A Quinta Lusitana
Entre nesta "quinta"! Atente na sua beleza formal! Apodere-se do seu "recheio"! Pondere... Divirta-se com as paródias e os "artistas" do circo... Resista à tentação de chorar face aos quadros mais tristes... E recupere a auto-estima!... Visto, lido e respigado: Vai gostar!... Também, no seu interior, conheça de quantos irão detestar a QUINTA LUSITANA... Do mesmo modo, vai saber porquê...
Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!
SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA
SE FIXOU TODINHA EM LISBOA
NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...
Motivo: A "QUINTA LUSITANA "
ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...
QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...
e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho
Tomo a iniciativa – porque vem à colação - de vos apresentar uma minha crónica publicada neste blogue em 20 de Junho de 2006. Tem a particularidade de, numa primeira reacção à leitura, julgarem que ela terá sido escrita agora, tal é a sua plena actualidade.
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!
SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA
SE FIXOU TODINHA EM LISBOA
NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...
Motivo: A "QUINTA LUSITANA "
ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...
QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...
e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho
domingo, setembro 30, 2012
Vamos lá destrinçar a ligação
entre o “inteligente” Borges
e os “ignorantes” empresários…
Brasilino
Godinho
Hoje, no Fórum Empresarial do Algarve, o
economista António Borges, mandatado consultor do governo, encarregue de
processar as privatizações das grandes empresas nacionais, disse: “Os empresários que estão contra a TSU são
completamente ignorantes”. E, com alguma pesporrência, acrescentou: “E não passariam no primeiro ano do meu curso na
faculdade”. Não satisfeito com o seu desplante, rematou: “A medida era inteligente” .
Como se apreende é fácil a um artista mui
vocacionado para tais efeitos supostamente habilidosos, usar um breve tempo de
elocução para dizer tão grandes barbaridades. E neste campo das facilidades de obscura
expressão, o homem das privatizações em curso já nos habituou a várias espécies
de dislates, mais ou menos ofensivos, apontados quer à comunidade, quer visando
directamente determinados sectores da mesma.
A criatura Borges está convencida de que
é um personagem “completamente” inteligente que vive num país onde todos seus
compatriotas, incluindo os empresários, serão “completamente ignorantes”. Se
assim fosse ele era um homem feliz, atendendo ao facto de que em terra de cegos
quem tem olho é rei.
Que o sujeito tem olho, embora vesgo e
de visão restrita, unilateral, não há dúvida. Todos temos essa convicção. Só
que imensos portugueses não são ceguetas. Daí, António Borges nem ser rei de
qualquer coisa ou de simples sucata. Quiçá, por esta circunstância pessoal, seja
infeliz…
Além de que ele terá, indubitavelmente,
metido mais uma vez o pé na poça. Para além da deselegância no procedimento, da
grosseria da expressão e da gratuita ofensa aos empresários, está por
demonstrar que a atitude do economista António Borges corresponda a um elementar
factor de inteligência. Pelo contrário, custa admitir que tal postura releve de
inteligência e seja, ela mesma, admissível como medíocre ou de mediano alcance.
Por outro lado, com que fundamento,
apurado sentido de faculdades de alma ou, ainda, qualquer competência nas áreas
do conhecimento, da psicologia clínica e das ciências neurológicas, o
economista Borges se permite classificar os empresários discordantes da
famigerado TSU de “completamente ignorantes”. Certamente, fá-lo presumindo ser
“completamente” inteligente. Sobre tal apressada presunção própria,
provavelmente não faltarão comentadores que contraponham a interrogação: Não
será ele “completamente ignorante” nas matérias que extravasam da sua área
especializada: a económica? E mesmo nesta, será a sumidade que se lhe atribui?
A infeliz referência à Faculdade de
Economia que frequentou também é tiro dado pela culatra. E a instituição sai
ferida neste indecoroso desencontro com o recomendável bom senso. Pois que ela
não se deverá rever em quem demonstra ser uma personalidade com algumas
deficiências nas imprescindíveis componentes da formação cívica e da educação.
Isto considerando que a universidade não se deve limitar a instruir, a
ministrar conhecimentos, mas sim a formar homens íntegros, de mente sã e
compenetrados dos seus deveres de cidadania e de respeito para com o próximo. Também,
preparando para a vida pessoas naturalmente predispostas ao inequívoco
cumprimento dos preceitos da igualdade, da solidariedade, da liberdade, da
tolerância e da transparência.
Quanto à “inteligente medida” está
comprovada a sua ineficácia e a generalizada convicção da sua bizarria eivada
de insensatez. Tão-pouco lhe assenta a classificação de inteligente, segundo a
abalizada opinião de conhecidos especialistas e se depreende da sua vacuidade.
A maioria dos economistas, os
empresários, os trabalhadores e inúmeros portugueses, preenchem o leque
classificativo dos “completamente ignorantes” atribuído por Borges; o qual,
dando-se a conhecer como o autor ou um dos autores da destrambelhada ideia, se
exclui, implicitamente, da condição de “completamente ignorante” para se
figurar, de forma atrevida e expediente abusivo, como completamente
inteligente.
Para melhor elucidação dos leitores
neste domínio das completas ignorâncias induzidas por António Borges e da
completa inteligência que por iniciativa própria lhe subjaz, nada melhor que o
testemunho de uma reputada entidade estrangeira. Por sinal, integrante da ala
da Direita da política norte-americana. Ou seja: da mesma família política de
António Borges.
Com a devida vénia, transcrevemos um
despacho de Lusa/SOL:
29 de Setembro, 2012
Um artigo na revista do American
Enterprise Institute (AEI, influente 'think tank' da direita norte-americana)
descreve a proposta de reduzir a taxa social única (TSU) como «um autogolo» do
Governo.
«O Governo parece estar a caminho de agravar os
problemas económicos e políticos do país ao propor uma má solução para a perda
de competitividade», escreveu Desmond Lachman, investigador do AEI, na revista
'online' "The American".
O AEI é um dos institutos mais influentes no
pensamento político dos EUA, assumindo uma perspetiva de direita. Esteve
particularmente ligado à política externa dos governos de George W. Bush.
Várias figuras associadas ao AEI, como Richard Perle, Paul Wolfowitz ou John
Bolton, tiveram cargos nas administrações de Bush.
O artigo sobre a TSU, datado de 20 de setembro,
critica a proposta (entretanto abandonada) de mudanças às contribuições para a
Segurança Social, argumentando que «a última coisa de que Portugal precisa
agora é de mais cortes substanciais à procura agregada».
Desmond Lachman, um britânico que foi diretor do banco
de investimentos Salomon Smith Barney, compara a proposta do Governo «à ‘poll
tax’ proposta por Margaret Thatcher no Reino Unido em 1989, que tantos custos
políticos teve» para a então primeira-ministra inglesa.
No entanto, afirma o investigador do AEI, «o
aspecto mais preocupante desta proposta é que faz muito pouco sentido em termos
económicos» (sublinhado de Brasilino Godinho).
O Governo propôs no início deste mês uma redução de
5,75 pontos percentuais na contribuição das empresas para a Segurança Social
acompanhada por um aumento de sete pontos na contribuição dos trabalhadores. O
Executivo esperava que a medida resultasse numa redução do desemprego.
Lachman conclui o seu artigo escrevendo «esperemos que
o Governo português mude de ideias sobre esta proposta», o que de facto acabou
por acontecer.
Lusa/SOL
P. S. Esta é a primeira e julgo
que a última vez que escrevo sobre as desastradas palestras do economista
António Borges. Não vale a pena gastar tempo a comentar as suas inconcebíveis
opiniões; que, aliás, vão sendo cada vez mais incongruentes e predestinadas a
suscitarem generalizada repulsa e a conveniente desvalorização.
Brasilino Godinho
sábado, setembro 29, 2012
O sublime discurso
do Reitor da Universidade de Coimbra
Brasilino Godinho
No p. p. dia 19 de Setembro o Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra, Professor Doutor João Gabriel Silva, pronunciou na Sala dos Capelos, da universidade conimbricense, um discurso de celebração do início das aulas.
Trata-se de uma peça oratória de muito grande importância que deve ser lida e meditada pelo maior número de cidadãos deste país.
Por essa razão transcrevemos um excerto do discurso onde constam duas propostas que deveriam merecer o melhor acolhimento por parte do governo.
“Portugal
já passou por momentos piores do que os atuais: a fome e a morte durante as
grandes guerras do século XX, a noite de chumbo do Estado Novo e da guerra
colonial, a guerra civil e as invasões francesas no século XIX, a perda de
independência no final do século XVI e a guerra para a recuperar no século
XVII, o garrote da inquisição dos séculos XVI ao XVIII, as pestes recorrentes
na Idade Média, entre muitos outros.
Sobreviveremos também a esta crise, bem menor que essas outras. Portugal é um país de resistentes. Somos um povo que muitas vezes não se sabe governar, ou não teríamos chegado a esta situação, mas que sempre consegue descobrir a energia que lhe permite sair rijo da tempestade.
Quero por isso renovar a palavra simples que vos quis trazer quando tomei posse: o otimismo. Creio firmemente que a Universidade de Coimbra, graças ao intenso trabalho de todos, sairá reforçada desta crise.
Há, no entanto, um grave perigo que paira sobre nós: o envelhecimento. Uma Universidade é, em primeiro lugar, as pessoas que a compõem, e nenhum reitor pode assistir, sem manifestar a sua indignação, à progressiva degradação dos salários dessas pessoas. Mas também não pode assistir ao envelhecimento do seu corpo de professores, por indisponibilidade financeira para contratar tantos jovens brilhantes que ficam no desemprego. Estes jovens podem contribuir decisivamente para o avanço do conhecimento, a única verdadeira esperança para Portugal criar a riqueza necessária para sair da crise, e nós estamos a deixá-los inativos, ou a levá-los a emigrar contra a sua vontade. A crise que nos colocou nesta situação é-nos inteiramente exterior.
A Universidade de Coimbra, como outras universidades portuguesas, não tem dívidas nem pagamentos em atraso. No entanto, por sermos tão profundamente afetados por ela, sinto a obrigação de, em defesa da instituição que represento, me pronunciar sobre a origem da crise e sobre a forma de a debelar.
É neste contexto que pretendo realçar hoje duas propostas que reputo de centrais para a compreensão e resolução da crise. Não são inéditas mas, no meu entendimento, não têm tido a atenção prioritária que deveriam ter. Não quero produzir, como tantos, apenas uma declaração de oposição ao que está a ser feito por causa da crise: quero apresentar propostas concretas.
Em primeiro lugar, penso que é necessário definir melhor os limites do mandato dos nossos governantes. Sendo eleitos apenas pela geração atual, entendo que os Governos não estão mandatados para gastar o dinheiro das gerações futuras. Muitos dos jovens que sofrem os terríveis níveis de desemprego atual, e continuarão a sofrer no futuro próximo, nem sequer ainda tinham direito de voto quando foram tomadas muitas das decisões que nos levaram a esta situação. Tem de haver um limite ao que os governos podem pedir emprestado. A Constituição da República Portuguesa, garante da nossa liberdade e da nossa soberania, que por causa disso estabelece tantos limites à ação dos Governos, tem de conter também balizas para o endividamento, pois neste momento nada limita mais a nossa soberania, a nossa capacidade de escolher o nosso destino, a nossa liberdade, do que o peso sufocante da dívida. A Constituição tem de nos proteger da dívida excessiva, tal como nos protege de tantos outros abusos de poder.
A segunda proposta é mais profunda. A estrutura de impostos em Portugal tem de começar a mudar. A recente decisão do Tribunal Constitucional de declarar inconstitucional o corte dos subsídios salariais na função pública, "por violação do princípio da igualdade", convoca-nos para a discussão do que poderá ser uma distribuição justa do peso da dívida. Sendo a matéria em apreço de nível constitucional, importa lembrar que o objetivo último da organização da sociedade é permitir a todos viver com dignidade, quer agora quer no futuro. Nos tempos atuais poucas circunstâncias comprometem mais esse objetivo do que o desemprego, que leva à falta dos recursos mínimos indispensáveis a essa dignidade. Recuso por isso que a discussão sobre a distribuição do peso da dívida se reduza à discussão da sua repartição entre os salários do setor público e os salários do setor privado. Temos sim de encontrar mecanismos que retirem esse peso dos rendimentos do trabalho, parando e até invertendo o crescimento da carga fiscal sobre os salários. Se os custos com as pessoas são muito elevados, todas as instituições e empresas vão tentar ter o mínimo de pessoas, e ninguém as pode censurar por isso. É uma questão de sobrevivência. A carga fiscal muito elevada sobre o emprego é causa direta de desemprego. Reconheço que, em tempo de crise, não se pode pedir ao Estado para prescindir de receita. No meu entendimento há duas origens alternativas aos rendimentos do trabalho: os recursos naturais não renováveis e as transações financeiras. Vou debater apenas esta última pois não podemos esquecer que a origem primeira da atual crise é o descontrolo dos mercados financeiros, com a sua quase ilimitada capacidade para gerar especulação tóxica.
Defendo a introdução em Portugal de um imposto sobre as transações financeiras. Não é uma ideia nova; já foi muitas vezes aplicada em vários países. Por exemplo, no Brasil foi um dos instrumentos centrais que permitiu sair da época de hiper-inflação do final do século passado e entrar no atual período de forte desenvolvimento. Custa-me que em Portugal quase nunca se fale deste assunto, apesar de ser um importante motivo de discussão na Europa. Ainda agora uma sua versão bastante mitigada foi introduzida em França, e a chanceler alemã também a defende, como forma de financiar os mecanismos de estabilização financeira europeus
Uma variante particularmente conhecida foi proposta pelo já falecido Prémio Nobel da Economia James Tobin como forma de estabilização dos mercados cambiais, sendo por isso conhecida como "taxa Tobin". A ideia é aplicar a todos os movimentos bancários um imposto muito baixo, por exemplo de apenas 1%. Pode parecer pouco, e é pouco de facto, mas o volume das transações bancárias diárias é tão elevado que mesmo uma taxa baixa geraria montantes relevantes.
Portugal é um país particularmente adequado para uma taxa deste tipo, pois tem um sistema bancário muito evoluído, e um sistema de pagamentos eletrónicos dos mais avançados e mais abrangentes do mundo. É um imposto muito simples, pois não envolve o preenchimento de declarações por parte dos cidadãos, e muito robusto contra evasões fiscais, pois quase todo o dinheiro passa pelos bancos. A maioria esmagadora do dinheiro, como é bem sabido, nunca chega a ter a forma de nota ou moeda, sendo apenas um valor que viaja entre contas bancárias.
Há muitas vantagens neste mecanismo. Em primeiro lugar, alarga muito a base tributária para além dos salários. Incide sobre todo o PIB e não apenas sobre os salários, que representam menos de metade do PIB. Acresce que o dinheiro movimentado na "economia informal" (há quem diga que corresponde a um adicional de cerca de 25% do PIB) também passa, em larga medida, pelos bancos, pelo que também essa economia passaria a ser tributada, gerando muito maior justiça social. Abrange ainda o capital especulativo, como aquele que é controlado por robots que fazem compras e vendas em alta velocidade para aproveitar as micro-oscilações dos mercados de câmbios e das cotações da bolsa. Ao perder uma parte do dinheiro especulativo em cada transação, mesmo que muito pequena, a especulação financeira inevitavelmente abrandaria e causaria muito menos estragos na economia real.
Repare-se que um imposto de apenas 0,5% sobre as transações bancárias equivale aproximadamente ao corte de 7% nos salários do setor privado que foi agora anunciado pelo governo, pois a sua base de incidência é muito mais larga. É muito mais justo aplicar 0,5% a toda a gente do que 7% a apenas alguns.
Este novo imposto deve ser consignado ao pagamento da dívida. Assim, todo o dinheiro que por esta via é retirado do sistema financeiro é-lhe devolvido logo a seguir, atenuando muito a perturbação que a sua introdução poderia trazer. A objeção principal que é apresentada a este tipo de imposto é a de que pode levar à fuga de capitais se for introduzido por um país isoladamente. A França, que acaba de o fazer, não parece ter esse medo, mas se for introduzido simultaneamente num conjunto grande de países é claramente melhor.
Permitam-me neste momento a reafirmação de um princípio. Nas palavras do nosso colega reitor da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa, no seu notável discurso do dia 10 de Junho deste ano, para os portugueses a Europa não é uma opção. É a nossa condição. Nós somos europeus, e só o podemos ser com muito orgulho, pois ter orgulho na Europa é ter orgulho em nós próprios. Eu tenho imenso orgulho em Portugal, nestas gentes que são as minhas gentes, com quem quero viver e junto de quem desejo morrer em paz, quando for a hora.
Penso que Portugal deve estar na linha da frente da criação deste novo imposto multinacional, pois os enormes sacrifícios que estamos a aceitar dão-nos essa autoridade. Ser membro da União Europeia, e da zona euro, dá a Portugal a possibilidade de intervir nos locais onde estas decisões são tomadas. As pessoas não podem continuar a ser a referência principal dos impostos.
Taxemos os robots, taxemos o dinheiro, libertemos as pessoas. Aliviando os salários ajudamos também a evitar a perigosa espiral regressiva em que estamos mergulhados, em resultado da brutal redução do poder de compra dos portugueses.
A UC declara-se desde já disponível para ajudar a desenhar os mecanismos concretos para operacionalizar estas duas propostas.”
Sobreviveremos também a esta crise, bem menor que essas outras. Portugal é um país de resistentes. Somos um povo que muitas vezes não se sabe governar, ou não teríamos chegado a esta situação, mas que sempre consegue descobrir a energia que lhe permite sair rijo da tempestade.
Quero por isso renovar a palavra simples que vos quis trazer quando tomei posse: o otimismo. Creio firmemente que a Universidade de Coimbra, graças ao intenso trabalho de todos, sairá reforçada desta crise.
Há, no entanto, um grave perigo que paira sobre nós: o envelhecimento. Uma Universidade é, em primeiro lugar, as pessoas que a compõem, e nenhum reitor pode assistir, sem manifestar a sua indignação, à progressiva degradação dos salários dessas pessoas. Mas também não pode assistir ao envelhecimento do seu corpo de professores, por indisponibilidade financeira para contratar tantos jovens brilhantes que ficam no desemprego. Estes jovens podem contribuir decisivamente para o avanço do conhecimento, a única verdadeira esperança para Portugal criar a riqueza necessária para sair da crise, e nós estamos a deixá-los inativos, ou a levá-los a emigrar contra a sua vontade. A crise que nos colocou nesta situação é-nos inteiramente exterior.
A Universidade de Coimbra, como outras universidades portuguesas, não tem dívidas nem pagamentos em atraso. No entanto, por sermos tão profundamente afetados por ela, sinto a obrigação de, em defesa da instituição que represento, me pronunciar sobre a origem da crise e sobre a forma de a debelar.
É neste contexto que pretendo realçar hoje duas propostas que reputo de centrais para a compreensão e resolução da crise. Não são inéditas mas, no meu entendimento, não têm tido a atenção prioritária que deveriam ter. Não quero produzir, como tantos, apenas uma declaração de oposição ao que está a ser feito por causa da crise: quero apresentar propostas concretas.
Em primeiro lugar, penso que é necessário definir melhor os limites do mandato dos nossos governantes. Sendo eleitos apenas pela geração atual, entendo que os Governos não estão mandatados para gastar o dinheiro das gerações futuras. Muitos dos jovens que sofrem os terríveis níveis de desemprego atual, e continuarão a sofrer no futuro próximo, nem sequer ainda tinham direito de voto quando foram tomadas muitas das decisões que nos levaram a esta situação. Tem de haver um limite ao que os governos podem pedir emprestado. A Constituição da República Portuguesa, garante da nossa liberdade e da nossa soberania, que por causa disso estabelece tantos limites à ação dos Governos, tem de conter também balizas para o endividamento, pois neste momento nada limita mais a nossa soberania, a nossa capacidade de escolher o nosso destino, a nossa liberdade, do que o peso sufocante da dívida. A Constituição tem de nos proteger da dívida excessiva, tal como nos protege de tantos outros abusos de poder.
A segunda proposta é mais profunda. A estrutura de impostos em Portugal tem de começar a mudar. A recente decisão do Tribunal Constitucional de declarar inconstitucional o corte dos subsídios salariais na função pública, "por violação do princípio da igualdade", convoca-nos para a discussão do que poderá ser uma distribuição justa do peso da dívida. Sendo a matéria em apreço de nível constitucional, importa lembrar que o objetivo último da organização da sociedade é permitir a todos viver com dignidade, quer agora quer no futuro. Nos tempos atuais poucas circunstâncias comprometem mais esse objetivo do que o desemprego, que leva à falta dos recursos mínimos indispensáveis a essa dignidade. Recuso por isso que a discussão sobre a distribuição do peso da dívida se reduza à discussão da sua repartição entre os salários do setor público e os salários do setor privado. Temos sim de encontrar mecanismos que retirem esse peso dos rendimentos do trabalho, parando e até invertendo o crescimento da carga fiscal sobre os salários. Se os custos com as pessoas são muito elevados, todas as instituições e empresas vão tentar ter o mínimo de pessoas, e ninguém as pode censurar por isso. É uma questão de sobrevivência. A carga fiscal muito elevada sobre o emprego é causa direta de desemprego. Reconheço que, em tempo de crise, não se pode pedir ao Estado para prescindir de receita. No meu entendimento há duas origens alternativas aos rendimentos do trabalho: os recursos naturais não renováveis e as transações financeiras. Vou debater apenas esta última pois não podemos esquecer que a origem primeira da atual crise é o descontrolo dos mercados financeiros, com a sua quase ilimitada capacidade para gerar especulação tóxica.
Defendo a introdução em Portugal de um imposto sobre as transações financeiras. Não é uma ideia nova; já foi muitas vezes aplicada em vários países. Por exemplo, no Brasil foi um dos instrumentos centrais que permitiu sair da época de hiper-inflação do final do século passado e entrar no atual período de forte desenvolvimento. Custa-me que em Portugal quase nunca se fale deste assunto, apesar de ser um importante motivo de discussão na Europa. Ainda agora uma sua versão bastante mitigada foi introduzida em França, e a chanceler alemã também a defende, como forma de financiar os mecanismos de estabilização financeira europeus
Uma variante particularmente conhecida foi proposta pelo já falecido Prémio Nobel da Economia James Tobin como forma de estabilização dos mercados cambiais, sendo por isso conhecida como "taxa Tobin". A ideia é aplicar a todos os movimentos bancários um imposto muito baixo, por exemplo de apenas 1%. Pode parecer pouco, e é pouco de facto, mas o volume das transações bancárias diárias é tão elevado que mesmo uma taxa baixa geraria montantes relevantes.
Portugal é um país particularmente adequado para uma taxa deste tipo, pois tem um sistema bancário muito evoluído, e um sistema de pagamentos eletrónicos dos mais avançados e mais abrangentes do mundo. É um imposto muito simples, pois não envolve o preenchimento de declarações por parte dos cidadãos, e muito robusto contra evasões fiscais, pois quase todo o dinheiro passa pelos bancos. A maioria esmagadora do dinheiro, como é bem sabido, nunca chega a ter a forma de nota ou moeda, sendo apenas um valor que viaja entre contas bancárias.
Há muitas vantagens neste mecanismo. Em primeiro lugar, alarga muito a base tributária para além dos salários. Incide sobre todo o PIB e não apenas sobre os salários, que representam menos de metade do PIB. Acresce que o dinheiro movimentado na "economia informal" (há quem diga que corresponde a um adicional de cerca de 25% do PIB) também passa, em larga medida, pelos bancos, pelo que também essa economia passaria a ser tributada, gerando muito maior justiça social. Abrange ainda o capital especulativo, como aquele que é controlado por robots que fazem compras e vendas em alta velocidade para aproveitar as micro-oscilações dos mercados de câmbios e das cotações da bolsa. Ao perder uma parte do dinheiro especulativo em cada transação, mesmo que muito pequena, a especulação financeira inevitavelmente abrandaria e causaria muito menos estragos na economia real.
Repare-se que um imposto de apenas 0,5% sobre as transações bancárias equivale aproximadamente ao corte de 7% nos salários do setor privado que foi agora anunciado pelo governo, pois a sua base de incidência é muito mais larga. É muito mais justo aplicar 0,5% a toda a gente do que 7% a apenas alguns.
Este novo imposto deve ser consignado ao pagamento da dívida. Assim, todo o dinheiro que por esta via é retirado do sistema financeiro é-lhe devolvido logo a seguir, atenuando muito a perturbação que a sua introdução poderia trazer. A objeção principal que é apresentada a este tipo de imposto é a de que pode levar à fuga de capitais se for introduzido por um país isoladamente. A França, que acaba de o fazer, não parece ter esse medo, mas se for introduzido simultaneamente num conjunto grande de países é claramente melhor.
Permitam-me neste momento a reafirmação de um princípio. Nas palavras do nosso colega reitor da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa, no seu notável discurso do dia 10 de Junho deste ano, para os portugueses a Europa não é uma opção. É a nossa condição. Nós somos europeus, e só o podemos ser com muito orgulho, pois ter orgulho na Europa é ter orgulho em nós próprios. Eu tenho imenso orgulho em Portugal, nestas gentes que são as minhas gentes, com quem quero viver e junto de quem desejo morrer em paz, quando for a hora.
Penso que Portugal deve estar na linha da frente da criação deste novo imposto multinacional, pois os enormes sacrifícios que estamos a aceitar dão-nos essa autoridade. Ser membro da União Europeia, e da zona euro, dá a Portugal a possibilidade de intervir nos locais onde estas decisões são tomadas. As pessoas não podem continuar a ser a referência principal dos impostos.
Taxemos os robots, taxemos o dinheiro, libertemos as pessoas. Aliviando os salários ajudamos também a evitar a perigosa espiral regressiva em que estamos mergulhados, em resultado da brutal redução do poder de compra dos portugueses.
A UC declara-se desde já disponível para ajudar a desenhar os mecanismos concretos para operacionalizar estas duas propostas.”
sexta-feira, setembro 28, 2012
Estimadas senhoras,
Caros
senhores,
Meus
atenciosos leitores,
Tomo a iniciativa – porque vem à colação - de vos apresentar uma minha crónica publicada neste blogue em 20 de Junho de 2006. Tem a particularidade de, numa primeira reacção à leitura, julgarem que ela terá sido escrita agora, tal é a sua plena actualidade.
Penso que a
mesma dá que pensar. E faculta ao leitor atento a possibilidade de avaliar quão
dramática tem sido, nos últimos seis anos, a negativa evolução da política
portuguesa.
Com os melhores cumprimentos.
Brasilino
Godinho
Terça-feira, Junho 20, 2006
PARA
QUÊ?
PARA
COMEMORAR O SUCESSO…
DO
INSUCESSO GOVERNAMENTAL.
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
01. No p.p.
dia 10 de Junho, o Presidente da República fez um discurso à Nação. Aproveitou
a circunstância para dirigir aos portugueses quatro apelos:
Primeiro: “Não
se resignem face às dificuldades”.
Segundo: “Aprendam
com a insatisfação colectiva”.
Terceiro: “Arranjem
coragem para enfrentar dificuldades”.
Quarto: “Não
se deixem vencer pelo desânimo ou pelo cepticismo”.
02. Antes, a
26 de Maio transacto, no “FÓRUM PARA A COMPETITIVIDADE”, o conhecido gestor
americano Jack Welch dissera:
a) – “As pessoas
são demasiado estáticas em Portugal”.
b) – “Os
portugueses deveriam ter vergonha da degradação do País”.
c) – “É
humilhante para os portugueses a percepção que o exterior tem de Portugal, que
é de uma contínua degradação e declínio ao longo dos últimos anos”.
d) – “Cortem as
ervas daninhas e terão um bonito jardim”.
e) – “Os gestores
que apenas gostam de números e que não querem saber de pessoas - mas elas
existem na empresa - são uns idiotas”.
03. Desde
anos mais recuados, Brasilino Godinho vem escrevendo sobre o famigerado plano
inclinado do nosso desvario colectivo. Ainda, há pouco, na sua obra ”A QUINTA LUSITANA”, escreveu a página
76: “Neste país, de gente amordaçada pelo sistema hermético da
partidocracia, de cidadãos confundidos pelos fingimentos dos “políticos” e de
pessoas molestadas pela inaptidão ou má fé de governantes irresponsáveis, tem
faltado o tempo, não houve espaço, não existiu o bom ambiente, nem surgiram os
estadistas capazes, para se afirmarem os valores dos princípios, as mais-valias
das competências, as riquezas dos saberes e as supremas autoridades das experiências
acumuladas”.
04. António
Oliveira Salazar, sempre ele, o grande mestre (pedreiro-livre? ou
pedreiro-cativo?) das tiradas grandiloquentes, a baralhar-nos o juízo, depois
de nos atirar à cara “que a vontade de
obedecer é a única escola para aprender a mandar” e sem nos ter dado
conhecimento se teria exercitado regras e devoção de obediência, induzia os
sequazes a perguntarem ao pagode: “Quem
manda”? E logo, os mesmos, sem darem tempo aos indígenas de respirar fundo,
apressavam-se a responder desabridamente: Salazar! Salazar! Salazar! (Em dose
tripla para desfazer hipotéticas dúvidas…). Pois foi este homem que um dia
disse que “a Agricultura é a arte de
empobrecer alegremente”. E providenciou, resolutamente, nesse sentido.
Instigou a malta a cavar a terra, a comer o pão que o diabo amassou e, nos
intervalos, a divertir-se com Fátima, Fado e Futebol. Foi uma santa alegria que
deu naquilo que todos sabemos e de que ainda hoje sofremos as sequelas.
Parafraseando
a “máxima” do chefe do Estado Novo (este, concebido e institucionalizado
segundo o modelo do regime fascista de Itália, criado por Benito Mussolini em
1922, três anos após a fundação do Partido Fascista e logo rematando a Marcha
dos Camisas Negras sobre Roma), diremos que, actualmente, a política, em Portugal,
é a arte de enriquecermos de amarguras. Tristemente. Resignadamente.
Barafustando, persistentemente, em surdina e com regularizada acomodação.
Vindimando numa vinha com muita parra e pouquíssima uva.
Mas se bem
considerarmos a bondade do contraditório e a importância dos dualismos que nos
condicionam o viver quotidiano, inevitavelmente daremos a chamada volta por
cima; ou seja: iremos encarar, com outro espírito, o quadro existencial da
sociedade portuguesa.
E nada
melhor para nos orientar nesta análise do que seguirmos a linha de pensamento
expressa pelo Chefe do Estado e as apreciações críticas de Jack Welch acima
reproduzidas.
05. De
facto, os portugueses (na sua maioria) sofrem, queixam-se e estão desanimados.
Em contraposição, entidades como os bancos, algumas empresas, grandes
capitalistas e magníficos empresários, atravessam um período de enorme
prosperidade. Mal dos primeiros. Bem super-requintado dos últimos. É verdade
que fecham fábricas quase todos os meses e milhares de famílias ficam na
miséria sem sustento. Igualmente, os serviços dos hospitais, das maternidades,
das escolas, das cadeias, são encerrados. Está a definhar e a encerrar tudo
aquilo de instituições e meios da organização social que o pagode necessita
para satisfazer necessidades básicas para levar por diante uma vida regular e
decente. Porém… atenção!
Um olhar
mais atento descortinará que se muitas responsabilidades cabem ao governo,
alguns reparos têm de ser dirigidos à malta…
Alguém já se
deu ao cuidado de pensar nos esforços dos governantes quando nada fazem de
concreto ou de útil e nos aborrecimentos e transtornos que padecem naquelas
frequentes ocasiões que agem mal e porcamente? Dá-nos um arrepio na espinha só
de imaginar o cansaço físico e o desgaste psicológico que, por causa dessas
atribulações e desventuras, se apodera irremediavelmente das excelências.
Depois, os cidadãos mais desfavorecidos estão mal habituados quanto às lamúrias…
É nas dificuldades que se fortalece a alma. E não só do pão vive o espírito do
homem. Também se pode dizer que nem só do espírito se alimentam os ricos homens
e as belas mulheres. Se uns carecem de pão para a boca; outros tendo o pão
precisam da boca e de olhos convenientemente tratados… a completar a
enriquecida alma. Que imensidão de preocupações não atingem os ricaços machos e
as esplêndidas fêmeas, a qualquer momento perspectivando assaltos aos seus
bens. Também, inquietos, sobrecarregados de dúvidas quanto às aplicações
financeiras. Quem há por aí que não tenha ouvido o desabafo de ilustre
milionário: “Ó como os pobres são felizes
por não terem problemas de defesa e (ou) aplicação dos bens materiais!”...
Sem dúvida: o vil metal a atormentar o povo, a nobreza e o clero. Ontem, hoje,
amanhã…
06. Depois,
Jack Welch não tem razão. Os portugueses estão desde a época dos descobrimentos
habituados a percorrer declives de afundamento das condições de vida e já não
têm vergonha disso. Como dizia o Salazar – e lá vem ele outra vez à baila… –
estamos orgulhosamente sós; no primeiro lugar dos últimos da Comunidade
Europeia. Já é alguma coisa… Quanto a cortar ervas daninhas e termos um bonito
jardim já nos basta ter o canastrão do Jardim da Madeira. Ufa!...
Mais um
apontamento sobre o Welch. Este amigo da onça não é nada perspicaz ao falar de
números e de pessoas das empresas portuguesas. Francamente, chamar idiotas aos
nossos empresários não lembrava ao Diabo. E logo àqueles espertalhaços que
sabem das pessoas mas apenas gostam dos números… e de contemplar o próprio
umbigo. Onde se viu um inteligente empresário apresentar-se numa venda de
melões a comprar os ditos com uma pessoa. Não é com os números (de notas,
claro!) que se compram os melões e… outras coisas mais?
07. Caramba!
Todo este palavreado para chegar a esta conclusão: Vamos de mal a pior, segundo
o sentir de muitos cidadãos. Estamos nas sete quintas na opinião de alguns
excelentes reformados, imponentes gestores, majestosos capitalistas.
E está quase
tudo a encerrar. Certo! Todavia, estranhamente, ninguém se lembrou de meter em
clausura o Governo.
Tome nota
presidente Cavaco Silva: porque “não nos
resignamos”; porque “aprendemos com a
insatisfação colectiva”; porque não necessitamos “arranjar coragem”; porque não vamos sucumbir arrastados “pelo desânimo e pelo cepticismo” – TODOS, VAMOS CRIAR O “DIA NACIONAL DO
GOVERNO”.
Para, no mínimo - e pelo menos por um dia - nos
livrarmos dele. E durante 24 horas recuperarmos o fôlego. Igualmente,
festejarmos o sucesso… do insucesso governamental.
Tal como num dia sem automóveis nas cidades, hajam
festas, missas de acção de graças, bailes de máscaras (e temos imensas na área
política), encontros de namorados, cortejos, fanfarras, celebrações de teatro
revisteiro, provas desportivas e… debates sobre o estado em que estamos, com
especial incidência nas trapalhadas contempladas no circo político. Tudo
apresentado com entusiasmo e alegria. Ah! Em Lisboa, no Terreiro do Paço, não
esqueçam de fazer uma grande manifestação ordeira, civilizada, com muitos
discursos de elogio ao insucesso do Governo. Ele merece! Aliás, seguindo o
exemplo dos que o antecederam.
Sobretudo, lembrem-se: Tristezas não pagam dívidas… E,
nossas, muito sofridas, nem põem a governar bem quantos - mal governando - bem
se governam…
08. No “DIA NACIONAL DO GOVERNO”, POBRETES, MAS
ALEGRETES, GRITEMOS: VIVA A FOLIA!!!
Apelo aos portugueses:
- Demo-nos as mãos e as vontades.
- Vamos dar uma forcinha para que esta generosa ideia
posta na contemplação dos nossos queridos e sacrificados governantes e mui
reconfortante da nossa auto-estima, se concretize a breve prazo. Ela é do maior
interesse político-social…
Sempre em Portugal se falou mal dos presidentes, dos
ministros, dos políticos, dos administradores. É tempo de, publicamente e com
pompa e circunstância, se reconhecer os méritos das desgovernações, das
incompetências, dos desleixos, dos abusos, das falcatruas, dos oportunismos.
Outrossim, se abrir uma brecha nesse deprimente estado de abatimento colectivo
que tanto dificulta o exercício da boa vontade e a expressão das faculdades de
alma dos detentores do Poder…
E acontece que nunca em Portugal se festejou com
relevo o fracasso dos governos.
Portanto e porque os portugueses sabem ser agradecidos
para quem os trata com tanto desvelo e carinho… está na hora de, a título
excepcional, festejarmos o sucesso do insucesso das governanças.
É agora!!!
Passem
palavra! A Bem do Zé-Povinho!...
quarta-feira, setembro 26, 2012
Uma tardia declaração importante
Um registo de Brasilino Godinho
O governo
"não estava preparado
para tomar conta do poder" -- João Salgueiro.
Quem é João Salgueiro?
João Salgueiro, conhecido economista, é membro do Partido Social Democrático. Foi ministro das Finanças do governo presidido por Francisco Pinto Balsemão. E exerceu, durante alguns anos, a presidência da Associação Portuguesa de Bancos.
A afirmação foi articulada hoje no decorrer de um encontro no Fórum Imobiliário e Europa onde João Salgueiro proferiu uma palestra.
A elucidativa referência à incapacidade do governo peca por ser tardia.
No entanto está em sintonia com as análises e críticas que temos elaborado regularmente nas nossas crónicas.
Tem a importância de a mesma ser de pessoa da área política do executivo e, portanto, insuspeita – o que afasta qualquer ideia de João Salgueiro estar a fazer jogo partidário hostil ao governo.
Ao
compasso do tempo…
QUEM DISSE
QUE O (DES)GOVERNO
NÃO ESTÁ
ATENTO A CERTOS PROBLEMAS?…
Brasilino Godinho
Justiça
tem que ser feita...
Todos temos dolorosa consciência que o governo do
nosso maior desencanto está enredado em tremendas confusões e assombrosas,
esquisitas, habilidades que o levam a gerir a Administração com grande ineficácia,
com o maior desacerto e, também, com enorme agressividade para com o
funcionalismo público e os vários sectores mais carenciados da sociedade.
Todavia, há uma área da sua improfícua actividade governamental
em que evidencia alguma coerência ideológica, um certo jeito meio saloio para
inglês ver e um compenetrado sentido, mui sofisticado, de perspicácia em
oportuna conjunção com uma atormentada sensibilidade; esta, a enternecida irmã
gémea de uma incontrolada propensão para a contínua resolução dos problemas (menores,
acentuamos) que afectam algumas situações específicas de empregabilidade das
suas clientelas; as ditas partidárias. Igualmente, o executivo se mostra bastante
preocupado em assegurar a viabilidade de algumas empresas que lhe são muito
caras… quer por razões de afecto e de eventual compadrio; quer pelos balúrdios
monetários que elas cobram pelos seus serviços, geralmente compaginados em
pareceres mais ou menos jurídicos (aqui, importa destacar que são os
contribuintes que pagam as facturas, enquanto o governo faz o figurão de um
abastado mecenas protector dos artistas; os quais cultivam – engenhosamente,
com mestria - a arte da advocacia).
E não só esta é a vanglória do governo. É que neste
expediente do recurso às empresas de advocacia estão implícitas duas
orientações governamentais que dão margem de manobra para as correspondentes medidas
saneadoras. Ou seja: ou o governo admite, generosamente (nalguma oportunidade
ele se mostraria benévolo…), que os assessores e os serviços jurídicos dos
vários ministérios estão muito sobrecarregados com trabalhos excessivos e
haverá que dar aos funcionários (juristas) descanso suplementar em horário normal
de actividade oficial ou considera que, por razões de incompetência ou
negligência, haverá que os dispensar a todos. Em qualquer hipótese é uma
situação ambígua, vigente num clima de preocupante obscuridade. Portanto,
estamos confrontados com mais um extravagante sucesso do governo que nos coube
em sorte malvada e que mostra que o mesmo está atento aos problemas de emprego
dos jovens adornados com as cores laranja e azul celeste que, por acaso(…)
estão preparados para num ápice, enquanto o diabo esfrega um olho, saltarem dos
aparelhos partidários para os gabinetes dos ministérios.
No que se refere aos cuidados e providências
cautelares de execuções funcionais e de providenciais aproveitamentos
remuneratórios de tantos expertos de última hora, que os ministros têm
zelosamente estabelecido, destaca-se o elevado alcance atingido no combate ao
desemprego que, eventualmente, poderia atingir os meninos e as meninas das
jotas. Felizmente, para uns e outras, que o governo está atento e que todos, os
beneficiados, se podem exibir com desenvoltura nos salões ministeriais, como
ilustres assessores e grandes especialistas de refinada estirpe e de
primeiríssima escolha... Enfim, com os aconchegos dos meninos e das meninas,
assim devidamente recompensados dos trabalhosos tirocínios nos aparelhos
partidários, outrossim, assegurada que vai sendo a progressão nos negócios aos
gabinetes de advogados, através dos pagamentos de milhões de euros efectuados
nos últimos anos; sentirá o governo que cumpre o desiderato de serviço fraterno
para com gente que lhe é muito querida.
Só que tal é feito à revelia dos serviços
governamentais vocacionados para os devidos efeitos jurídicos e, lástima
indiscutível, a encargo dos sacrificados e explorados contribuintes
portugueses.
O que, diga-se, traduz falta de transparência,
oportunismo, tráfico de influências, corrupção. Também, profundo rombo no
orçamento pelo enorme esbanjamento de meios financeiros (centenas de milhares
ou milhões de euros), em tempo de crise imensa. Definitivamente: uma abrangente
imoralidade.
Fim
Anotação – “governo”, uma palavra
escrita com letra minúscula. Não por lapso. Nem por engano. Simplesmente, por factor
semântico e sentido de objectividade…
terça-feira, setembro 25, 2012
Ao compasso do tempo…
A FINA ESSÊNCIA DA INAPTIDÃO LINGUÍSTICA
E A CANHESTRA ARTE DO MALABARISMO
POLÍTICO
Brasilino Godinho
O ministro, do interior laranja, iam decorridas 24 horas após
o momento de pronúncia da insultuosa declaração das formigas e cigarras com
que, em Vouzela, brindou os trabalhadores portugueses, veio acrescentar a
informação, em jeito de adenda, de que, afinal, pretendia homenageá-los. Aqui,
neste ponto, está o artista ministerial a dourar a pílula aos trabalhadores. “Esqueceu-se”
de pedir perdão pela ofensa cometida. Caso para se dizer: neste decurso, bonita
vai a brincadeira…
Da mesma
enviesada forma displicente como ontem se manifestou, também agora, o senhor
ministro manteve a postura e não se deu conta que os cidadãos portugueses não
carecem, nem estão à espera de homenagens (falsas, diga-se!) dos detentores de
um Poder que não perde oportunidade para os violentar e lhes cercear ou negar as
dignas condições de vida a que têm indubitável direito – o que, arrogantes,
fazem com sanha persecutória e inegável desumanidade.
Tal
exercício (oxalá falhado) de lavagem cerebral ao bestunto do desprevenido indígena,
mais não representa que a fina essência de inaptidão linguística e a canhestra
arte amadora de extemporâneo malabarismo político.
Nas
similares andanças dos governantes à que foi protagonizada pelo ministro, do interior laranja, subjaz um problema de
que as excelências nem percepcionam ou que, simplesmente, fingem ignorar. O
problema consiste na tendência compulsiva para fazerem uso da fala e do
discurso com base de suporte num linguarejar que não dominam: quer em termos de
rigor linguístico, quer em termos de objectividade e de consonância semântica
com as ideias que pretendem transmitir e, porventura, em muitas ocasiões, acalentando
o condenável desejo de manipular a malta facilmente influenciável.
O elementar
bom senso determinaria que vários governantes e deputados tivessem a humildade
de voltar à escola com vista a queimarem as pestanas nos estudos do Português e
da Filosofia. Um objectivo que, se concretizado, muito beneficiaria os próprios
e a comunidade.
É facto que
quase sempre que um governante ou político fala em público mete o pé na argola
da incongruência, avança resoluto adentro do núcleo da confusão, entra afoito
no campo do absurdo, acabando por refugiar-se nos subterrâneos do obscuro, onde
prevalecem as práticas rituais da ignorância e da hipocrisia, a que recorrem as
malévolas ratazanas que, antigamente, tinham pouso nas antigas sacristias.
Se as
passeatas turísticas dos governantes políticos e dos deputados que têm
realização por esse mundo de Cristo e por este maltratado Portugal são uma
fatalidade que nos escapa ao controle, seria razoável que essas distintas
gentes poupassem os portugueses a essa outra fatalidade que se traduz na sua
imagem de marca: a de falarem mal e desatinadamente por tudo e por nada. Cada
vez mais o decoro, a ética e a moral, impõe aos membros do governo e aos
deputados que, quando imobilizados na praça pública, estejam pasmados em
contemplação dos próprios umbigos. Se postos em movimento e em viagem
turística: passeiem, mostrem-se, divirtam-se (o que fazem regularmente com
visível agrado); mas não cometam a heresia de abrir a boca. Já não há pachorra
para os ouvir e aturar-lhes os desmandos de linguagem. Além de que, como é
sabido e a toda a hora demonstrado, ou entra mosca na descontrolada boca ou sai
asneira…
Se tais
excelências assim procedessem, certamente que estariam a dar um apreciável
contributo para a melhoria do meio ambiente…
Fim
domingo, setembro 23, 2012
Ao compasso do tempo…
MINISTRO
DO INTERIOR LARANJA.
QUAL
DISPLICENTE CIGARRA…
Brasilino Godinho
O ministro, do interior
laranja, que no governo da coligação exerce as funções da administração
interna do seu respectivo espaço territorial e que, por extensão institucional,
também é a ministerial figura a quem cabe a orientação política e o comando
policial daqueloutro território de âmbito nacional, que há nome de Portugal, segue
o padrão de conduta dos seus pares que fazem gala, adquirem consolo espiritual,
quiçá conseguindo determinado proveito pessoal como as ajudas de custo e
subsídios de marcha, em se entreterem regularmente: a passear pelo país, a confraternizar
com amigos e companheiros, a fazer inaugurações, a visitar fábricas
metalomecânicas e de chocolates, a percorrer estabelecimentos comerciais,
feiras e mercados, a participar em diversos espectáculos teatrais, circenses e
musicais, etc. Hoje, o referido ministro esteve numa povoação do concelho de
Vouzela ocupado na tarefa mui trabalhosa e demasiado esforçada(…) de inaugurar a
nove sede dos trinta bombeiros locais.
Claro que
aproveitou a oportunidade para dar um ar de sua (des)graça abstrusa brindando
os escassos assistentes com a metáfora da cigarra preguiçosa e da formiga
trabalhadora.
Sua excelência
disse: “Portugal
é um país com muitas cigarras e poucas formigas”. E acrescentou uma
nota de enaltecimento do “esforço do povo” para ultrapassar a
crise – o que, desde logo, no tempo actual e face à paradigmática e obscena
barafunda governativa em curso de inequívoca expansão, acentua, sobremodo, a
conotação de um deplorável cinismo. Outrossim, terá sido a pacóvia demonstração
de um exacerbado oportunismo.
Ora o povo
conserva a impressão de que os governantes agem como se fossem cigarras
preguiçosas que adiam indefinidamente os estudos, os programas, os trabalhos,
as soluções e as medidas, recorrendo a todos os estratagemas para iludirem a
sua provada ineficácia, a sua reconhecida incompetência, a sua insuportável
pesporrência e as suas perniciosas práticas de intolerável arbitrariedade e execrável
autoritarismo; umas e outras reflectidas nas decisões políticas e
administrativas que vão impondo sem rei nem roque. Daí se poder concluir que o
ministro em causa se deve incluir no grande número das cigarras parasitas que
tão prejudiciais são para a sociedade…
Pois é!
Assentemos que ao ministro, do interior
laranja, lhe saiu o tiro pela culatra…
Dizer que “Portugal
tem poucas formigas”, embora expressão metafórica, é uma fala
afrontosa para milhões de portugueses que trabalham afincadamente e desta
maneira aviltante são taxados de preguiçosos. Mais: ela é extremamente lesiva
da dignidade do ser português e degradante da imagem do País. Não haja dúvida
que a ministerial figura cometeu uma grave ofensa à nação portuguesa. O
ministro, do interior laranja, deve
rapidamente apresentar desculpas ao povo português e solicitar-lhe perdão. Inclusivamente,
sujeitando-se a pena de expiação que poderia ser a imediata demissão do cargo governamental.
E no que
toca a quase um milhão de trabalhadores que estão desempregados, atente-se que
se não trabalham a culpa nem é deles. Muitas cigarras atrevidas, alguns macacos
grotescos, bastantes cotovias rutilantes e inumeráveis papagaios desavergonhados,
da quinta governamental tutelada pela incrível dupla colorida de laranja forte
e azul celeste, terão nisso a sua elevada quota de responsabilidade.
Quanto ao “esforço do
povo” estamos perante uma frase sem sentido, relevando uma sintomática
impropriedade semântica e uma notória divergência com a realidade.
Na ânsia de
lisonjear os cidadãos o ministro, do interior
laranja, nem se deu conta de que esforço significa emprego de força, de
energia, de empenho; também é tentativa e diligência para conseguir alguma
coisa. Nada disto acontece.
O que se
passa é que não foi o povo que criou as várias crises que atormentam a maioria
da população. E não é ele que desenvolve as tentativas e diligências para
conseguir a resolução dos inúmeros problemas que afectam o país. Nem sequer ele
é consultado e tido em consideração.
Sobretudo,
agora, este povo não é tratado com urbanidade, em clima de harmonia, de
fraternidade e de compreensão das situações e da gravidade dos problemas
causados aos cidadãos; estes, vítimas indefesas das políticas vigentes.
Afinal, algo
de diferente há que considerar. Exactamente, a circunstância de que o povo tem vindo,
nos últimos tempos, a estar sujeito a aguentar e a sofrer os sacrifícios e as
agressões físicas e psíquicas que os governantes lhe tem imposto com a maior
severidade grande desrespeito, bastante e acintosa ofensa e enorme falta de
sensibilidade social. Portanto, neste quadro de irracionalidade e de várias imposições
ditatoriais, o povo não suporta as inerentes consequências, nem está imbuído de
espírito voluntarioso ou com intrínseca resignação; tão-pouco desenvolve, neste
obscuro campo, quaisquer esforços próprios - ou seja: esforços, canseiras,
sofrimentos, privações, designadamente, em síntese, sacrifícios livremente
assumidos.
Por que –
repete-se – tudo lhe é imposto, sem qualquer contemplação pelos direitos
inalienáveis da pessoa humana.
Fim
quinta-feira, setembro 20, 2012
Ao
compasso do tempo…
Inaceitável!
Indecente! Indecoroso!
Brasilino Godinho
01.
Povo em doloroso transe
O povo de
Portugal, na parte maioritária mais genuína e (nas perversas condições actuais),
excessivamente sofredora e explorada, está farto dos espectáculos bacocos e das
linguagens estultas da maior parte dos políticos que ocupam a praça pública. E
não só do circo grotesco, da paródia sensaborona e do palavreado descabido.
Também da corrupção que, qual erva daninha, cresce desmesuradamente. Igualmente
do compadrio e do tráfico de influências e participação de interesses que
subvertem a coesão social e são formas de domínio por parte de poderes que
manobram nos sombrios túneis por onde prolifera a impunidade e a audácia de
gente sem vergonha e nenhuns escrúpulos.
Mas, pior para
o cidadão português é sentir a toda a hora a traiçoeira e repugnante agressão
gratuita à sua integridade moral e (ou) física; o ataque à dignidade da pessoa;
o contínuo empobrecimento; a falta de liberdade; a censura e a repressão dos
que protestam; a tentada e persistente manipulação das consciências; a privação
dos meios de subsistência; e a impossibilidade de tantos carenciados pagarem os
tratamentos médicos. E, ainda, no caso dos reformados, ter ocorrido o incrível esbulho
das suas pensões de que o Estado era fiel depositário (agora o Governo,
travestido de Estado omnipotente e ditatorial, mostra-se infiel e desprezível
apropriador).
Por todas
estas razões de suma importância o Povo está, actualmente, desiludido, inquieto
e revoltado. Em primeiro lugar, deu-se conta de que Portugal - ora possuído por
uma casta de oportunistas, de impreparados e de desavergonhados actores de
baixa política destituídos quer de sensibilidade e competência, quer de algum vago
resquício de interesse pelo Bem Comum - está prosseguindo uma via de extinção
como Nação independente e de desgraça colectiva. Em segundo lugar, tomou
consciência da sua condição de explorado, de vítima e de que está indefeso,
desprotegido, vilipendiado, à mercê de todas as violências e arbitrariedades
dos detentores e lacaios do Poder.
E assim
compenetrado da situação em que está envolvido, houve por bem traduzir seu
estado de espírito no p.p. dia 15 de Setembro ao descer às ruas para manifestar,
inequivocamente, que repudia e despreza todos esses fautores da sua desgraça.
Mais, não confia nessa gente. Outrossim, veio protestar com veemência contra as
políticas de destruição dos tecidos social, industrial e comercial que vêm
sendo prosseguidas pelo desgoverno nacional.
02. Inaceitável! Indecente! Indecoroso!
Quer o modo de dizer, o jeito de estar e o
expediente de fazer, dos políticos e governantes que, abusivamente, nos
atormentam.
Tudo isto,
de composição aberrante e de aspecto, forma e sentido, nitidamente ofensivos
para o genuíno ser português, se consubstancia na hipocrisia e no cinismo
vigentes na sociedade.
E desde logo
é, precisamente, na expressão “o governo
está a pedir sacrifícios aos portugueses”, muito usada pelos governantes,
políticos, comentadores, jornalistas e locutores de rádio e televisão, que está
implícita a desfaçatez de quem, assim levianamente e pela rama, trata as
questões de maior importância. Também, realçada a impropriedade semântica.
Igualmente denunciada a inconformidade objectiva do seu intrínseco conteúdo.
Pois que
a gritante verdade é que o Governo não pede coisa nenhuma. Nem exige.
Se pedisse, sujeitava-se a uma recusa. Se exigisse, haveria sempre um qualquer
expediente a que recorrer para ignorar, iludir ou contornar a exigência.
O que o Governo faz é impor! Com arrogância,
rigor e severidade! Pior, ainda, com o maior autoritarismo e descaro. E “Custe o que custar”, conforme proclama
sem quaisquer sentidos de justiça e de solidariedade para com os cidadãos mais
desfavorecidos. O que é factor não despiciendo, visto que aos governantes,
políticos e poderosos o “custar” não
lhes afecta minimamente; ou seja: nem, sequer, a ponta de um chavelho.
Concluindo: tudo o que está acontecendo
em Portugal, nos domínios da desgovernação, é:
INACEITÁVEL! INDECENTE!
INDECOROSO!
Fim
domingo, setembro 16, 2012
APOIO CLARO E
INEQUÍVOCO
Brasilino Godinho
Hoje, 15 de Setembro de 2012, centenas de milhares de
portugueses manifestaram, em várias dezenas de cidades de todas as parcelas do
território nacional (Portugal continental, Madeira e Açores) profunda indignação
e o maior repúdio pelas políticas de degradação do País, de empobrecimento
geral da maioria da população e de extermínio de todos quantos idosos e mais
carecidos da sociedade portuguesa.
Ao começo da noite um dirigente do partido do CDS veio
às televisões anunciar que, apesar da grandeza das manifestações, lhes dava
relativa importância e que o partido optaria pelo País.
Pela minha parte direi que, consciente da gravidade da
situação e do inegável significado das manifestações, opto resolutamente pelo
País.
O leitor perguntará: Como assim? Que País estará em
causa?
É fácil a resposta esclarecedora: Portugal, na
actualidade, é formado por dois países incompatíveis:
1. O País dos explorados e maltratados, sujeito a
contínuo declínio, que urge tomar novo rumo de reabilitação. É o nosso!
2.O “país” dos exploradores, dos políticos
oportunistas, imaturos, sem escrúpulos e dos poderosos que tudo manipulam em
proveito próprio. É o deles!
Estou de alma e coração com o primeiro.
O CDS e os actuais governantes revêem-se no segundo.
Daí, exprimir a afirmação contida no título deste
breve apontamento.
sábado, setembro 01, 2012
PORTUGAL,
“À ESPERA DE
GODOT”…
Brasilino Godinho
Sim! Esperando.
Esperando. Sempre esperando… Porém, agora, em colapso promovido por gente
ignara e consentido pela plebe desesperada e impotente…
Verdadeiramente,
este é um país de pelintrice, sem dinheiro (nem vontade dos governantes)
para satisfazer necessidades básicas da população e em que as médias e
superiores entidades públicas, normalmente, não reconhecem o trabalho, a
dedicação às causas, a competência, a integridade de carácter dos cidadãos, o
apego das pessoas aos deveres da cidadania, nem enaltecem as manifestações de
inteligência e os melhores desempenhos dos indivíduos; mas, em contraposição, remuneram,
elogiam, premeiam, condecoram e festejam a mediocridade, a incompetência, a
estupidez, a corrupção, a vigarice, sob a capa do compadrio, das amizades, do
tráfico de influências e de interesses obscuros e, ainda, das comprometidas
solidariedades.
(A parte sublinhada é extraída de uma minha crónica
publicada em 01 de Setembro de 2009. Infelizmente, fazendo agora três anos de
existência, continua retratando o País que há nome Portugal e a estrutural
corporação político/administrativa que, escandalosamente, o desgoverna, o
avilta e o explora em proveito próprio ).
“E falou Ruy Barbosa, numa época e tempos que
consideramos saudosos, que um dia o homem honesto sentiria vergonha de
sê-lo...” (Citação do Prof. Doutor Tarcisio Praciano-Pereira)
Nota:
Cumprindo os termos da atinente legislação em vigor qualquer pessoa
destinatária dos meus e-mails que não esteja disposta a recebe-los fará o
obséquio de me informar; assim, ficarei habilitado a proceder à respectiva
eliminação na listagem dos meus contactos.