A Quinta Lusitana
Entre nesta "quinta"! Atente na sua beleza formal! Apodere-se do seu "recheio"! Pondere... Divirta-se com as paródias e os "artistas" do circo... Resista à tentação de chorar face aos quadros mais tristes... E recupere a auto-estima!... Visto, lido e respigado: Vai gostar!... Também, no seu interior, conheça de quantos irão detestar a QUINTA LUSITANA... Do mesmo modo, vai saber porquê...
Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!
SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA
SE FIXOU TODINHA EM LISBOA
NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...
Motivo: A "QUINTA LUSITANA "
ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...
QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...
e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho
O primeiro sonho foi ser engenheiro
O início desta história perde-se no tempo e recua ao século passado, com coordenadas da cidade de Tomar. É aí que faz a primária e, mais tarde, o curso de serralharia mecânica (1947), na Escola Industrial Jácome Ratton.
O convívio daquele jovem desenhador estagiário, sem remuneração, com outros profissionais, na edilidade local, semeia-lhe no pensamento outros sonhos – o de ser engenheiro. Essa vontade constituiu a sua primeira tentativa de “entrar para a Universidade”. A negação do avô em lhe custear os estudos “não foi fácil de aceitar”, conta emocionado. Contudo, foi este “Não” que me fez ser quem sou”, acrescenta Brasilino Godinho.
O percurso profissional que começou por ser de desenhador, naquela autarquia, a topógrafo até se fazer ‘engenheiro’, de forma autodidata, levou-o a percorrer o país, de norte a sul, nos vários projetos em que participou.
A Universidade, o apelo literário e o cidadão interventivo
Ao longo da vida a vontade em prosseguir estudos superiores assaltou-o por várias vezes, mas o dia-a-dia impunha-lhe sempre outra direção. O curso superior nunca passou de uma memória descritiva, num projeto de vida, sempre adiado, mas nunca abandonado.
Muitos anos depois, o perfil de ‘engenheiro’ confinava-se ao Brasilino Godinho profissional. O futuro aluno da UA tinha, entretanto, desenvolvido múltiplos interesses e outras tantas atividades. O Brasilino das letras, culturalmente ativo e cidadão interventivo, já se tinha sobreposto aos cálculos e números do ‘Engenheiro’ profissional que, mesmo sem formação académica, tinha progredido na carreira e estava agora reformado. O autodidata Brasilino tinha cumprido a sua missão.
A “escrita sempre fez parte da minha vida”, conta. Primeiro, uma colaboração técnica no jornal U&C – Urbanismo & Construção. Depois, Brasilino passou a assinar, de forma regular, textos de opinião nalguns diários, semanários e quinzenários da imprensa regional. O apelo literário interpelou-o também. Tem três livros publicados, dois deles, de poesia.
As novas tecnologias fazem parte das suas rotinas diárias. Mantém, desde 2006, um blogue onde publica textos de opinião sobre o mundo que o rodeia. É nessas linhas que emerge o Brasilino irónico e, até mordaz, que questiona o poder e as elites da decisão portuguesa que, na sua opinião, vão habitando a “Quinta Lusitana”. Usa as palavras de forma arguta, criteriosamente escolhidas para informar os leitores que o seguem, um pouco por todo o mundo.
Voltar à ‘escola’ sessenta e um anos depois
Só em 2008 volta a entrar numa sala de aulas. O primeiro dia “foi extraordinário”, recorda com um sorriso. E antes de acabar o tempo, pediu para intervir: “Fiz questão de dizer aos colegas que não queria tratamento diferente”, relata o antigo aluno da UA.
“Fui apenas um aluno mais velho a ouvir matérias”, assegura a este propósito. Nuno Rosmaninho é um dos professores que lembra pelo cuidado que tinha na transmissão dos conhecimentos. “Fale mais pausadamente, e um pouco mais alto, para o Brasilino ouvir”, pedia sempre este docente aos alunos, quando se tratava de trabalhos de grupo. A atitude “foi extraordinária”, refere Brasilino Godinho.
Brasilino Godinho terminou a licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas com média de 15 valores. Mas vencer etapas não foi fácil. O problema de audição agudizou-se e os conteúdos transmitidos pelos professores exigiram-lhe disciplina férrea e dedicação extra, a estudar, para superar os exames. Os últimos anos foram dedicados à Universidade. Em casa, Brasilino punha em dia, através dos livros e das pesquisas, aquilo que não conseguia captar nas aulas.
Este exemplo de tenacidade foi notado na academia aveirense. Uma das colegas divide com ele o pensamento: “Brasilino, quero dizer-lhe uma coisa. Eu já quis desistir várias vezes, mas depois, em cada uma dessas vezes, lembro-me de si e continuo”.
Os colegas, as praxes e a diferença entre gerações
Arredado das praxes universitárias, embora nunca se tenha negado a qualquer participação, fez um percurso solitário. A leitura que faz sobre o ensino em relação ao seu “tempo de bancos de escola” é um ensino muito mais humanizado, mais democrático, e com uma evolução notável, em relação ao uso das tecnologias de informação e comunicação.
A observação sobre o ambiente universitário vivido é peremtória: “Um clima de harmonia espantoso”. É otimista e deposita esperança nos jovens portugueses, uma geração tantas vezes apelidada de “rasca” por uns e, “à rasca” por outros. “O que noto na sociedade, grosso modo, é um nível baixo de cultura geral. Uma grande deficiência no Português, mais até na escrita. Devemos fazer um esforço nestas disciplinas”, aconselha Brasilino Godinho.
A Educação, o envelhecimento e o civismo
Refere a coincidência em ter concluído a licenciatura no Ano Europeu do Envelhecimento Ativo de forma emocionada. “Considero que os menos jovens têm que continuar a participar de forma ativa na construção da sociedade. A experiência e a sabedoria que advêm com o tempo têm que ser aproveitadas pela sociedade”.
Relembra Ramalho Ortigão, um dos seus autores portugueses favoritos, considerando que a educação, a prossecução dos estudos superiores, é um serviço cívico que se presta à sociedade: "O modo mais eficaz de seres útil à tua pátria é educares o teu filho".
Sobre o futuro não tem grandes ilusões. Mas, enquanto sentir capacidades para pensar, decidir e participar, não desiste. Um doutoramento em Estudos Culturais, já lhe cruzou o pensamento e, de futuro, o recém-licenciado Brasilino pode ainda vir a ser o Doutor Brasilino.
Em 1990, quando oito países da CPLP assinaram o Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, eu era director da revista “Grande Reportagem” e
assinei, conjuntamente com Vicente Jorge Silva, então director do
“Público“, e Miguel Esteves Cardoso, então director de “O
Independente”, uma declaração, publicada nos respectivos meios,
comprometendo-nos a não aplicar o dito acordo nas nossas páginas.
Passados vinte e três anos, não mudei de opinião relativamente ao AO:
fundamentalmente, continuo a não aceitar o facto consumado de um
acordo saído do nada, a pedido de ninguém, não negociado nem explicado
aos principais utilizadores da língua — autores, professores,
editores, jornalistas — e imposto a dez milhões de portugueses por uma
comissão de sábios da Academia das Letras do Brasil e da Academia das
Ciências de Portugal.
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!
SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA
SE FIXOU TODINHA EM LISBOA
NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...
Motivo: A "QUINTA LUSITANA "
ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...
QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...
e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho
quarta-feira, fevereiro 27, 2013
BRASILINO GODINHO
Estimadas senhoras,
Caros senhores,
Junto uma
crónica que é um aviso alarmante
sobre o risco que corro de ficar piegas… Compreendam-me! Façam esse esforço… E
os que têm barbas, ponham-nas de molho. Cuidem-se!
E, claro,
não se deixem contagiar pelos cantos de sereia que se vão ouvindo nos arraiais alfacinhas,
celebrados na vasta área demasiado contaminada pela nociva, insidiosa, política
nauseabunda que se estende das margens do Rio Tejo (Terreiro do Paço) até ao
Largo de São Bento.
O personagem
governamental COELHO, dos desajeitados passos de dança acrobática e promotor entusiasta
de maquiavélicas, tremendas, eversões, já em tempo recente tinha advertido que
os portugueses estavam propensos a ser dominados pela pieguice.
E não é que
o signatário está em risco de ser atingido por tão deprimente estado de alma…
Tudo por
culpa de um senhor Miguel que de Relvas é possuído e de Relvas faz alarde e nos
chaga a paciência…
Pois, os
meus leitores façam o obséquio de ler o meu referido texto e, decerto, vão
avaliar as grandes razões que eu tenho para me preocupar; não só com a turbulenta
existência de Relvas, decorrente das suas inconfundíveis andanças mas, também,
com a disseminação dos vários arrelvados, dispersos por aí e acolá e que muito
poluem este desventurado país.
Um país que
nunca terá imaginado que lhe sairia numa absurda rifa ou em sorte malvada, um
Relvas de tantos predicados esquisitos e de muitas audácias mediáticas… Outrossim,
um personagem que se contempla, embevecido, quer no próprio umbigo, quer num
ramalhete de componentes vivenciais que são fervorosamente apreciadas pela insaciável
coelhada edace que se instalou no éden palaciano de São Bento…
E mais não
exponho… Para nem saciar a vossa curiosidade…
Grato às
senhoras e aos senhores pela atenção e compreensão que me dispensais,
apresento-vos os melhores cumprimentos.
Brasilino
Godinho
segunda-feira, fevereiro 25, 2013
Ao compasso do tempo…
EIS UM AVISO ALARMANTE...
SE FICAR PIEGAS A
CULPA
É DE RELVAS DO MIGUEL...
Brasilino Godinho
Assim, há pouco, se me afigurou acontecer:
ficar piegas. Temo. E face aos acontecimentos que se vão sucedendo nos últimos
tempos, corro um grande risco de me ver por aí a derramar lágrimas de
comiseração pela afortunada criatura arrelvada.
Todavia, desejo ardentemente não chegar àquele
tristíssimo ponto de degenerescência psíquica que corresponderia a chorar
lágrimas de sangue – deste modo designado o choro convulsivo ou o chorar muito.
Espero, apesar do ambiente propício que se está gerando com muito desembaraço e
nem menor atrevimento, não atingir esse confrangedor estádio de desequilíbrio
mental.
Isto escrito, porquê? – perguntará o
leitor.
Vou responder:
01.
Relvas, havia tempo que estava ausente do espectáculo mediático. Fazendo
o quê? Não se sabe! Mistério de um homem enigmático… Talvez conservando-se em estado
de meditabundo… segundo se conjecturou nos meios geralmente mal
informados… Mas na última semana surgiu,
inopinadamente, de peito feito e com jeitos de fanfarronice e de atirador
furtivo, num seráfico clube de "pensadores" , sito no Porto e, dias
depois, numa imprecisa conferência no ISCTE sobre jornalismo (bem escolhido
tema para melhor seleccionado conferencista… Diria o saudosos cómico Badaró:
“Toma e embrulha!), promovida pela TVI.
02. Desastradas iniciativas, estas de Relvas
- o fogoso político do PSD que suscita,
em qualquer altura ou lugar, um avassalador desencanto colectivo. Saiu-lhe o
tiro pela culatra. De ambas as vezes foi ‘brindado’
com apupos e o cântico "Grândola, Vila Morena".
03. Envolvido em tais situações de
contestação pessoal tentou dar a volta por cima e mostrar-se vítima,
assumindo-se como um coitadinho.
04. O próprio e os seus amigos, que já nos
habituámos a ouvir dizer que são os “bons cidadãos” deste país, quais zelosos
guardiões do templo da Democracia, vieram apressadamente à estacada vociferar
contra o que consideravam ser um ataque aos direitos constitucionais de
qualquer cidadão poder expressar o seu pensamento (Só que vele a pena anotar
que o senhor Relvas não é um cidadão
qualquer. É detentor de um cartão de visita com rótulo de licenciado de muitos
créditos obtidos pelas suas extraordinárias proezas de actor do circo político
e de animador folclórico na cidade de Tomar e… é ministro muitíssimo afeiçoado
ao grande chefe COELHO, esplêndido comandante operacional do (des)governo
nacional).
Mais disseram que tais manifestações de
protesto contra Relvas eram atentados à Democracia.
05. Estas irresponsáveis afirmações, audaciosas
e incongruentes, davam para rir às gargalhadas se a situação do País fosse de
normalidade e não se tivesse largamente perdido o sentido de humor – o que se
pode atribuir aos dias sombrios que a maioria dos portugueses está vivendo com muitas
amarguras, grandes tristezas e imensos sofrimentos.
06. Entre o reduzido número dos abnegados
apoiantes de Relvas destacaram-se os socialistas Costa e Assis que, num rasgo
de surpreendente e pouco recomendável fraternidade, assumiram rapidamente as
dores das presumidas agressões e ofensas à criatura arrelvada. E não se
houveram com meias palavras ou gestos comedidos. Nada disso! Eles vieram com
arreganho e diligência fazer aquilo que a maioria do ‘pessoal’ do PSD nem sequer ousou:
terçar em defesa de Relvas, membro do Partido Social-Democrata e ministro
irmanado com Coelho – o conhecidíssimo mamífero roedor de passos muito incertos.
07. Aliás, umas acções de harmoniosa
convergência ritual, a que não faltou uma emblemática sintonia operacional e em
que socialistas e demais gente acintosamente arrelvada, agiram como se todos
fizessem parte da mesma irmandade…
08. Porém, acontece que o meu convencimento
vai no sentido de o citado ser arrelvado ter um longo historial de violentos ataques
à Cidadania, à Ética, à dignidade inerente ao Ensino Superior, à
Democracia, à Liberdade, à Igualdade e à Fraternidade e de serem Relvas e o
Governo que nele se revê, uns autênticos e permanentes fautores de atentados destrutivos
do País, do Estado, da Democracia, do Ensino Superior (faz algum sentido
repetir a referência…) e do Povo.
09. Apesar desta minha convicção ou melhor
dizendo, reserva mental sobre a criatura e o governo arrelvados, confesso que fiquei muito enternecido(…) ao conhecer
os insinuantes termos das perorações de Assis (não confundir com o santo
Francisco de Assis) e de Costa (o António, da Câmara Municipal de Lisboa; não
valerá trazer à colação outros Costas, como o Afonso da primeira República e o
Santos, da “Democracia Orgânica” de Oliveira Salazar).
10.. E tão perplexo e comovido me quedei que, breve
tempo transcorrido, ao dar-me conta do miasma, qual artimanha que, de supetão,
me conduzira a tão comprometedora e desastrosa contingência que, pasmado comigo
mesmo, receei que estivesse a deixar-me atreito à pieguice. Demais a mais, por
suprema ironia e maior desalento, com origem no fenómeno arrelvado que está
corporizado no incrível ministro Relvas.
Resumindo: Tenho confiança na minha pessoa e creio
que não me vou deixar influenciar pelos arroubos dos arrelvados protagonistas
do nosso circo político. Mas se, por infelicidade, cair na pieguice de
arrelvada procedência, quero aqui deixar bem claro que é por culpa de Relvas do
Miguel; a qual, gravosa, inconveniente, detestável, será certamente endereçada
ao alaranjado político Miguel Relvas - a invulgar criatura que configura o
fantástico ícone da actual política portuguesa. Essa responsabilidade lhe cairá
sobre os ombros, sem contemporizações da minha parte…
Fim
sábado, fevereiro 23, 2013
O TAL EPIFENÓMENO ARRELVADO SUCEDÂNEO DO
FENÓMENO PRIMÁRIO, ACIDENTAL, DA NATUREZA
QUE SURGIU CORPORIZADO EM MIGUEL RELVAS.
Brasilino Godinho
O grande problema do conhecido político
Relvas radica precisamente no epifenómeno acima referenciado. Ou seja: no seu
induzido substrato arrelvado - por inferências conjecturais há muito previsíveis
e demais a mais evidenciadas desde a adolescência, na cidade nabantina - de que
nunca se poderá desligar; e na incrível e predestinada criação da nova
modalidade académica designada licenciatura arrelvada que, por si só, é algo de
excêntrico, pacóvio e de mui conservadora imagem repulsiva a figurar, para
sempre, nos anais do Ensino Superior de Portugal; o que será, permanentemente, uma
imperecível marca de um político menor, companheiro dilecto do inexpressivo
coelho que está ocupando, durante alguns anos, os aposentos governamentais do
Palácio de São Bento.
Por agora, a Relvas isso faculta-lhe as
oportunidades, os benefícios, os rendimentos e o poder de arrelvar o pomar laranja.
E à sua ímpar personalidade adorna-lhe(…) o estigma de ser um factor negativo,
pernicioso, nos domínios da política nacional e um deplorável exemplo de
oportunismo e desfaçatez.
Quanto a vantagens(?) decorrentes: de
uma arrelvada poluição em vastíssimo campo de amorfas naturezas primárias; de
um insuportável odor arrelvado que entontece o indígena; e do inevitável
desequilíbrio ambiental que dele emerge e, sobremodo, atinge a sociedade; só se
vislumbra a específica, de relvas - pessoalmente configurada no misterioso
ministro - ser o género da alimentação de melhor paladar e de esquisito agrado
do famigerado coelho da opulência doméstica visível na família
social-democrática.
Por sua vez, o atrás mencionado mamífero
roedor, da conceituada família dos Leporídeos, ostenta a particularidade
anatómica de ter as orelhas pequenas, ao contrário dos seus parentes. Esta
falha corporal serve-lhe às maravilhas, para só ouvir os que lhe estão próximos…
Para além deste sombrio aspecto, trata-se de um ser político bastante
depreciado, por razões que têm a ver com os seus detestáveis e ziguezagueantes
passos de corrida em direcção ao profundo abismo que se divisa num rasteiro
horizonte mui circunscrito neste país.
País que, parecendo ser de todos os
portugueses é, de facto, possuído e explorado por algumas famílias da nossa
mais contestada sociedade; as quais, realce-se, tudo dominam e (ou)
desavergonhadamente, subvertem em seu proveito.
Voltando ao caso arrelvado, importa
anotar que Relvas para além de ser - de particularidade levianamente assumida
e, também, para mal da nossa vivência colectiva - um esotérico, lamentável,
deprimente, epifenómeno (arrelvado, sublinhe-se!) é, essencialmente, um
fenómeno situado na área do Determinismo Psicológico. Porventura, também incluso
nas do Determinismo Biológico e do Determinismo Genético. Mas, especialmente,
devendo ser apreciado num aspecto muito importante; ou seja: considerando
Relvas, o homem e as suas circunstâncias, à luz da teoria idealizada por José
Ortega y Gasset.
Claro que inúmeros portugueses conhecem
o homem arrelvado e as circunstâncias da sua existência. Mas, há que inquirir:
Relvas, conhecer-se-á a si mesmo?
E a única vantagem da sua existência,
segundo a nossa opinião, consiste em a criatura em causa, forçosamente investida
no papel de cobaia, se impor como um caso de estudo no âmbito da doutrina do
Determinismo que, eventualmente, resultasse no aprofundamento de saberes
centrados neste interessante domínio filosófico.
Duas
notas impressivas…
Maria Teresa Horta:
- De Passos Coelho nem prémio, nem pão.
Brasilino Godinho:
- De Passos Coelho, nem certezas, nem graças.
Só incertezas, apenas desgraças. Ó da guarda!...
Sobretudo, relvas para sustento do laparoto e mais, muito mais, de
relvas para arrelvar o pomar laranja…
quarta-feira, fevereiro 20, 2013
PARA
JÁ, BEM VISTO!
VEREMOS
SE MELHOR CONCRETIZADO...
Brasilino Godinho
Entretanto, paira no ar a pertinente interrogação:
Se, agora, coelho descaradamente se ‘alimenta’ de relvas, como não admitir que, em tempo anterior, relvas foi ‘sustento’ de coelho?
Uma interrogação que emerge da seguinte notícia que hoje foi transmitida pelo jornal Correio da Manhã.
Ministério Público investiga eventual favorecimento de Relvas a Passos
Factos remontam à altura em
que Passos ainda não era primeiro-ministro, mas Relvas fazia parte do Governo
Decorrem
dois inquéritos relativos à altura em que Pedro Passos Coelho trabalhava na
Tecnoforma e Miguel Relvas era secretário de Estado da Administração Local.
20-02-2013
7:49
SAIBA
MAIS:
O
Ministério Público está a investigar eventuais favores de Miguel Relvas a Pedro
Passos Coelho. A notícia é avançada esta quarta-feira, pelo jornal “Correio da
Manhã”.
Segundo o diário, há dois processos a correr no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP): um em Lisboa, outro em Coimbra. A Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, terá dado luz verde aos inquéritos.
Ambos os processos têm como objectivo investigar alegados favorecimentos de Miguel Relvas à empresa onde trabalhava Pedro Passos Coelho, a Tecnoforma, antes de ser primeiro-ministro.
Os factos investigados remontam à altura em que o actual ministro adjunto era secretário de Estado da Administração Local e têm a ver com a atribuição de fundos comunitários a acções de formação na Tecnoforma.
Segundo o diário, há dois processos a correr no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP): um em Lisboa, outro em Coimbra. A Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, terá dado luz verde aos inquéritos.
Ambos os processos têm como objectivo investigar alegados favorecimentos de Miguel Relvas à empresa onde trabalhava Pedro Passos Coelho, a Tecnoforma, antes de ser primeiro-ministro.
Os factos investigados remontam à altura em que o actual ministro adjunto era secretário de Estado da Administração Local e têm a ver com a atribuição de fundos comunitários a acções de formação na Tecnoforma.
(Fim de transcrição)
terça-feira, fevereiro 19, 2013
Em
tempo de compasso...
CURIOSIDADES ENRIQUECEDORAS
DO BESTUNTO DE INDÍGENA PORTUGUÊS...
Brasilino Godinho
Parte
I. Curiosidades ocasionais
Face
ao que se passou ontem no “Clube dos Pensadores”, do Porto, há
que assinalar as seguintes curiosidades:
Primeira:
Haver pensadores em Portugal...
Segunda:
Existir um “clube de pensadores” na cidade do Porto.
Terceira:
Que relativamente a esses “pensadores” não se conheçam as
caras, as vozes e as produções filosóficas ou simplesmente as
distintas manifestações dos seus pensamentos.
Quarta:
Que o clube dos ditos tenha convidado um ministro para proferir uma
palestra. Precisamente, algo que nunca se deve pedir aos nossos
governantes, pois que são conhecidos por terem grandes dificuldades
em usar o português e em articularem um discurso coerente, objectivo
e verdadeiro.
Quinta:
Que o ministro, sempre a rir, como que advertindo para não o tomarem
a sério, proclamou que os portugueses devem “acreditar que em 2015
Portugal estará melhor que aquilo que está hoje”.
Sexta:
Justamente por se saber como estamos hoje e se pressentir como
estaremos pior amanhã, estranha-se que isto dito num “clube de
pensadores” não tenha havido reacção discordante de nenhum dos
pensantes ali pasmados - o que é susceptível de comprometer a
justeza dos pensamentos que elaborem dentro e fora do clube...
Sétima:
O ministro, assumindo o papel de atrevido pedinte, brincou:
“Peçam-nos os resultados no fim do mandato”. Bonita brincadeira!
Os “pensadores” assobiaram para o lado... Houve um (o
presidente?) que muito gritou e gesticulou (mais uma curiosidade na
atitude de um “pensador”). O que seria óbvio vir ao pensamento
de um pensador era, de imediato, ripostar: E quantos estarão cá,
neste malfadado recanto nacional, vivos ou em estado de sanidade
mental, para vos fazer esse pedido?
Oitava:
O ministro que anda há mais de um ano a propor a refundação do
Estado veio agora dizer que “a questão não está na refundação,
mas na redefinição das funções do Estado”. A criatura
ministerial já que não admite redefinir-se a si mesma, assim
permitindo a refundação do executivo, contenta-se em baralhar e dar
de novo as desengraçadas cartas de um baralho viciado há demasiado
tempo.
Nona:
Em dada altura, esquecendo-se que estava num “clube de
pensadores” o ministro resolveu mostrar os seus dotes de cantor.
Quis acompanhar o coro que entoava “GRÂNDOLA, VILA MORENA”.
Sorria, notoriamente contrafeito. Mostrava os dentes. De quando em
quando subia o tom da voz esganiçada. Desafinava constantemente.
Foi um desastre completo. Também confrangedor. Muito patético. O
sujeito não tem futuro como artista das cantorias. Embora se lhe
reconheça alguma aptidão para as exibições folclóricas. Aliás,
no seu currículo está referenciado o exercício da importante
função de presidente da assembleia geral de uma associação
folclórica da região tomarense – o que teve marca indelével em
badalada equivalência de apetências escolares... Algo gratificante
em termos de sabedoria funcional no seio do governo que nos caiu em
rifa eleitoral. Além de que lhe facultou projecção social no areal
de Copacabana, no Rio de Janeiro e nas margens do grande lago de
Brasília...
Décima:
Pelo próprio ministro foi feita uma enternecedora confidência de
natureza muito íntima que terá sido bem acolhida pelos membros do
“clube de pensadores”: “sou uma pessoa íntegra”. De facto,
tal expressão do pensamento da ministerial figura está em
consonância e credita a escolha do clube. Este, mostrou-se muito
inspirado e assertivo, porque num outro selecto clube (o
governamental) composto de vários ministros e podendo optar por um
ou outro dos vários que, afinal, figuram mal retratados na montra do
Terreiro do Paço, acertou logo, em cheio, num que pela sua
integridade e aptidões artísticas de múltiplas naturezas, destoa
de todos os outros, como faz supor a invulgar declaração do
ministro ali em foco. Sim, porque se ele sentiu necessidade de marcar
posição ímpar ali, num recatado “clube de pensadores”, foi
baseado na precaução de não ser confundido com os demais...
Lá
diz o ditado: “Homem prevenido vale por dois”... E o chefe Coelho
também acredita que o seu protegido vale, pelo menos, por dois
ministros, Se calhar, até pela totalidade do (des)governo...
Parte
II. Curiosidades institucionais
Primeira:
O actual governo português é constituído por duas componentes:
uma, a dos negócios internos; outra, a dos negócios estrangeiros.
Segunda:
A primeira área governamental é dirigida pelo chefe Coelho, que
passa os dias a saltitar por todo o território nacional. A segunda
área está subordinada ao subchefe Portas que está constantemente
em viagens pelo estrangeiro, actuando como caixeiro-viajante que
procura fazer “negócios estrangeiros”; aliás, em total
correspondência com a designação do respectivo ministério. Actua
com desenvoltura de portas adentro e sem dependências de passos
incertos e desconcertantes...
Terceira:
O chefe Coelho dispõe dos chamados ministros por quem reparte as
tarefas em curso de navegação à deriva. Esta, ressente-se da
imperícia do comandante e das deficientes prestações dos
comissários e dos maquinistas. Daí, que o barco não tenha um
regular percurso...
Quarta:
Um pouco à distância do chefe/comandante Coelho e em contacto
directo com os ministros encontram-se os secretários de Estado;
melhor dito, os secretários de vários estados de desconformidade
governamental – aqueles que a cavacal figura presidencial apelidou
de “ajudantes”. Estes são, às vezes, uns coitados que se vêm
em palpos-de-aranha porque não conseguem dar uma para a caixa... Por
isso, é que alguns deles nem querem dar nada para a caixa da
SEGIRANÇA SOCIAL... E neste ponto, a porca torce o rabo.
Forçosamente!
Fim
Nota:
Esta crónica foi escrita ao desabrigo do famigerado Acordo
Ortográfico.
Brasilino
Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Prezadas leitoras,
Prezadas leitoras,
Caros
leitores,
Por
aqui vos encaminho uma receita medicinada por clínico desconhecido, que me
chegou há poucas horas (lamento que quem fez o diagnóstico da doença e propõe a
terapêutica não tenha assinado por baixo).
Como receita médica, é um achado que dá para pensar e que há que enaltecer…
Como receita médica, é um achado que dá para pensar e que há que enaltecer…
Porém,
aplicá-la é preciso! Nem que seja a título experimental. Já nada há a perder e
algum ganho, por pequeno que seja, é sempre benfazejo e saudável para um corpo
que está inerte, subnutrido, gravemente doente.
Igualmente, se tornará necessário a continuada, vigilante, assistência de acompanhamento da convalescença do enfermo por parte de um corpo clínico especializado nas terapêuticas ora recomendadas; o qual, deve actuar proficientemente integrado num recomendável e apropriado sistema de saúde. Com vista a rapidamente se conseguir a recuperação do doente que há nome de Portugal...
Atentamente,
Brasilino Godinho
Igualmente, se tornará necessário a continuada, vigilante, assistência de acompanhamento da convalescença do enfermo por parte de um corpo clínico especializado nas terapêuticas ora recomendadas; o qual, deve actuar proficientemente integrado num recomendável e apropriado sistema de saúde. Com vista a rapidamente se conseguir a recuperação do doente que há nome de Portugal...
Atentamente,
Brasilino Godinho
Eis a “receita”, tal e qual,
como a recebemos, mas com redução de tipos de letras e de espaços.
Parem de ir buscar sempre aos que se calam....
Receita para sobrevivermos a 2013...
REPASSA POR FAVOR
Pois… Haja
coragem!!!
Esta cambada
fica-nos cara.
Façam circular pelos vossos amigos.
|
segunda-feira, fevereiro 18, 2013
Em
tempo de compasso...
Suprema
infelicidade...
Não
suscita interesse
nos
mercados
a
ambicionada privatização…
Brasilino
Godinho
Portugal vive um dos períodos mais tenebrosos
da sua longa história que, em certos aspectos demasiado negros, repõe o clima de
medo, angústia, miséria, fome, privações e desilusão, vigentes no tempo mais
sombrio da ditadura do Estado Novo.
A nação portuguesa encontra-se muito
debilitada, bastante sofredora, subjugada a interesses muito obscuros
preponderantes no território nacional e sujeita a outros, mui misteriosos,
dispersos pelo estrangeiro.
Todo este deplorável estádio
existencial de país tutelado pelos mercados internacionais tem alguma origem em
fenómenos conjunturais ocorridos à escala mundial mas, sobretudo, criou raízes
por força daqueloutras políticas anómalas, perversas, desconformes, insensatas,
obstinadamente prosseguidas por sucessivos governos oportunistas e
incompetentes que mal geriram a Administração Pública e pior desgovernaram a
grei, em avultado prejuízo dos seus inegáveis direitos e legítimos interesses.
Por isso, Portugal tem seguido muito
enfermo nos últimos tempos. E a partir de 2011 mais definhando e arrastando
penosa vida de sofrimento insuportável; o qual, lhe é causado por um governo
fraco de espírito, débil de compleição física, nula robustez, teimoso,
prepotente, sem ânimo, nenhuma força, completamente alheado da natureza, da
especificidade e essência dos problemas, desprovido de sensibilidade, fingindo
desconhecer (para não os respeitar) os valores democráticos da Liberdade da
Igualdade e da Fraternidade, completamente enredado na teia das suas
contradições internas e das congénitas inabilidades persistentemente demonstradas, nas quais se
detectam incríveis falhas de conhecimentos, que dir-se-iam ser de primeira
necessidade e de fundamental aplicação no dia-a-dia de actividades de uma
entidade que é um vital órgão de soberania.
Acresce que o actual governo sofre de
uma “lepra” contagiosa que para além de o enfraquecer também degrada o tecido
social do espaço luso.
Daí, decorre que o “leproso” governo português está gravemente
doente. Certo! Sem margem para dúvidas! Enfermo de tão terrível patologia,
atribuível a uma espécie claramente definida no âmbito sanitário nacional. Ela,
horrenda enfermidade, também se pode caracterizar por simplificada designação
plural; ou seja, por dois tipos de febres: a temível febre da crónica austeridade
aguda; e a enfadonha febre, de prolongadas temperaturas abrasadoras, das
privatizações espúrias. Qual dos tipos o mais devastador? Venha o Diabo fazer a
maligna escolha.
Trata-se de uma repelente doença que se vem manifestando com
agressividade crescente sobre o tecido socioeconómico do país. O governo assim
profundamente afectado no físico e na mente, vive sob um total desnorte que se
traduz no seguinte quadro:
-
recorre
a vários e desconchavados expedientes para desencadear os mais contundentes
ataques de natureza mortífera a quantos arvorou em inimigos a abater, como
sejam: a generalidade dos funcionários públicos, os reformados e os cidadãos
mais carenciados ou desprotegidos, entre os quais se encontram os idosos de
parcos recursos;
-
providencia,
sem quebras de ritmos, nas aplicações de medidas avulsas bastante prejudiciais
à Economia, ao Ensino, à Saúde e ao pleno Emprego;
-
com
intensiva virulência investe sobre todos os indígenas mais desprotegidos da
sociedade, no sentido de os privar dos mais básicos meios de subsistência;
-
prossegue
uma demolidora política que conduz o país para um estado de calamidade social;
-
e,
nos últimos dias, num alarde de esquizofrenia, ameaça lançar-se sofregamente
sobre os inertes seres chamados fundos de pensões que, até relativamente há
pouco tempo, estavam a salvo de qualquer cobiça ou saque, gozando de tranquila
existência, em recatados aposentos de instituições tão importantes e
respeitáveis como o Banco de Portugal, a Caixa Geral de Aposentações, a
Segurança Social, etc..
Perante uma tão gravosa situação do País, decorrente da doença tão
maléfica e virulenta de que está possuído o governo nacional e que é do
conhecimento geral, não se vislumbra o médico, a terapêutica e o antídoto,
necessários e eficazes que erradiquem, de vez, o agente/corpo governamental, auto-infeccioso,
afastando-o definitivamente - a título profiláctico e regenerador do meio
ambiente - do seio da sociedade em que está inserido.
Porque possuído do gérmen doentio e, também, porque ele mesmo
gerar e alimentar em si mesmo a repugnante patologia, regista-se o invulgar
fenómeno de se ter despertado a ideia ambiciosa de que a solução do complicado
problema poderia estar na inédita privatização do próprio governo, desde que
qualquer entidade estrangeira se interessasse pelo estafermo e o levasse para
bem longe do território português. Chega a pensar-se que um bom destino seria a
China, dada a imensa distância em que se encontra de Portugal.
Infelizmente, não há sinais de qualquer interesse dos mercados
americanos e asiáticos na aquisição do famigerado colégio da desgovernação
nacional. E dos chineses não veio, até agora, qualquer sinal que animasse a
malta...
É mais uma tremenda desgraça que assim suceda…
Nota final. Num momento de tamanha desventura nacional vale a pena
introduzir uma hipótese que nos anime a todos, quantos nos incluímos nos
seleccionados perseguidos pela sanha governamental.
A excelente solução para o pungente
problema, aqui focado, seria a de, simplesmente, a NASA adquirir o colégio
governamental português, pela totalidade dos seus elementos constituintes, e de
imediato, sem delongas, transferi-lo para Marte onde se fixaria para sempre como
a primeira comunidade residente naquele longínquo planeta…
Então, assunto arrumado. E, decididamente,
garantido que todos respiraríamos de alívio e já estaria ao nosso alcance
dormirmos tranquilamente, sem pesadelos…
Fim
quarta-feira, fevereiro 13, 2013
NOTA PESSOAL
Obviamente que:
1.
Nunca se
tendo registado neste blogue, ao longo da sua existência, as práticas da
censura e da condenável omissão oportunista; estas, muitas vezes, também
revestidas com repugnante acinte de malvadeza e que lamentavelmente - sublinhe-se
- decorrem em certos órgãos da nossa comunicação social.
2.
“Fazer
vista grossa” e passar ao lado como se nada tivesse acontecido na vida do
titular deste blogue, seria uma esquisita atitude de menosprezo pelos(as)
estimados(as) leitores(as), um deplorável incumprimento do dever de os informar
e um fingimento, de todo, inadmissível e que não se coaduna com o seu carácter.
3.
Não
havendo razões de melindre, de devaneio ou de estulta vaidade do cidadão
Brasilino Godinho.
4.
Considerando
que a obtenção da sua recente licenciatura foi amplamente divulgada durante os
dois primeiros meses, do ano em curso, através dos programas das estações
televisivas (que vão discriminadas pela sucessão temporal das transmissões): SIC, RÁDIO TELEVISÃO PORTUGUESA (RTP1), CANAL
SUPERIOR, PORTO Canal; da AGÊNCIA LUSA; dos jornais: JORNAL ONLINE DA UA
(Universidade Aveiro) - edição de 07 de Janeiro de 2013, JORNAL DE NOTÍCIAS
(JN), DIÁRIO DE AVEIRO, A VOZ DE PORTUGAL; e do jornal online UCRUP – CONSELHO
DE REITORES DAS UNIVERSIDADES PORTUGUESAS (edição de 31 de Dezembro de 2012).
Entende,
no entanto, o signatário desta nota assistir-lhe a obrigação ética e o dever
cívico - associado ao interesse público – de aqui fazer o registo do facto. Por
isso, traz ao conhecimento dos fiéis (dos infiéis… e de todos quantos lhe são
hostis…) leitores deste blogue o texto inserto na edição de 07 de Janeiro de
2013, do JORNAL ONLINE DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO, que contempla a licenciatura
de Brasilino Godinho.
Assim,
com a devida vénia, transcrevo:
De ‘Engenheiro’ a Dr.
Brasilino Godinho: o topógrafo das palavras
A um mês de completar 77 anos, Brasilino Godinho cumpre um
sonho adiado: dirige-se sozinho aos Serviços de Gestão Académica da
Universidade de Aveiro (UA) e profere as palavras que esperaram uma vida
inteira para serem ditas: “pretendia frequentar a Universidade”. Quatro anos
volvidos sobre este episódio, o aluno da academia aveirense ´Maior de 23’
alcança o grau de licenciatura. O facto torna-o um dos alunos com mais idade a
frequentar uma Universidade, em regime ordinário, e constitui um exemplo de
tenacidade para toda a comunidade universitária.
Brasilino Godinho, 81 anos, pouco tem de comum com o perfil estereotipado
das pessoas com esta idade. Mas o conformismo não faz parte da sua maneira de
ser. O olhar vivo aliado a um sentido de humor apurado faz quase acreditar que
não tem a idade que, efetivamente, lhe está marcada no Bilhete de Identidade.
Utiliza no discurso direto um alter ego – produto de muita reflexão e
introspeção - uma espécie de consciência que o interroga acerca das principais
decisões de vida mas, também, uma voz que lhe aponta o caminho a seguir. Assim
foi, desde os tempos da escola, há seis décadas.O primeiro sonho foi ser engenheiro
O início desta história perde-se no tempo e recua ao século passado, com coordenadas da cidade de Tomar. É aí que faz a primária e, mais tarde, o curso de serralharia mecânica (1947), na Escola Industrial Jácome Ratton.
O convívio daquele jovem desenhador estagiário, sem remuneração, com outros profissionais, na edilidade local, semeia-lhe no pensamento outros sonhos – o de ser engenheiro. Essa vontade constituiu a sua primeira tentativa de “entrar para a Universidade”. A negação do avô em lhe custear os estudos “não foi fácil de aceitar”, conta emocionado. Contudo, foi este “Não” que me fez ser quem sou”, acrescenta Brasilino Godinho.
O percurso profissional que começou por ser de desenhador, naquela autarquia, a topógrafo até se fazer ‘engenheiro’, de forma autodidata, levou-o a percorrer o país, de norte a sul, nos vários projetos em que participou.
A Universidade, o apelo literário e o cidadão interventivo
Ao longo da vida a vontade em prosseguir estudos superiores assaltou-o por várias vezes, mas o dia-a-dia impunha-lhe sempre outra direção. O curso superior nunca passou de uma memória descritiva, num projeto de vida, sempre adiado, mas nunca abandonado.
Muitos anos depois, o perfil de ‘engenheiro’ confinava-se ao Brasilino Godinho profissional. O futuro aluno da UA tinha, entretanto, desenvolvido múltiplos interesses e outras tantas atividades. O Brasilino das letras, culturalmente ativo e cidadão interventivo, já se tinha sobreposto aos cálculos e números do ‘Engenheiro’ profissional que, mesmo sem formação académica, tinha progredido na carreira e estava agora reformado. O autodidata Brasilino tinha cumprido a sua missão.
A “escrita sempre fez parte da minha vida”, conta. Primeiro, uma colaboração técnica no jornal U&C – Urbanismo & Construção. Depois, Brasilino passou a assinar, de forma regular, textos de opinião nalguns diários, semanários e quinzenários da imprensa regional. O apelo literário interpelou-o também. Tem três livros publicados, dois deles, de poesia.
As novas tecnologias fazem parte das suas rotinas diárias. Mantém, desde 2006, um blogue onde publica textos de opinião sobre o mundo que o rodeia. É nessas linhas que emerge o Brasilino irónico e, até mordaz, que questiona o poder e as elites da decisão portuguesa que, na sua opinião, vão habitando a “Quinta Lusitana”. Usa as palavras de forma arguta, criteriosamente escolhidas para informar os leitores que o seguem, um pouco por todo o mundo.
Voltar à ‘escola’ sessenta e um anos depois
Só em 2008 volta a entrar numa sala de aulas. O primeiro dia “foi extraordinário”, recorda com um sorriso. E antes de acabar o tempo, pediu para intervir: “Fiz questão de dizer aos colegas que não queria tratamento diferente”, relata o antigo aluno da UA.
“Fui apenas um aluno mais velho a ouvir matérias”, assegura a este propósito. Nuno Rosmaninho é um dos professores que lembra pelo cuidado que tinha na transmissão dos conhecimentos. “Fale mais pausadamente, e um pouco mais alto, para o Brasilino ouvir”, pedia sempre este docente aos alunos, quando se tratava de trabalhos de grupo. A atitude “foi extraordinária”, refere Brasilino Godinho.
Brasilino Godinho terminou a licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas com média de 15 valores. Mas vencer etapas não foi fácil. O problema de audição agudizou-se e os conteúdos transmitidos pelos professores exigiram-lhe disciplina férrea e dedicação extra, a estudar, para superar os exames. Os últimos anos foram dedicados à Universidade. Em casa, Brasilino punha em dia, através dos livros e das pesquisas, aquilo que não conseguia captar nas aulas.
Este exemplo de tenacidade foi notado na academia aveirense. Uma das colegas divide com ele o pensamento: “Brasilino, quero dizer-lhe uma coisa. Eu já quis desistir várias vezes, mas depois, em cada uma dessas vezes, lembro-me de si e continuo”.
Os colegas, as praxes e a diferença entre gerações
Arredado das praxes universitárias, embora nunca se tenha negado a qualquer participação, fez um percurso solitário. A leitura que faz sobre o ensino em relação ao seu “tempo de bancos de escola” é um ensino muito mais humanizado, mais democrático, e com uma evolução notável, em relação ao uso das tecnologias de informação e comunicação.
A observação sobre o ambiente universitário vivido é peremtória: “Um clima de harmonia espantoso”. É otimista e deposita esperança nos jovens portugueses, uma geração tantas vezes apelidada de “rasca” por uns e, “à rasca” por outros. “O que noto na sociedade, grosso modo, é um nível baixo de cultura geral. Uma grande deficiência no Português, mais até na escrita. Devemos fazer um esforço nestas disciplinas”, aconselha Brasilino Godinho.
A Educação, o envelhecimento e o civismo
Refere a coincidência em ter concluído a licenciatura no Ano Europeu do Envelhecimento Ativo de forma emocionada. “Considero que os menos jovens têm que continuar a participar de forma ativa na construção da sociedade. A experiência e a sabedoria que advêm com o tempo têm que ser aproveitadas pela sociedade”.
Relembra Ramalho Ortigão, um dos seus autores portugueses favoritos, considerando que a educação, a prossecução dos estudos superiores, é um serviço cívico que se presta à sociedade: "O modo mais eficaz de seres útil à tua pátria é educares o teu filho".
Sobre o futuro não tem grandes ilusões. Mas, enquanto sentir capacidades para pensar, decidir e participar, não desiste. Um doutoramento em Estudos Culturais, já lhe cruzou o pensamento e, de futuro, o recém-licenciado Brasilino pode ainda vir a ser o Doutor Brasilino.
segunda-feira, fevereiro 11, 2013
Em
tempo de compasso...
ENQUANTO PORTUGAL EMPOBRECE,
A LÍNGUA PORTUGUESA ENRIQUECE...
POR MERCÊ (E À SEMELHANÇA)
DE UNS DISTINTOS PARDALÕES...
Brasilino Godinho
Pois
é verdade! A Língua Portuguesa acabou ontem por ficar enriquecida com o verbo Cadilhar
– que significa a forma artística de um grande senhor da política ou com ela
aparentado ou amancebado, sacar reformas e (ou) indemnizações milionárias, com
pouquíssimo tempo de efectividade de funções ou de serviços.
E
isso aconteceu depois de se saber, através da Internet, que o conhecido
político e ex-ministro da Fazenda Nacional, Miguel Cadilhe, de tonalidade
laranja, ilustre membro do partido PSD, terá sido, resolutamente, favorecido
com a verba de mais de dez milhões de euros em retribuição(?) por seis meses de
exercício das funções de presidente do Conselho de Administração do falido
banco BPN (Banco que já custou milhares de milhões de euros aos contribuintes).
Claro
que todos devemos considerar que, se a Língua Portuguesa fica ingloriamente
enriquecida com um termo repulsivo, milhões de portugueses estão nas lonas e
passando os maiores sacrifícios, sujeitos a tremendas privações e sofrendo
terríveis angústias, que são impostas pelos vários Cadilhes que assentaram arraiais na administração do Estado. Este
horrível quadro de tenebrosos conteúdos pode resumir-se numa expressão muito
concreta: para os Cadilhes se
darem ao luxo e à desavergonhada liberdade de se cadilharem e, portanto, viverem como nababos; milhões de
cidadãos vão ficando metidos em inúmeros cadilhos:
trabalhos muitos, apoquentações imensas, carências enormes, aflições
incomensuráveis. Para eles, Cadilhes, o fausto, a riqueza, a abundância, o
esbanjamento e a vida airada. Para os indígenas: os sacrifícios, a miséria, a
fome e a doença (prenúncio de morte anunciada ou induzida pela casta da
governança).
Ora,
os leitores leiam o despacho noticioso que circula pela Internet; o qual,
transcrevo a seguir:
“Miguel
Cadilhe recebeu mais de 10 milhões de euros para aceitar ser presidente do BPN,
em 2008. O valor bruto correspondia à reforma vitalícia a que teria direito,
caso continuasse como administrador do BCP, o banco onde trabalhava até àquela
altura. Cadilhe esteve à frente do grupo BPN/SLN apenas 6 meses, até à
nacionalização do banco.
Alguns
deputados da comissão parlamentar que investigou o caso chegaram a pedir que
devolvesse o dinheiro”.
Uma
minha última observação: Esta nota dos parlamentares “investigadores” chegarem a pedir que Cadilhe “devolvesse o dinheiro”, é uma anedota que daria para rir, se não
fora o seu alto nível grotesco. Porém, acontece que ela proporciona desolação;
quiçá choro e raiva aos milhentos indígenas sofredores deste país. Mais:
deduz-se que a mesma terá provindo de “investigadores”
enfermando de um grande amadorismo, associado a uma deslavada ingenuidade ou a
um grosseiro faz-de-conta…
Assim,
vai a bagunça, prossegue o regabofe e continua o descalabro
político/financeiro/económico de Portugal …
Também a desgraça de inúmeros cidadãos, cidadãs e famílias deste amargurado
povo lusitano.
Fim
Inteiramente de acordo!
Na rejeição do malfadado “Acordo”.
Brasilino Godinho
Com a devida vénia transcrevemos de um correio da
Internet:
Miguel Sousa
Tavares
Em 1990, quando oito países da CPLP assinaram o Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, eu era director da revista “Grande Reportagem” e
assinei, conjuntamente com Vicente Jorge Silva, então director do
“Público“, e Miguel Esteves Cardoso, então director de “O
Independente”, uma declaração, publicada nos respectivos meios,
comprometendo-nos a não aplicar o dito acordo nas nossas páginas.
Passados vinte e três anos, não mudei de opinião relativamente ao AO:
fundamentalmente, continuo a não aceitar o facto consumado de um
acordo saído do nada, a pedido de ninguém, não negociado nem explicado
aos principais utilizadores da língua — autores, professores,
editores, jornalistas — e imposto a dez milhões de portugueses por uma
comissão de sábios da Academia das Letras do Brasil e da Academia das
Ciências de Portugal.
Sempre temi a ociosidade dos
sábios e a tendência leviana dos
governantes para legislarem a pedido das modas intelectuais. Mas nunca
pensei que uma nação que tinha levado a sua língua às cinco partidas
do mundo, chegando a ser a língua franca nos mares do sudoeste
asiático até ao dealbar do século XIX, fosse capaz de voluntariamente,
e invocando vagos interesses geocomerciais, propor a sua submissão às
regras em uso num país onde levámos a língua que o unificou. Por outro
lado, não fui sensível ao argumento de que as grafias mudam (sem ser
naturalmente) e ao exemplo, tantas vezes esgrimido, do ‘ph’ reduzido a
‘f’ pelo AO de 1945 (que o Brasil nunca aplicou, como também não
aplicou o anterior, de 1931…). Não alcanço que extraordinário
progresso se consumou ao deixar de se escrever “pharmácia”, a troco da
“farmácia”, e acho seguramente intrigante que idêntico progresso não
tenha contagiado, por exemplo, franceses e ingleses. que continuam a
escrever a mesma palavra com ph. Também nunca me convenceu o argumento
de que o AO facilitaria a penetração da literatura portuguesa nos
PALOP e no Brasil, impossível de alcançar sem ele.
Quanto aos PALOP, basta o facto da recusa de Angola e Moçambique de,
até hoje, ratificarem o AO, preferindo escrever no português que lhes
levámos, para desmentir essa pretensa vantagem; e, quanto ao Brasil,
perdoem-me a imodéstia de invocar o meu testemunho pessoal de quatro
livros lá editados, todos com a referência de que “por vontade do
autor, manteve-se a grafia usada em Portugal” — e sem que isso tenha
prejudicado de alguma forma a sua edição, divulgação e venda.
Oito países falantes de português assinaram o AO de 1990, mas como,
após anos de espera em vão, apenas quatro o tinham ratificado, esses
quatro decidiram, em 2008, que eram suficientes para o fazer entrar em
vigor. O AO, que entre nós começou a vigorar aos bochechos em 2009, é,
assim, e antes de mais, inválido, resultante de uma golpada jurídica
não prevista no tratado inicial, que apenas confirmou o voluntarismo
idiota e o abuso político com que todo o processo foi conduzido.
Porque nunca conseguiu convencer quem devia, o AO foi imposto manu
militari, por governantes saloios, desprovidos de coragem para
enfrentar os lóbis da “cultura” e convencidos de que a força da lei
há-de sempre acabar por triunfar sobre a fraqueza da sem-razão. Surdos
a todos os argumentos dos oponentes (entre os quais o país deve uma
homenagem de gratidão a Vasco Graça Moura), desdenhosos perante o
abaixo-assinado com 130.000 subscritores contra o AO, sem um
estremecimento de vergonha perante o editorial do “Jornal de Angola”
do Verão passado (que aqui citei na altura), onde se escrevia que, se
Portugal não defendia a sua língua, defendê-la-iam eles, os
governantes acharam que o mais importante de tudo era não desagradar
ao Brasil, a cuja presumida vontade fora dedicado o AO.
Mas eis que na iminência de entrar em vigor plenamente no Brasil, em 1
de Janeiro passado, uma petição com 30.000 assinaturas levou o
Congresso a pedir e Dilma Rousseff a aceitar a suspensão da sua
entrada em vigor por três anos, para que melhor se medite no diktat
dos sábios. E chegámos assim à situação actual, verdadeira parábola
sobre o destino da sobranceria: neste momento, há três grafias
oficiais da língua portuguesa — a que vigora em Angola, Moçambique,
Timor, e que é a anterior ao AO; a grafia brasileira que é a mesma de
sempre, resultante do não acatamento de nenhum dos três acordos
ortográficos assinados connosco, ao longo de 60 anos; e a de Portugal,
que, com excepções ainda autorizadas, é resultante do AO de 1990 —
feito, segundo diziam, para “unificar a língua”, agradar aos
brasileiros e não perder influência em África! É notável, é brilhante,
é mais do que prometia a estupidez humana! Perante este facccccccccto,
seria de esperar que os nossos sábios e os arautos dos amanhãs que
cantariam no português por eles unificado pintassem a cara de preto e
viessem pedir desculpas públicas. Eu dar-lhes-ia como castigo a
conversão ao AO do “Grande Sertão, Veredas”, de Guimarães Rosa.
Porque agora, digam-me lá, o que faremos nós, depois de termos
obrigado, e quase arruinado, os nossos editores a converterem em
português do AO todos os livros editados? Depois de termos tornado
obrigatórias no ensino as regras do AO, desde a época passada? Depois
de termos convencido prestigiadas instituições, como este jornal, a
submeterem-se ao Conselho de Ministros? Vamos, como legalmente
previsto, tornar o AO universalmente obrigatório para todos a partir
de 2015, vergando de vez os lusitanos que ainda resistem, sem saber se
os brasileiros farão o mesmo no ano seguinte? Vamos correr o risco de
ficar a escrever numa grafia em que mais nenhum país falante da nossa
língua escreverá? Vamos oferecer um banco aos angolanos e a TAP aos
brasileiros, em troca de eles se renderem e terem pena da nossa
solidão? Vamos acolher a Guiné Equatorial na CPLP contra a jura de
ratificarem o AO? Vamos exigir aos ilustres embaixadores aposentados
da CPLP o mesmo destemor a defender o AO de que deram mostras a
enfrentar o governo de narcotraficantes da Guiné-Bissau? Ou vamos
conformarmo-nos a ter uma geração de pais que escreve de uma maneira e
uma de filhos que escreve de outra maneira?
Porque uma coisa é garantida: a arrogância dos poderosos não conhece
arrependimento. Eles jamais voltarão atrás, reconhecendo que se
enganaram, que se precipitaram, que foram atrás de vozes de sereias,
que se esqueceram de que há coisas que nenhum país independente cede
sem estremecer: o território, o património, a paisagem, a língua.
Trataram isto como coisa menor, como facto herdado e consumado, de
ministro em ministro, de governo em governo, de parlamento em
parlamento, de Presidente em Presidente. Partiram do princípio de que
os portugueses comem tudo, desde que bem embrulhado em frases
grandiloquentes, com a assinatura dos influentes e a cumplicidade dos
prudentes. Mas, dêem agora as voltas que quiserem dar aos acordos que
assinaram e à língua que lhes cabia defender e não trair, cobriram-se
de ridículo. Está escrito nos livros de História: um país que se
humilha para agradar a terceiros, arrisca-se a nada recolher em troca,
nem a gratidão dos outros nem o respeito dos seus. Apenas lhe resta o
ridículo. Oxalá ele chegasse para matar de vez o triste Acordo
Ortográfico!
**** O meu correCtor ortográfico funciona sem AO !
governantes para legislarem a pedido das modas intelectuais. Mas nunca
pensei que uma nação que tinha levado a sua língua às cinco partidas
do mundo, chegando a ser a língua franca nos mares do sudoeste
asiático até ao dealbar do século XIX, fosse capaz de voluntariamente,
e invocando vagos interesses geocomerciais, propor a sua submissão às
regras em uso num país onde levámos a língua que o unificou. Por outro
lado, não fui sensível ao argumento de que as grafias mudam (sem ser
naturalmente) e ao exemplo, tantas vezes esgrimido, do ‘ph’ reduzido a
‘f’ pelo AO de 1945 (que o Brasil nunca aplicou, como também não
aplicou o anterior, de 1931…). Não alcanço que extraordinário
progresso se consumou ao deixar de se escrever “pharmácia”, a troco da
“farmácia”, e acho seguramente intrigante que idêntico progresso não
tenha contagiado, por exemplo, franceses e ingleses. que continuam a
escrever a mesma palavra com ph. Também nunca me convenceu o argumento
de que o AO facilitaria a penetração da literatura portuguesa nos
PALOP e no Brasil, impossível de alcançar sem ele.
Quanto aos PALOP, basta o facto da recusa de Angola e Moçambique de,
até hoje, ratificarem o AO, preferindo escrever no português que lhes
levámos, para desmentir essa pretensa vantagem; e, quanto ao Brasil,
perdoem-me a imodéstia de invocar o meu testemunho pessoal de quatro
livros lá editados, todos com a referência de que “por vontade do
autor, manteve-se a grafia usada em Portugal” — e sem que isso tenha
prejudicado de alguma forma a sua edição, divulgação e venda.
Oito países falantes de português assinaram o AO de 1990, mas como,
após anos de espera em vão, apenas quatro o tinham ratificado, esses
quatro decidiram, em 2008, que eram suficientes para o fazer entrar em
vigor. O AO, que entre nós começou a vigorar aos bochechos em 2009, é,
assim, e antes de mais, inválido, resultante de uma golpada jurídica
não prevista no tratado inicial, que apenas confirmou o voluntarismo
idiota e o abuso político com que todo o processo foi conduzido.
Porque nunca conseguiu convencer quem devia, o AO foi imposto manu
militari, por governantes saloios, desprovidos de coragem para
enfrentar os lóbis da “cultura” e convencidos de que a força da lei
há-de sempre acabar por triunfar sobre a fraqueza da sem-razão. Surdos
a todos os argumentos dos oponentes (entre os quais o país deve uma
homenagem de gratidão a Vasco Graça Moura), desdenhosos perante o
abaixo-assinado com 130.000 subscritores contra o AO, sem um
estremecimento de vergonha perante o editorial do “Jornal de Angola”
do Verão passado (que aqui citei na altura), onde se escrevia que, se
Portugal não defendia a sua língua, defendê-la-iam eles, os
governantes acharam que o mais importante de tudo era não desagradar
ao Brasil, a cuja presumida vontade fora dedicado o AO.
Mas eis que na iminência de entrar em vigor plenamente no Brasil, em 1
de Janeiro passado, uma petição com 30.000 assinaturas levou o
Congresso a pedir e Dilma Rousseff a aceitar a suspensão da sua
entrada em vigor por três anos, para que melhor se medite no diktat
dos sábios. E chegámos assim à situação actual, verdadeira parábola
sobre o destino da sobranceria: neste momento, há três grafias
oficiais da língua portuguesa — a que vigora em Angola, Moçambique,
Timor, e que é a anterior ao AO; a grafia brasileira que é a mesma de
sempre, resultante do não acatamento de nenhum dos três acordos
ortográficos assinados connosco, ao longo de 60 anos; e a de Portugal,
que, com excepções ainda autorizadas, é resultante do AO de 1990 —
feito, segundo diziam, para “unificar a língua”, agradar aos
brasileiros e não perder influência em África! É notável, é brilhante,
é mais do que prometia a estupidez humana! Perante este facccccccccto,
seria de esperar que os nossos sábios e os arautos dos amanhãs que
cantariam no português por eles unificado pintassem a cara de preto e
viessem pedir desculpas públicas. Eu dar-lhes-ia como castigo a
conversão ao AO do “Grande Sertão, Veredas”, de Guimarães Rosa.
Porque agora, digam-me lá, o que faremos nós, depois de termos
obrigado, e quase arruinado, os nossos editores a converterem em
português do AO todos os livros editados? Depois de termos tornado
obrigatórias no ensino as regras do AO, desde a época passada? Depois
de termos convencido prestigiadas instituições, como este jornal, a
submeterem-se ao Conselho de Ministros? Vamos, como legalmente
previsto, tornar o AO universalmente obrigatório para todos a partir
de 2015, vergando de vez os lusitanos que ainda resistem, sem saber se
os brasileiros farão o mesmo no ano seguinte? Vamos correr o risco de
ficar a escrever numa grafia em que mais nenhum país falante da nossa
língua escreverá? Vamos oferecer um banco aos angolanos e a TAP aos
brasileiros, em troca de eles se renderem e terem pena da nossa
solidão? Vamos acolher a Guiné Equatorial na CPLP contra a jura de
ratificarem o AO? Vamos exigir aos ilustres embaixadores aposentados
da CPLP o mesmo destemor a defender o AO de que deram mostras a
enfrentar o governo de narcotraficantes da Guiné-Bissau? Ou vamos
conformarmo-nos a ter uma geração de pais que escreve de uma maneira e
uma de filhos que escreve de outra maneira?
Porque uma coisa é garantida: a arrogância dos poderosos não conhece
arrependimento. Eles jamais voltarão atrás, reconhecendo que se
enganaram, que se precipitaram, que foram atrás de vozes de sereias,
que se esqueceram de que há coisas que nenhum país independente cede
sem estremecer: o território, o património, a paisagem, a língua.
Trataram isto como coisa menor, como facto herdado e consumado, de
ministro em ministro, de governo em governo, de parlamento em
parlamento, de Presidente em Presidente. Partiram do princípio de que
os portugueses comem tudo, desde que bem embrulhado em frases
grandiloquentes, com a assinatura dos influentes e a cumplicidade dos
prudentes. Mas, dêem agora as voltas que quiserem dar aos acordos que
assinaram e à língua que lhes cabia defender e não trair, cobriram-se
de ridículo. Está escrito nos livros de História: um país que se
humilha para agradar a terceiros, arrisca-se a nada recolher em troca,
nem a gratidão dos outros nem o respeito dos seus. Apenas lhe resta o
ridículo. Oxalá ele chegasse para matar de vez o triste Acordo
Ortográfico!
**** O meu correCtor ortográfico funciona sem AO !