Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, março 13, 2006

Um texto sem tabus…

SÓCRATES,

NA CASA DA MÚSICA… A DAR-NOS MÚSICA?...

Brasilino Godinho

(Colaborador.

brasilino.godinho@netvisao.pt)

1 - O chefe do governo, Sócrates, transmite-nos regularmente a sensação que está num estado de graça consigo próprio, desde a eleição que o guindou ao poleiro do Palácio de S. Bento. O homem passeia-se pelo país, entusiasmado e confiante no futuro pessoal. Acreditando no seu – porque no de Portugal não estará tão crédulo. O destino de Portugal é bastante nebuloso. Ele não ignora isso. Os portugueses sentem-no na pele e na carteira…

Mas, bem-estar de alguns versus desgraça de muitos. Por exemplo: o engenheiro Sócrates está feliz. Tem bom aspecto de português suave. Bem vestido. Melhor ajanotado. Sorriso permanente estampado no rosto. Com a aparência de estar alimentado sem restrições de dietas. Palavroso para além do que bastaria. Mostra leveza no andar – já recuperado da cambalhota com os esquis nos Alpes suíços. Evidencia determinação nos objectivos que traçou para as actividades governativas; embora com o registo de alguns falhanços embaraçosos de más consequências para as debilitadas bolsas dos contribuintes e para as esfomeadas bocas de muitos portugueses. De ventura e prosperidade como parece ser o seu estado de espírito e a realidade do seu dia-a-dia, as coisas más que atormentam a maioria dos portugueses passam-lhe ao lado.

Devido às suas ideias optimistas, vivendo sem dificuldades económico-financeiras e, pela certa, movendo-se a um diferenciado ritmo noutros recatados ambientes muito distantes dos lugares frequentados pelos humildes e desfavorecidos – os quais são sistematicamente vítimas de humilhações e de ofensas - não ajuíza das extremas dificuldades que se deparam aos seus compatriotas. Também, dá-se ao despudor de luxos e extravagâncias que - nem estando abrangidos por algum entrave legal que, eventualmente, o contivesse nos exageros dos gastos e da exposição mediática – marcam um aberrante contraste entre a opulência do dirigente e a miséria dos dirigidos e subordinados. Igualmente, maneiras de estar que transmitem à opinião pública uma chocante imagem de displicência, de indiferença e de sobranceria, face às degradantes condições de vida de muitíssimas famílias portuguesas.

Por isso, foi complicado, incómodo e desagradável vê-lo em férias no Quénia, enquanto no país alastrava a calamidade dos fogos florestais e os compatriotas do rincão pátrio iam amargurando na lufa-lufa da precária existência, comendo o pão que o Diabo amassou. E não só. Sem dúvida, também, sonhando e vislumbrando as inacessíveis férias por um estreito e afunilado canudo incluso num mundo de fantasias naturalmente acessível à mente de cada um dos indígenas lusos, quando tudo lhes falta nas confrangedoras existências. Aí a grande e terrível diferença. O chefe do governo: feliz, rico e gastador. Os indígenas: angustiados, pobres, sem uns míseros euros para adquirir o pão como mínimo sustento. Este antagonismo de situações é gritante exemplo das profundas desigualdades sociais que existem em Portugal. A que José Sócrates parece estar alheio. Senão insensível. Disso, o país ressente-se e os portugueses amocham e sofrem com dor. E estão inconformados com tantas desconsiderações dos detentores do Poder.

Mais tarde, em Dezembro de 2005, José Sócrates meteu curtas férias de Natal e ao jeito acintoso, repetiu a gracinha: deu uma escapadela à Suíça deixando o povoléu num estado de aperto do cinto. Aperto imposto aos patrícios que os levava a dar tratos à imaginação no sentido de descobrirem decentes formas de aquisição das pequenas vitualhas com que animassem as tradicionais ceias familiares. De novo, digo, de antiga e contumaz a idêntica desigualdade antes assinalada. Estas ideias e práticas indecentes de os governantes e os políticos se permitirem todos os excessos, os maiores aumentos de rendimentos e abundâncias de mordomias enquanto, abusando dos poderes e influências que têm ao alcance, exigem à maioria dos portugueses os continuados e progressivos sacrifícios e frustrações nos seus legítimos anseios de melhor qualidade de vida, devem acabar sem tardança. JÁ! Todos, sem excepção, devem ter a sua quota-parte de renúncias e de sacrifícios. Os políticos que dêem o exemplo: aufiram menores ordenados, cortem nas regalias e sejam menos esbanjadores. Isto é legítimo! Necessário! E coincidente com a melhor doutrina social e as determinantes de um Estado de direito. E não sendo este o caso de Portugal, comece-se por aí a convergência imprescindível.

2 - Entretanto, o engenheiro José Sócrates vai percorrendo o território continental numa cruzada de propaganda de amanhãs radiosos.

Há dias visitou uma escola do ensino básico. As reportagens das televisões mostraram-no radiante – e os jornais deram disso nota e realce – a ouvir, embevecido, as criancinhas a cantarem em inglês uma canção de encantar o senhor chefe do governo. O governante estava eufórico. Sim senhor! Os meninos de uma escola portuguesa a dar-lhe as boas vindas em inglês. Bonito… Extraordinário… Edificante!... Uma iniciativa brilhante de promoção da língua inglesa nas escolas infantis e… deplorável, aviltante, de achincalhação do idioma nacional.

Ele, eufórico, insinuando: ponham os olhos nisto… É assim que estamos a criar as bases do desenvolvimento e do porvir de Portugal. Com o devido respeito ao primeiro-ministro do governo português, daqui lhe digo: bem podem os actuais governantes limparem as mãos à parede!

Naturalmente, interroguei-me: preocupou-se o chefe do governo de Portugal em se informar se as criancinhas estavam a aprender bem o Português? Com que graus de interesse e aproveitamento? Não! Deu para entender que o chefe do governo de Portugal nem pensou nisso! Sócrates, lamentavelmente, esquecendo os ensinamentos da escola do seu homónimo grego e desmerecendo no apelido socrático, não esteve para aí virado. Ó! Como é frustrante chamar Sócrates a este engenheiro José… Arrepia!

Tão baixo se chegou na defesa, no usufruto e na avaliação dos nossos valores que nem se viu ninguém a fazer qualquer reparo de censura à elucidativa (também, demasiado ostensiva e arrogante) omissão do primeiro-ministro. Os portugueses que tão mal falam e escrevem o Português – o que resultou das desastradas políticas de ensino dos sucessivos governos, ao longo dos últimos trinta e dois anos - certamente podem desesperar de alguma vez se renderem ao encanto da sua bela língua e ao prazer de a utilizar com o rigor de expressão e a eficácia de compreensão desejável e necessária a um salutar relacionamento entre todos que dela fazem aplicação.

Por esta condenável via do desleixo e negação da língua pátria, tão do obsceno agrado dos nossos incríveis governantes, em data próxima estaremos a falar um reles dialecto. Se, entrementes, este não for substituído pelo Inglês…

Valha-nos o empenho dos irmãos brasileiros nos cuidados de defesa e expansão da língua que herdaram dos portugueses. Tudo o que se está passando em Portugal leva a crer que a preservação do Português esteja dependente dos políticos e dirigentes da nação brasileira.

3 - O chefe do governo tem vindo a anunciar contratos de grandes investimentos com diversas entidades internacionais. Às vezes, isso é feito com demasiado espalhafato e pouco sentido de dignidade do Estado. O que aconteceu com a visita de Bill Gates constituiu um mau exemplo de actuação pública. Para a posteridade, ficou aquela inacreditável cena de subserviência de seis ministros postos em fila ao redor de uma mesa a assinar os documentos do contrato perante o magnate americano e José Sócrates; estes, assentando os respectivos traseiros nos cadeirões e assumindo empoladas poses de reis magnificamente expostos nos seus imponentes tronos. Impunha-se: mais discrição; menos servilismo. Igualmente, se exigia uma mínima consciência do ridículo.

Agora, foi na Casa da Música. Ali houve aparato excessivo no anúncio de vários empreendimentos de bastante importância para a recuperação económica – a tal, tantas ocasiões prometida e que, sempre, tarda em chegar.

Tudo bem naquilo que nos encaminhe para a recuperação da economia nacional. Sobretudo, que esteja perspectivado no sentido do desenvolvimento e da criação de melhores condições de vida deste atormentado povo.

Porém, há qualquer coisa no ar susceptível de tolher a esperança do Zé Povinho. Não estará o engenheiro José Sócrates a transmitir-nos música? Aquela ideia de anunciar medidas de largo alcance na Casa da Música não terá uma valência psicológica escondida no imo do governante? Sim! A observação é pertinente… A suspeita tem alguma lógica… Pelo menos, a escolha da Casa da Música, presta-se à confusão… Será algo premonitório?

Repito: Sócrates estará a dar-nos música?...