Estimadas senhoras,
Caros senhores,
Junto uma crónica sobre o estado da Nação.
Se estiver de acordo com o seu conteúdo encaminhe-a aos seus amigos.
Porque contem matéria importante de interesse geral.
Urge que o maior número de portugueses tome consciência da necessidade de reflectirmos sobre o País.
Também se impõe que todos sejamos mais exigentes na defesa dos direitos de cidadania e rigorosos na apreciação das acções político-administrativas que condicionam a nossa existência e a vida do colectivo dos cidadãos.
Cumprimento.
Brasilino Godinho
Um texto sem tabus…
TERRA DE INDÍGENAS À MÍNGUA
MAS PARAÍSO DE GENTE REGALADA
E ABUSADORA
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
1 - Há muito tempo que está consagrada na linguagem corrente a expressão: “Portugal é um jardim à beira-mar plantado”.
Seja porque: o jardim tenha sido mal plantado; as plantas e as flores não adequadamente adubadas e regadas; a localização inadequada à beira-mar, com os ares marítimos a prejudicar o normal desenvolvimento e sobrevivência das espécies; a vigente arte de cultivar não siga as mais elementares regras da jardinagem; e os jardineiros trabalhem mal e porcamente; certo é que o espaço - onde seria suposto existirem as belas plantas e as lindas flores do nosso encantamento, a utilitária terra fértil e de culturas variegadas e, ainda, o local aprazível de refúgio propício à tranquilidade no qual nos cruzaríamos, frequentemente, com pessoas respeitáveis e respeitadoras, adornadas com os atributos da idoneidade, da boa compostura ética e do aprimoramento cívico - está cada vez mais desgracioso, feio, sujo e repelente.
Decerto, que seria interessante e proveitoso que o jardim Portugal fosse bem frequentado e proporcionasse aos residentes (e aos estrangeiros) agradáveis impressões de bem-estar e deleite espiritual. Não é o caso.
Enquanto os indígenas não desfrutam o referido jardim porque lhes é vedado o acesso e também porque lhes fenece o ânimo, dado viverem inquietos, famintos, desnudados, sofredores e desprezados pelos falsos zeladores do regular funcionamento da sociedade do consumo que lhes está cerceado e mesmo, a cada momento, mais distante e fugidio; as gentes dos “bons costumes” do oportunismo, da ganância, da desvergonha, dos compadrios, das negociatas, muito afeiçoadas aos grandes proventos, cativaram a parte mais substancial, vistosa e deslumbrante do jardim Portugal, abocanharam-na e chamaram-lhe um figo. A ela, deliciosa iguaria, comem-na como se fora uma pêra doce, sem amargos de boca e jamais sentindo quaisquer sentimentos de remorso pela indevida apropriação. Igualmente, à-vontade, sem entraves da parte das autoridades policiais…
2 - Assim, de jardim nunca bem concretizado, o Portugal dos nossos dias passou à categoria de “Quinta Lusitana” onde as criaturas, que parecem ter o rei na barriga e passam o tempo a contemplar o umbigo, se instalaram na condição de donos e como se o fizessem numa reserva de caça privativa.
Escusado será dizer que na “Quinta”, abusivamente tomada de assalto por eles, não cabem os indígenas. Escorraçados pelo Poder, detido pela grande confraria dos “amigos da onça”, os indígenas estão confinados num gueto nacional. A este convergem as maiores arbitrariedades e ofensas à dignidade da pessoa humana vindas do poderoso núcleo de “irmãos” que tudo comanda, desgoverna e subverte em Portugal.
3 - Nos últimos tempos acentuou-se a degradação das condições de vida de imensa camada da população. Para isso contribuíram: baixos salários, pensões de reforma miseráveis a diminuírem ano após ano em contraposição aos crescentes aumentos dos custos dos bens essenciais: alimentação, transportes, vestuário, habitação, electricidade, cuidados de saúde, educação, combustíveis e telefone. E não só. Factor importante do agravamento das carências e dificuldades da maioria da população tem sido a escalada progressiva dos impostos directos e indirectos.
Sintetizando: o cidadão vulgar não integrante, nem comparsa da “Quinta Lusitana” tem vida muitíssimo complicada, sem esperança de estabilidade e de futuro risonho. É que as sujeições e os agravos são muitos, paralisantes e arrastando dramáticas consequências. Os responsáveis dos maus-tratos trazem-no debaixo de olho, estão atentos e operando… Baixam-lhe o poder de compra. Reduzem-lhe o vencimento. Privam-no de se alimentar convenientemente e aos familiares. Dificultam-lhe o acesso à assistência médica e aos medicamentos. Regateiam-lhe o ensino aos filhos. Negam-lhe a educação. Afastam-no da cultura. Não satisfeitos, tratam-no como atrasado mental que nem perceberia as intrujices e patacoadas com que o querem confundir e aliciar – o que representa inqualificável insulto e grave ofensa à dignidade e inteligência do ser pensante.
Inclua-se a persistente insegurança pública e ficaremos com uma visão nítida do descalabro a que chegou a situação do País.
4 - Mas se - como referimos nos antecedentes - daquelas maneiras restritivas, grosseiras, desumanas e prepotentes, são tratados os indígenas, aos grandes administradores e aos políticos que se exibem na praça pública e no circo político são atribuídos enormes vencimentos, avultadas comissões, chorudos subsídios e altíssimas mordomias. Benesses que seriam escandalosas se não fora o caso de Portugal ser o pais da Europa onde os escândalos desta natureza são mais rotineiros e numerosos e o povo já se ter habituado a este estado de coisas ao ponto de, infelizmente, não lhe dispensar a atenção reprovadora que se impõe. Tome-se nota que estamos confrontados com um quadro de ignomínia, de desfaçatez e de imoralidade, que é - de facto - um dos motivos de atraso e de descrédito de Portugal. Falamos de uma clique de atrevidos, obscenos, oportunistas, acantonada numa nação pobre. Eles auferem rendimentos iguais ou superiores aos mais elevados dos homólogos de países ricos como os Estados Unidos da América, Reino Unido, Alemanha, França e outros de idêntica grandeza e projecção mundial. Por exemplo: o presidente e membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal. A criatura, Victor Constâncio, repete constantemente em público que é preciso conter os salários e as despesas da Administração Pública. Porém, esquece-se da sua pessoa. Convenhamos que é preciso ter enorme lata. Logo ele e esposa que têm rendimento anual de milhões de euros. Devia estar caladinho. Por elementar decoro e imperiosa coerência exigíveis a um alto responsável de uma instituição da importância do Banco de Portugal. Que autoridade moral tem Victor Constâncio para exigir sacrifícios aos portugueses quando ele - que devia dar o exemplo - os recusa para si próprio?
Igualmente noutras áreas como a da Justiça falha a protecção dos cidadãos anónimos. As leis chegam a ser elaboradas com o deliberado propósito de favorecer certos indivíduos a contas com os tribunais (como aconteceu, recentemente, com o caso da Casa Pia). A Justiça que devia ser cega e equitativa, nalgumas ocasiões, tem dois pesos e duas medidas, consoante as pessoas envolvidas nos processos judiciais integram as classes primeira, segunda e terceira.
Quase todos os dias os portugueses são confrontados com notícias de falcatruas, de irregularidades, de transgressões, de novos e gravosos encargos e de graves danos infringidos aos cidadãos e trabalhadores da Função Pública.
Resultado: os ricos mais enriquecem, enquanto os pobres mais empobrecem. A cada dia que passa maior é o fosso que os separa.
5 - O que tudo isto quer significar? Que está em curso uma política de malvadez, de embuste, do faz-de-conta, de perseguição a cidadãos desalinhados com o sistema, de censura e cerceamento da liberdade de expressão, de encobrimento de intenções obscuras, de exploração desenfreada, de medidas de repressão económico-social, que visa provocar o agravamento das já precárias condições de sobrevivência de inúmeros portugueses e extinguir a classe média; sobretudo, instalar um clima de desespero, de medo e de resignação que leve os portugueses a desistirem de pugnar pelos seus inalienáveis direitos. Com três maquiavélicos, criminosos, objectivos: o extermínio do maior número de indivíduos com parcos recursos; a mortandade dos deficientes; o apressado colapso dos idosos. O que aliviando a pressão demográfica seria a panaceia do equilíbrio do Orçamento do Estado e, supostamente, das contas da Segurança Social. Com a vantagem de deixar o campo mais livre e a atmosfera algo desanuviada para certa gente prosseguir a exploração em grande e à-tripa-forra da “Quinta Lusitana”.
Fixemos a realidade que está à vista de todos que não sejam “cegos” e pobres de espírito: É na sombria perspectiva de liquidação das pessoas e de subversão e (ou) anulação dos valores distintivos de uma sociedade forte, coesa, fraternal e sadia, que se revêem os grandes mentores dos não menos grandes protagonistas da desgraça nacional que, actualmente, atinge este país.
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