Entre nesta "quinta"! Atente na sua beleza formal! Apodere-se do seu "recheio"! Pondere... Divirta-se com as paródias e os "artistas" do circo... Resista à tentação de chorar face aos quadros mais tristes... E recupere a auto-estima!...
Visto, lido e respigado: Vai gostar!...
Também, no seu interior, conheça de quantos irão detestar a QUINTA LUSITANA... Do mesmo modo, vai saber porquê...
Leitor, Pare! Leia! Pondere! Decida-se!
SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA
SE FIXOU TODINHA EM LISBOA
NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...
Motivo: A "QUINTA LUSITANA "
ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...
QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...
e cordialmente se subscreve, Brasilino Godinho
domingo, dezembro 31, 2017
Um
comentário de
Brasilino
Godinho
O artigo de José António Saraiva –
abaixo transcrito - é uma preciosidade de lucidez, de objectividade, de
fundamentação em raízes históricas, de isenção política. Surpreendeu-me!
Concordo plenamente com ele.
Anoto
uma curiosidade: Devo ser a pessoa que mais tem criticado os escritos de José
António Saraiva ao longo de bastantes anos. Hoje é a primeira vez que faço um
amplo elogio. A peça literária aqui em foco e o seu autor merecem-no
inteiramente. É agradável! Fico satisfeito!
Brasilino Godinho, com a devida vénia, transcreve do SOL a seguinte peça escrita de José António Saraiva: Opiniao
Catalunha 2 – Madrid 0
Depois da aplicação do art.º 155
que suspendeu a autonomia catalã e demitiu o seu Governo, um conhecido
comentador português afiançava, definitivo, que os partidos
pró-independência «já estão em minoria nas sondagens» e que Puigdemont
seria rapidamente esquecido.
O «já estão» queria significar que, daí para
a frente, a situação dos partidos independentistas iria de mal a pior,
estando condenados a uma derrota humilhante.
Para este comentador, os independentistas, chefiados por um
medíocre irresponsável que a história condenaria, Carles Puigdemont,
tinham-se comportado como meninos malcriados – mas, depois de postos na
ordem, iriam ser severamente punidos nas eleições pela maioria dos
catalães.
E os que tinham participado inconscientemente na festa, cairiam em si e entrariam nos eixos.
Como se sabe, as eleições catalãs desmentiram o nosso
comentador ponto por ponto: os partidos independentistas obtiveram a
maioria absoluta e Puigdemont saiu com o prestígio reforçado.
O problema dos analistas portugueses é que nunca perceberam o
separatismo na Catalunha. Analisam-no com a mesma sobranceria com que
olham para outros separatismos noutros azimutes. Acharam que, vendo
muitas empresas a fugir de Barcelona e o turismo a cair, a maioria
silenciosa da Catalunha cerraria fileiras e votaria em massa contra a
independência.
Além disso, entenderam que Puigdemont, depois da fuga para a
Bélgica, seria visto pelos catalães como um ‘cobarde’, estando
politicamente morto.
Acontece que o desejo de independência da Catalunha tem características únicas.
Não é de ontem nem de hoje, vem de há séculos; está
profundamente enraizado em todas as classes sociais; nunca recorreu à
violência, porque tem consciência da sua superioridade cultural e
económica. Assim, é ridículo pensar que é possível resolvê-lo «de uma
vez por todas», como às vezes se ouve.
Ainda por cima, Rajoy teve a péssima ideia de mandar uma
verdadeira ‘força de ocupação’ para fazer cumprir a lei espanhola à
bastonada – reforçando a convicção dos que veem em Madrid a capital de
um poder repressivo.
A brutalidade da carga policial no dia do referendo, a
suspensão do Governo eleito, a prisão dos governantes, fez
irresistivelmente lembrar uma ação em território colonial.
Quanto a Puigdemont, os catalães nunca o viram como um
aventureiro ou um fugitivo – mas sim como o corporizador de uma vontade
funda e antiga.
Por isso, não o abandonaram.
Há quem diga agora que, com o resultado destas eleições,
tudo voltou ao princípio – sendo que os independentistas até têm menos
dois deputados.
Também aqui se enganam redondamente!
A grande, enorme diferença é que, antes da suspensão da
autonomia, o Governo de Madrid tinha a bomba atómica para usar – o art.º
155 – e agora usou-a e não ganhou nada.
Pior: o grande derrotado das eleições foi ironicamente, o
homem que as convocou. O homem que ordenou a carga policial e que
suspendeu o Governo catalão.
Depois de demitir Santana Lopes, Jorge Sampaio dizia que, se
as eleições o confirmassem como primeiro-ministro, teria de ser ele a
sair do cargo.
Em boa verdade, Rajoy deveria ter feito o mesmo: levou os poderes ao limite e ouviu um rotundo não.
Inversamente, Puigdemont, que fugiu para Bruxelas para não
ser preso, que disputou as eleições no exílio, surge como o 2.º político
mais votado e o único que pode liderar o próximo Governo.
Condenação clara de Rajoy e apoio a Puigdemont – assim se resumem as eleições catalãs.
Poderia ter havido resultados políticos mais claros? Só quem não queira ver…
O outro grande derrotado das eleições foi a Justiça espanhola.
Meteu governantes na prisão, não os deixou sair para fazerem campanha, e eles foram premiados pelos eleitores.
É uma tremenda bofetada do eleitorado na Justiça madrilena.
Para concluir, é preciso dizer uma coisa óbvia: uma questão
que não se resolveu em cinco séculos não vai resolver-se em semanas ou
em meses ou nos próximos anos por obra e graça do Espírito Santo.
O sentimento de independência catalão vem do fundo dos
tempos e da alma da região – e como dizia o poeta «não há machado que
corte a raiz ao pensamento».
Os catalães têm uma língua própria (que já foi proibida e
renasceu sempre), têm uma cultura própria, têm grandes artistas e
pensadores, têm uma economia pujante, têm a maior equipa de futebol do
mundo – e só lhes falta mesmo separarem-se de Madrid para serem
independentes.
Madrid tem de perceber isto e tentar resolver o problema pelo diálogo – porque pela força já viu que não resolve.
O uso da força só agravará cada vez mais o problema, com o risco de acabar num banho de sangue.
Aí temos germinando uma versão espanholada de despótico Iberismo;
apoiada com o incentivo, louvor e aplauso, de poderosa gente portuguesa.
A questão da independência da
Catalunha veio suscitar em Portugal o reconhecimento de que há entidades
oficiais de mais elevada preponderância na hierarquia do Estado português que
mais se empenham em saudar a acintosa aplicação fanática do Artigo 155.º, da
Constituição de Espanha e em apoiarem as posições extremas de renegação
democrática da monarquia espanhola e de Mariano Rajoy, chefe do governo de
Madrid, do que se apegarem ao cumprimento das normas consagradas na
Constituição da República Portuguesa.
Sobretudo, se considerarmos que
tal concordância com um extremismo de natureza castelhana a fazer lembrar os violentos
excessos dos Reis Católicos, tem o seu quê de antipatriótica; visto que enquanto
a Monarquia de Espanha tiver na sua posse o território português de Olivença,
as relações de Portugal com a Espanha devem ser pautadas por um clima de
distanciamento político, de prudente reserva/desconfiança e de persistente insistência
na devolução da plena soberania sobre aquela parcela de Portugal.
Por ser esta a realidade que
ninguém pode ignorar e (ou) escamotear, ficamos perplexos quando lemos nos
jornais e ouvimos nas televisões o presidente Marcelo afirmar que, nestes
últimos tempos, tem falado algumas vezes com o Rei de Espanha para lhe
manifestar o seu apoio na questão da Catalunha.
Uma dúvida se fixa no nosso
espírito: apoiar ou prestar-lhe vassalagem? Aliás seria importante que o presidente
Marcelo, na qualidade de Presidente da República Portuguesa, aproveitasse essas
íntimas conversas confidenciais para interpelar o monarca espanhol e
lembrar-lhe que, desde 1815, Portugal se sente espoliado de parte significativa
do seu território abusivamente ocupado e dominado pela Monarquia de Espanha. O
que teria em consideração o texto constitucional de Portugal, no seu Artigo
5.º.
Artigo 5.º
1. Portugal abrange o território
historicamente definido no continente europeu (…).
Importa anotar que, neste ponto,
revemo-nos no contraste: enquanto o Chefe de Estado de Portugal aplaude a
Constituição de Espanha (e o seu controverso Artigo 155.º), o Rei de Espanha
despreza, com sobranceria, a Constituição de Portugal.
Outro aspecto a sobressair nesta
questão catalã é que as atitudes das autoridades portuguesas aqui referidas, se
devidamente enquadradas com a realidade oliventina, devem considerar-se
abrangidas na verificação de ofensa ao Artigo 3.º, da Constituição da República
Portuguesa, uma vez que são actos do Estado e não tomadas em conformidade com a
Constituição.
Artigo 3.º
3. A validade das leis e dos demais
actos do Estado (…) depende da sua conformidade com a Constituição.
Bastante evidenciada e deplorável
é a gratuita ingerência das autoridades supremas de Portugal num assunto
interno de Espanha, sempre manifesta e a qualquer momento mostrando uma
incrível obsessão em manifestar concordância com a política antidemocrática aplicada
pela monarquia espanhol na Catalunha.
E neste ponto, os governantes
portugueses não acatam os princípios da independência nacional e estão a
renegar os direitos do povo catalão à autodeterminação e à independência e a
ingerirem-se em assunto interno comum à Espanha e à Catalunha. Violando o
Artigo 7.º da Constituição da República Portuguesa.
Artigo 7.º
1. Portugal rege-se nas relações
internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito
dos direitos do homem, do direito dos povos à autodeterminação e à
independência, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos
conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros
Estados(…).
3. Portugal reconhece o
direito dos povos à insurreição contra todas as formas de opressão,
nomeadamente contra o colonialismo e o imperialismo.
Finalmente - porque assim
procedendo em detrimento do interesse nacional, que nem se deve descartar do
caso de violação do Direito Internacional por parte de Espanha; que até por
omissão (do imperativo Artigo 9.º, da Constituição) do Poder português, se
diria ser violação partilhada pelos governantes de Portugal - está configurada
a rejeição da garantia da independência nacional (na actualidade incidindo
sobre o território de Olivença) pois que também vai estando esquecida ou
recusada a obrigação constitucional de se criarem as condições políticas ,
económicas, sociais e culturais que promovam o retorno a Portugal da soberania
sobre Olivença.
Artigo 9.º São tarefas
fundamentais do Estado:
a) Garantir a independência
nacional e criar as condições políticas , económicas, sociais e culturais que a
promovam.
Face ao exposto é nossa firme
convicção que seria tempo de o Tribunal Constitucional e o Supremo Tribunal de
Justiça se pronunciarem sobre a eventual matéria delituosa contida em tais
posicionamentos e atitudes dos nossos governantes; uns e outras concernentes
num âmbito de insuportável, humilhante, subserviência do Estado de Portugal ao
Estado de Espanha e de renegação/violação da lei suprema de Portugal:
Constituição da República de Portugal.
53. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
23. de Dezembro de 2017
MISTÉRIO
SOBRE A INDEPENDÊNCIA DA CATALUNHA
ELES NÃO ENTENDEM… OU NÃO QUEREM?
OU NÃO PODEM? OU NÃO LHES AGRADA...
Hoje, 22-12-2017, Presidente da República, Primeiro-Ministro e Governo,
lançaram comunicados em que afirmam confiar que haja solução governativa para a
Catalunha no quadro das instituições constitucionais, preservando a soberania
de Espanha.
Questiono: Que têm autoridades superiores da hierarquia da República
Portuguesa que meter bedelho, a nível oficial, sobre um problema
intrinsecamente da Monarquia de Espanha? Pior ainda: confiarem na preservação
da soberania de Espanha. Quem lhes encomendou
o sermão para se pronunciarem em representação da nação portuguesa? A qual,
decerto não se conforma que, em contraposição ao interesse nacional, os nossos
governantes prossigam a incrível política de abandono com que têm contemplado a
continuidade da apropriação de Olivença por parte da Monarquia de Espanha,
desde o Tratado de Viena de 1815.
Elas, as referidas autoridades, procederam de forma subserviente e como
se estivessem a advertir o poder espanhol: O Estado espanhol mantenha-se firme!
Não aceite a independência da Catalunha. Porque se ela acontecer, outros
portugueses vão exigir a devolução da soberania de Olivença a Portugal. E quem
o avisa, bem lhe quer…
Preto no branco: entidades portuguesas tão dedicadas na defesa das
posições de Mariano Rajoy e da monarquia espanhola quanto à sujeição da
Catalunha, dão-nos a ideia de que será por essa determinante, esquisita, defesa,
que também aceitam a dominação de Espanha sobre o território português de
Olivença, visto que se prevalecem do sentimento de preservação da soberania de
Espanha, conforme ao preceito constitucional da monarquia espanhola. Este, um conceito de uma detestável coerência que devia merecer o
repúdio generalizado dos portugueses.
Relembro o que o General Francisco Franco disse no seu leito de morte:
os portugueses são cobardes.
E reitero: Recuso-me a aceitar esta depreciativa e injuriosa observação do ditador
Franco.