Ao
compasso do tempo…
QUEM DISSE
QUE O (DES)GOVERNO
NÃO ESTÁ
ATENTO A CERTOS PROBLEMAS?…
Brasilino Godinho
Justiça
tem que ser feita...
Todos temos dolorosa consciência que o governo do
nosso maior desencanto está enredado em tremendas confusões e assombrosas,
esquisitas, habilidades que o levam a gerir a Administração com grande ineficácia,
com o maior desacerto e, também, com enorme agressividade para com o
funcionalismo público e os vários sectores mais carenciados da sociedade.
Todavia, há uma área da sua improfícua actividade governamental
em que evidencia alguma coerência ideológica, um certo jeito meio saloio para
inglês ver e um compenetrado sentido, mui sofisticado, de perspicácia em
oportuna conjunção com uma atormentada sensibilidade; esta, a enternecida irmã
gémea de uma incontrolada propensão para a contínua resolução dos problemas (menores,
acentuamos) que afectam algumas situações específicas de empregabilidade das
suas clientelas; as ditas partidárias. Igualmente, o executivo se mostra bastante
preocupado em assegurar a viabilidade de algumas empresas que lhe são muito
caras… quer por razões de afecto e de eventual compadrio; quer pelos balúrdios
monetários que elas cobram pelos seus serviços, geralmente compaginados em
pareceres mais ou menos jurídicos (aqui, importa destacar que são os
contribuintes que pagam as facturas, enquanto o governo faz o figurão de um
abastado mecenas protector dos artistas; os quais cultivam – engenhosamente,
com mestria - a arte da advocacia).
E não só esta é a vanglória do governo. É que neste
expediente do recurso às empresas de advocacia estão implícitas duas
orientações governamentais que dão margem de manobra para as correspondentes medidas
saneadoras. Ou seja: ou o governo admite, generosamente (nalguma oportunidade
ele se mostraria benévolo…), que os assessores e os serviços jurídicos dos
vários ministérios estão muito sobrecarregados com trabalhos excessivos e
haverá que dar aos funcionários (juristas) descanso suplementar em horário normal
de actividade oficial ou considera que, por razões de incompetência ou
negligência, haverá que os dispensar a todos. Em qualquer hipótese é uma
situação ambígua, vigente num clima de preocupante obscuridade. Portanto,
estamos confrontados com mais um extravagante sucesso do governo que nos coube
em sorte malvada e que mostra que o mesmo está atento aos problemas de emprego
dos jovens adornados com as cores laranja e azul celeste que, por acaso(…)
estão preparados para num ápice, enquanto o diabo esfrega um olho, saltarem dos
aparelhos partidários para os gabinetes dos ministérios.
No que se refere aos cuidados e providências
cautelares de execuções funcionais e de providenciais aproveitamentos
remuneratórios de tantos expertos de última hora, que os ministros têm
zelosamente estabelecido, destaca-se o elevado alcance atingido no combate ao
desemprego que, eventualmente, poderia atingir os meninos e as meninas das
jotas. Felizmente, para uns e outras, que o governo está atento e que todos, os
beneficiados, se podem exibir com desenvoltura nos salões ministeriais, como
ilustres assessores e grandes especialistas de refinada estirpe e de
primeiríssima escolha... Enfim, com os aconchegos dos meninos e das meninas,
assim devidamente recompensados dos trabalhosos tirocínios nos aparelhos
partidários, outrossim, assegurada que vai sendo a progressão nos negócios aos
gabinetes de advogados, através dos pagamentos de milhões de euros efectuados
nos últimos anos; sentirá o governo que cumpre o desiderato de serviço fraterno
para com gente que lhe é muito querida.
Só que tal é feito à revelia dos serviços
governamentais vocacionados para os devidos efeitos jurídicos e, lástima
indiscutível, a encargo dos sacrificados e explorados contribuintes
portugueses.
O que, diga-se, traduz falta de transparência,
oportunismo, tráfico de influências, corrupção. Também, profundo rombo no
orçamento pelo enorme esbanjamento de meios financeiros (centenas de milhares
ou milhões de euros), em tempo de crise imensa. Definitivamente: uma abrangente
imoralidade.
Fim
Anotação – “governo”, uma palavra
escrita com letra minúscula. Não por lapso. Nem por engano. Simplesmente, por factor
semântico e sentido de objectividade…
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