'.
Outra impressão a fixar: A esfarrapada desculpa de
chefe Cavaco e presidente Coelho de que, agora, não queriam ficar
isolados, não cola. Tal e qual: NÃO COLA!
É
que «a
letra não condiz com a careta!»
Fim
* Chefe
de Estado
*
Presidente do Conselho de Ministros
quarta-feira, julho 23, 2014
UM
NOVO EXPEDIENTE GOVERNAMENTAL DE
LIQUIDAÇÃO
DE MILHARES DE PORTUGUESES
Brasilino Godinho
Dir-se-ia que dia após dia o
governo, sob a orientação do presidente do Conselho, Pedro Passos
Coelho, intensifica as políticas de agressão aos funcionários
públicos e de morticínio dos idosos reformados e pensionistas.
Talvez mais ajustado à realidade seja dizer que: de hora-a-hora tudo
piora! E presidente do Conselho, Pedro Passos Coelho, serve-se de
todos os expedientes para, rapidamente e em força bruta, atingir tal
objectivo de ignobilidade.
Temos escrito que está em
curso uma política de genocídio de uma faixa etária da população
que, indefesa, está inteiramente desprotegida face a tal sanha
persecutória de uma coelhal figura que sempre manifesta total
aversão aos funcionários públicos e profundo ódio aos idosos mais
carenciados da sociedade portuguesa.
Veio agora a público pela voz
do ex-ministro Bagão Félix a informação da recente promulgação
silenciosa de uma lei que tem como alvo impossibilitar os aposentados
de desempenharem funções remuneradas ou a título gracioso.
Todavia, contempla a hipótese de isentar da sua aplicação, por
arbítrio da ministra das Finanças, quem, por esta, seja considerado
prestador de serviços de relevante interesse público. Assim, de
forma ardilosa e procedimento desavergonhado, fica aberto o alçapão
para se protegerem os amigos, os correligionários e os parentes da
actual senhora ministra e dos seus sucessores no cargo ministerial.
E, também, todas aquelas soberbas figuras do Estado, dos partidos
(indigitados para inquilinos da sede governamental) e da sociedade
elegante (compositiva da parvónia nacional), que acumulam várias e
milionárias reformas e subsídios de diversas naturezas - cuja
enumeração em lista ocuparia muitas páginas em formato A4.
Digamos que esta lei iníqua e
indecente é a malcheirosa cereja obscena sobre o bolo putrefacto da
actual governação.
A situação do povo português
é uma calamidade. Os funcionários públicos com ordenados
sistematicamente cortados, muitíssimos reformados com pensões de
miséria, o custo de vida sempre em crescente aumento, as prestações
sociais eliminadas ou substancialmente reduzidas, os cuidados de
saúde fora do alcance de milhares de adultos, o persistente
desemprego, a degradação do Ensino, o encerramento de escolas, o
descredibilizar os professores - tudo se conjuga no sentido apontado
pelo presidente do Conselho, Passos Coelho: o do empobrecimento
continuo da população portuguesa, a degradação de Portugal e o
rápido passamento dos adultos mal remunerados.
Até agora havia para alguns
aposentados a vaga perspectiva de arranjar um biscate ou ocupação
profissional que lhes trouxesse alguns meios materiais de atenuação
das suas miseráveis condições de vida e de reforço da
periclitante sobrevivência dual: física e psíquica.
Pois a Passos Coelho não
bastava fustigar continuamente os cidadãos mais desprotegidos, Tinha
que ir mais longe no sádico intuito; ademais, actuando à sorrelfa,
sem alarido público. E com a referida lei, joga mais um trunfo nesse
jogo sujo e impõe um novo expediente de liquidação dos portugueses
de maior idade.
Isto é repugnante! Configura
um crime inominável!
Outro importante aspecto a
salientar é o inumerável prejuízo advindo para a sociedade e o
enorme desperdício que é o facto de não ser permitido o
aproveitamento do imenso capital da massa cinzenta mais valiosa e
enriquecedora de Portugal. A acumulada experiência de vida, os
grandes conhecimentos e os fecundos saberes culturais e profissionais
de cada cidadão são partes valiosas de um património nacional.
Proibir o seu contributo para o Bem-Comum, se nem lembraria ao Diabo
é, seguramente, um crime de lesa Pátria.
Outrossim, uma ostensiva e
ultrajante violação dos princípios consagrados na Constituição
da República Portuguesa.
Tal peça legislativa de
vergonhosa e emblemática representatividade da (des)governação
portuguesa devia ser presente à apreciação do Tribunal
Constitucional.
Também se impõe, com
urgência, que os actuais governantes, subscritores de tão hedionda
lei, sejam presentes à Justiça e severamente punidos. E declarados
inaptos para o exercício de cargos governamentais. A bem do
maltratado povo português!
terça-feira, julho 22, 2014
Simplesmente
aturdido!
Brasilino
Godinho
Não sou professor.
Mas tenho grande consideração e o maior respeito pelos professores.
Pergunto:
- Os professores
foram hoje avaliados por que suspeitos de serem detentores de
licenciaturas arrelvadas?
- Eles
não têm licenciaturas legais, verdadeiras e suficientes, que os
habilitam para a função?
Se as licenciaturas
são arrelvadas, então acabem com as universidades que foram criadas
para facultarem, às rapaziadas das jotas partidárias, licenciaturas
tipo daqueloutra emblemática de Miguel Relvas – que, por acaso e
provável divina protecção do Grande Arquitecto do Universo, ainda
(precedendo investigação judicial sem fim à vista) não foi
anulada.
Tudo isto traduz o
estado de podridão em que o país está mergulhado.
A atmosfera está
ficando irrespirável!
sábado, julho 12, 2014
Mensagem
Prezadas
senhoras,
Caros
senhores,
Quero
dizer-vos que estarei impedido do vosso agradável convívio nos
próximos tempos.
Durante
o ano em curso e no ano de 2015 reduzirei bastante as minhas
actividades de cronista.
Vou
conceder-me umas 'férias sabáticas' para me dedicar
inteiramente às absorventes tarefas de pesquisa e de estudo que
venho desenvolvendo com alguma morosidade e que pretendo incrementar
- se não houver falhas de saúde e não me faltar ou escassear o
engenho e a arte (dois termos substantivos aqui citados com devida e
respeitosa vénia ao grande épico e glória nacional: Luís Vaz de
Camões).
Cumprido
este dever de cortesia, expresso-vos o maior apreço e apresento-vos
os melhores cumprimentos.
Brasilino
Godinho
PIOR A EMENDA (da personagem coelhal )
QUE
O SONETO
(a complexa crise do BES)
Brasilino Godinho
Passos diz:
- depositantes podem confiar no BES
Lusa
Cala-te,
boca...
Motivo:
o azar de mosca só entrar «quando o rei faz anos...»
"Os
depositantes têm razões para ter toda a confiança quanto à
segurança que o Banco Espirito Santo oferece às suas poupanças,
disse Pedro Passos Coelho.”
Por Brasilino
Godinho
A banca nacional
está a passar um mau bocado face ao temporal que se levantou no
campo do BES. A origem e a situação vigente têm a ver com uma
grave crise financeira que afecta o banco BES, o grupo da famíia
Espírito Santo e a economia portuguesa. Também com repercussões
internacionais.
O chefe do governo
tem vindo a proclamar que ele e o governo nada têm a ver com os
problemas da instituição bancária.
Porém, hoje,
talvez reagindo à vaga internacional de alarmes e às oscilações
dos mercados bolsistas, em várias capitais financeiras, Passos
Coelho veio fazer o pronunciamento acima citado em título de
referência.
Mais uma vez se
contradisse. E como se costuma dizer: perdeu oportunidade de estar
calado. A outra entidade, Banco de Portugal, cumpria desempenhar-se
dessa tarefa, com mais competência e melhor aceitação pelo
público e pelos mercados internacionais.
Se é admissível
que haja o cuidado de sossegar os depositantes do banco BES e evitar
que se instale o pânico, nunca esse objectivo estará ao alcance do
actual chefe do governo. Pela simples razão que não se encontra
credenciado para isso.
O pior é que com a
sua atitude concitou mais dificuldades às entidades bancárias
nacionais, visto que os efeitos decorrentes das suas declarações
contrariam o propósito implícito na iniciativa. Iniciativa que não
facilita a instauração de um clima de serenidade e de confiança
no sistema bancário nacional. Decerto a declaração de Passos
Coelho aviva a desconfiança na banca e a suspeita de insegurança
dos depósitos confiados à guarda e gestão das entidades
bancárias. Aliás, reflexos vários e dispersos por diferentes
latitudes, que justificarão os dois comunicados que o Banco de
Portugal endereçou aos órgãos da comunicação social no espaço
das últimas 24 horas, tendentes a tranquilizar os depositantes do
BES, os clientes dos estabelecimentos bancários de Portugal e o
mundo da alta finança internacional.
Para melhor se
ajuizar o papel de Pedro Passos Coelho na actual situação,
tenha-se presente o filme-documentário da vida política de
Pedro Passos Coelho.
Desde há três
anos que o chefe do governo anda envolvido num permanente conflito,
quase diário, entre a verdade do que faz mal e a mentira do que
promete fazer bem. Conflito insanável, como está amplamente
demonstrado, acontece que quase sempre a mentira do prometido se
evidencia e se sobrepõe à verdade da negativa prática
descumpridora do compromisso assumido.
Cremos que nos
meios indígenas prevalece a opinião de que, em sede coelhal, à
verdade dos procedimentos transgressores da palavra dada,
corresponde uma outra verdade anterior: a mentira das promessas.
Estas, dir-se-ia que por norma, são posteriormente ignoradas ou
subvertidas. Ou seja: em primeira fase, o chefe do governo, promete
ou garante; na segunda fase,
conclusiva, esquece o prometido e quanto a garantias foi um ar que
lhes deu.
Com
este historial o chefe do governo não deveria ter intervido na
latente questão bancária por não reunir condições de
credibilidade junto dos portugueses.
E
sem irmos mais longe nos considerandos, atente-se no teor de nula
objectividade da declaração de Passos Coelho citada no início
desta crónica:
"Os
depositantes têm razões para ter toda a confiança quanto à
segurança que o Banco Espirito Santo oferece às suas poupanças".
Então ele que vinha dizendo que não tinha nada a
ver com a situação do BES, diz agora o que os leitores acabam de
ler.
Claro que devemos lançar a seguintes interrogações:
Quais são as razões que os depositantes têm? De ciência certa
quem as conhece? Como ele sabe que os depositantes têm razões para
ter confiança? E logo (imagine-se!) toda
– repare-se no tom peremptório. Que conhecimento ele tem ou quem
lhe falou da suposta segurança que o BES oferece às poupanças?
Mais observando: se
por absurdo aceitássemos como válida a afirmação do chefe do
governo faria sentido perguntar-lhe: Passos Coelho também tem razões
para confiar na oferecida segurança às
poupanças? Serão as mesmas dos depositantes? Ou, por acaso,
diferentes?
Verdade seja dita: a
situação geral de Portugal e de suas gentes descambou num
insuportável pântano mal-cheiroso onde proliferam as mais destrambelhadas
aberrações político/administrativas e as avassaladoras corrupções
que tudo subvertem. E que também aniquilam o que de melhor, de mais
útil e de benéfico, vai restando ou resistindo à calamidade a que
estamos sujeitos.
A questão aqui
tratada é mais um episódio da mesma via de destruição do país.
Fim
sexta-feira, julho 11, 2014
OS
DOIS GRANDES E PERIGOSOS
EQUIVOCOS
DE MÁRIO SOARES...
QUE
DEFESA DO FUTURO?...
Brasilino Godinho
Hoje,
dia 10 de Julho de 2014, em Lisboa, durante a sessão de lançamento
do seu livro “EM DEFESA DO FUTURO”, o
Dr. Mário Soares, ex-presidente da República de Portugal, afirmou:
"Acredito
em Portugal, profundamente. No povo português. Mas nós fizemos tudo
e estamos a fazer tudo para arrasar o nosso próprio país e isso é
inaceitável, de maneira nenhuma aceitável"
De
cravo ao peito, Soares apresentou o seu novo livro.
Foto:
António Cotrim/Lusa
Numa
curtíssima frase Mário Soares cometeu dois grandes e perigosos
equívocos.
Vejamos:
Primeiro
equívoco – Reporta
à sua confiança em Portugal e nos portugueses. Ela é a sua. Ainda
por cima com firme assento no termo profundamente.
Mário
Soares não fundamenta a opinião favorável sobre o futuro do país
e dos portugueses. Entenda-se a formulação de Soares como uma
abstracção, sem sustentação factual, programática, social,
doutrinária e científica. Quiçá uma pretensa expressão
lisonjeira para com os cidadãos portugueses.
Infelizmente
uma crença pessoal não susceptivel de acolhimento pela maioria dos
portugueses.
Atente-se
no factor básico inteiramente olvidado por Mário Soares: Portugal é
uma entidade abstracta que em si não comporta acção ou actividade
redentora do Estado e da Nação. Se é «espaço demarcado por
fronteiras geográficas e dotado de soberania” tem simplesmente
representatividade física e populacional e está limitado a um papel
de receptor dos circunstancialismos ocasionais advindos de pessoas,
instrumentos ou meios que não domina ou influencia de modo concreto.
E
são precisamente os factores que não controla por força da sua
própria inoperacionalidade, que acabam por definir seu status
quo e se reflectir, em
cada momento, na sua imagem e lugar entre os demais países.
Porque
assim é no que se refere a Portugal, a confiança de Mário Soares
teria forçosamente e com sentido prático cingir-se aos portugueses
e deles esperar o esforço de regeneração do Estado – se isso
fosse credível ou susceptível de efectivação.
Só
que a realidade não se compatibiliza com sonhos ou anseios
difusamente expostos na praça pública.
Ponto
assente adquirido pelo conhecimento abrangente do humanismo, da
sociologia, da história pátria, da política (sobretudo a dos
últimos decénios), é que os portugueses não dispõem da
capacidade de intervenção e de gerirem os seus destinos.
Os
portugueses estão à mercê dos grupos económico-financeiros, dos
partidos políticos e de entidades mais ou menos encobertas que
dominam todos os sectores de actividade da sociedade portuguesa e que
são os grandes responsáveis pelo caos em que estamos mergulhados.
Eles e só eles é que definem, perspectivam, delimitam e
concretizam, o futuro dos cidadãos portugueses.
Portugueses
forçados a prosseguir um rumo que, de todo, lhes escapa à
fiscalização, orientação e domínio. Acções ou meios
interventivos na vida político/administrativa que nem se devem
julgar como adquiridos através das eleições; as quais, estão
inteiramente armadilhadas para assegurar a continuidade da situação
quo tão proveitosa tem sido para os exploradores da Quinta
Lusitana em que se transformou o
país.
Daí
não ser possível acreditar em quem, mesmo que tivesse vontade e
coragem, não tem poder de intervenção: quer se trate de pessoas
singulares (os portugueses); quer do ser abstracto (Portugal).
Portugal
e os portugueses estão cativos de poderosos grupos que nem estão
minimamente interessados em respeitar o país que somos e em
proporcionar melhores condições de vida aos portugueses.
Segundo
equívoco – Que nos
merece imediata repulsa: nós
fizemos tudo e estamos a fazer tudo para arrasar o nosso próprio
país(...).
Alto
ai! Se Mário Soares admite as suas responsabilidades, fica-lhe bem a
atitude - embora se deva considerar tardia e condenável.
Porém,
Mário Soares tome nota: Nós não fizemos, nem estamos a fazer esse
execrável tudo.
Quem o fez e está fazendo foram e são alguns portugueses
(conhecidos uns e desconhecidos outros que se acoitam em sombrios
recantos).
Este
tipo de generalizações é demasiado inconveniente, retundamente
falso, abusivamente deturpador da realidade e muitíssimo perigoso,
na medida que insinua nos espíritos a culpabilização do colectivo
dos cidadãos e por demais a mais ser branqueador dos condenáveis
procedimentos de vários agentes da destruição em curso em
Portugal.
Sintetizando:
estes equívocos de Mário Soares são perigosos porque baralham as
consciências dos cidadãos mais influenciáveis, dando-lhes a
errónea ideia de que são eles que conseguirão ser os heróis da
libertação do jugo a que estão submetidos - em muitos casos, sem
disso terem consciência.
Concluindo:
Num
ponto estamos de acordo com Mário Soares: «É
inaceitável arrasar o nosso próprio país.»
Preciso
será dar consistência e objectividade a esse posicionamento de
espírito.
Para
já fixemos uma certeza: Estes equívocos do Dr. Mário Soares não
facultam A DEFESA DO FUTURO...
Fim
quarta-feira, julho 09, 2014
Cavaco está à coca? Treinando
para usar o cochicho?
Parafraseando Cavaco...
Brasilino Godinho
Na segunda-feira, dia 07 de Julho de 2014, Cavaco
Silva transmitiu aos portugueses a surpreendente novidade que trazia
escondida na manga direita da sua fatiota alaranjada: «Portugal
tem carinho e simpatia para com a família real espanhola».
Se isso fosse verdade e recorrendo a termos
comparativos, estaríamos todos a carpir com mais intensidade e mágoa
a deprimente situação decorrente do sentir da maioria da população
portuguesa, tendo como referente o próprio cidadão Cavaco Silva.
É que, nesta altura, e parafraseando o presidente
da República, Portugal não tem
carinho e simpatia para com a família estatal/cavacal portuguesa.
O aspecto singular de toda esta embrulhada de
carinhos e simpatias trazido à apreciação pública pelo venerando
chefe de Estado português, decorre dele não se aperceber que sobre
si esteve erguendo gratuitamente um embaraçoso anátema; qual
fantasma que fica a pairar intra-muros do palácio de Belém.
Acrescido do incómodo de o expor ao público e de mais acentuar o
desvalimento do actual adorno espectral da presidencial mansão.
O que vale e prevalece é que os cidadãos
portugueses, não alinhando por estes inconsistentes considerandos
políticos e linguagens desprovidas de sentido concreto, estão-se
nas tintas para estas amizades equívocas e para todas as
manifestações mais ou menos folclóricas, que lhes estão
associadas.
E nisso, felizmente, ainda no povo, se nota
discernimento, alguma valia de natureza cívica, e reconfortante
apego civilizacional.
Fim
terça-feira, julho 08, 2014
A
decisiva certeza:
Felipe
VI amigo, Cavaco Silva está contigo...
A
insólita novidade transmitida por Cavaco Silva:
“Portugal
tem carinho e simpatia para com a família real espanhola”
Visita oficial dos novos Reis de Espanha a Portugal
(LUSA)
FOTOGALERIA
Em visita muito rápida
tivemos, na p.p. segunda-feira, dia 07/7/2014, em Lisboa, o novo Rei
FelipeVI de Espanha e a sua esposa Rainha Letícia.
Foi tempo suficiente para mais
uns brilharetes do presidente Cavaco Silva...
Primeiro facto a registar é
que o nosso presidente virou historiador de Espanha.
Com a particularidade
interessante de ofertar à Espanha um registo que vai ficar
indelevelmente gravado nos anais da monarquia espanhola.
Muito compenetrado e fazendo
jus ao seu dom de nunca se enganar, Cavaco Silva disse a Felipe VI
que: «A proclamação de vossa
majestade como rei é um
momento determinante para o seu país e constitui uma renovação
geracional que marcará certamente a história de Espanha»
(por se tratar de um Felipe, até se estranha que embalado
pelo entusiasmo e pela pompa do cerimonial, não tivesse associado a
evocação dos reinados dos Filipes I, II e III, de Portugal...).
Para sua majestade Felipe VI
deve ter sido gratificante ter vindo a Lisboa para ouvir esta tirada,
dando-lhe a entender algo de que talvez ainda não se tivesse
apercebido. Depois, Felipe VI terá ficado sensibilizado com aquele
tom peremptório do presidente português; por demais acentuado com o
determinante “certamente”,
assim afastando em absoluto quaisquer dúvidas que pudessem surgir a
espíritos menos esclarecidos.
Mais de realçar na
grandiloquente tirada de Cavaco Silva é que ela se constitui como um
registo histórico que um português deixa consignado na própria
História de Espanha – e nesta proeza leva a dianteira a
historiadores do país vizinho.
Aliás, como se isto fosse
coisa de pouca monta, Cavaco Silva ainda louvou a “renovação
geracional que representa para a Espanha a recente proclamação de
Felipe VI como rei”. Aqui, neste ponto, também a
recordar aos espanhóis a importância do facto – não fossem eles
uns ingratos que se alheassem da transcendência do mesmo.
Mas apesar destes sucessos
mediáticos, presidente Cavaco Silva, tal como vai sendo hábito,
meteu o pé na poça por
duas vezes:
-
A primeira vez quando afirmou que Portugal
tem carinho e simpatia para com a família real espanhola.
Trata-se
de uma afirmação destituída de sentido da realidade. Que esses
sentimentos estejam bem radicados na recíproca amizade de longa data
(desde os tempos da juventude passados em Cascais) entre Francisco
Pinto Balsemão e o ex-rei Juan Carlos e sejam acolhidos no íntimo
de Cavaco Silva, no espírito de sua sereníssima esposa, D. Maria,
nas cândidas almas das tias da linha dos
Estoris, das costureirinhas da Sé e de quantas senhoras, senhorinhas
e senhoritas, muito dadas às leituras das revistas cor-de-rosa, é
de admitir sem grande esforço de apreensão das preferências de
tais admiradores(as) das realezas: sejam elas espanhola, de outras
nacionalidades, de beleza, de campeonatos de danças ou de simples
concursos de vestidos de chita.
Porém, dessas pessoais
evidências sentimentais, bem focadas em restritos sectores da
sociedade portuguesa, não se pode inferir que tenham correspondência
generalidade na população.
Além de que é extremamente
inexpressiva a atruibuição a Portugal de tais devoções a um
regime monárquico, ainda por cima estrangeiro. Ainda que isso
tivesse relação lógica seria inadmissível; qual abuso de
confiança e mesmo exorbitação das funções representativas, que
Cavaco Silva se permitisse colocar Portugal nessa posição de
reverência perante o Rei de Espanha.
E ainda que se pretendesse
envolver os portugueses, igualmente seria um descabido e abusivo
expediente de generalização de sentimentos que nem são
compartilhados pela maioria dos cidadãos de Portugal.
-
A segunda vez, quando considerou que a visita das majestades “traz
uma renovada confirmação da firmeza e profundidade das relações
entre Portugal e Espanha, vizinhos e amigos, que conhecem hoje um
relacionamento que se exprime no quadro de uma cooperação bilateral
que nunca foi tão vasta e intensa”.
Este é um discurso vazio e sem
contextura no quadro do relacionamento entre Portugal e Espanha.
Formulemos as interrogações:
- Renovada confirmação da
firmeza e profundidade das relações entre Portugal e Espanha,
vizinhos e amigos? Que firmeza? Qual profundidade? Vizinhos e amigos?
Com que grau e manifestações de amizade?
-
Que conhecem hoje um relacionamento que se exprime no quadro de uma
cooperação bilateral que nunca foi tão vasta e intensa? Que
relacionamento e que colaboração bilateral? Que nunca foi tão
vasta e intensa? Esta, de “tão
vasta e intensa”,
dava vontade de rir a bandeiras despregadas, se nos esquecêssemos de
alguns aspectos desagradáveis e muito preocupantes que complicam o
relacionamento entre as duas nações ibéricas.
E a todas as antecedentes
interrogações se justapõem, pelo menos, três situações que
desmentem o idílico quadro das relações bilaterais, desenhado pela
imaginação de Cavaco Silva.
Ei-las:
- Primeira situação - À
cabeça, a questão da devolução de Olivença à soberania de
Portugal a que a Espanha está obrigada desde 1815, por deliberação
do Congresso de Viena; a qual, confirmou por diploma subscrito em
1817, através do qual a Espanha reconheceu Olivença como território
de Portugal. E, em jeito de comparação, vale a pena relembrar
quanto a Espanha se tem empenhado na devolução de Gibraltar, por
parte da Grã-Bretanha, à sua posse. Uma atitude dúbia da Espanha
que reivindica aquilo que nega a Portugal: o inalienável direito ao
património territorial .
- Segunda situação - O
problema dos transvases de rios ibéricos, em Espanha, que causarão
diminuições dos caudais em território português, com nefastas
consequências ambientais.
- Terceira situação - A
construção de centrais nucleares estratégica e acintosamente
localizadas junto à fronteira portuguesa. Um perigo de morte para
populações ribeirinhas de Portugal. Uma latente e bastante
agressiva ameaça ao meio ambiente português.
Portanto e sem mais
considerações que seriam pertinentes, fica assinalado o tom
subserviente e acomodatício do presidente da República Portuguesa.
O que não serviu os superiores
interesses de Portugal e das suas gentes. Pelo contrário, mais
seriamente os mesmos ficaram comprometidos.
De modo que, ao arrepio das
eufóricas celebrações oficiais, continuamos cada vez mais
desgovernados, bastante desprotegidos, mui humilhados e, sobremodo,
ofendidos na nossa dignidade...
Fim
sábado, julho 05, 2014
CONSELHO
DE ESTADO, OS ESTADOS DO CONSELHO
E
A LITURGIA DO CAVACO* NO TEMPLO DE BELÉM...
Brasilino
Godinho
Fotografia dos membros do
Conselho de Estado reunidos, em sessão plenária, no Palácio de
Belém
Breves
considerações gerais
Sempre
que em tempo de reunião do órgão oficial Conselho de Estado, vejo
a fotografia do Venerando Chefe do Estado, Prof. Doutor Aníbal
Cavaco Silva, sentado à mesa/altar da sala/capela de culto, do
templo presidencial de Belém, sito na alfacinha cidade, rodeado dos
devotos conselheiros que se quedam em pose de veneráveis, vem-me à
lembrança o quadro da 'Última Ceia” de Leonardo da Vinci e
a
'Ceia
dos Cardeais', de Júlio Dantas.
'A
Última Ceia'
Uma
cena da peça 'A Ceia dos Cardeais'
Tal
reunião de cavaqueira no templo presidencial é, certamente, a
versão moderna das celebradas confraternizações de antanho, aqui
mencionadas, mas com uma diferença abissal relativamente à 'Ceia
dos Cardeais'. Enquanto nesta se chamava a atenção para as
virtualidades do amor em Portugal, nas habituais sessões de culto
cavaqueio do templo cavaquista, contempla-se o desamor em Portugal
e... com regular persistência, o famigerado sexo dos anjos.
Se
falo do Conselho de Estado e daquilo que vai transparecendo para o
público no que toca aos desenvolvimentos do culto esotérico que
nele é praticado em extensos horários de exercício, forçosamente
espiritual(...), tenho de atender a uma pertinente observação, de
dupla natureza. Ou seja: o estado do próprio Conselho e o Estado
(nação organizada politicamente) segundo a configuração que lhe é
atribuída pelo seleccionado Conselho.
O
estado do Conselho de Estado
Como
existe e quer suposto com a funcionalidade estatutária ou quer pela
operacionalidade que é apercebida por indígena observador, o
Conselho de Estado não serve para coisa nenhuma. Desde logo,
desacreditado como órgão de consulta do Venerando Chefe do Estado,
Cavaco Silva, está-lhe retirada, na prática, a respectiva
prerrogativa, visto que sua excelência atempadamente preveniu a grei
que nunca se engana e raramente tem dúvidas. E assim sendo, de
presidencial condição cavaquista, não se espera que das opiniões
expressas durante o cerimonial de culto dos veneráveis conselheiros,
resulte qualquer achega de inequívoca utilidade e aproveitamento por
parte do Venerando Chefe do Estado. Ele, que ouve, ouve, ouve e...
depois decide pela sua privilegiada cabeça, sem dar o mínimo cavaco
a ninguém - coisa que se julagaria algo estranha num qualquer ser
cavacal, de fina estirpe algarvia...
Ademais,
e - anote-se - porque de específica e congénita formatação de
alma, ele que, Venerando e à semelhança do Papa, está possuído de
infalibilidade nas suas decisões. E, a propósito, repare-se na
sintomática diferença entre Oliveira Salazar, figura máxima do
Estado Novo e Cavaco Silva, personagem tutelar do Estado Cavaquista:
Salazar, que quase foi elevado aos altares como santo, limitou-se a
dizer no discurso proferido em 27 de Abril de 1928, na sala do
Conselho de Estado, o seguinte: “Sei muito bem o que quero e
para onde vou”; Cavaco, pelo contrário, sempre admitiu a sua
superior condição de criatura infalível, embora não haja
conhecimento que percorra uma via de santidade - apesar da
enternecedora assistência de D. Maria que, por sinal, segundo rezam
as crónicas que têm sido publicadas, é uma senhora que inspira
muita devoção.
Há
que anotar uma coisa muito simples: se algum aspecto interessante
advém de uma sessão de cavaco*
no âmbito do designado Conselho de Estado, ele se expressa na
pictural representação folclórica a que dá figuração de suporte
e larga publicidade a série de fotografias e filmagens da família
conselheiral, mais os emblemáticos contrastes fisionómicos dos
participantes: uns risonhos e satisfeitos, quais amigos do peito;
outros, taciturnos e com caras de amigos da onça. O que
proporcionando diferentes visões dos participantes na liturgia,
celebrada segundo os preceitos rituais do templo de Belém e,
eventualmente, prestando-se a várias e hilariantes especulações
dos habituais comentadores de serviço às televisões e ao
cavaquismo, nada mais faculta à sociedade e ao engrandecimento do
país.
Portanto,
e sem margem para dúvidas: o Conselho de Estado não serve para
coisa nenhuma.
Esta
circunstância, suscita um reparo: será que os veneráveis
conselheiros nem se dão conta do ingrato papel de ingénuos,
manipulados, actores participantes de um ritual oco?
Mais
outra observação: para que serve o numeroso grupo de assessores,
secretárias, consultores, instalados no Palácio de Belém? Uma
pergunta que nem se admitiria, não fora o caso que, ao formulá-la,
me esqueci por fugidios momentos, de que o Venerando Chefe do Estado,
como ser que nunca se engana e raramente tem dúvidas, não precisa
de receber opiniões e pareceres de ninguém. Nesta conformidade, vai
sendo tempo de o Venerando Chefe do Estado despedir todo esse pessoal
que, pelos vistos, será um peso morto e acarreta um incontestável
desperdício financeiro e grande rombo no Erário. A Bem da Nação!
Como diria o falecido ex-Presidente do Conselho, António Oliveira
Salazar.
Agora, de súbito, apercebo-me que venho citando
Oliveira Salazar. Sinceramente, no contexto da vigente democracia
cavaquista, lembrar o criador da democracia orgânica acho
que é um tanto esquisito. Mas, sublinho, sem menosprezar o sentido
de oportunidade. No entanto, deixo a pergunta: por que terá sido que
a minha memória trouxe à colação Oliveira Salazar?...
O
Estado português congeminado pelo Conselho de Estado
O
Estado (nação organizada politicamente) do Conselho de Estado é
aquela entidade nacional que o dito Conselho chamou a si como filha
querida e adoptou como se fora existente em Portugal. Mas que não
tem correspondência com o Estado que o mundo dos indígenas
portugueses conhece.
A
congregação dos conselheiros, bastante alheada da realidade
portuguesa e dando-se sobranceiros ares de outra galáxia, cinge-se
muito às aparências e às definições da chamada legalidade
democrática e a uma situação do País, de contornos e essência
irrealistas, bastante diferente da que é percepcionada ou sentida
pela maioria da população portuguesa.
Isso
traduz um facto de nocivas consequências: o de o Conselho de Estado
contemplar-se demasiado no falso axioma de Portugal ser um Estado de
Direito. E com essa atitude sugestionar negativamente a população –
o que é facilitado e incentivado pela propaganda oficial.
Também
a partir desta incongruência fica irremediavelmente comprometida a
eficácia do referido órgão, mesmo sendo ela admitida como factor
de ajuda e colaboração ao Venerando Chefe do Estado que, como se
sabe, persiste no erro de inculcar o falso axioma.
A
liturgia do cavaco* no templo de Belém.
A
época que atravessamos de inúmeras dificuldades obriga a cuidados
redobrados no nosso viver quotidiano e a fazermos o melhor uso
possível do tempo que dispomos para o trabalho diário e para o
imprescindível ócio. Sob esta óptica do lazer estaria tentado a
considerar que a visão dos actos associados à liturgia do cavaco*
que é inerente ao funcionamento ocasional do Conselho de Estado,
poderia servir de recreio para a malta se divertir. Porém, ela é
tão menor, insignificante e mui notoriamente afastada da observação
dos indígenas, que nem para isso serve.
Fim
*
cavaqueira.
P. S. Esta
crónica vem a propósito da inconsequente reunião do Conselho de
Estado que teve lugar no dia 03 de Julho de 2014, no Palácio de
Belém, em Lisboa.