Estimadas senhoras,
Caros senhores,
Aqui, as Marcelices.
É uma desgraça cultural que persiste…
E atinge quem, afoito, se aventura a olhar para o SOL.
Cumprimentos.
Brasilino Godinho
“Marcelices”…
Do Prof. Seixa *
*Às vezes, designado Prof. Sousa.
Para quem não saiba, informamos que “seixa” é uma espécie muito apreciada de pombo bravo, esquivo, também chamada “sousa”, que não dispensa a conhecida variedade de fruta manga, vulgo “rebelo”.
Trata-se de um pombo traquinas de aspecto simpático que, todos os domingos, à noite, num programa televisivo, arrulha com desenvoltura e trejeitos que fazem as delícias da interlocutora.
Brasilino Godinho
brasilino.godinho@gmail.com
http://quintalusitana.blogspot.com
Esta inglória tarefa de escrever sobre a desgraça cultural que é o BLOGUE do Prof. Seixa, todas as semanas exposta à vista desarmada no interior do SOL está a tornar-se insuportável porque cansativa e exasperante face à rotina e vulgaridade das notinhas insípidas que a ilustre personagem faz questão de apresentar aos leitores daquele semanário.
Mas parece que não há outra alternativa se não prosseguir no enfadonho trabalho que, inevitavelmente, também descambará numa rotina necessária para todos tomarmos consciência do disparate consagrado em cada edição da referida “desgraça”.
Aliás, no domínio das habituações, as mais díspares e arreliadoras, vamos tendo, nos últimos anos, muito que lamentar.
Quem há por aí que não se lembre da observação feita pelo maçon António Vitorino quando, pouco tempo depois da tomada de posse do actual governo socialista, se manifestavam as primeiras contestações aos deslizes da nova governação, que ia no sentido da sujeição dos cidadãos ao arbítrio do Poder? Ele disse: Habituem-se!
Daqui se conclui que a nossa sina é suportar desgraças. E se nos temos de aguentar com a grande desgraça nacional de termos um Estado e governo maçónicos, decerto que enfrentar a “desgraça cultural” do BLOGUE das “marcelices” é um mal menor, embora não se descartem os nefastos efeitos, dela decorrentes, no tecido cultural da sociedade portuguesa.
Vejamos algumas notinhas, quais pérolas de adorno da dita desgraça.
“SUBMARINOS Será verdade o que decorre do SOL? Ligação entre submarinos e CDS de Portas? Tema a acompanhar nos próximosmeses (quiçá anos)”.
Nosso comentário
O professor bem pode esperar sentado… Os submarinos serão destacados para as sossegadas águas de bacalhau onde ficarão a hibernar até serem consumidos pela ferrugem e deterioração criadas pela salinidade e pelos fungos malignos entretanto surgidos das profundezas do meio ambiente…
“PARENTE Álvaro. Campeão 2007 do World Séries by Renault. Parabéns”.
Nosso comentário
Quem diria que o professor tinha um parente Álvaro… Campeão? E logo do World Séries by Renault. Pressente-se quanta alegria vai nesse coração e a dimensão da fortaleza de ânimo que se anichou na vossa cabeça, de mestre de Direito. Decerto os seus leitores, igualmente, se sentem felizes com a sua felicidade. Parabéns professor!
“Lançamento De jurisprudência anotada do Código do Trabalho. Uma das autoras, a sobrinha Mafalda. Hiperdiscreta. Passou pela Faculdade, boa aluna, nunca usando o apelido”.
Nosso comentário
De registar a menção da sobrinha Mafalda ser mui discreta, boa aluna e… nunca ter usado o apelido na Faculdade. Notícia relevante nos tempos que correm. Mais importante o professor dar essa garantia. O que demonstra o enorme esforço do professor a tê-la acompanhado, como uma carraça, em todos os instantes. Sobretudo é, por demais, evidente que o professor, durante os anos da frequência académica da menina Mafalda, esteve atento aos seus passos e foi muitíssimo indiscreto.
Fazemos uma pergunta: Qual será a opinião da Mafalda sobre este assédio familiar?
“CEGA Prova de vinhos nas Lágrimas. Dão e Bairrada. (…)”.
Nosso comentário
Claro! Que ela foi cega. Não é da sabedoria popular que “o vinho dá vista a cegos”? Com lágrimas ou sem lágrimas…
“CONFRARIA Devia ser por estes dias. A reunião dos confrades da Bairrada. No Buçaco. Não fui convocado. Que terá sucedido?”.
Nosso pedido
O professor, magoado, faz o reparo de não ter sido convidado. Nem sabe porquê.
Por favor: quem tiver a resposta transmita-a sem demora ao professor. Acabem com a angústia da criatura.
“NETOS Excitados, ao jantar, com a festa de Natal da escola (O Lar da Criança) a 11. Francisco, espigado, pisco a comer. Teresa, furacão e enfardadeira ambulante. Calada, Madalena, gorda e feliz”
Nosso comentário
Triste sina a dos netos do professor. Tão novinhos e já nas bocas do mundo. Por culpa de um avô demasiado obcecado pelos almoços, jantares e provas de vinhos. Daí, às vezes, passar-lhe ao lado aquela subtil propriedade do ser pensante que tem a ver com a sensibilidade. Ou, dito de outro modo, não aplicando a faculdade de percepcionar e reagir com discernimento e acautelando valores de referência do próximo e do familiar.
Mas, alto lá, professor! Não será o senhor mais enfardador ambulante que a máquina agrícola por si designada Teresa? Quem sai aos seus nem degenera…
“MADRUGADA Terminei a noite. Ou melhor, comecei a madrugada reencontrando um trio perdido há longos meses: Jorge Sampaio, Luís Marques Mendes e eu. O último jantar a três fora há quase um ano! Tuberculose, Biomassa e Direito não mataram a curiosidade cívica…
Nossa observação
Olha que três pardais de telhado. Tomamos nota que os ditos têm o hábito de jantar a três. E como assegurada está a finalidade de não matarem a curiosidade cívica resta à malta conjecturar quanto às formas, conteúdos e extensões das curiosidades cívicas dos três comensais. Haverá muito milho para os três pardais… Como após as matérias congeminadas, resultarão as digestões?
“NATAL I Jantar em minha casa (o último foi em 2002, a seguir à morte do pai e a três meses da, também inesperada, morte da mãe). Encontro virado para os netos – três meus, um do António (o Duarte)”.
Nosso comentário
Mais outro jantar… E, de novo, os netos na berlinda… O professor não se dá conta do massacre dos leitores e dos netos?
Vamos anotar que o filho do António é o Duarte. E como nós, eventualmente, muitos leitores farão o mesmo. Bem-haja, pela atenciosa informação!
BIBLIOTECA Adiado para Janeiro ficou o jantar com o pessoal da Biblioteca. Por dificuldade em marcar sítio, a 19. Pena”.
Gaita! Mais outro jantar. Este adiado. Que pena… O professor só pensa em jantaradas… E a Teresinha é que fica com a fama de comilona… Se calhar sem ter o proveito. Mundo cão. Avô insensato…
ALMOÇO Com professores. O clima académico incentiva-se”.
Tinha que ser! Das mulheres, quando no seu estado interessante, se comenta que andam de pipo. Extrapolando pelo lado da semântica estamos tentados a considerar que no círculo do Prof. Seixa está consagrada a prática de encher o pipo como a forma mais expedita de incentivar o clima académico. Por apurar: se com poluição de muitos ou poucos gazes…
COFINA Estou no SOL por causa do José António Lima. Agora, a Cofina entra para sócia. Há quatro anos convidou-me para a Sábado. E eu não pude aceitar. As voltas que o mundo dá. E será que Paulo Fernandes, que não é parvo, percebe todo o alcance do SOL?”.
Nosso comentário
Ó professor! Em que ficamos: O Paulo Fernandes não é parvo? Ou é mesmo parvinho de todo? Dá-se a circunstância de que o professor admite que ele o seja ao por a hipótese, nada lisonjeira, de ele não perceber o alcance do SOL.
Pela nossa parte poríamos a mão no fogo para aceitar que o Paulo Fernandes percebe o alcance do SOL. Está fartinho de perceber. Pois quê não haveria de perceber?...