Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, setembro 25, 2012


Ao compasso do tempo…

A FINA ESSÊNCIA DA INAPTIDÃO LINGUÍSTICA
E A CANHESTRA ARTE DO MALABARISMO POLÍTICO

Brasilino Godinho

O ministro, do interior laranja, iam decorridas 24 horas após o momento de pronúncia da insultuosa declaração das formigas e cigarras com que, em Vouzela, brindou os trabalhadores portugueses, veio acrescentar a informação, em jeito de adenda, de que, afinal, pretendia homenageá-los. Aqui, neste ponto, está o artista ministerial a dourar a pílula aos trabalhadores. “Esqueceu-se” de pedir perdão pela ofensa cometida. Caso para se dizer: neste decurso, bonita vai a brincadeira…
Da mesma enviesada forma displicente como ontem se manifestou, também agora, o senhor ministro manteve a postura e não se deu conta que os cidadãos portugueses não carecem, nem estão à espera de homenagens (falsas, diga-se!) dos detentores de um Poder que não perde oportunidade para os violentar e lhes cercear ou negar as dignas condições de vida a que têm indubitável direito – o que, arrogantes, fazem com sanha persecutória e inegável desumanidade.
Tal exercício (oxalá falhado) de lavagem cerebral ao bestunto do desprevenido indígena, mais não representa que a fina essência de inaptidão linguística e a canhestra arte amadora de extemporâneo malabarismo político.
Nas similares andanças dos governantes à que foi protagonizada pelo ministro, do interior laranja, subjaz um problema de que as excelências nem percepcionam ou que, simplesmente, fingem ignorar. O problema consiste na tendência compulsiva para fazerem uso da fala e do discurso com base de suporte num linguarejar que não dominam: quer em termos de rigor linguístico, quer em termos de objectividade e de consonância semântica com as ideias que pretendem transmitir e, porventura, em muitas ocasiões, acalentando o condenável desejo de manipular a malta facilmente influenciável.
O elementar bom senso determinaria que vários governantes e deputados tivessem a humildade de voltar à escola com vista a queimarem as pestanas nos estudos do Português e da Filosofia. Um objectivo que, se concretizado, muito beneficiaria os próprios e a comunidade. 
É facto que quase sempre que um governante ou político fala em público mete o pé na argola da incongruência, avança resoluto adentro do núcleo da confusão, entra afoito no campo do absurdo, acabando por refugiar-se nos subterrâneos do obscuro, onde prevalecem as práticas rituais da ignorância e da hipocrisia, a que recorrem as malévolas ratazanas que, antigamente, tinham pouso nas antigas sacristias.
Se as passeatas turísticas dos governantes políticos e dos deputados que têm realização por esse mundo de Cristo e por este maltratado Portugal são uma fatalidade que nos escapa ao controle, seria razoável que essas distintas gentes poupassem os portugueses a essa outra fatalidade que se traduz na sua imagem de marca: a de falarem mal e desatinadamente por tudo e por nada. Cada vez mais o decoro, a ética e a moral, impõe aos membros do governo e aos deputados que, quando imobilizados na praça pública, estejam pasmados em contemplação dos próprios umbigos. Se postos em movimento e em viagem turística: passeiem, mostrem-se, divirtam-se (o que fazem regularmente com visível agrado); mas não cometam a heresia de abrir a boca. Já não há pachorra para os ouvir e aturar-lhes os desmandos de linguagem. Além de que, como é sabido e a toda a hora demonstrado, ou entra mosca na descontrolada boca ou sai asneira…
Se tais excelências assim procedessem, certamente que estariam a dar um apreciável contributo para a melhoria do meio ambiente…
Fim