466. Apontamento
Brasilino Godinho
28/Julho/2020
MUNICÍPIO ALENTEJANO DE OLIVENÇA
O Tratado de Alcanizes celebrado
a 12 de Setembro de 1297 entre D. Dinis, rei de Portugal e D. Fernando IV, rei
de Castela e Leão e sua mãe D. Maria de Molina e o Tratado de Viena, de 1815,
celebrado após a “guerra das laranjas” desencadeada a 20 de Maio de 1801, por
Manuel de Godoy, estabeleceram “de jure” que o município de Olivença,
localizado na província do Alto Alentejo, é parte integrante do território
continental de Portugal.
A Monarquia de Espanha nunca deu
cumprimento à determinação do Tratado de Viena que subscreveu em 1817, por
acalentar a esperança de anexar Portugal.
Desde logo, por naquele século
haver uma corrente portuguesa que defendia a criação da União Ibérica, no
quadro de um regime republicano; o que, não obstante, ia ao encontro das
pretensões do regime monárquico espanhol que se sentia suficientemente capaz de
inviabilizar a implantação da república ibérica. De que aliás, havia o
precedente da efémera Primeira República Espanhola
(Fevereiro/1873-Dezembro/1874).
No século XX com a anarquia da
Primeira República de Portugal não havia condições internas e diplomáticas
facilitadoras de iniciativa atinente à legal resolução do caso. Durante a
vigência do Estado Novo, Oliveira Salazar que tanto se mostrava defensor da
manutenção dos territórios coloniais, manteve-se ostensiva e incoerentemente
alheio à indecente ocupação de Olivença. Também ele, porventura conhecedor da
aversão a Portugal do general Francisco Franco, que desde jovem manifestava a
ambição de invadir e anexar Portugal; terá decido não dar qualquer pretexto
para o ditador de Espanha, concretizar os seus recalcados propósitos.
Na actual Terceira República os
dirigentes políticos que tão mal têm gerido a Nação Portuguesa têm-se
preocupado mais em estarem nas boas graças dos congéneres espanhóis e propensos
ao beija-mão a Filipe VI, do que zelarem os interesses e a dignidade de
Portugal.
Reportando o que de omissão e
inoperância tem acontecido à cadência da linha do tempo, relativamente a
Olivença, há que, infelizmente, reconhecer a persistente cobardia dos
governantes portugueses – o que configura uma intolerável desonra nacional.
É tempo de o governo português
exigir o imediato cumprimento da determinação do Tratado de Viena de reversão
da legítima soberania de Portugal sobre o seu território.
Até em respeito do Artigo 5.º,
N.º1. da Constituição da República Portuguesa.
Uma coisa deve ser liminarmente
rejeitada: a realização de qualquer referendo no Município de Olivença. Por uma
razão inquestionável: a Monarquia Espanhola ao longo dos 205 anos contados desde
1815, data do Tratado de Viena que estava obrigada a cumprir em curto prazo vem
procedendo a intensa colonização. Hoje a população é maioritariamente
espanhola. E como espanhóis certamente que votariam pela continuidade do
domínio espanhol sobre Olivença e sua colonização por parte da Monarquia de
Espanha.
Além de que é uma questão “de
jure” o que efectivamente está em causa!
Também haja noção de que da parte
de Espanha, hoje ou amanhã, não é de esperar qualquer gesto de mea-culpa e
condescendência em acatar as normas de Direito Internacional e as determinações
do Tratado de Viena de 1815 e do Tratado de Alcanizes de 12 de Setembro de
1297.
Legenda do mapa anexo:
Localização do alentejano Município de Olivença.
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