Um texto sem tabus…
HAVERÁ MILAGRE DE TRANSFORMAÇÃO?...
Brasilino Godinho
A 9 de Março de 2006, no palácio de Belém, sede da Presidência da República, vai ser colocado, ao alto, um Cavaco; e, nele enrolada, a respectiva Silva. Para já, tem a sina traçada de ser a lasca de estimação para quantos residentes e frequentadores do vetusto paço da República.
A que atribuir tal desfecho? Terá sido por obscuro desígnio dos Deuses? Os divinos seres ter-se-ão distraído? Acaso, desinteressaram-se dos indígenas lusos? Ou terão resolvido dar-nos uma punição?
Verdade insofismável: nunca chegaremos a conhecer em detalhe as místicas razões desta situação a que acabamos de chegar: um cavaco introduzido e exposto
Mas o que confirmamos é que muitos portugueses traçaram uma cruz (e um calvário?...) nos boletins de voto da última eleição presidencial. Também admitimos que algum divino ser terá feito uma confusão dos demónios, ao tratar cavaco como uma criança de colo. Pois que ao cavaco e aos lindos e atraentes borrachos que o acompanharam na campanha presidencial o Ente Supremo, displicentemente, sem avaliar as consequências, pôs a mão por baixo. E logo, pressurosa, oportunista e atrevida, acorreu a Opus Dei que, sem meias-medidas e com uma grande falta de pudor, lhe pôs as manápulas em cima.
Dadas estas extravagantes ocorrências faz sentido que as enquadremos na história da personagem. Nesta perspectiva, tem cabimento transcrevermos parte do texto inserido na página 25, do livro “A QUINTA LUSITANA”.
“Vem a propósito realçar que, ao tempo do arranque da administração do imenso laranjal em que se transformou a quinta lusitana, gerou-se a esperança de que seria possível transformar um cavaco num limão que, espremido, daria abundante sumo para condimentar as necessárias iguarias de que o Zé Povinho estava – e continua a estar – ávido. Infelizmente, aquilo que seria um milagre da natureza não aconteceu. De resto, mandava a prudência, que se tivesse presente que num cavaco pouco se aproveita. E que valor atribuir a silva sem amoras? A observação é comum. Por exemplo: já alguém tentou espremer um cavaco? Se o espremeu obteve algum suco proveitoso? Um cavaco alguma vez serviu de esteio a qualquer vinha? De suporte à mais firme construção? Quais os produtos aproveitáveis que se obtêm da vibração a que se sujeitar um cavaco? Na melhor das hipóteses libertar-se-á uma simples poeira deitada aos olhos de quem estiver em redor, com o risco de despertar reacções alérgicas nas pessoas com maior sensibilidade aos alergénios.
Até hoje, só se conheceu uma grande “utilidade” ao cavaco: ter servido para enxotar do “aprisco laranja” um borrego degenerado que um dia, toldado da mona, em vez de balir, articulou sons imperfeitos sem sentido, com sotaque alentejano e ameaçava deitar a perder o ambiente...”
Portanto, a conhecida farpa de madeira, tantas ocasiões apontada à cabeça do Zé Povinho, carrega um fardo pesado de insuficiências funcionais que são de mau augúrio quando, no p.f. dia 9 de Março, pegar de estaca
ADENDA – De última hora!
O Dr. Jorge Sampaio termina o mandato sem chama e sem glória. Muito mal! Excessivamente empenhado a distribuir condecorações pelos amigos e confrades; elogiando a classe política ao mesmo tempo que acusava os portugueses de fazerem campanha antipolítica (escamoteando a realidade de serem os “políticos”, através dos seus desmandos, a fazê-la com todo o irresponsável entusiasmo); e, de forma obsessiva, lançado numa desastrosa campanha em prol da famigerada regionalização. Quer dizer: iniciou, manteve e acabou o prolongado tempo de exercício de presidente da República, sempre a bater na tecla da regionalização. Uma tristeza de cegueira política!
O Dr. Cavaco Silva inicia o mandato de presidente da República com pendor de lucidez. Pelo menos, manifesto num ponto importante da organização administrativa do Estado português. Numa recentíssima entrevista a um jornal espanhol Cavaco Silva afirma que a regionalização não tem sentido
Acrescento: Portugal, com dimensões menores de que algumas regiões de países europeus, não tem que imitar servilmente ou de modo boçal, aquilo que existe no estrangeiro, certamente adequado às condições especificas de cada Estado. Tal e qual como nesses e noutros países, não existindo o modelo de entidade administrativa (freguesia) que integra cada um dos nossos municípios, não há notícias de, neles, existir o propósito de nos imitarem nesse domínio que nos é característico e tradicional.
E sendo conhecidas as minhas posições sobre Cavaco Silva e o cavaquismo estou à vontade para, publicamente, reconhecer a valia e o acerto da posição do novo presidente da República.
Repito: Assim, Cavaco Silva começa bem!
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