467. Apontamento
Brasilino Godinho
29/Julho/2020
A PROPÓSITO DO ESTUPENDO
“NEGÓCIO” DO NOVO BANCO
TIVE UMA IDEIA A CONDIZER
Acaba de ser anunciado mais um escândalo de se lhe
tirar o chapéu.
O Novo Banco vendeu 13000 (treze mil, repare-se no
número) imóveis por preço de saldo a um fundo anónimo sediado nas Ilhas Caimão,
e emprestou-lhe o dinheiro para financiar a compra. O Fundo de Resolução
(dinheiro dos contribuintes) pagou o prejuízo.
Tal “negócio” é manifesta demonstração da
abrangência avassaladora da corruptela em Portugal.
A coisa radicou-se de tal forma que começa a
generalizar-se a impressão de que estamos confrontados com uma fatalidade ou
maldição dos Deuses que abundam por tudo que é sítio terreno e que ninguém ousa
confrontar.
Sendo assim e como cidadão atento, ponderei a
situação e surgiu-me uma ideia que passo a expor.
Parece que estamos condenados a conviver com os
corruptos e com a corrupção. Se não devemos juntar-nos aos ditos prevaricadores
por considerandos óbvios, vá o Estado português tirar algum partido além
daquele que é desfrutado pelos corruptores e corrompidos.
Em Portugal já existem as festejadas universidades
de Jotas, de Verão, de Seniores, de Vãos de Escada, pelo que não aproveitar
esta onda de modernidade?
Perguntará o leitor: Como?
Explico-me:
A corrupção está instalada em Portugal e beneficia
de estatuto especial de acolhimento e protecção oficial - conforme insinua a
Comissão Europeia, instalada em Bruxelas.
Neste país existem grandes, distintos e reputados
especialistas que congregam um corpo multifacetado a que haverá interesse
estatal em aprovisionar de meios e instrumentos para mais utilitárias e
rendosas serem as suas actividades corporativas.
Logo, crie-se a Ordem dos Corruptos e o Sindicato
da Classe.
E, sobretudo, funde-se a Universidade das Artes
Corruptas, aberta a estudantes dos cinco continentes, que beneficiando das
lições de docentes portugueses, altamente especializados, cursariam
licenciaturas e mestrados em Artes de Corrupção e em Estudos de Desconsertos
Económico/Financeiros.
Uma tal universidade portuguesa, instalada no
Terreiro do Paço, em Lisboa, para além do alcance económico/financeiro do seu
funcionamento, sem qualquer concorrência a nível mundial, elevaria o prestígio
de Portugal como expoente máximo da Corrupção.
Outrossim, promovendo um turismo de rica gente
corrupta. O que em tempo de pandemia Covid-19 até dava certo jeito aos sectores
de hotelaria e restauração…
Também seria inequívoca manifestação da singular
capacidade dos governantes portugueses saberem tirar partido das circunstâncias
favoráveis decorrentes da regular e muito badalada natureza corrupta do Estado
de Portugal.
E porque o ambiente tresanda a corrupção e para não
dar azo a observações maldizentes, previno que não cobrarei honorários pela
ideia aqui exposta aos governantes e leitores…