Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Um texto sem tabus…

HÁ SEMPRE UMA PRIMEIRA VEZ…

Por: Brasilino Godinho

http://quintalusitana.blogspot.com

Um cidadão, Carlos Almeida Santos, meu desconhecido, nesta data, 26 de Dezembro de 2006, enviou-me uma mensagem, com larga divulgação via Portugal Club, na qual e logo na primeira linha do parágrafo inicial, escreve com singular impetuosidade e desmesurada pesporrência o seguinte: Estranho que o Sr. Brasilino Godinho não tenha a noção do que é ser o descendente directo dos homens que fizeram PORTUGAL. Preto no branco! O Brasilino Godinho não tem a noção da tamanha transcendência… Um dado adquirido pelo autor da mensagem, sabe-se lá onde e porque meios… Até daria para um sujeito cair em depressão. Só que ainda conservando alguma genica não corro esse incómodo risco. Safa!

Não obstante, convenhamos que é uma afirmação abusiva. Se há estranheza, ela ocorre na desenvoltura do mencionado cidadão em formular a "certeza" da acusação de ausência, no signatário, da noção do que é ser o ".descendente"; por acaso providencial, encavalitado no “pretendente” – “o sr. Duarte que mete os pés pelas mãos”, segundo o entendimento de Nuno da Câmara Pereira, presidente do Partido Popular Monárquico, transmitido em entrevista ao “Diário de Notícias” e que houve beneficio de inclusão na rubrica “Respigos” do semanário “Cidade de Toma”, edição de 22 de Dezembro de 2006. Claro que tenho a noção. Só que ela, bem explicitada na minha obra "A QUINTA LUSITANA", se contrapõe resolutamente à do articulista acima mencionado. A marcar a diferença, tal qual semelhante à do dia em relação à noite. Como se deduz dos termos virulentos da interpelação. Decerto: cada qual tem direito a exprimir a que possui.

De assinalar que na mensagem reportada se classifica "A QUINTA LUSITANA" como "documento tremendamente parcial".

Interrogue-se: Ela, "A QUINTA LUSITANA" parcial? Porquê? Diz o interpelante: “Pois que não contém a mais pequena referência à desastrosa 1ª República, apresentando a págs. 51 uma justificação esfarrapada para tal omissão". O que nem é verdade. Neste ponto, importa realçar que a argumentação é simplória. Outrossim, esclarecer que o livro tem 480 páginas e não era viável economicamente aumentar-lhe o número das folhas e tornar a leitura fastidiosa como, eventualmente, seria se ele tomasse a forma de um calhamaço. Nem convinha ao objecto do ensaio contemplar exaustivamente o tempo da 1ª. República. E foi, por mim, entendido que bastaria a seguinte menção, inserta a página 51: "Aqui, também se julga dispensável a apreciação da época conturbada da primeira república porque se nesta se instalaram a confusão e a anarquia que geraram as condições propícias à eclosão do movimento revolucionário, do mesmo modo com o seu fim em 1926 se esgotaram as contradições, as dificuldades e as consequências peculiares e atinentes às condicionantes e estruturas do frágil regime parlamentar republicano, então vigente". O autor, com esta síntese definiu o sistema político do período de vigência da 1ª. República por demais conhecido e que, no contexto da obra, é subliminarmente enquadrado na sua relativa importância e circunstâncias. Uma e outras que não se justificavam valorizar em demasia. Certamente, o seriam em detrimento do alcance da perspectiva histórica. Acresce a sua reduzida influência rapidamente ultrapassada à medida que se consolidava e aprofundava a institucionalização do regime da ditadura de Salazar.

Usar a terminologia de "tremendamente parcial" para caracterizar a obra “A QUINTA LUSITANA”, incluir a absurda referência ao pretenso "esquecimento" da 1ª. República e juntar-lhe a expressão "justificação esfarrapada", releva intenção dúbia, carência de argumentos sérios, falta de objectividade e nulo cabimento.

Quanto à comparação de gastos da monarquia sueca e da presidência de Mário Soares ela aparece caída de pára-quedas, inteiramente a despropósito. Aliás, por que não meter no rol as monarquias do Reino Unido, da Holanda, da Espanha, do ex-Reino da Etiópia e outras mais? E só a presidência de Mário Soares esbanjou dinheiros públicos? Não será com recurso a este tipo de divagações que os gatos caçam os ratos… se me é permitida a observação.

Aliás, apenas por desconhecimento ou falha de memória das minhas intervenções vieram à baila estas desconcertantes chamadas de atenção do cidadão interpelador para a depressão generalizada no campo republicano… Todavia, se a actual república, de natureza maçónica, está em queda livre, esta situação não me faz suspirar pela anacrónica monarquia que Deus retenha na sua divina memória… E bem afastada lá para os confins do universo…

Volvendo ao título desta anotação quero assinalar que é a primeira vez que uma minha obra ou a pessoa do signatário, com bastantes décadas de existência, recebe o mimo-acusação de ser parcial. E logo, com o arrepiante adjectivo de "tremendamente".

Porém, as coisas são aquilo que são… E as pessoas usam e abusam daquilo que gostam…

Enfim, o Diabo tece-as… E ninguém diga que desta água não beberei… Acrescento: ossos do ofício…

Precisando melhor: Quem anda à chuva na praça pública… molha-se!

Nota informativa – Esta crónica é uma versão corrigida da anotação original escrita à pressa ontem, dia 26 de Dezembro de 2006.

E a réplica

Com a devida vénia, transcrevemos do Portugal Club

“Não preciso de gastar tanta prosa - bastam algumas linhas:

1º- em " A Quinta Lusitana " há tantas repetições aos eventos durante o Estado Novo e após o 25/4 que bem podia aí ter sido poupado

algum espaço para se utilizarem mais algumas do que as míseras quatro linhas a referir de raspão as desgraças da 1ª República, quando

Portugal era a chacota da Europa e nem um empréstimo conseguia obter pois não tinha o mínimo de credibilidade. Recordam-se ?;

2º- dos que fizeram Portugal descende o Senhor Dom Duarte Pio de Bragança. E entre esses ascendentes conta-se, por exemplo, D. João II

do qual a Raínha do país vizinho, ao saber do seu passamento, pura e simplesmente referiu : " MORREU O HOMEM " ;

2º- a referência aos gastos da presidência de Mário Soares não aparece, ao contrário do que tenta fazer crer B. Godinho, caída de pára-quedas

e inteiramente a despropósito -é que o Sr. Brasilino Godinho tinha referido que a "entrega" do Senhor Dom Duarte à República seria paga pelo Zé

Povinho com língua de palmo. Assim se vê quem semeia ventos ...

De maneira que repito o convite - compulse os orçamentos!

E com isto termino em definitivo, pois nâo alimentarei mais polémica.”

Carlos Almeida Santos


Meus comentários? – Nenhuns!...

Deixo o campo das interpretações dos dois textos (“HÁ SEMPRE UMA PRIMEIRA VEZ…” e a “Réplica”), aberto à inteligência e perspicácia dos leitores deste blog.

Brasilino Godinho

terça-feira, dezembro 26, 2006

Estimadas senhoras,

Caros senhores

Permitam-me a liberdade de vos apresentar a minha crónica, abaixo inserida, sobre um tema da maior actualidade: a candidatura do distinto Paco a figura pública do ano de 2006.
Interpretando o interesse do Paco e prevendo a alegria do seu tutor, ouso sugerir o vosso apoio na promoção da candidatura da festejada personagem que tem relevante papel apaziguador na sociedade lisbonense.
Julgo não cometer indiscrição ou abuso de confiança (que, aliás, não me foi dada pelas criaturas envolvidas) ao sugerir que todas as intervenções sejam naturalmente dirigidas à direcção do SOL - o conhecido astro que nos “ilumina” a todos: os “portugas” que ainda vão resistindo nesta tempestade político-social que, tal como o Toyota, veio para ficar. E a quem, devidamente, caberá a proficiente condução do respectivo processo.
Com os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho

Um texto sem tabus…

PACO – A FIGURA PÚBLICA DO ANO DE 2006…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Desde o dia 16 de Dezembro de 2006 que se soube da sua existência. Na mesma altura veio a público a fascinante história do seu percurso de vida.

O Paco embora com nome castelhano é português. Não se conhece a data do nascimento, nem onde foi parido. Dos avós e dos pais desconhecem-se as respectivas identidades. Existe a suspeita de ser filho de pais incógnitos. Não consta dos ficheiros da polícia qualquer registo de aventuras ou acções de natureza criminosa. Sabe-se que vive em Lisboa, com recato e bons relacionamentos. Partilha da amizade, acomodação, mesa e automóvel do ilustre Saraiva. Não confundir este com o cardeal Saraiva ou com o Saraiva que foi ministro da Educação de um governo salazarista e hoje é festejado comunicador de Televisão - por sinal, tio deste Saraiva, aqui em foco, que é arquitecto de canudo universitário, jornalista e director de um badalado semanário; o qual, recentemente, foi ingénua vítima de uma rasteira pregada por um conhecido banco, relacionada a um cartão de crédito não solicitado e depois indevidamente desconsiderado.

Do Paco, se dirá que é uma figura de aspecto vulgar mas que não deslustra a espécie. A sua estatura é meã. De referir que nem gordo, nem magro No fácies sobressaem uns olhos vivos a denotarem uma visão ágil de penetrante inteligência. Embora, quando em pose de contemplação, deixe transparecer serenidade e alguma nostalgia, quiçá resignação. A boca é recortada com finura de traços e logo acima dela, no lábio superior, é inútil tentar enxergar alguns pelos indiciários de bigode. Dá a impressão de gozar de boa saúde – o que é factor relevante se tivermos em conta que é mudo de nascença e, por isso, naturalmente propenso a crises existenciais de profunda depressão.

Aos predicados físicos acrescenta outras facetas da sua rica personalidade. Para além das divulgadas qualidades e manifestações de inteligência, há informação que o Paco é civilizado e que pratica boas maneiras, facilitando o convívio social. Com uma extravagante excepção: tende, nas madrugadas de insónia, a entreter-se com ensaios de sapateado que incomodam a vizinhança.

É leal e fraterno. O que são características importantíssimas neste “mundo cão” (sem desprimor para os exemplares caninos) em que estamos sujeitos a viver sem rei nem roque.

O conhecido Saraiva, de que falámos, é pessoa que conhece de ginjeira o Paco. E foi ele que, em recente e interessante crónica, nos deu notícias desta extraordinária criatura. Com uma particularidade: não lhe regateia elogios. Para além da descrição das façanhas do “ser inocente que confia tão abertamente em nós” da inteligência, das capacidades de raciocínio e das manifestações de afectos, atenções e outros invulgares sentimentos, o amigo Saraiva que se assume como uma espécie de tutor do Paco, elucida-nos que ainda está por descobrir porque o Paco não fala. E com perplexidade, talvez angústia, interroga-se quanto ao modo como ele articula os raciocínios e qual o nível dos seus sentimentos? E aqui está um ponto crucial para bem interpretarmos a notabilidade do Paco: Qual é o nível dos seus sentimentos? Nível alto? Médio? Baixo? Um problema sério, susceptível de nos deixar, a todos, embaraçados… Depois, Saraiva, vai mais profundo na explanação das virtudes do Paco. E diz que a felicidade desta criatura é a de poder respirar o ar que ele, Saraiva, respira e partilhar o mesmo espaço. Neste ponto, fica-nos a preocupação: se o Paco absorve o ar da respiração do Saraiva no mesmo confinado espaço deste senhor, decerto que estará sendo envenenado aos poucos, visto que o hálito expelido pelas vias respiratórias do conhecido jornalista estará viciado. E se este fuma, pior será… e imenso o risco de doença grave do Paco.

Outra coisa que parece intrigar o protector do Paco é a mania deste de quando o Saraiva se levanta de um maple, vai logo deitar-se no sítio em que o célebre jornalista estava sentado – ou quando Saraiva sai do carro o companheiro vai de imediato ocupar-lhe o lugar. Mas, na volta de Saraiva, ele instantaneamente regressa ao lugar traseiro. Face a este comportamento do Paco, Saraiva conclui que ele pensa e que percebe as situações. Nós objectamos: se mudo, teria de ser estúpido? Depois, há a novidade: o Paco faz gracinhas ao Saraiva. E a revelação: prega-lhe sustos…

Não obstante os louvores e as constantes exaltações do Paco o cidadão Saraiva adianta opiniões sobre a mudez do Paco que nos deixam estarrecidos porque contraditórias no contexto da matéria descrita e improcedentes nos conceitos em que assentam as afirmações. Saraiva diz que a vantagem do Paco é exactamente não falar. Perguntamos: Qual vantagem? A seguir, Saraiva inquire: “O que aconteceria se ele falasse? Quantos dislates não diria? Quantas irritações não nos provocaria? Ele exprime silenciosamente os seus sentimentos. Não nos perturba a paz.”

Não deixemos passar em claro a reserva que está subjacente a estas inquietações sobre o Paco. Saraiva, lá bem no íntimo, desconfia do Paco… Em contraposição, o distinto jornalista, precavido, solícito, generoso na comunhão de sentimentos e porque irresistivelmente embalado (ou enredado?) na fantasia das suas divagações, informa-nos que através do silêncio do Paco percebeu outra coisa: os afectos dispensam palavras. Descoberta sensacional. Seres humanos, porventura fugidios do humanismo, temos andado distraídos… Ou naturalmente estupidificados…

E como remate, Saraiva lança para a posteridade esta saraivada: “Se me fosse dado escolher, não gostaria que o Paco falasse. Assim sei que gosto dele. E o que aconteceria se começasse a dar opiniões?”.

É aqui, nesta parte final, que Saraiva meteu o pé na poça e mostrou a sua fibra.

Deduz-se que a satisfação de Saraiva está condicionada e é incompatível com a possibilidade do uso da fala do Paco. Enquanto mudo este ser não dirá disparates, nem provocará irritações no amigo Saraiva. Sobretudo, não põe em perigo o estado de paz em que o conhecido jornalista estará mergulhado.

Ademais, Saraiva nega à criatura aquele que é um dom que, certamente, muito preza: o da fala. Deste modo evidencia um intolerável egoísmo.

Realce para o preciosismo de Saraiva: “Assim sei que gosto dele”. Quer esta expressão significar que Saraiva nem estará tão seguro dos laços de amizade que o unem ao Paco, pois admite que só gosta dele devido à sua intrínseca condição de mudez. E se Paco falasse lá ia por água abaixo o “gosto” por ele.

E como girândola final, Saraiva lança a inquietante pergunta que lhe atormenta a alma: “E o que aconteceria se o Paco começasse a dar opiniões”? É nesta interrogação, a valer como confissão, que bate o grande busílis. Saraiva confessa implicitamente que não suporta quem dê opiniões. Opiniões, as dele, Saraiva, é que lhe interessa cuidar num conveniente exercício de audição de si próprio.

Concluindo: o Paco é o cão de Saraiva.

Pelos seus muitos predicados o Paco deve ser elevado à categoria de figura portuguesa do ano de 2006. Para servir de exemplo a muita desvairada gente. E, enquadrado na perspectiva reticenciosa do dono, de pretexto a oportuna reflexão por parte de bastantes sujeitos, designados “bons cidadãos” de não menos "bons costumes", que - contrariando as aparências – se opõem à livre expressão do pensamento…

Um texto sem tabus…

Em tempo de Natividade,

Façamos uma PRECE DE NATAL

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

Estamos no tempo de Natal. Avizinha-se a passagem do ano e o primeiro dia de Janeiro, do ano 2007 – o dia da Fraternidade Universal.

São duas datas do calendário gregoriano carregadas de simbolismo. Nas liturgias das igrejas cristãs as celebrações do Natal relembram o nascimento de Jesus Cristo – o Redentor. É sabido que nas nações do mundo ocidental, onde predomina a fé cristã, o Natal é festejado com fervor religioso e manifestações festivas de carácter profano.

Em Portugal é frequente nos lares das famílias radicadas nas cidades a montagem dos presépios junto às árvores de Natal. Nas habitações do mundo rural vai prevalecendo a representação do estábulo de Belém, as figuras dos Reis Magos, dos pastorinhos e dos animais.

Representações de índole religiosa ou outras tradicionais associadas à quadra natalícia têm o significado da comemoração de um acontecimento marcante do advento de uma civilização que influenciou profundamente a evolução da humanidade e que molda a vida quotidiana de milhões de seres humanos.

Situando-nos no nosso tempo e cingindo-nos ao espaço português importa reflectir sobre as virtualidades da mensagem do Natal e dos valores configurados no Dia da Fraternidade Universal.

Se do Natal se recolhem as lições de humildade, da harmonia entre os homens e destes com a Natureza, da igualdade entre os indivíduos irmanados no sentido da rectidão, do bem comum e do respeito que nos devemos mutuamente; no dia 1 de Janeiro enaltece-se a solidariedade e a paz que devem prevalecer no relacionamento entre os homens e as sociedades das nações dispersas pelo Mundo.

Tudo isto considerado no plano dos princípios e dos valores que dão rumo à vida de cada um dos cidadãos; destes, algum quiçá perdido no seio da comunidade em que se integra; enquanto outro, eventualmente, achado consigo próprio no desígnio de afirmação pessoal. É nesta vertente da expressão e revigoramento do ser, que assume importância festejar o Natal e a Fraternidade. Esta, necessariamente, entrosada com os preceitos da Igualdade e da Liberdade a que todos têm direito e obrigação de facultar sem peias e egoísmos, nas melhores condições existenciais, a qualquer criatura. Por isto, nesta quadra natalícia, há motivo e relevância em as pessoas se manifestarem empenhadas no alcance da felicidade dos seus familiares, dos que lhe são mais próximos e, num amplexo lato, de todos os seus semelhantes.

Assim considerando, seria benéfico para a Humanidade que - para além de, nestas alturas, nos sentirmos atraídos pelas práticas de bem fazermos em prol dos outros seres - tivéssemos o engenho, a preocupação e o sentimento de partilha, generalizados a todos os dias das nossas vidas.

Infelizmente, temos consciência que natais vividos na conformidade enunciada estão quase arredados da vida contemporânea em geral, e da vivência da sociedade portuguesa em particular. Torna-se imprescindível realçar que apesar da natureza festiva da quadra há que ter os pés bem assentes na terra e referir os aspectos negativos que, normalmente, lhe estão ligados. Por antinomia que se gera e cultiva no egoísmo das pessoas é no Natal que mais se evidencia a hipocrisia das atitudes de muitos indivíduos que fingem ser aquilo que nem são no quotidiano e a ocorrência de actos, usos e costumes que, simplesmente, entraram nas rotinas e tradições que se praticam sem calor, nula convicção e desprovidas de afectividade ou mesmo não sentidas no âmago. Prevalece o exibicionismo, a superficialidade, o espectáculo, o consumismo exagerado, a desvirtuação total dos valores consagrados no simbolismo do Natal e na trilogia da Igualdade, Fraternidade e Liberdade, inerentes aos Direitos do Homem.

Então no solo pátrio e no tempo que corre a situação de milhares de famílias e de cidadãos em precárias condições de existência – muitos deles, nos limites da sobrevivência – não há lugar, nem ocasião, sequer coragem, para lhes acenar com as mensagens natalícias ou, simplesmente, com expressões de amizade e encorajamento. Por uma razão simples: as palavras e as sublimes ideias não lhes alimentam os corpos; menos ainda lhes confortam as almas. É a desgraça dos pobres e desamparados da vida. A eles não chegam a fartura dos ricos, dos políticos e dos governantes, que soberbamente se contemplam na abundância da mesa e no conforto do Natal que lhes está reservado e no qual se abrigam e deleitam… Sem lembrança dos infortúnios alheios ou peso na consciência pelos maus procedimentos de omissões e actuações havidas relativamente aos cidadãos desfavorecidos.

Tomemos consciência da coisa positiva (o espírito do Natal) e da outra negativa (o fingimento) que se lhe opõe. Ou seja: meditemos sobre as virtualidades da mensagem natalícia e acerca da negação que lhe é aplicada pela desumanidade que grassa por aí.

Daqui decorre ter cabimento a inserção nesta crónica da nossa seguinte

PRECE DE NATAL

Quando aquele Menino, em Belém, nasceu,

Encontrava-se a Terra convulsionada

Entre ilhas de Tudo e imensidões de Nada;

Tudo sem nada e o Nada nulo de seu.

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Veio Jesus que do Nada transformou tudo

E, pragmático, o Tudo reduziu a nada.

Q’o exemplo da sua acção nobre e venerada

Seja por nós seguido, já! – Sobretudo!

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Ora, que se tem prática do Natal,

Peçamos a Jesus, Divino amorudo,

Que se digne fazer milagre final:

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De que o Tudo não mais assente no Nada;

E do Nada se passe a ser digno a Tudo

Para que ele não mais prevaleça – o NADA!

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segunda-feira, dezembro 11, 2006


Um texto sem tabus…

UM DUQUE “ALEGRE”

E O ALEGRE “DUQUE”…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

Portugal é um país de muitas singularidades. Entre elas, a de ser uma República que parece carregar uma síndrome monárquica. No regime ditatorial de Salazar a República tinha a peculiar característica de ser governada pelos monárquicos. Na actual terceira república existe activo um pequeno grupo de “republicanos” assimilados que aparentam grande apreço pelas ideias monárquicas. A que se associa um desassossegado cidadão, Duarte Pio de Bragança, que se intitula (e recebe algum acolhimento no meio republicano) pretendente à Coroa, ao Trono e ao Reino de Portugal. É reconhecido pelo designativo de duque e antepõe o termo Dom ao nome Duarte – o que é outra singularidade portuguesa. Imprestável, nos tempos que correm.

Não deixa de ser curioso e intrigante o facto de tendo a Monarquia sido extinta em 1910 e, por arrastamento, anuladas e tornadas ilegais todas as suas formulações de organização, de títulos honoríficos e de nomenclaturas, persistam por aí espalhadas as designações de “dom”, “duque”, “marquês”, barão, “conde” e “pretendente”. Títulos que não existem á face da Lei. (Vem a propósito a observação: se “dom” quer dizer dádiva e, no caso vertente, isso ser entendido como a “entrega” da pessoa Duarte Pio à República que somos é caso para se dizer que esta bem o dispensa de tão atrevida e interesseira liberalidade… a qual, um dia, se aceite, seria paga pelo Zé-Povinho com língua de palmo.).

Aliás e não descurando o alcance das pretensões de realeza do Sr. Duarte Pio por que não estendê-las a outros espaços lusófonos? Nesta ordem de ideias e atendendo aos seus ilimitados laços familiares ancestrais (constantemente apregoados) por que não ser pretendente ao trono imperial do Brasil? Pretendente a titular do Reino do Congo e Cabinda? E promotor da criação do Reino de Timor, desde que a titularidade lhe venha a pertencer?

Ainda no que toca a Portugal e ao Brasil, porque ousado pretendente de causas perdidas, Duarte Pio deve reivindicar a posse das áreas dos territórios dos dois países que foram cedidas pelos reis ao clero, aos nobres e às ordens religiosas? Igualmente, por que não exige a restituição das vilas, castelos, palácios e mosteiros? Em Portugal – do mesmo modo no Brasil - tudo era pertença dos monarcas. O pretendente não deve descuidar-se Há que reverter esses patrimónios para a sua desejada ardentemente Corte Imperial do Brasil e Portugal (estados e nações assim de novo ligados na unidade de um império luso-brasileiro). Dir-se-ia que, absolutamente, tudo isso fora perdido. Ao passo que agora D. Duarte Pio vislumbra a possibilidade de as coisas e as loisas da sua predilecção serem recuperáveis e incluídas no acervo da herança. Decerto, por mérito dos bons ofícios e melhores desempenhos promocionais do interessado, famoso pretendente. Apesar das facilidades que se concede importa a D. Duarte não esmorecer no intento. Nem se ficar pelo Trono. E se quer recuperar o Reino (ou os dois reinos: Portugal e Brasil) então não exclua todas as suas componentes e os patrimónios de antigamente.

Mais descabida foi a tentativa perpetrada há uns anos pelo poeta Alegre e o ex-presidente da Assembleia da República, Dr. Mota Amaral, de ao senhor Duarte Pio atribuir honras de posição destacada no protocolo do Estado que, no entender do interessado, deveria ser precedente na hierarquia da República, relativamente aos membros do Governo. Há dias queixou-se numa entrevista que: “Muitas vezes é embaraçoso ficar atrás de ministros e outros governantes na lista de precedências do protocolo”. Que grande chatice! Comentamos. Vejam só: numa República não se dar primazia a um monárquico com pretensões a ser rei. Que ingratidão… de gente tacanha… Sem visão de longo alcance… Uma decadência de vida nacional… Ou atraso de uma singular vida?

Esta história de um “pretendente” a uma coisa inexistente, de natureza monárquica, usufruir de especial atenção e grande reverência num estado republicano é uma anedota que nem lembraria a um diabrete por mais atrevido que ele fosse e não tem equivalente nos países civilizados com regime republicano. Nem, ao contrário, na monarquia espanhola; a qual não privilegia qualquer representante da extinta República de Espanha. Neste caso, bem! São regimes diferentes e antagónicos em que na representatividade oficial os respectivos dirigentes se excluem uns aos outros. Com manifesta naturalidade! Decência! Lógica! E sentido de Estado!

Mas sendo esta uma extravagância portuguesa e visto que o ilustre senhor Duarte Pio se move com desenvoltura nas águas profundas da república portuguesa que, às vezes, generosa, insensata e sofrida, parece tomar as suas dores, vamos falar dele e citá-lo com o apelativo “dom”. Para não sermos acusados de desmancha-prazeres.

E reportando-nos ao citado poeta Manuel Alegre que, frequentemente, se tem associado às iniciativas da real figura, assinalamos a impressão generalizada na opinião pública de que, em correspondência à anunciada ascendência fidalga, o conhecido vate e parlamentar aspira a ser investido como membro da nobreza na categoria de Duque de Águeda. E, nessa perspectiva, possui um requisito não despiciendo: já tem estátua erguida algures no centro de Portugal.

Assim é, que nos decursos das suas vidas mediáticas e de vez em quando, o duque “alegre”, Duarte, se cruza com o alegre “duque”, seu homónimo Duarte. Quando isso acontece, os dois entendem-se às mil maravilhas. Segundo as aparências, atraem-se mutuamente. Então, saltam algumas chispas amistosas e fraternas. E a malta acha uma gracinha

Recentemente, num evento social, isso voltou a acontecer. De pronto, o alegre “duque”. ex-candidato à presidência da República, sentindo um qualquer fervor monárquico e indo ao encontro dos veementes desejos do D. Duarte Pio, admitiu a realização de um referendo para o povo se decidir pela República ou pela Monarquia. Um gesto gracioso entre dois duques… alegres. Comovente! Mas que nos leva à inquietante dúvida: O que teria sucedido à República se o alegre “duque” tivesse ganho a eleição para a Presidência da República? Safa!...

Talvez animado com esse incentivo o D. Duarte Pio nas duas últimas semanas tem desenvolvido uma frenética actividade propagandística. Através dela evidenciou-se o apoio logístico que lhe é dispensado pelos confrades colocados nos vários órgãos de comunicação social: jornais, revistas e televisões, abriram-lhe as portas e em todos o real senhor multiplicou declarações.

Ao recordá-las, comecemos pelas de tom mais sério. D. Duarte Pio na entrevista ao “Diário de Notícias”, edição de 3 de Dezembro, do ano corrente, afirmou que “(…) o problema principal é a falta de liberdade de expressão em Portugal”. Devemos rectificar: se é certo que há censura não é este o problema principal que os portugueses enfrentam. Porém, nesse aspecto de liberdade de expressão ele não é atingido, nem deve lamentar-se – como o provam as suas múltiplas intervenções num curto espaço de tempo. É que D. Duarte tem uma mãozinha que lhe dá o amparo… a fazer-nos lembrar aquele ditado: “Ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo…” Note-se que D. Duarte não é menino, mas para algumas damas até será um borrachinho. Quanto a Deus, nem estará interessado. Embora os sacerdotes do templo lhe dispensem apoio e fortaleza. E em vez da mão por baixo, terá uma manápula terráquea por cima que o segura e mantém à tona das águas turvas da República…

Em dada altura, o pio duque que está normalmente alegre, transmitiu ao entrevistador a preciosa e oportuníssima informação que reproduzimos: a Constituição da República Portuguesa “garante que o País tem um presidente em vez de ter um rei”. Depreende-se que isto além de óbvio é algo profundo, muito chato, bastante confuso para um pretendente a uma grande chefia de monarquia inexistente...

Noutro passo da mesma entrevista D. Duarte Pio dá um fortíssimo pontapé na lógica e na coerência que se exigem a um ser pensante. Ele disse: “Se os portugueses achassem que a alternativa monarquia-república era a mais importante para eles, teriam votado mais no PPM (Partido Popular Monárquico). Não o fizeram, não vale a pena insistir numa fórmula esgotada”. É isso! Se os portugueses não mostram apreço pela causa monárquica porquê o espectáculo grotesco e a farsa mediática de um pretendente a um reino que era e na actualidade não é coisa nenhuma?

Em declarações prestadas à revista “Sábado” D. Duarte Pio fez-nos uma extraordinária revelação: “Até aos seis anos pensava que as crianças nasciam como cogumelos. Talvez fosse romântico”. Estranhamos: as crianças nascerem como cogumelos? E porque fosse romântico? Que ideia e afectação românticas mais esquisitas na cabecinha de uma criança de seis anos Aqui entre nós, num frente-a-frente virtual e porque foi omisso na declaração, diga-nos D. Duarte Pio: e hoje, ainda “pensa” que as crianças nascem como cogumelos?...

Ao longo dos tempos D. Duarte Pio tem vindo a divulgar facetas da sua vida pessoal e íntima, ao estilo de quem descreve uma novela. Agora, à revista “Sábado” acrescentou mais um episódio que completa narrativa anterior; na qual, informara o público apreciador de fofocas, que no decurso da sua vida de solteiro levara várias “tampas” aos seus pedidos de namoro; inclusive da mãe da sua actual esposa. Transcrevemos da “Sábado” a seguinte “boca” de D. Duarte Pio: “Fui ter com a Isabel ao Brasil e pedi-a em casamento num barco. Disse-lhe: “Ou me dás a resposta ou atiro-te à água”. Assim, sem papas na língua… Só de a ler, esta ameaça causa calafrios… Ali, num barco – realce-se - à mão de atirar pela borda fora. Gaita!

A real criatura não esclareceu se a ameaça à donzela, ora sua esposa, foi feita em tom sério ou ao jeito de brincadeira - de muito mau gosto, acrescentamos. Claro que tendo em conta o insólito facto de D. Duarte se ter prevalecido do ascendente físico e da manifestação de força, com recurso à chantagem exercida sobre uma frágil, indefesa e confiada jovem e que, mesmo brincando, ela ficaria perplexa, constrangida e temerosa, é caso para nos interrogarmos: que outra poderia ser a resposta, senão um contrafeito sim? E na “fotografia” o senhor duque não ficou bem Certamente, a imagem está embaciada

Resta anotar que D. Duarte Pio também na semana transacta promoveu a realização de um “jantar de conjurados”, em celebração da data do 1º. De Dezembro. E, como nem podia deixar de ser, voltou a perorar sobre os encantos da sua monarquia. Na ocasião, tais enternecedoras maravilhas foram apropriadamente sublinhadas com os tons vibrantes dos fados castiços entoados por um conceituado fadista monárquico, da alfacinha cidade. Uma encenação a lembrar os serões da corte que, talvez, Deus conserve na sua infinita e bondosa memória; enquanto o Diabo se extasia com a lembrança das demoníacas noitadas promovidas pelo círculo de adoradores dos monarcas reinantes e havidas nos paços de Suas Altezas.

Enfim, focámos uma figura pública que é um cidadão original. Agrega a denominação retrocedente de duque e quase sempre está alegre de si para si. Sobreleva, ser respeitável chefe de família. Nele sobressai a condição de refém das suas fantasias…

terça-feira, dezembro 05, 2006

Um texto sem tabus…

SALAZAR ERA MAÇON?

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

Para quem não sabe e segundo os dicionários “a Maçonaria ou Franco-Maçonaria é uma sociedade internacional secreta, cuja doutrina tem como rótulo a fraternidade e a filantropia e que usa como símbolos os instrumentos do pedreiro e do arquitecto (o triângulo e o compasso)”.

Não é por acaso que na descrição precedente o dicionário indica o termo “rótulo” para designar a fraternidade e a filantropia a que se dedicaria a organização. É que - se é reconhecida a prática de tais pressupostos relativamente aos seus membros que, por demais, se irmanam, se protegem e se promovem uns aos outros - não há conhecimento absoluto ou bastante abrangente sobre a natureza das práticas, usos e costumes (certamente, não revelados ou investigados), a que se dedicam as várias organizações maçónicas. Embora, hoje, haja informação sobre os ritos, os símbolos e os reais objectivos de influência e de poderio prosseguidos pelas suas actividades secretas. Além disso, o “rótulo” é um elemento propagandístico que não dá garantias de o conteúdo corresponder à matéria publicitada.

Desde logo e tratando-se de associações que exercitam um desmesurado secretismo, todas as suposições são possíveis. Além disso, assinala-se a enorme apetência que as seitas maçónicas têm pelos poderes, sejam eles: de governação e de natureza económico-financeira, ou quantos instalados em áreas essenciais como a comunicação social, as forças armadas, a educação, o ensino, a magistratura judicial e até a Igreja (nesta instituição, as posições são alcançadas através não só de clérigos maçons mas, sobretudo, de membros da Opus Dei - a famigerada maçonaria branca, como lhe chamam os espanhóis).

De facto, em Portugal, a Maçonaria domina os sectores mais importantes da sociedade portuguesa. Muito se acha censurável e, acima de tudo, anormal que sendo tão profunda a dominação maçónica na governação do País ninguém questione a sua enormíssima responsabilidade no actual estado de coisas e no que sobreleva de degradação geral da Nação. A culpa é atribuída aos partidos e aos políticos. Mas, as pessoas distraem-se muito com esta derivação. Todos se esquecem (ou fingem não se aperceberem) que os partidos mais importantes são emanações das maçonarias e que por estas são tutelados. Assim como os governos. Pão, pão, queijo, queijo e para exemplificar põe-se a interrogação: no actual governo qual será o ministro, espécie “avis rara”, que não tem vínculo à Maçonaria?

Quem lê a presente crónica talvez julgue que estou a exagerar.

Para elucidar e dirimir tão ligeira interpretação, permito-me transcrever alguns trechos de uma entrevista do ex-grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, Dr. António Arnaut, concedida ao semanário “Expresso”, uns meses antes de ser substituído pelo Dr. António Reis, no grau supremo da hierarquia daquela sociedade secreta. “A Maçonaria sempre teve no seu seio grandes figuras da Igreja Católica e de outros credos”. E citou os nomes do Cardeal D. José da Costa Nunes e do Bispo D. António Alves Martins. “Todos tiveram altos cargos na Maçonaria”. Mais informou que a Maçonaria sempre esteve ligada ao Poder.

Por sua vez, o grão-mestre da Grande Loja Regular de Portugal, José Manuel Anes, citado no “Portugal Diário”, edição de 18/10/2004, sob a rubrica “Maçons por toda a parte”, peremptoriamente afirmou à “Agência Lusa: “A maçonaria regular está presente em todos os governos, qualquer que seja a sua cor política, o que torna mais fácil a aplicação dos valores desta organização que tende a ser, cada vez mais “discreta, mas activa”. E aproveitou para realçar a pluralidade de opções políticas e religiosas que caracterizam a maçonaria regular portuguesa. Mais disse “que não menos importante é a intervenção a nível dos organismos decisores portugueses Claro que “por esta razão, o grão-mestre não nega a “influência” da organização, nomeadamente no governo”.

Transcrevo:”Questionado sobre se um novo governo significa uma diferente presença da maçonaria regular no executivo e no Parlamento, José Manuel Anes não hesita em afirmar que, “mesmo que mudem as cores políticas “a maçonaria estará sempre presente”. “Independentemente do poder político, a maçonaria regular tem cada vez mais peso na sociedade portuguesa”, disse à Lusa. “Caso contrário, cada vez que mudasse um governo, teríamos dificuldades com essa mudança”.

Igualmente sintomáticas da indesmentível influência maçónica as afirmações de José Carlos Nogueira, soberano grande comendador do Rito Escocês Antigo e Aceite da Maçonaria, proferidas a 9 de Abril do corrente ano, em Leiria. Na ocasião, este dirigente depois de um longo e prolixo discurso laudatório da organização e dos maçons – esquecendo-se que o elogio na própria boca tem o sentido de vitupério lançado em volta de boomerang - rematou com esta convincente frase: “A Maçonaria não é um grupo de pressão e nem é um lóbi”. O que é verdade. Pois a Maçonaria nem precisa de o ser. Se ela cavalga o Poder… qual seria a necessidade de regredir no seu poder ou influência?

Estas citações revestem-se da maior importância e confirmam, sem margem para dúvidas, tudo aquilo que temos escrito sobre o enorme domínio que as maçonarias exercem neste país.

Mais, avalizam as considerações que constam na minha obra “A QUINTA LUSITANA” (por sinal, bastante bloqueada, pelos maçons, nas editoras, nos jornais, nas televisões e nas livrarias) a páginas 88-104, que se podem sintetizar no seguinte parágrafo, inserto na página 95: Maçonaria – Um Estado, dentro do Estado (Português). Clandestino! Poderoso! Que subverte a transparência da vida política! Insuportável à luz dos superiores interesses do Povo!

O que fica exposto, reproduzindo declarações dos chefes das seitas maçónicas, leva-nos a recuar no tempo e a interrogarmo-nos sobre a influência da Maçonaria na estrutura do poder do Estado Novo e até acerca das eventuais ligações com o Prof. Doutor António Oliveira Salazar.

Já no meu livro “A QUINTA LUSITANA” suscitava tal questão. E com pertinência. Dado que tendo a Revolução Nacional do 28 de Maio de 1926 estabelecido a Ditadura Militar e perseguido ferozmente anarquistas, republicanos e comunistas, só em 1935, decorridos nove anos, Oliveira Salazar proibiu a Maçonaria.

Acresce com relevante significado que, não obstante ser maçon, o general António Óscar de Fragoso Carmona exerceu durante décadas sucessivas, desde 1926 até à sua morte em 1951, as funções de presidente da República. E manteve, ao longo dos anos, nas casas civil e militar alguns maçons da sua confiança.

Também é surpreendente que o vice-almirante Sarmento Rodrigues, membro da maçonaria, tivesse sido ministro do Ultramar, tal como Santos Júnior, ministro do Interior de governos de Salazar e o Prof. Doutor Adelino da Palma Carlos, maçon, procurador à Câmara Corporativa. Ocorre inquirir por que razões o Prof. Doutor Paulo Cunha e o Dr. Franco Nogueira, foram nomeados ministros dos Negócios Estrangeiros? Igualmente, alguns outros maçons participaram nos governos de Salazar, que não vem ao caso aqui mencionar. É inconcebível que o Dr. Salazar, perspicaz, geralmente bem informado sobre as mais variadas matérias relacionadas com a sociedade portuguesa, a política nacional e a Administração, não se apercebesse das filiações maçónicas dos seus mais chegados colaboradores. Ninguém acredita. Aliás, agora, pelas bocas dos dirigentes máximos das maçonarias regular e irregular, desvaneceram-se todas as dúvidas dos incrédulos sobre este obscuro assunto.

Ainda de notar que no governo chefiado pelo Prof. Doutor Marcelo Caetano o Prof. Doutor Veiga Simão, também maçon, houvesse sido ministro da Educação e logo após a Revolução de 25 de Abril, delegado do governo português na ONU; naquela reviravolta que, na altura, foi considerada uma surpreendente pirueta pessoal e uma estranha nomeação pelos novos governantes. Ela, nem terá sido inexplicável… Afinal, ele, na sua condição de maçon bastou-lhe vestir nova fatiota… ou, simplesmente, mudar de desempenho, continuando a servir a mesma causa da fraternidade maçónica. (Outro destaque: Veiga Simão foi ministro da Defesa no governo chefiado por António Guterres).

E no entanto, o regime do Estado Novo mantinha a aparência de combater a Maçonaria - o que se representava na exigência de qualquer candidato a lugar da Função Pública ter de assinar um impresso da Casa da Moeda, no qual declarava que não era filiado em nenhuma sociedade secreta. Além, de subscrever declaração em papel selado, manuscrita, com a expressa afirmação de “activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas”. Também importa anotar que o regime de Salazar não perseguia implacavelmente os maçons. Porquê? Discrição! Discrição, era a palavra de ordem…

Ainda no que toca a Salazar há que assinalar a sua personalidade reservada, com a obsessão do distanciamento e do secretismo. Igualmente, a exacerbada intolerância. Características da mentalidade maçónica. Contudo, reconheça-se que esta apreciação, por si só, não assegura credibilidade à hipótese de alguma ligação pessoal a qualquer das fraternidades do compasso e do esquadro. Neste aspecto, atribua-se a Salazar o benefício da dúvida… Pelo menos, até mais saber…

Todavia, a incerteza não se coloca quanto aos entrosamentos entre o regime salazarista e a Maçonaria. Dada a comprovação de no topo da pirâmide do poder do Estado Novo ter permanecido muitos anos um maçon: o próprio presidente da República, general António Óscar de Fragoso Carmona. E, também, os testemunhos dos grão-mestres confirmativos que a Maçonaria sempre esteve (e continua a estar) nos governos. A governação de Salazar não fugiu à regra. O que é simplesmente espantoso!

Por tudo isto, há justificação para os portugueses se interrogarem: Que ligações, compromissos e interesses se conjugaram entre o Salazarismo e a Maçonaria?

Para a Maçonaria este assunto tem sido um tabu. Observação pertinente: os jornais e televisões nunca se mostraram interessados em desvendar tão insólitas relações de influência e, talvez, de recíproca dependência. Ou não estivessem os mais importantes órgãos de comunicação social sob o rígido controlo dos maçons de serviço

Fique-se com a certeza: este tema é um dos maiores segredos guardados a sete chaves pelos altos dirigentes da Maçonaria.