76. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
28 de Janeiro de 2018
CRÍTICA ISENTA E AVALIAÇÃO OBJECTIVA
VERSUS
RESSENTIMENTO PESSOAL
No p.p. dia 24 de Janeiro
publiquei em vários sítios o meu 72. Apontamento. Este, de juízo favorável aos
dois anos de exercício do mandato presidencial do cidadão Marcelo Rebelo de
Sousa.
Dado que, atendendo ao elogio, se
poderá ter insinuado no espírito de algum leitor que assim me exprimi por nem
ter razões de queixa dele, quero esclarecer que não é o caso. Só que entendo e
sempre me coloco em dois planos distintos: um, pessoal e (ou) adstrito ao
ressentimento, que não expresso publicamente, nem interfere com o julgamento
que formulo na apreciação dos actos e atitudes da pessoa visada; o outro, é a
crítica isenta que é feita objectivamente concentrada na apreciação dos
procedimentos cingida à bondade ou desacerto dos mesmos. Tal e qual como
sucedeu com a elaboração do citado 72. Apontamento.
Afirmado isto, resta informar que
em 2004 tive um pequeno desaguisado com o comentador televisivo Marcelo Rebelo
de Sousa.
Professor Marcelo que por duas
vezes, às tantas da madrugada, me deixou mensagens gravadas no meu telemóvel,
em que tentava convencer-me de que tinha razão no procedimento que tivera com o
escritor Brasilino Godinho. Não me convenceu!
Já em Julho de 2017, na qualidade
de Presidente da República não me deu cavaco
(Abrenuntio, Satanae!) à comunicação escrita da minha PROPOSTA, de nova
designação para a Universidade dos Açores – Universidade Antero de Quental. E
até hoje e, supostamente, com origem em qualquer dos inúmeros funcionários da
Presidência da República: nicles!
Por outro lado, e ainda relativamente
ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, relembro duas críticas que,
oportunamente, lhe fiz sobre:
- A atitude submissa que, no
desempenho das funções de mais alto magistrado do Estado Português, tomou no
encontro com o Papa Francisco, em Roma, ao dobrar a cerviz e coluna vertebral e
ao beijar-lhe o anel.
Um Chefe de Estado de Portugal
nunca deve ter tal procedimento para com outro Chefe de Estado – no caso, o
Chefe de Estado do Vaticano. Em audiência papal, a título privado e na condição
de devoto católico, o cidadão Marcelo Rebelo de Sousa é livre de o fazer. Em
representação nacional tal comportamento é-lhe vedado; com o gravame de assim mal
representar e bastante comprometer a imagem de Portugal – um Estado laico.
- A inacreditável, subserviente e
pronta atitude de apoio a Filipe VI (soa mal a detestável ressonância do
desastre que foi a dinastia filipina em Portugal), Rei de Espanha, na questão
da Independência da Catalunha.
Veja-se só a gravidade do caso:
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República de Portugal a ter uma tão
deplorável manifestação relativamente a uma monarquia espanhola que ocupa, em
violação do Direito Internacional e do Artigo 105.º, da acta do Congresso de
Viena de 1815, a região de Olivença, que, desde o Tratado de Alcanizes
celebrado em 1297, é parte integrante do território nacional português – o
qual, ao longo dos séculos foi alvo de invasões e ocupações esporádicas por
parte dos exércitos castelhanos.
É de básica exigência que, as
mais altas autoridades deste país, se cobardemente se acomodam ao prolongamento
(desde o século XIX), do domínio de Espanha sobre Olivença, ao menos
abstenham-se de interferir em apoio do país usurpador desta parcela de
Portugal, que está procedendo com a Catalunha, como então fez agressivamente -
e continua fazendo - com Portugal.
Finalmente, julgo que elucidei os
meus leitores, sobre o ângulo de objectividade com que deve ser encarado o meu
elogio ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, incluso no meu citado 72.
Apontamento.
P. S. O general Francisco Franco
no seu leito de moribundo e num contexto de troca de impressões sobre a
Revolução de 25 de Abril de 1974, teve forças para afirmar que os portugueses
são cobardes. Sempre que falo e escrevo sobre esta fala do ditador espanhol,
julgo que ele se estaria a lembrar da forma como os governantes portugueses têm
procedido quanto à ocupação de Olivença por parte de Espanha.
E não haja dúvidas: é forçoso
sentir vergonha e reconhecer que o general Franco tinha razão; não quanto à
generalidade dos portugueses, mas sim em referência aos governantes de Portugal.
E se desde de 1817 têm sido cobardes, acresce agora o facto de se mostrarem
bajuladores e incitarem a violência da repressão sobre a maioria da população
da Catalunha. A que ponto de degradação moral se chegou!
O que entristece! Irrita! Revolta!
Envergonha! E fere a nossa dignidade de naturais de um País que teve um relevantíssimo
papel na História da Humanidade!