Prezadas senhoras,
Caros senhores,
Envio-lhes uma crónica sobre o Tratado Reformador de Lisboa.
Aproveito a oportunidade para enviar às minhas leitoras e leitores fidelíssimos, às leitoras e leitores fiéis e a todos os leitores que me são infiéis ou hostis os votos de um FELIZ NATAL e um BOM ANO NOVO.
Com os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho
Um texto sem tabus…
EM REDOR, MUITOS LANÇARAM FOGUETES…
MILHÕES VÃO TER QUE APANHAR AS CANAS
E VEREM-SE
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Aqui e agora, umas breves notas sobre as peripécias relacionadas com a presidência portuguesa da União Europeia.
Há seis meses que o chefe do governo português, os ministros e os respectivos “ajudantes” vinham porfiando em conseguir: a realização do encontro dos dirigentes europeus com o presidente dos Estados Unidos do Brasil, a concretização do diálogo Europa-África (em Lisboa); e o cerimonial das assinaturas do Tratado Reformador.
Neste mês de Dezembro, quase no termo do mandato da presidência portuguesa da União Europeia, foi declarado oficialmente que se atingiram aqueles três importantes objectivos. O último (Tratado Reformador) precedendo a inequívoca ajuda de Ângela Merker, chanceler da Alemanha. E não só dela…
Curioso – mas nada surpreendente - que na hora do regozijo e da festa ninguém se lembrasse de facultar a indicação de que o “êxito” dos governantes portugueses envolvidos nos acontecimentos teve a “preciosa ajuda”(senão a orientação mui sábia) da estrutura internacional da Franco-Maçonaria. Sem margem para dúvidas esta organização, agindo discretamente, teve um papel preponderante na evolução e desfecho das tarefas em curso durante os últimos seis meses. E conforme as suas normas de reserva e ocultação, sem se chegar à frente do palco mediático para receber os louros da vitória. Mais uma vez bastou refugiar-se na penumbra deixando as luzes da ribalta para os actores principais visíveis a olho nu: José Sócrates, Durão Barroso, Luís Amado e alguns outros mais.
Claro que o “sucesso” deve ser encarado com alguma parcimónia e circunscrito ao aspecto formal.
Não devemos embandeirar em arco triunfal com todo o aparato e folclore que esteve associado aos espectaculares eventos.
É que o encontro em Lisboa com o presidente Lula revestiu-se de carácter protocolar, de discussão de temas de âmbito internacional e propósito de estabelecer pontos de convergência de interesses económicos cruzados entre as duas partes. Muita parra. Pouca uva colhida na vindima… Consequência: fraca produção de apetecível vinho para os correlativos brindes de circunstância à amizade entre os povos…
A reunião de europeus e africanos foi quase um fiasco tendo em conta que sobressaíram as reservas dos presidentes do Senegal, da África do Sul, da Líbia e do Gana. Apesar das declarações de boas intenções em aprofundar o diálogo afro-europeu e se terem assinado alguns acordos de financiamentos da União Europeia a determinados países de África. No levantar da tenda do beduíno líbio, espremido o limão, soube a pouco o sumo derramado para o bule do chá das cinco…
A cereja sobre o bolo correspondeu às assinaturas do novo convénio designado “Tratado Reformador de Lisboa”. Este é, praticamente, a versão um pouco corrigida do texto constitucional desaprovado em referendos pela França e Holanda. Dele foram excluídos o hino e a bandeira da Europa. O que é sintomático da falta de consenso sobre a identidade da União Europeia.
Com a promulgação deste tratado pelos 27 países, todos vão perder partes de soberania e os países de menores expressões territorial, populacional e económica ficarão em posições subalternas relativamente aos cinco grandes: Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Polónia. A Alemanha que é o motor da economia europeia e que contribui com 20% do orçamento da comunidade passará a ter um papel preponderante na condução dos destinos da comunidade. Em termos práticos, o Estado germânico, de mansinho, pela via diplomática e prevalecendo-se do seu poder económico, sessenta e dois anos após o fim da segunda guerra mundial, alcança a hegemonia que Hitler ambicionava nos anos quarenta adquirir pela força das armas.
Não se afiguram tranquilos e benéficos para os povos dos 27 países os tempos futuros de hipotético desenvolvimento do projecto(?) europeu que nem estando devidamente definido, obviamente, não está bem estruturado. A própria Franco-Maçonaria que inspirou a criação da comunidade europeia e que a vai tutelando não tem ideias precisas quanto à sua estrutura orgânica. Embora esteja ciente daquilo que pretende dela. Ou seja: o seu completo domínio. E assim mais fortalecer o seu poder na Europa e no Mundo.
É demasiado vaga, nada tem de consistente e revela-se exemplar da vacuidade do predominante discurso dos dirigentes da Europa a seguinte afirmação pronunciada por José Sócrates na cerimónia oficial efectuada no Mosteiro dos Jerónimos: “O Tratado reafirma o compromisso da EU com os valores de identidade do projecto europeu: legalidade democrática, respeito pelos direitos fundamentais, liberdades comunitárias, igualdade de oportunidades”.
Inexpressiva síntese. Desfasada da realidade. Cingindo-nos à experiência que todos temos da actual situação portuguesa, interpelamos Sócrates: Qual projecto europeu? Quais valores da identidade de um projecto indefinido e inconclusivo porque vagamente subentendido no “Tratado”? Onde se nos depara a legalidade democrática? Será que temos outra legalidade que não é democrática? De que formas e conteúdos se comporia a nossa legalidade democrática? Quem, em Portugal, garante que os direitos fundamentais são respeitados? Como assim? Liberdades comunitárias? A comunidade tem liberdades muito suas? Que liberdades comunitárias serão essas? Haverão liberdades autocráticas? Liberdades republicanas? Liberdades totalitárias? Em que se distinguem umas das outras? Igualdade de oportunidades? De que ignoradas oportunidades estava o primeiro-ministro a pensar? Por acaso não se lembrou das oportunidades de desemprego, de miséria e de exploração, que tão bem deve conhecer no país que é o seu?
Por sua vez, Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, disse: “A Europa tem fome de criação e sede do futuro. A Europa quer, por simples designação geográfica, tornar-se pessoa civilizada”. Este alto dirigente europeu “esqueceu-se” de esclarecer quais criação e futuro. E urge que preste um esclarecimento: Porque conduziram a Europa a esses deploráveis estados de fome e de sede? Então a Europa quer tornar-se pessoa civilizada? Presentemente não o é? Afinal tanto tempo perdido e imensa gente a apregoar urbi et orbi as virtudes e o fascínio da civilização ocidental no pressuposto que ela teve génese no nosso continente e Durão vem agora com essa treta de que a Europa não é pessoa civilizada. E de chofre transformada; retornando ao mundo civilizado, por um golpe mágico de simples designação geográfica? Nem o Luís de Matos faria coisa semelhante… Aliás, perplexos, interrogamo-nos: O que fará “correr” Durão Barroso ao aceitar servir uma pessoa incivilizada?
Depois, melhor ponderando, o que a Europa deve querer é ser pessoa de respeito e solidária.
Igualmente, a Europa precisa de mais rigor e acerto na governação. Inclusive: cessar a política de ataques cerrados às culturas ancestrais dos povos e de nivelamentos anómalos de procedimentos autoritários, incorrectos e absurdos, sem atender às sensibilidades específicas dos indivíduos que integram nações com muitos séculos de história. Exactamente o caso de Portugal. E, acima de tudo, a Europa deve libertar-se da pesada, asfixiante e tenebrosa canga maçónica.
Pela amostragem das precedentes citações se poderá antever o sombrio futuro da Europa. Ocorre questionar: É com gente comprometida com obscuros interesses de seitas ao leme da embarcação europeia que a Europa será conduzida por um rumo seguro que traga o engrandecimento da comunidade e um futuro risonho para os povos que a integram?
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