Em
tempo de compasso...
CURIOSIDADES ENRIQUECEDORAS
DO BESTUNTO DE INDÍGENA PORTUGUÊS...
Brasilino Godinho
Parte
I. Curiosidades ocasionais
Face
ao que se passou ontem no “Clube dos Pensadores”, do Porto, há
que assinalar as seguintes curiosidades:
Primeira:
Haver pensadores em Portugal...
Segunda:
Existir um “clube de pensadores” na cidade do Porto.
Terceira:
Que relativamente a esses “pensadores” não se conheçam as
caras, as vozes e as produções filosóficas ou simplesmente as
distintas manifestações dos seus pensamentos.
Quarta:
Que o clube dos ditos tenha convidado um ministro para proferir uma
palestra. Precisamente, algo que nunca se deve pedir aos nossos
governantes, pois que são conhecidos por terem grandes dificuldades
em usar o português e em articularem um discurso coerente, objectivo
e verdadeiro.
Quinta:
Que o ministro, sempre a rir, como que advertindo para não o tomarem
a sério, proclamou que os portugueses devem “acreditar que em 2015
Portugal estará melhor que aquilo que está hoje”.
Sexta:
Justamente por se saber como estamos hoje e se pressentir como
estaremos pior amanhã, estranha-se que isto dito num “clube de
pensadores” não tenha havido reacção discordante de nenhum dos
pensantes ali pasmados - o que é susceptível de comprometer a
justeza dos pensamentos que elaborem dentro e fora do clube...
Sétima:
O ministro, assumindo o papel de atrevido pedinte, brincou:
“Peçam-nos os resultados no fim do mandato”. Bonita brincadeira!
Os “pensadores” assobiaram para o lado... Houve um (o
presidente?) que muito gritou e gesticulou (mais uma curiosidade na
atitude de um “pensador”). O que seria óbvio vir ao pensamento
de um pensador era, de imediato, ripostar: E quantos estarão cá,
neste malfadado recanto nacional, vivos ou em estado de sanidade
mental, para vos fazer esse pedido?
Oitava:
O ministro que anda há mais de um ano a propor a refundação do
Estado veio agora dizer que “a questão não está na refundação,
mas na redefinição das funções do Estado”. A criatura
ministerial já que não admite redefinir-se a si mesma, assim
permitindo a refundação do executivo, contenta-se em baralhar e dar
de novo as desengraçadas cartas de um baralho viciado há demasiado
tempo.
Nona:
Em dada altura, esquecendo-se que estava num “clube de
pensadores” o ministro resolveu mostrar os seus dotes de cantor.
Quis acompanhar o coro que entoava “GRÂNDOLA, VILA MORENA”.
Sorria, notoriamente contrafeito. Mostrava os dentes. De quando em
quando subia o tom da voz esganiçada. Desafinava constantemente.
Foi um desastre completo. Também confrangedor. Muito patético. O
sujeito não tem futuro como artista das cantorias. Embora se lhe
reconheça alguma aptidão para as exibições folclóricas. Aliás,
no seu currículo está referenciado o exercício da importante
função de presidente da assembleia geral de uma associação
folclórica da região tomarense – o que teve marca indelével em
badalada equivalência de apetências escolares... Algo gratificante
em termos de sabedoria funcional no seio do governo que nos caiu em
rifa eleitoral. Além de que lhe facultou projecção social no areal
de Copacabana, no Rio de Janeiro e nas margens do grande lago de
Brasília...
Décima:
Pelo próprio ministro foi feita uma enternecedora confidência de
natureza muito íntima que terá sido bem acolhida pelos membros do
“clube de pensadores”: “sou uma pessoa íntegra”. De facto,
tal expressão do pensamento da ministerial figura está em
consonância e credita a escolha do clube. Este, mostrou-se muito
inspirado e assertivo, porque num outro selecto clube (o
governamental) composto de vários ministros e podendo optar por um
ou outro dos vários que, afinal, figuram mal retratados na montra do
Terreiro do Paço, acertou logo, em cheio, num que pela sua
integridade e aptidões artísticas de múltiplas naturezas, destoa
de todos os outros, como faz supor a invulgar declaração do
ministro ali em foco. Sim, porque se ele sentiu necessidade de marcar
posição ímpar ali, num recatado “clube de pensadores”, foi
baseado na precaução de não ser confundido com os demais...
Lá
diz o ditado: “Homem prevenido vale por dois”... E o chefe Coelho
também acredita que o seu protegido vale, pelo menos, por dois
ministros, Se calhar, até pela totalidade do (des)governo...
Parte
II. Curiosidades institucionais
Primeira:
O actual governo português é constituído por duas componentes:
uma, a dos negócios internos; outra, a dos negócios estrangeiros.
Segunda:
A primeira área governamental é dirigida pelo chefe Coelho, que
passa os dias a saltitar por todo o território nacional. A segunda
área está subordinada ao subchefe Portas que está constantemente
em viagens pelo estrangeiro, actuando como caixeiro-viajante que
procura fazer “negócios estrangeiros”; aliás, em total
correspondência com a designação do respectivo ministério. Actua
com desenvoltura de portas adentro e sem dependências de passos
incertos e desconcertantes...
Terceira:
O chefe Coelho dispõe dos chamados ministros por quem reparte as
tarefas em curso de navegação à deriva. Esta, ressente-se da
imperícia do comandante e das deficientes prestações dos
comissários e dos maquinistas. Daí, que o barco não tenha um
regular percurso...
Quarta:
Um pouco à distância do chefe/comandante Coelho e em contacto
directo com os ministros encontram-se os secretários de Estado;
melhor dito, os secretários de vários estados de desconformidade
governamental – aqueles que a cavacal figura presidencial apelidou
de “ajudantes”. Estes são, às vezes, uns coitados que se vêm
em palpos-de-aranha porque não conseguem dar uma para a caixa... Por
isso, é que alguns deles nem querem dar nada para a caixa da
SEGIRANÇA SOCIAL... E neste ponto, a porca torce o rabo.
Forçosamente!
Fim
Nota:
Esta crónica foi escrita ao desabrigo do famigerado Acordo
Ortográfico.
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