Ao compasso do tempo…
MINISTRO
DO INTERIOR LARANJA.
QUAL
DISPLICENTE CIGARRA…
Brasilino Godinho
O ministro, do interior
laranja, que no governo da coligação exerce as funções da administração
interna do seu respectivo espaço territorial e que, por extensão institucional,
também é a ministerial figura a quem cabe a orientação política e o comando
policial daqueloutro território de âmbito nacional, que há nome de Portugal, segue
o padrão de conduta dos seus pares que fazem gala, adquirem consolo espiritual,
quiçá conseguindo determinado proveito pessoal como as ajudas de custo e
subsídios de marcha, em se entreterem regularmente: a passear pelo país, a confraternizar
com amigos e companheiros, a fazer inaugurações, a visitar fábricas
metalomecânicas e de chocolates, a percorrer estabelecimentos comerciais,
feiras e mercados, a participar em diversos espectáculos teatrais, circenses e
musicais, etc. Hoje, o referido ministro esteve numa povoação do concelho de
Vouzela ocupado na tarefa mui trabalhosa e demasiado esforçada(…) de inaugurar a
nove sede dos trinta bombeiros locais.
Claro que
aproveitou a oportunidade para dar um ar de sua (des)graça abstrusa brindando
os escassos assistentes com a metáfora da cigarra preguiçosa e da formiga
trabalhadora.
Sua excelência
disse: “Portugal
é um país com muitas cigarras e poucas formigas”. E acrescentou uma
nota de enaltecimento do “esforço do povo” para ultrapassar a
crise – o que, desde logo, no tempo actual e face à paradigmática e obscena
barafunda governativa em curso de inequívoca expansão, acentua, sobremodo, a
conotação de um deplorável cinismo. Outrossim, terá sido a pacóvia demonstração
de um exacerbado oportunismo.
Ora o povo
conserva a impressão de que os governantes agem como se fossem cigarras
preguiçosas que adiam indefinidamente os estudos, os programas, os trabalhos,
as soluções e as medidas, recorrendo a todos os estratagemas para iludirem a
sua provada ineficácia, a sua reconhecida incompetência, a sua insuportável
pesporrência e as suas perniciosas práticas de intolerável arbitrariedade e execrável
autoritarismo; umas e outras reflectidas nas decisões políticas e
administrativas que vão impondo sem rei nem roque. Daí se poder concluir que o
ministro em causa se deve incluir no grande número das cigarras parasitas que
tão prejudiciais são para a sociedade…
Pois é!
Assentemos que ao ministro, do interior
laranja, lhe saiu o tiro pela culatra…
Dizer que “Portugal
tem poucas formigas”, embora expressão metafórica, é uma fala
afrontosa para milhões de portugueses que trabalham afincadamente e desta
maneira aviltante são taxados de preguiçosos. Mais: ela é extremamente lesiva
da dignidade do ser português e degradante da imagem do País. Não haja dúvida
que a ministerial figura cometeu uma grave ofensa à nação portuguesa. O
ministro, do interior laranja, deve
rapidamente apresentar desculpas ao povo português e solicitar-lhe perdão. Inclusivamente,
sujeitando-se a pena de expiação que poderia ser a imediata demissão do cargo governamental.
E no que
toca a quase um milhão de trabalhadores que estão desempregados, atente-se que
se não trabalham a culpa nem é deles. Muitas cigarras atrevidas, alguns macacos
grotescos, bastantes cotovias rutilantes e inumeráveis papagaios desavergonhados,
da quinta governamental tutelada pela incrível dupla colorida de laranja forte
e azul celeste, terão nisso a sua elevada quota de responsabilidade.
Quanto ao “esforço do
povo” estamos perante uma frase sem sentido, relevando uma sintomática
impropriedade semântica e uma notória divergência com a realidade.
Na ânsia de
lisonjear os cidadãos o ministro, do interior
laranja, nem se deu conta de que esforço significa emprego de força, de
energia, de empenho; também é tentativa e diligência para conseguir alguma
coisa. Nada disto acontece.
O que se
passa é que não foi o povo que criou as várias crises que atormentam a maioria
da população. E não é ele que desenvolve as tentativas e diligências para
conseguir a resolução dos inúmeros problemas que afectam o país. Nem sequer ele
é consultado e tido em consideração.
Sobretudo,
agora, este povo não é tratado com urbanidade, em clima de harmonia, de
fraternidade e de compreensão das situações e da gravidade dos problemas
causados aos cidadãos; estes, vítimas indefesas das políticas vigentes.
Afinal, algo
de diferente há que considerar. Exactamente, a circunstância de que o povo tem vindo,
nos últimos tempos, a estar sujeito a aguentar e a sofrer os sacrifícios e as
agressões físicas e psíquicas que os governantes lhe tem imposto com a maior
severidade grande desrespeito, bastante e acintosa ofensa e enorme falta de
sensibilidade social. Portanto, neste quadro de irracionalidade e de várias imposições
ditatoriais, o povo não suporta as inerentes consequências, nem está imbuído de
espírito voluntarioso ou com intrínseca resignação; tão-pouco desenvolve, neste
obscuro campo, quaisquer esforços próprios - ou seja: esforços, canseiras,
sofrimentos, privações, designadamente, em síntese, sacrifícios livremente
assumidos.
Por que –
repete-se – tudo lhe é imposto, sem qualquer contemplação pelos direitos
inalienáveis da pessoa humana.
Fim
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