Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, março 28, 2006

Um texto sem tabus…

O NEXO E O DESCONEXO ENTRE SOARES E MARCELO…

DUAS FACES DA MESMA MOEDA…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

Num curto período de um ano - e relacionados com a eleição para a presidência da República e a tomada de posse do novo presidente Aníbal Cavaco Silva - assistimos a episódios que bem reflectiram o clima político vigente no país e melhor evidenciaram as peculiares características das personalidades intervenientes; quer se tratasse dos candidatos, quer de quantos se envolveram directamente (ou na penumbra) nas acções de propaganda e promoção de cada uma das cinco candidaturas.

Quem tivesse acompanhado toda a evolução do citado processo eleitoral ter-se-ia apercebido de duas coisas:

- Primeira, foi o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa a pessoa que há dois anos lançou publicamente o nome do Prof. Cavaco Silva como futuro candidato à presidência da República. A partir desse anúncio frente às câmaras da televisão todo o mundo entendeu que, por isso mesmo, aquele antigo primeiro-ministro seria candidato. Aliás, correspondendo à demonstração desse propósito denunciado pelo próprio, durante os derradeiros dez anos.

Depois, Marcelo continuou afincadamente empenhado na promoção do “seu candidato” com tanto merecimento que, após a tomada de posse do novo inquilino do Palácio de Belém, este o recompensou nomeando-o conselheiro de Estado.

- Segunda, que Mário Soares candidato assumido um tanto ou quanto intempestivamente - se considerarmos a sua anterior afirmação de recusa de cargos com responsabilidade política feita no jantar comemorativa dos oitentas anos de vida – pela sua idade, prestígio, anterior exercício das funções de presidente da República, passado de lutador e intervenção pós 25 de Abril de 1974 era, no conjunto dos intervenientes, certamente a figura mais em foco.

Quis o destino - e os dois, Marcelo e Soares, se esforçaram no deplorável sentido – que ambos fossem protagonistas de eventos desconformes da coerência que, afinal, se impuseram como inequívocas demonstrações de atropelos aos princípios democráticos: do civismo, da tolerância, da transparência dos actos e das intenções e do respeito que nos devemos mutuamente.

Assim, ao Prof. Marcelo Rebelo de Sousa aponta-se a enorme incoerência demonstrada na sucessão dos anos. Começando no Congresso do PSD, na Figueira da Foz, por tomar a iniciativa e manobrado para ser conseguida a escolha do Prof. Cavaco Silva para a chefia do partido. Depois, quando este foi substituído como primeiro-ministro, lançou-lhe uma violenta acusação de incompetência e ignorância política. Jamais, em Portugal, um político de topo, foi tão incisivamente acusado de nulidade política. Há dois anos empenhou-se deliberadamente no lançamento da candidatura presidencial de Cavaco Silva. E foi dos apoiantes mais persistentes e ousados. Um caso emblemático que nos leva a inquirir: Onde se acolhe a coerência do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa? Ponderando os seus ziguezagues, interrogamo-nos: Qual a credibilidade do inteligente mestre de Direito, que na vida política mostra uma tão grande desorientação e imprecisão nas análises que vai fazendo sobre a política e os políticos, na sucessão dos tempos? Certo que, conforme veio a público nos jornais, Marcelo Rebelo de Sousa está a perder audiências nas suas perorações domingueiras na Televisão do Estado, a que não será alheio o juízo que os portugueses fazem sobre a sua pessoa.

No que concerne ao Dr. Mário Soares poderemos assinalar a devastadora incoerência logo evidente quando há dezoito meses convidou o Prof. Cavaco Silva para proferir uma conferência sobre Política, nas instalações da Fundação Mário Soares, sitas em Cortes, concelho de Leiria. E não ficando por essa deferência para com um político que tanto criticara (ele e o Partido Socialista) enquanto chefe do governo, foi mais longe na incongruência ao responder à pergunta de um jornalista do seguinte modo: “O Prof. Cavaco Silva tem capacidade para ser um bom presidente da República”. Sem dúvida, que com esta declaração Mário Soares perdeu credibilidade política por dar uma prova de grande incoerência política. Mais: assinou a sua certidão de óbito como político de grande importância no contexto nacional. Pois, a partir do momento daquela afirmação Mário Soares comprometeu irremediavelmente qualquer hipótese de vir a ser ocupante do cadeirão presidencial do Palácio de Belém. O que se confirmou com o resultado da recente eleição presidencial.

Face ao alarido que se continua a fazer sobre a recusa de Soares a cumprimentar o presidente Cavaco Silva após esta personalidade ter tomado posse do cargo, deve ser referido que não houve coerência nenhuma na atitude de Mário Soares. Eventualmente, isso seria admissível se, porventura, Soares não tivesse praticado aquele deslize dos Cortes. Antes do convite e para Mário Soares, Cavaco Silva não valia nada. À data da conferência, o professor Cavaco, segundo Soares, era homem de mérito bem credenciado para ser presidente da República. Depois, enquanto decorreu a campanha eleitoral Mário Soares assevera que o homem era mesmo um cavaco sem qualquer préstimo. Pelos vistos, a transformação do bom candidato Cavaco a Belém, no mau candidato Cavaco ao mesmo cargo dever-se-ia à circunstância de haver o candidato Mário Soares. Quer dizer: a magnífica circunstância Soares teria gerado a péssima consequência Cavaco.

Porém, não fora esta ofensa à firmeza de convicções e à racionalidade exigíveis a qualquer cidadão, aconteceria que, obviamente, noutra posição de autoridade moral, Mário Soares até poderia ter feito da fragilidade de Cavaco Silva estandarte eleitoral, bastando apoiar-se nas depreciações avassaladoras de Marcelo Rebelo de Sousa já citadas. E só não o fez porque nos Cortes dera um desajeitado e inconcebível tiro que lhe saiu um ano depois pela culatra.

Ainda sobre a cena de cumprimentos do Palácio de Queluz, qual beija-mão ao novo presidente, tratou-se – no mínimo considerando - de um gesto deselegante. Não o seria se correspondesse a um percurso rectilíneo de cultura política e de procedimentos cívicos. Todo ele irrepreensivelmente balizado pela coerência. Não era o caso do Dr. Mário Soares. Aliás, para quem tem um passado de encenações protocolares ficou-lhe mal a desconsideração; sobretudo para si próprio. Até porque, naquele momento, Cavaco não era o rival. Ele já estava investido nas altas funções de Supremo Magistrado da Nação. Seria ao presidente da República que Mário Soares cumprimentaria. Isto respeitante à (i)lógica estabelecida: quanto ao sistema e ao protocolo.

Claro que nos podemos interrogar quanto ao interesse que pode existir nas cerimónias protocolares de apresentação de cumprimentos aos empossados, Bem vistas as coisas tais actos são reminiscências dos hábitos da monarquia que não fazem sentido no nosso tempo. Cenas revestidas de uma solenidade exagerada e grotesca, igualmente, de pompa e circunstância, como soe dizer-se, são confrangedoras manifestações de vaidades, de hipocrisias avulsas e, nalguns casos, de subserviências repulsivas Também, exibições de narcisismo do actor principal. Naquela ocasião, durante algumas horas, a apertar quatro mil mãos mais ou menos limpas… Outrossim, uma inconveniente prática ritual anti-higiénica em que uns e outros ficam com as mãos lambuzadas de suor. Ninguém fica bem no retrato.

É por estas formas menores de expressão pública e outras semelhantes, adoptadas pelos republicanos admiradores dos reais faustos e das soberanas grandezas que a pia criatura, considerando-se despojada dos seus majestáticos atributos e vendo-os usados pelos actuais detentores do Poder, ainda alimenta o sonho de vir a ser Rei de Portugal… Abrenuntio!

Concluindo: Marcelo e Soares são as duas faces da moeda que tem a desagradável designação de INCOERÊNCIA.

terça-feira, março 21, 2006

Um texto sem tabus…

“A BRINCAR É QUE A GENTE SE ENTENDE...” SERÁ?

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com)

brasilino.godinho@netvisao.pt

O sinónimo de brincar é bem expressivo: divertir-se à maneira das crianças. Na idade da infância é uma prática benéfica, importante para a aquisição do equilíbrio emocional e para a aprendizagem do relacionamento ético-social. Do mesmo modo, com implicação relevante na formação moral, na criação de laços fraternos com o semelhante e no conhecimento das matérias culturais. Para os adolescentes e adultos as brincadeiras, nas suas variadas manifestações, constituem-se formas de lazer e de desanuviar tensões não só necessárias como adjuvantes do bem-estar físico e da estabilidade do espírito.

Muitas vezes, é por causa da pluralidade das brincadeiras e dos diferentes estados de alma gerados espontaneamente nos praticantes envolvidos que ocorrem as impensáveis grandes complicações. Lembramo-nos que já na idade infantil e nos recreios da escola os jogos e as folias começavam bem e com alegria, mas nunca estava garantido que acabassem em harmonia. É que, de repente, surgiam os desentendimentos logo seguidos de pontapés, lambadas e, nalguns casos, dos choros convulsivos. Em muitas ocasiões, as zombarias de mau gosto feriam gravemente a sensibilidade dos atingidos provocando danos psicológicos que custavam imenso a ultrapassar. Assim acontecia nos tempos da nossa infância. Como se veio repetindo ao longo dos anos com os nossos filhos, com os netos e vai suceder com os descendentes na continuidade dos tempos. Isto dito para realçar que não obstante o homem ser um animal racional possui a característica da agressividade que, sendo genética, a qualquer instante, pode manifestar-se com maior ou menor ímpeto; consoante a força anímica que tiver disponível no subconsciente para conter os seus ímpetos. Logo, as reacções mais ou menos violentas podem acontecer durante uma simples brincadeira.

Por outro lado, brincar pode ter outras significações nada inocentes e, até, algo condenáveis pelo senso comum. Por exemplo: se dissermos que alguém está a brincar com o fogo insinuamos que não toma a sério coisas dignas de ponderação e perigosas ou que não tem o sentido das responsabilidades. Esta expressão aplica-se, geralmente, aos políticos e governantes deste país. Também a quantos nos órgãos de Comunicação Social manipulam a opinião pública, agindo como encapotados agentes de obscuros interesses.

Quando se entra nesse vasto campo abrangente das brincadeiras de mau gosto e das práticas anti-sociais são inevitáveis as consequências nocivas e evidentes os malefícios que advêm quer para o sujeito passivo, quer para a comunidade.

Daqui se infere que a abordagem analítica, serena, objectiva, consciente dos assuntos e a resolução dos problemas suscitados no quotidiano das pessoas e da sociedade, não serão conseguidas mediante o recurso às brincadeiras ou a expedientes menos sérios. As provas estão feitas. Nem precisamos recuar no tempo. Sequer citar acontecimentos e protagonistas.

Verdade reconhecida e frequentemente comprovada: a brincar ou a enganar os cidadãos não nos entenderemos no essencial das questões que tenhamos de enfrentar.

Aliás, se dúvidas tivéssemos recalcadas no subconsciente, quanto a este tema, elas rapidamente se dissipariam ao reflectirmos sobre a natureza animal do homem, as implicações comportamentais dos indivíduos, as normas de funcionamento da sociedade, as imposições de ordem ética e cívica que determinam a vivência da cidadania; enfim, ponderando e relacionando as múltiplas e diversificadas envolventes físicas e espirituais do meio em que nos inserimos; as quais, nos enformam a sensibilidade e, acentuadamente, nos condicionam os estados de alma e os comportamentos.

Determinantes como são o ser e o acontecer, a lógica e a visão realista e objectiva da vida, desde que a elas receptivos, teremos assente a consciencialização das coisas, tornada firme pela prática da higiene da alma. Um estado de espírito, certamente, amparo da mente e agente propulsor da fortaleza do pensamento. Este, assim colocado ao abrigo da confusão, da superficialidade, da estupidez e da vacuidade. Enquanto refúgio de fontes das quais brotam a inspiração, as ideias, as motivações e os actos, manifestações essenciais e relevantes na existência da humana criatura.

Tal considerando, não se admitem atropelos e entraves na marcha da vida colectiva da nação portuguesa. Ela tem de prosseguir com verdade e transparência. Igualmente, com o indispensável repúdio da falácia de ser com brincadeiras, fingimentos, distracções, incompetências e oportunismos que nos acertaremos em relação às vivências dos cidadãos, às contingências e necessidades da comunidade e ao melhor devir de Portugal.

segunda-feira, março 13, 2006

Um texto sem tabus…

SÓCRATES,

NA CASA DA MÚSICA… A DAR-NOS MÚSICA?...

Brasilino Godinho

(Colaborador.

brasilino.godinho@netvisao.pt)

1 - O chefe do governo, Sócrates, transmite-nos regularmente a sensação que está num estado de graça consigo próprio, desde a eleição que o guindou ao poleiro do Palácio de S. Bento. O homem passeia-se pelo país, entusiasmado e confiante no futuro pessoal. Acreditando no seu – porque no de Portugal não estará tão crédulo. O destino de Portugal é bastante nebuloso. Ele não ignora isso. Os portugueses sentem-no na pele e na carteira…

Mas, bem-estar de alguns versus desgraça de muitos. Por exemplo: o engenheiro Sócrates está feliz. Tem bom aspecto de português suave. Bem vestido. Melhor ajanotado. Sorriso permanente estampado no rosto. Com a aparência de estar alimentado sem restrições de dietas. Palavroso para além do que bastaria. Mostra leveza no andar – já recuperado da cambalhota com os esquis nos Alpes suíços. Evidencia determinação nos objectivos que traçou para as actividades governativas; embora com o registo de alguns falhanços embaraçosos de más consequências para as debilitadas bolsas dos contribuintes e para as esfomeadas bocas de muitos portugueses. De ventura e prosperidade como parece ser o seu estado de espírito e a realidade do seu dia-a-dia, as coisas más que atormentam a maioria dos portugueses passam-lhe ao lado.

Devido às suas ideias optimistas, vivendo sem dificuldades económico-financeiras e, pela certa, movendo-se a um diferenciado ritmo noutros recatados ambientes muito distantes dos lugares frequentados pelos humildes e desfavorecidos – os quais são sistematicamente vítimas de humilhações e de ofensas - não ajuíza das extremas dificuldades que se deparam aos seus compatriotas. Também, dá-se ao despudor de luxos e extravagâncias que - nem estando abrangidos por algum entrave legal que, eventualmente, o contivesse nos exageros dos gastos e da exposição mediática – marcam um aberrante contraste entre a opulência do dirigente e a miséria dos dirigidos e subordinados. Igualmente, maneiras de estar que transmitem à opinião pública uma chocante imagem de displicência, de indiferença e de sobranceria, face às degradantes condições de vida de muitíssimas famílias portuguesas.

Por isso, foi complicado, incómodo e desagradável vê-lo em férias no Quénia, enquanto no país alastrava a calamidade dos fogos florestais e os compatriotas do rincão pátrio iam amargurando na lufa-lufa da precária existência, comendo o pão que o Diabo amassou. E não só. Sem dúvida, também, sonhando e vislumbrando as inacessíveis férias por um estreito e afunilado canudo incluso num mundo de fantasias naturalmente acessível à mente de cada um dos indígenas lusos, quando tudo lhes falta nas confrangedoras existências. Aí a grande e terrível diferença. O chefe do governo: feliz, rico e gastador. Os indígenas: angustiados, pobres, sem uns míseros euros para adquirir o pão como mínimo sustento. Este antagonismo de situações é gritante exemplo das profundas desigualdades sociais que existem em Portugal. A que José Sócrates parece estar alheio. Senão insensível. Disso, o país ressente-se e os portugueses amocham e sofrem com dor. E estão inconformados com tantas desconsiderações dos detentores do Poder.

Mais tarde, em Dezembro de 2005, José Sócrates meteu curtas férias de Natal e ao jeito acintoso, repetiu a gracinha: deu uma escapadela à Suíça deixando o povoléu num estado de aperto do cinto. Aperto imposto aos patrícios que os levava a dar tratos à imaginação no sentido de descobrirem decentes formas de aquisição das pequenas vitualhas com que animassem as tradicionais ceias familiares. De novo, digo, de antiga e contumaz a idêntica desigualdade antes assinalada. Estas ideias e práticas indecentes de os governantes e os políticos se permitirem todos os excessos, os maiores aumentos de rendimentos e abundâncias de mordomias enquanto, abusando dos poderes e influências que têm ao alcance, exigem à maioria dos portugueses os continuados e progressivos sacrifícios e frustrações nos seus legítimos anseios de melhor qualidade de vida, devem acabar sem tardança. JÁ! Todos, sem excepção, devem ter a sua quota-parte de renúncias e de sacrifícios. Os políticos que dêem o exemplo: aufiram menores ordenados, cortem nas regalias e sejam menos esbanjadores. Isto é legítimo! Necessário! E coincidente com a melhor doutrina social e as determinantes de um Estado de direito. E não sendo este o caso de Portugal, comece-se por aí a convergência imprescindível.

2 - Entretanto, o engenheiro José Sócrates vai percorrendo o território continental numa cruzada de propaganda de amanhãs radiosos.

Há dias visitou uma escola do ensino básico. As reportagens das televisões mostraram-no radiante – e os jornais deram disso nota e realce – a ouvir, embevecido, as criancinhas a cantarem em inglês uma canção de encantar o senhor chefe do governo. O governante estava eufórico. Sim senhor! Os meninos de uma escola portuguesa a dar-lhe as boas vindas em inglês. Bonito… Extraordinário… Edificante!... Uma iniciativa brilhante de promoção da língua inglesa nas escolas infantis e… deplorável, aviltante, de achincalhação do idioma nacional.

Ele, eufórico, insinuando: ponham os olhos nisto… É assim que estamos a criar as bases do desenvolvimento e do porvir de Portugal. Com o devido respeito ao primeiro-ministro do governo português, daqui lhe digo: bem podem os actuais governantes limparem as mãos à parede!

Naturalmente, interroguei-me: preocupou-se o chefe do governo de Portugal em se informar se as criancinhas estavam a aprender bem o Português? Com que graus de interesse e aproveitamento? Não! Deu para entender que o chefe do governo de Portugal nem pensou nisso! Sócrates, lamentavelmente, esquecendo os ensinamentos da escola do seu homónimo grego e desmerecendo no apelido socrático, não esteve para aí virado. Ó! Como é frustrante chamar Sócrates a este engenheiro José… Arrepia!

Tão baixo se chegou na defesa, no usufruto e na avaliação dos nossos valores que nem se viu ninguém a fazer qualquer reparo de censura à elucidativa (também, demasiado ostensiva e arrogante) omissão do primeiro-ministro. Os portugueses que tão mal falam e escrevem o Português – o que resultou das desastradas políticas de ensino dos sucessivos governos, ao longo dos últimos trinta e dois anos - certamente podem desesperar de alguma vez se renderem ao encanto da sua bela língua e ao prazer de a utilizar com o rigor de expressão e a eficácia de compreensão desejável e necessária a um salutar relacionamento entre todos que dela fazem aplicação.

Por esta condenável via do desleixo e negação da língua pátria, tão do obsceno agrado dos nossos incríveis governantes, em data próxima estaremos a falar um reles dialecto. Se, entrementes, este não for substituído pelo Inglês…

Valha-nos o empenho dos irmãos brasileiros nos cuidados de defesa e expansão da língua que herdaram dos portugueses. Tudo o que se está passando em Portugal leva a crer que a preservação do Português esteja dependente dos políticos e dirigentes da nação brasileira.

3 - O chefe do governo tem vindo a anunciar contratos de grandes investimentos com diversas entidades internacionais. Às vezes, isso é feito com demasiado espalhafato e pouco sentido de dignidade do Estado. O que aconteceu com a visita de Bill Gates constituiu um mau exemplo de actuação pública. Para a posteridade, ficou aquela inacreditável cena de subserviência de seis ministros postos em fila ao redor de uma mesa a assinar os documentos do contrato perante o magnate americano e José Sócrates; estes, assentando os respectivos traseiros nos cadeirões e assumindo empoladas poses de reis magnificamente expostos nos seus imponentes tronos. Impunha-se: mais discrição; menos servilismo. Igualmente, se exigia uma mínima consciência do ridículo.

Agora, foi na Casa da Música. Ali houve aparato excessivo no anúncio de vários empreendimentos de bastante importância para a recuperação económica – a tal, tantas ocasiões prometida e que, sempre, tarda em chegar.

Tudo bem naquilo que nos encaminhe para a recuperação da economia nacional. Sobretudo, que esteja perspectivado no sentido do desenvolvimento e da criação de melhores condições de vida deste atormentado povo.

Porém, há qualquer coisa no ar susceptível de tolher a esperança do Zé Povinho. Não estará o engenheiro José Sócrates a transmitir-nos música? Aquela ideia de anunciar medidas de largo alcance na Casa da Música não terá uma valência psicológica escondida no imo do governante? Sim! A observação é pertinente… A suspeita tem alguma lógica… Pelo menos, a escolha da Casa da Música, presta-se à confusão… Será algo premonitório?

Repito: Sócrates estará a dar-nos música?...

quinta-feira, março 09, 2006

Brasilino Godinho

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quinta-feira, março 02, 2006

Um texto sem tabus…

HAVERÁ MILAGRE DE TRANSFORMAÇÃO?...

Brasilino Godinho

Está prestes a suceder um invulgar acontecimento.

A 9 de Março de 2006, no palácio de Belém, sede da Presidência da República, vai ser colocado, ao alto, um Cavaco; e, nele enrolada, a respectiva Silva. Para já, tem a sina traçada de ser a lasca de estimação para quantos residentes e frequentadores do vetusto paço da República.

A que atribuir tal desfecho? Terá sido por obscuro desígnio dos Deuses? Os divinos seres ter-se-ão distraído? Acaso, desinteressaram-se dos indígenas lusos? Ou terão resolvido dar-nos uma punição?

Verdade insofismável: nunca chegaremos a conhecer em detalhe as místicas razões desta situação a que acabamos de chegar: um cavaco introduzido e exposto em Belém. Nunca se viu coisa igual. Quem diria?

Mas o que confirmamos é que muitos portugueses traçaram uma cruz (e um calvário?...) nos boletins de voto da última eleição presidencial. Também admitimos que algum divino ser terá feito uma confusão dos demónios, ao tratar cavaco como uma criança de colo. Pois que ao cavaco e aos lindos e atraentes borrachos que o acompanharam na campanha presidencial o Ente Supremo, displicentemente, sem avaliar as consequências, pôs a mão por baixo. E logo, pressurosa, oportunista e atrevida, acorreu a Opus Dei que, sem meias-medidas e com uma grande falta de pudor, lhe pôs as manápulas em cima.

Dadas estas extravagantes ocorrências faz sentido que as enquadremos na história da personagem. Nesta perspectiva, tem cabimento transcrevermos parte do texto inserido na página 25, do livro “A QUINTA LUSITANA”.

Vem a propósito realçar que, ao tempo do arranque da administração do imenso laranjal em que se transformou a quinta lusitana, gerou-se a esperança de que seria possível transformar um cavaco num limão que, espremido, daria abundante sumo para condimentar as necessárias iguarias de que o Zé Povinho estava – e continua a estar – ávido. Infelizmente, aquilo que seria um milagre da natureza não aconteceu. De resto, mandava a prudência, que se tivesse presente que num cavaco pouco se aproveita. E que valor atribuir a silva sem amoras? A observação é comum. Por exemplo: já alguém tentou espremer um cavaco? Se o espremeu obteve algum suco proveitoso? Um cavaco alguma vez serviu de esteio a qualquer vinha? De suporte à mais firme construção? Quais os produtos aproveitáveis que se obtêm da vibração a que se sujeitar um cavaco? Na melhor das hipóteses libertar-se-á uma simples poeira deitada aos olhos de quem estiver em redor, com o risco de despertar reacções alérgicas nas pessoas com maior sensibilidade aos alergénios.

Até hoje, só se conheceu uma grande “utilidade” ao cavaco: ter servido para enxotar do “aprisco laranja” um borrego degenerado que um dia, toldado da mona, em vez de balir, articulou sons imperfeitos sem sentido, com sotaque alentejano e ameaçava deitar a perder o ambiente...”

Portanto, a conhecida farpa de madeira, tantas ocasiões apontada à cabeça do Zé Povinho, carrega um fardo pesado de insuficiências funcionais que são de mau augúrio quando, no p.f. dia 9 de Março, pegar de estaca em Belém. A partir dessa data ela passará a ser constantemente espremida. Veremos o volume e a qualidade do suco que conseguirá derramar. E não só. Igualmente, cá estaremos para ver se a silva enxertada no corpanzil produzirá boas amoras que, transformadas em gostosas compotas, farão as delícias de todos que apostaram na nova experiência cavacal. Então, se acontecer esse fenómeno de transformação, assinalando a (ora imprevisível) utilidade do cavaco e sua intrínseca silva, diremos: MILAGRE!...

ADENDA – De última hora!

O Dr. Jorge Sampaio termina o mandato sem chama e sem glória. Muito mal! Excessivamente empenhado a distribuir condecorações pelos amigos e confrades; elogiando a classe política ao mesmo tempo que acusava os portugueses de fazerem campanha antipolítica (escamoteando a realidade de serem os “políticos”, através dos seus desmandos, a fazê-la com todo o irresponsável entusiasmo); e, de forma obsessiva, lançado numa desastrosa campanha em prol da famigerada regionalização. Quer dizer: iniciou, manteve e acabou o prolongado tempo de exercício de presidente da República, sempre a bater na tecla da regionalização. Uma tristeza de cegueira política!

O Dr. Cavaco Silva inicia o mandato de presidente da República com pendor de lucidez. Pelo menos, manifesto num ponto importante da organização administrativa do Estado português. Numa recentíssima entrevista a um jornal espanhol Cavaco Silva afirma que a regionalização não tem sentido em Portugal. E sublinha: Portugal não tem problemas de natureza ética, de índole linguística e de ordem religiosa. Muito bem! Apoiado!!!

Acrescento: Portugal, com dimensões menores de que algumas regiões de países europeus, não tem que imitar servilmente ou de modo boçal, aquilo que existe no estrangeiro, certamente adequado às condições especificas de cada Estado. Tal e qual como nesses e noutros países, não existindo o modelo de entidade administrativa (freguesia) que integra cada um dos nossos municípios, não há notícias de, neles, existir o propósito de nos imitarem nesse domínio que nos é característico e tradicional.

E sendo conhecidas as minhas posições sobre Cavaco Silva e o cavaquismo estou à vontade para, publicamente, reconhecer a valia e o acerto da posição do novo presidente da República.

Repito: Assim, Cavaco Silva começa bem!


Um texto sem tabus…

D. AMBRÓSIA, APETECE-ME ALGO…

Brasilino Godinho
brasilino.godinho@netvisao.pt)
http//quintalusitana.blogspot.com/

Não é o chocolate apresentado pelo mordomo Ambrósio da publicidade que me apetece.
O que estou desejando é trocar algumas impressões com a popular D. Ambrósia.
Nunca os nossos passos se cruzaram. A D. Ambrósia não me conhece. Enquanto eu a conheço de ginjeira. Espero que ela, não sendo dada a leituras, venha a tomar conhecimento deste palavreado.
Comecei a reparar nela desde os recuados tempos do início dos mandatos presidenciais do Dr. Jorge Sampaio - aqueles que tiveram duração e visibilidade nos salões do palácio de Belém.
A D. Ambrósia despertou a minha atenção logo que o Dr. Jorge Sampaio se meteu a caminho de vários lugares, em jeito de peregrinação, ao encontro de desvairadas gentes que o aplaudiam freneticamente, agitando bandeirinhas, lançando-lhe confeitos e, muitas vezes, brindando-o enternecidamente com engraçados piropos e algumas beijocas à mistura; sempre que ele, diligente e compenetrado do seu papel, se deliciava nas representações das presidências mais ou menos abertas conforme as circunstâncias de local, de clima e de categorias sociais das maltas alinhadas nas praças da República profusamente espalhadas pelos cantos desta encantadora e intrigante região ocidental da Europa. Presidências assim designadas para não se confundirem com as presidências fechadas… Diferenças que são perfeitamente conhecidas por quem paira ao redor do Poder e por outros cidadãos que conseguem discernir aquilo que vai acontecendo por aí… mas, em contraponto, totalmente desentendidas por todos os Anjos, Zés, Angélicas e Marias Papoilas - assíduos figurantes uns ou interessadas espectadoras outras, quer dos espectáculos folclóricos do Portugal profundo e das sessões de fado do Bairro Alto, Alfama, Mouraria e doutros mal afamados sítios da zona saloia de Lisboa; quer das novelas, sejam elas presidenciais, governamentais ou as dos desamores e traições produzidas em Portugal e no Brasil. Todas, inevitavelmente emitidas pelas televisões e relatadas pelos jornais.
Voltando à D. Ambrósia, as televisões mostravam-na divertida e exuberante, próximo do “seu presidente” a qualquer momento que ele se apresentasse ao respeitável público durante todas aquelas andanças pelos 308 concelhos de Portugal. Foi uma estafa para ele e para a D. Ambrósia que tanto se esforçava por acompanhar e festejar o “seu presidente”. Claro que ele e ela não se lamentavam das respectivas canseiras. Quem corre por gosto não cansa…
O que se conhece da D. Ambrósia não é de grande monta nem valerá a pena haver cuidados de esmiuçar as suas especificidades. Até para não termos surpresas desagradáveis melhor será jogarmos pelo seguro da contenção no rebuscar o passado. Mas sabe-se ou intui-se o suficiente por aquilo que se viu a olho nu nas televisões. Ela aparenta meia-idade. Tem genica. Evidenciou ser uma sampaísta determinada.
Com preocupações de elogiar o incansável turista e exemplar chefe de família, o senhor Sampaio. Mostrando incontida ânsia de festejar o cidadão Dr. Jorge Sampaio. E fazendo profissão de fé e de amizade lá ia exibindo desregrados impulsos que, infalivelmente, a levavam a apaparicar o senhor presidente. Não veio mal ao mundo com o sucesso de tais brejeirices…
Quanto às presidências abertas digamos que se desenrolavam segundo a rotina maduramente congeminada, a que correspondia o enfado de alguns, o embaraço dos acólitos e oficiantes do ritual quando assistiam perplexos às derrapagens verbais do Dr. Sampaio. Igualmente, sobre elas incidiu a indiferença geral da multidão que não vai nessas ondas de conversa fiada para entreter e entusiasmar basbaques perdidos sem eira nem beira, confinados nos seus lugares do interior e aturdidos nas margens do pântano de que falava o Guterres de recente era socialista.
Agora, prestes a desocupar o palácio de Belém, o Dr. Jorge Sampaio e a D. Ambrósia preparam-se para irem às suas vidas; as quais, se prevêem repartidas em torno de cada uma das suas respectivas lojas: o Dr. Sampaio ocupado nos absorventes lançamentos de “pranchas” nalguma incógnita e sofisticada grande loja da Fraternidade Escondida, sita ali no Pátio dos Cânticos Entoados em Surdina e a D. Ambrósia, finalmente, retornada à pacatez das voltas na sua loja de mercearia do bairro popular onde reside, entretida a atender a clientela e a rememorar as suas incríveis aventuras nas excursões presidenciais.
Aqui, neste preciso ponto, apetece-me algo… Ou seja: dizer à D. Ambrósia e aos seus inúmeros parceiros dessas fantásticas jornadas turísticas, que aqui e acolá se integraram nas festejadas celebrações presidenciais tão enriquecedoras do arraial da República e do folclore nacional, que é chegado o momento de se fazer o balanço dos proveitos alcançados de tudo isso. Sem esquecer ou menosprezar a obrigação do apuro da sublime arte do Dr. Jorge Sampaio: aquela de viajar. Mais o engenho da criatura em despertar nos outros os sentimentos de que sua excelência esteve possuído nos oito anos de exercício das atribuladas funções de respeitável supremo magistrado da Nação.
Para isso, imaginemos um limão. Apertemo-lo. Se não está seco larga sumo. Logo, na apreciação dos resultados de oito anos de digressões do Dr. Sampaio por 308 concelhos de Portugal e das inumeráveis viagens de Estado ao estrangeiro, se espremermos o limão ele não deitará substância. Somente escorrem algumas gotas.
Em Portugal que empreendimentos, projectos, alterações de estados de pobreza nas populações, de melhorias efectivamente processadas na nossa vida colectiva e na esfera individual de cada cidadão português se processaram ao abrigo ou por benefício recolhido das peregrinações do senhor presidente? Alguém viu o presidente arregaçar as mangas e ajudar os concidadãos a reparar uma estrada, podar uma vinha, sachar um milheiral, fazer uma safra de azeitona, sachar uma terra de cultivo, apanhar batatas, ajudar numa ordenha de vacas, servir uma refeição num abrigo da terceira idade, pegar numa mangueira e combater o fogo auxiliando os incansáveis e sacrificados bombeiros ou durante um dia de greve de transportes públicos oferecer-se para conduzir um autocarro da Carris de Lisboa? O que, efectivamente, os portugueses lucraram com as visitas do presidente da República aos 308 concelhos?
E quais as vantagens para Portugal e os portugueses decorrentes das centenas de viagens de Estado ao estrangeiro? Onde estão os relatórios dessas actividades de turismo oficial, através dos quais se facultasse aos portugueses a avaliação dos resultados? Eles não existem. Mas nada nos inibe de considerar que pouco se aproveitou! Uma mão cheia de nada…
Em época de profunda crise económico-financeira e de degradação geral das condições de vida do Zé Povinho o Estado gastou um balúrdio com as ocupações turísticas do presidente Jorge Sampaio. O País não pode dar-se a tais luxos.
Poupar nos gastos do Estado e dos seus agentes, importa muito mais que divertir o público com iniciativas e acontecimentos inconsequentes. Ainda por cima, peregrinações - sem finalidades objectivas - absolutamente dispensáveis.
Finalmente, dois reparos.
Primeiro, não despiciendo: nas últimas semanas o presidente andou numa roda-viva a distribuir condecorações por amigos e confrades. Disseram os jornais e as televisões que, em bastantes casos, às escondidas do público. Por mim, nem me custa admitir que se houvera mais um mandato do actual presidente não restaria nenhum mestre ou irmão da grande fraternidade de Lisboa, Coimbra e Porto a queixar-se de não ter sido contemplado com uma qualquer insígnia. Foi um azar. Por certo, devido a distracção no tempo útil e (ou) incapacidade da fábrica das medalhas em dispor de meios para “curar” a febre da distribuição das ditas que, à derradeira hora, se apoderou da presidencial criatura…
Segundo: Não houve notícia de a D. Ambrósia ter sido agraciada pelo Dr. Jorge Sampaio… Ela até merecia uma recompensa por tanta dedicação e entusiasmo contagiante…
Este, o recado que desejo mandar à D. Ambrósia…
Também, daqui lhe lanço o repto: D. AMBRÓSIA, DEIXE-SE DE TRETAS!…
ABRA OS OLHOS, MULHER!
Brasilino Godinho
(Autor de “A QUINTA LUSITANA”)
Escreve no “Diário de Aveiro”,
semanalmente, às terças-feiras.

Nota informativa: Exemplares deste texto serão distribuídos pela seguinte ordem:
1 – fiéis leitores das obras do autor;
2 – amigos e conhecidos do autor;
3 – cidadãos sensíveis aos problemas que afectam a comunidade portuguesa.