Passos
Coelho e as aranhas em 2012…
Com
teias de aranhas,
andou
às aranhas…
Viu-se
em palpos de aranha com um ponto de
interrogação manhoso
Passos Coelho, algures, fotografado quando tentava
avistar o ponto de interrogação. Nota-se o ar apreensivo. Parece que vai
chorar.
Domingo, Janeiro 22, 2012
Ao
compasso do tempo…
QUEM DIRIA?
“PONTO DE INTERROGAÇÃO”
AINDA NÃO DESAPARECEU DO PAÍS.
PERDIDO? ACHADO? ONDE ESTARÁ?
Brasilino
Godinho
O
primeiro-ministro Passos Coelho falando hoje no encerramento de uma conferência
a que assistiram representantes do trio tutelar do país - Comissão Europeia,
Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - e depois de informar
que "agora
temos pela frente o ano de 2012, que será a muitos títulos crucial para a nossa
vida colectiva”, acrescentou que “não vou dizer que o ponto de interrogação
desapareceu”.
Logo de seguida, talvez melhor traduzindo a
profundidade do seu pensamento, admitiu a permanência do intrigante “ponto de interrogação” pelas
certamente malfadadas “circunstâncias externas atravessadas por
riscos que todos conhecem”. Mais advertiu que “ Portugal sozinho não pode
controlar”.
Relativamente
às importantes e embaraçosas afirmações do chefe do governo, acima transcritas,
haverá interesse em as analisar, assim a modos de quem espreme um limão para
lhe extrair o sumo; geralmente, na convicção de que o mesmo não é seco e
imprestável…
A
importância das declarações de Sua Excelência é sempre devidamente considerada
no meio indígena, nos ambientes recatados das aparelhagens partidárias que dão
suporte ao governo e nas outras tertúlias politicas da capital. Obviamente que,
nem por a criatura governamental falar muito e regularmente dizer pouco, nos
deixamos tentar por subestimarmos o sentido e largo alcance das suas habituais,
expeditas, voluntariosas, fantásticas, perorações.
Assim, no
caso em apreço, registam-se alguns embaraços na interpretação da linguagem
utilizada pelo governante.
Comecemos
por não nos determos naquilo “que será a muitos títulos crucial para a
nossa vida colectiva”, visto que é algo inexpressivo. Para ser
inteligível houvera necessidade de mencionar quais eram esses títulos que se
constituiriam ornamento ou figuração na frente do ano de 2012 ou mesmo
inseridos no próprio ano em curso. E com influência na vivência da sociedade
portuguesa.
Mas,
antes que nos esqueçamos, devemos contemplar-nos na consoladora certeza que nos
dá o primeiro-ministro do governo português de que, sem margem para hesitações,
“agora
temos pela frente o ano de 2012”. Aleluia!!! Festejemos o anúncio!
Toquemos o Hino à Alegria, de Beethoven! Bem-haja, Excelência!
Deveras
enigmática e por demais preocupante é a referência de Sua Excelência de que não
virá dizer “que o ponto de interrogação desapareceu”. Que desfeita! Uma
desconsideração para com o Zé-Povinho. Tal omissão ou birra do jovem
governante suscita várias dúvidas e confusões; qual delas a mais perturbante
para quem esteja empenhado em apreender a sabedoria e o fulgor contidos na
aludida afirmação... Vejamos umas e outras:
Qual é o “ponto de interrogação”? É o ponto ou é
a interrogação que está em causa? Qual a importância absoluta ou relativa do
ponto, seja ele mesmo de interrogação? E se é simplesmente interrogação por que
motivo ou obrigação Sua Excelência a quer associar ao ponto? O ponto, dito de
interrogação, desapareceu e Passos Coelho receia confirmar tal ocorrência,
julgando que isso prejudicaria a sua imagem de responsável pela preservação do
património que aqui nem se percebe se é do governo, do país ou da gramática
nacional?... Mas se de facto o famigerado “ponto
de interrogação” desapareceu, o chefe do Governo não se sente obrigado a
informar o País das eventuais, terríveis consequências, que advirão para os
portugueses? Ou de afincadamente o procurar no pressuposto que se trata de
coisa importante e que lhe é bastante querida?
Também
duas dúvidas se colocam e que têm um alto grau de probabilidade de, qualquer
delas, corresponder a um facto:
- O “ponto
de interrogação” não será pertença pessoal do primeiro-ministro?
- O “ponto
de interrogação” não será ele próprio, dirigente máximo da governação,
em toda a plenitude do seu ser?
Por outro
lado, alargando o leque das hipóteses, se o “ponto de interrogação” permanece algures escondido, afastado dos
olhares cobiçosos ou invejosos de gente pouco recomendável e (ou) antipática
para o selecto colégio governamental, ocorre perguntar: Onde está? Estará bem
guardado? Alguém, com malévolas intenções, aproveitando um descuido da
vigilância, nem irá apropriar-se dele?... Se tal acontecer a interrogação,
viúva do seu companheiro, não irá à vida, para nossa eventual infelicidade,
remetida para outra galáxia do nosso perene desespero?...
Esta
última hipótese haverá que ponderar seriamente porquanto, como Sua Excelência
considerou num alarde de grande agudeza de espírito, existem “circunstâncias
externas atravessadas por riscos que todos conhecem”.
Ademais,
para agravar a situação e como se não bastassem per se as circunstâncias
externas, estas são atravessadas por traiçoeiros riscos… O que é uma grande chatice! E quem diria? Bem se
dispensavam os riscos. Ainda neste
ponto (que não é de interrogação) importa observar que Pedro Passos Coelho está
enganado. “Todos” desconhecem os riscos.
E muitos nem percebem o que será essa misteriosa coisa de as mal-amanhadas circunstâncias serem atravessadas por
tenebrosos riscos que: tanto podem ser de vida, de morte, de acidente, sulcos,
rabiscos num papel, lapsos de linguagem ou de perda de memória. Talvez de
incêndio, de inundação e de naufrágio.
E por
falar de naufrágio e concluindo, não será que o “ponto de interrogação” naufragou num mar de confusões, de
ambiguidades e de superficialidades ou nas profundezas de um abismo centrado
num imenso vazio de ideias conexas à realidade e à objectividade?...
Aqui bate o ponto… que, de exclamação, se substitui
ao famigerado de “interrogação” do
Senhor dos Passos de Pedro Coelho. Pois
nem a Portugal sozinho ou acompanhado foi possível evitar o surgimento, na
mente da Excelência, desse esquisito e desgraçado “ponto de interrogação”!