Ao compasso do tempo…
ELES, DESCUIDADOS? NÃO!
ZELOSOS DE SI MESMOS… SIM!
Brasilino Godinho
Quem são os espertalhões?
Trata-se de um invulgar número de indivíduos que formam a discutível “rapaziada” que consta ser paga escandalosamente e apaparicada com os maiores desvelos. “Despachada”, quanto baste à comodidade, à bolsa e à nutrição da espécie, que vive como se estivesse numa reserva de caça privada, localizada na praça da alegria e da desfaçatez, da alfacinha capital do ex-Império.
Falamos de uma rapazice que está ali, nos paços da República, abrigada sob o manto diáfano da fantasia incrível de uma democracia virtual, sempre alegremente disponível para todas as curvas possíveis; ou imagináveis por mentes brilhantes que, a qualquer tempo, nos deslumbram com os seus rasgos de improvisados génios arrivistas e bacocos…
Desde as curvinhas arredondadas das belas fêmeas que adornam o famoso recinto, passando pelas curvas mal amanhadas das vielas mais ou menos suspeitas, ali ao Bairro Alto, às Mourarias e às Alfamas, com naturais investidas nas tasquinhas da Severa, até às inevitáveis voltas maiores e alucinantes ao redor do mundo, magistralmente efectuadas sem ir além das redondezas do Rossio ou da “linha” dos estoris, por entre as badaladas paisagens que se confundem nas orgias de cores e luzes das atractivas noites do casino de todos os jogos de roleta portuguesa; por todas elas se atraem, se cativam, se enfeitam e perdem as estribeiras, as ricas criaturas que têm a honra, o gozo e o proveito de serem os inquilinos da casa que terá sido dos seguidores de S. Bento.
Claro que quando entramos no campo das generalizações temos de ter consciência que ele pode estar minado e tornar-se perigoso… No caso em apreço, é prudente fazermos o reparo que, por ali, naquele requintado, luxuoso, sítio, nem todos os “rapazes” e “moças” terão a mesma apetência pelas curvas. Verdade que existem, por aquelas bandas, machos e fêmeas não comungando das mesmas preferências pelas atraentes curvas que focámos anteriormente; visto que, uns e outras, lá terão as suas (curvas) especiais favoritas. Pareceu-nos conveniente a advertência para evitarmos que, por algures, vá cair o Carmo e a Trindade e nos acusem de estarmos a fazer discriminações, com todos os sentidos incluídos, a despropósito.
Posto isto, também devemos esclarecer que a referência ao palácio dos beneditinos não significa estarmos insinuando a apropriação ilegal da propriedade do referido imóvel por parte da actual entidade que o detém na sua posse.
Retomando o discurso, vale a pena assinalarmos algo que se relaciona com o título desta crónica.
Já todos perceberam que nos estamos referindo ao grupo de qualificados trabalhadores de rija têmpera que, no hemiciclo da Assembleia da República, dão todos os seus melhores esforços no sentido de bem assentarem os respectivos traseiros nos confortáveis cadeirões que compõem o magnífico cenário.
É, precisamente, sob este aspecto do conforto que - suscitado pelo desconforto advindo da estranha sensação da inoperância, da sensaboria dos debates e das complicadas digestões sequentes às lautas refeições postas à disposição dos deputados nos 3 restaurantes privativos - hemos de analisar o acontecimento que marcou a agenda da Assembleia em data recente: a inauguração das grandes e bastante dispendiosas obras de remodelação do recinto parlamentar.
Quanto às milionárias obras, o realce foi para a instalação de sofisticados equipamentos electrónico e informático que vão permitir grande tranquilidade de espírito às prósperas criaturas. É que, com toda a privacidade, os senhores deputados serão despertos sempre que adormecerem. Também, eventualmente, poderão entreterem-se com os jogos de computador. Uma tarefa a que se dedicarão com entusiasmo, bom recato e sem transgredir a regulamentar discrição e que, vantagem suprema, lhes permitirá disfarçar a pouca atenção que dispensem ao que se passa no meio ambiente. Aliás, se já as criancinhas têm o brinquedo informático nas escolas, mal parecia que os senhores deputados não dispusessem na Assembleia de tal ferramenta especialmente indicada para se descontraírem…
Agora, naquela casa senhorial, de uma cajadada não se matam os coelhos – visto que eles, espertalhaços, possuídos de “olho vivo”, já desandaram para outras paisagens – mas afirma-se a diligência e o sentido de oportunidade que caracteriza aquela imparável “rapaziada”. Com efeito, faz sentido que - numa época de vacas gordas das pastagens do quintal do palácio, em nítido contraste com os pastos secos do continente e dos Açores, onde minguam as vacas magras - os ilustres senhores barões e as deslumbrantes senhoras baronesas da falida república de bananas que há nome de Portugal, se aproveitem das circunstâncias e proventos que, habilmente, sem pudor, nem outros constrangimentos éticos, fazem reverter em seus benefícios pessoais.
Se antigamente se dizia que “ou há moralidade e comem todos”, na actualidade os governantes e políticos instalados na praça pública das vaidades e dos desaforos pessoais, vêm confirmar que: ou há imoralidade e só comem alguns.
Para já, no que concerne à imoralidade ela está bem instalada no regime e recomenda-se à minoria que faz de conta que é democrática.
Por falarmos em comer, há que referir o seguinte: a cada dia que passa aumenta o número dos que comem cada vez menos ou mesmo nada.
O que nos sugere a seguinte imagem: Se Hitler fosse vivo teria muito que aprender com aquilo que se passa
Nesta perspectiva, os resultados que se vão conhecendo são animadores e lisonjeiros para os governantes e políticos. A população está decrescendo gradualmente. Prevê-se que, a curto ou médio prazo, somente restem os indivíduos seleccionados dos grupos formados pelos poderosos, comparsas, ajudantes e lambe-botas. A maioria da população acompanhará o País no colapso.
Aliás, o País já está no fundo do abismo…
Enfim: A Nação definha e vai morrendo… Enquanto uma minoria oportunista e sem escrúpulos prospera, esbanja e vive à grande e à francesa…
Fixemo-nos na seguinte pergunta? Não haverá forma de inverter a calamitosa situação em que nos encontramos?