Um texto sem tabus…
Em tempo de Natividade,
Façamos uma PRECE DE NATAL
Brasilino Godinho
Estamos no tempo de Natal. Avizinha-se a passagem do ano e o primeiro dia de Janeiro, do ano 2007 – o dia da Fraternidade Universal.
São duas datas do calendário gregoriano carregadas de simbolismo. Nas liturgias das igrejas cristãs as celebrações do Natal relembram o nascimento de Jesus Cristo – o Redentor. É sabido que nas nações do mundo ocidental, onde predomina a fé cristã, o Natal é festejado com fervor religioso e manifestações festivas de carácter profano.
Em Portugal é frequente nos lares das famílias radicadas nas cidades a montagem dos presépios junto às árvores de Natal. Nas habitações do mundo rural vai prevalecendo a representação do estábulo de Belém, as figuras dos Reis Magos, dos pastorinhos e dos animais.
Representações de índole religiosa ou outras tradicionais associadas à quadra natalícia têm o significado da comemoração de um acontecimento marcante do advento de uma civilização que influenciou profundamente a evolução da humanidade e que molda a vida quotidiana de milhões de seres humanos.
Situando-nos no nosso tempo e cingindo-nos ao espaço português importa reflectir sobre as virtualidades da mensagem do Natal e dos valores configurados no Dia da Fraternidade Universal.
Se do Natal se recolhem as lições de humildade, da harmonia entre os homens e destes com a Natureza, da igualdade entre os indivíduos irmanados no sentido da rectidão, do bem comum e do respeito que nos devemos mutuamente; no dia 1 de Janeiro enaltece-se a solidariedade e a paz que devem prevalecer no relacionamento entre os homens e as sociedades das nações dispersas pelo Mundo.
Tudo isto considerado no plano dos princípios e dos valores que dão rumo à vida de cada um dos cidadãos; destes, algum quiçá perdido no seio da comunidade em que se integra; enquanto outro, eventualmente, achado consigo próprio no desígnio de afirmação pessoal. É nesta vertente da expressão e revigoramento do ser, que assume importância festejar o Natal e a Fraternidade. Esta, necessariamente, entrosada com os preceitos da Igualdade e da Liberdade a que todos têm direito e obrigação de facultar sem peias e egoísmos, nas melhores condições existenciais, a qualquer criatura. Por isto, nesta quadra natalícia, há motivo e relevância em as pessoas se manifestarem empenhadas no alcance da felicidade dos seus familiares, dos que lhe são mais próximos e, num amplexo lato, de todos os seus semelhantes.
Assim considerando, seria benéfico para a Humanidade que - para além de, nestas alturas, nos sentirmos atraídos pelas práticas de bem fazermos em prol dos outros seres - tivéssemos o engenho, a preocupação e o sentimento de partilha, generalizados a todos os dias das nossas vidas.
Infelizmente, temos consciência que natais vividos na conformidade enunciada estão quase arredados da vida contemporânea em geral, e da vivência da sociedade portuguesa
Então no solo pátrio e no tempo que corre a situação de milhares de famílias e de cidadãos em precárias condições de existência – muitos deles, nos limites da sobrevivência – não há lugar, nem ocasião, sequer coragem, para lhes acenar com as mensagens natalícias ou, simplesmente, com expressões de amizade e encorajamento. Por uma razão simples: as palavras e as sublimes ideias não lhes alimentam os corpos; menos ainda lhes confortam as almas. É a desgraça dos pobres e desamparados da vida. A eles não chegam a fartura dos ricos, dos políticos e dos governantes, que soberbamente se contemplam na abundância da mesa e no conforto do Natal que lhes está reservado e no qual se abrigam e deleitam… Sem lembrança dos infortúnios alheios ou peso na consciência pelos maus procedimentos de omissões e actuações havidas relativamente aos cidadãos desfavorecidos.
Tomemos consciência da coisa positiva (o espírito do Natal) e da outra negativa (o fingimento) que se lhe opõe. Ou seja: meditemos sobre as virtualidades da mensagem natalícia e acerca da negação que lhe é aplicada pela desumanidade que grassa por aí.
Daqui decorre ter cabimento a inserção nesta crónica da nossa seguinte
PRECE DE NATAL
Quando aquele Menino, em Belém, nasceu,
Encontrava-se a Terra convulsionada
Entre ilhas de Tudo e imensidões de Nada;
Tudo sem nada e o Nada nulo de seu.
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Veio Jesus que do Nada transformou tudo
E, pragmático, o Tudo reduziu a nada.
Q’o exemplo da sua acção nobre e venerada
Seja por nós seguido, já! – Sobretudo!
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Ora, que se tem prática do Natal,
Peçamos a Jesus, Divino amorudo,
Que se digne fazer milagre final:
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De que o Tudo não mais assente no Nada;
E do Nada se passe a ser digno a Tudo
Para que ele não mais prevaleça – o NADA!
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