Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

domingo, maio 24, 2015



EM ÉPOCA DE ELEIÇÕES,
CONTINUA A PRODUÇÃO PEROLÍFERA DE COELHO,
COM O GRANDE PATROCÍNIO DO SEMANÁRIO SOL

Brasilino Godinho

A revista Tabu, no seu n.º de hoje, dia 22 de Maio de 2015, traz a público mais algumas pérolas de marca coelhal.
Só que desta vez a direcção do SOL não deixa os seus créditos de admiradora e veneradora da coelhal figura, por mãos alheias. E assume de forma muito subtil, inequívoca e prestimosa, essa especial condição de envolvência político/partidária.
O que faz com superior mestria. Disso faz demonstração ao exibir uma jóia representativa da invulgar aptidão dos três artistas/jornalistas a quem se deve atribuir a respectiva autoria.
Bem se poderá dizer que se trata da jóia da coroa de glória da revista do SOL. Tão brilhante que, per se, se apresenta ao público como preciosa informação de embasbacar a malta: ele, Passos Coelho, “respondeu sempre directamente às perguntas, não fugindo ao tema nem as tentando rodear.” (os sublinhados são nossos).
Para além do intrínseco valor artístico da peça, é transmitida a impressão de a mesma ter deixado enternecidos as três pessoas aquentadas pelo Sol; as quais, suprema ventura, compartilharam com Passos Coelho um interessante convívio e uma fraterna solidariedade político/ideológica. Com um pouco de boa vontade e abertura de espírito até se poderá vaticinar que terão sentido uma radiosa felicidade.

Se bem ajuizamos e concedendo o benefício da fé no que está escrito na revista, ter-se-á dado a invulgar circunstância de as respostas da criatura coelhal terem sido sempre directas. Imagina-se a frustração que não teria sido sentida pelos três jornalistas se acaso as respostas não tivessem ocorrido em todo o tempo de duração da famigerada entrevista ou que, por demoníaca influência do Belzebu, tivessem sido indirectas ou aos ziguezagues.
Outra coisa de não menor importância foi o facto de Passos Coelho não ter fugido ao cativante tema. Ocorre perguntar: Sendo o tema demasiado favorável à brancura da enegrecida imagem do presidente do Conselho na actual época eleitoral, por que haveria ele de fugir?
Mas, de facto, houve fuga: a do tema. Este, que se pretenderia de real interesse público, é que fugiu de Coelho, como o Diabo foge da Cruz, através do exímio exercício das artes mágicas dos solícitos interlocutores. Deste detalhe não é fornecida informação. Por isso, aqui estamos nós a suprir tamanha falta, enorme descuido, ou encoberta conveniência político/partidária, dos três jornalistas que se deslocaram ao Palácio de S. Bento, para agradável confraternização com o respectivo residente oficial.
Igualmente, em tão alcatifado chão, repousante espaço e acolhedor ambiente, não havia obrigação nem conveniência de Coelho exercitar as suas capacidades de praticante de folclóricas danças de rodear. Aliás, não fosse o Diabo tecê-las, os jornalistas - talvez receosos de serem envolvidos em fatigantes e desajeitados passos de dança - prudentemente mantiveram-se sentados, de pernas cruzadas, ostentando as peças escritas e exibindo elegantes farpelas, coloridas gravatas e os vistosos sapatos; os quais aparecem destacados nas fotos como se estivessem calçados por manequins, numa montra de estabelecimento comercial. Uma nota de elegância que ajudou a compor o quadro para as fotografias do feliz encontro de Coelho com os três jornalistas do SOL.
Anotamos um reparo de observador: se Coelho não fez sapateado de rodear, passos de rodeio do malhão transmontano ou desconcertante corridinho saltitante de cavaco algarvio; mais uma vez e em contraposição, nem se dispensou de fazer demonstração de intrigantes movimentos de dedos e de mãos.
Precisando rápidas conclusões de atenta leitura da peça coelhal da Tabu, dir-se-ia que a jóia atrás focada é a sua parte mais substantiva e imagem distintiva da marca solar.

Porém há, também, que tomar-se em consideração uma grande e sugestiva pérola que sobressai num conjunto de joalharia pechisbeque formado de acessórios de pequena grandeza produzidos no quintal do domínio pessoal/familiar de Passos Coelho e que configuram um segundo catálogo das típicas peças de adorno que, produzidas por ele, são prazenteiramente apresentadas ao povo eleitor, pelo embaciado astro lisboeta, designado SOL.
Ei-la a grande pérola:
(…) vivo muito bem em Massamá (…)
Dando opinião sobre tão reveladora pérola coelhal diremos o seguinte:
O Zé-Povinho andava desconfiado…
Agora Passos Coelho dá a certeza do seu viver.
Estava no ar pairando a dúvida quanto às condições de vida de um Coelho que decretou a generalizada pobreza e a consequente amargura da maioria da população portuguesa.
Por toda a parte da nação portuguesa perguntava-se: Como vive o Coelho causador da nossa desgraça nacional?
Agora face ao empenho do SOL alguém curioso perguntou: Coelho vive bem?
A resposta é imediata: Não!
A seguir, com apoio na pérola da coelhal criatura, contrapõe-se a peremptória afirmação do presidente do Conselho: “Vivo muito bem em Massamá”.
Moral da verídica história: Coelho permite-se o gozo do bem-estar enquanto milhões de portugueses vivem muito mal ou sobrevivem em condições de extrema miséria.
A que Coelho junta a circunstância de, por feliz acaso de natureza futebolística, poder afirmar: “Estou muito contente por o Benfica ser campeão.” Esta, uma das minúsculas peças de pechisbeque caseiro que, não obstante, proporcionam adorno e o conforto do bom viver de Passos Coelho.

Nesta época eleitoral soam as trombetas da publicidade de Coelho.
Enquanto a mesma criatura (de coelhal anatomia) vai assobiando para o lado e, como se estivesse no tempo da outra senhora que se finou a 25 de Abril de 1974, festivamente cantando:
“ Lá vamos cantando e rindo…
Cantando pela regalada vida que levam as rapaziadas que abancam à mesa do ORÇAMENTO.
Rindo? Sim, do Zé-Povinho!
No pressuposto de que ele é cego, surdo e mudo…