EM ÉPOCA DE ELEIÇÕES,
CONTINUA A PRODUÇÃO PEROLÍFERA DE
COELHO,
COM O GRANDE PATROCÍNIO DO SEMANÁRIO SOL
Brasilino Godinho
A
revista Tabu, no seu n.º de hoje, dia
22 de Maio de 2015, traz a público mais algumas pérolas de marca coelhal.
Só
que desta vez a direcção do SOL não
deixa os seus créditos de admiradora e veneradora da coelhal figura, por mãos
alheias. E assume de forma muito subtil, inequívoca e prestimosa, essa especial
condição de envolvência político/partidária.
O
que faz com superior mestria. Disso faz demonstração ao exibir uma jóia
representativa da invulgar aptidão dos três artistas/jornalistas a quem se deve
atribuir a respectiva autoria.
Bem
se poderá dizer que se trata da jóia da coroa de glória da revista do SOL. Tão brilhante que, per se, se apresenta ao público como
preciosa informação de embasbacar a malta:
ele, Passos Coelho, “respondeu
sempre directamente às perguntas, não fugindo ao tema nem as
tentando rodear.” (os sublinhados são nossos).
Para
além do intrínseco valor artístico da peça, é transmitida a impressão de a
mesma ter deixado enternecidos as três pessoas aquentadas pelo Sol; as quais,
suprema ventura, compartilharam com Passos Coelho um interessante convívio e
uma fraterna solidariedade político/ideológica. Com um pouco de boa vontade e
abertura de espírito até se poderá vaticinar que terão sentido uma radiosa
felicidade.
Se
bem ajuizamos e concedendo o benefício da fé no que está escrito na revista, ter-se-á
dado a invulgar circunstância de as respostas da criatura coelhal terem sido sempre
directas. Imagina-se a frustração que não teria sido sentida pelos três
jornalistas se acaso as respostas não tivessem ocorrido em todo o tempo de
duração da famigerada entrevista ou que, por demoníaca influência do Belzebu,
tivessem sido indirectas ou aos ziguezagues.
Outra
coisa de não menor importância foi o facto de Passos Coelho não ter fugido ao
cativante tema. Ocorre perguntar: Sendo o tema demasiado favorável
à brancura da enegrecida imagem do presidente do Conselho na actual época
eleitoral, por que haveria ele de fugir?
Mas,
de facto, houve fuga: a do tema. Este, que se pretenderia de real interesse
público, é que fugiu de Coelho, como o Diabo foge da Cruz, através do exímio
exercício das artes mágicas dos solícitos interlocutores. Deste detalhe não é
fornecida informação. Por isso, aqui estamos nós a suprir tamanha falta, enorme
descuido, ou encoberta conveniência político/partidária, dos três jornalistas
que se deslocaram ao Palácio de S. Bento, para agradável confraternização com o
respectivo residente oficial.
Igualmente,
em tão alcatifado chão, repousante espaço e acolhedor ambiente, não havia
obrigação nem conveniência de Coelho exercitar as suas capacidades de
praticante de folclóricas danças de rodear. Aliás, não fosse o Diabo
tecê-las, os jornalistas - talvez receosos de serem envolvidos em fatigantes e
desajeitados passos de dança - prudentemente mantiveram-se sentados, de pernas
cruzadas, ostentando as peças escritas e exibindo elegantes farpelas, coloridas
gravatas e os vistosos sapatos; os quais aparecem destacados nas fotos como se
estivessem calçados por manequins, numa montra de estabelecimento comercial.
Uma nota de elegância que ajudou a compor o quadro para as fotografias do feliz
encontro de Coelho com os três jornalistas do SOL.
Anotamos
um reparo de observador: se Coelho não fez sapateado de rodear, passos de rodeio
do malhão transmontano ou desconcertante corridinho saltitante de cavaco
algarvio; mais uma vez e em contraposição, nem se dispensou de fazer
demonstração de intrigantes movimentos de dedos e de mãos.
Precisando
rápidas conclusões de atenta leitura da peça coelhal da Tabu, dir-se-ia que a jóia atrás focada é a sua parte mais
substantiva e imagem distintiva da marca solar.
Porém
há, também, que tomar-se em consideração uma grande e sugestiva pérola que
sobressai num conjunto de joalharia pechisbeque formado de acessórios de
pequena grandeza produzidos no quintal do domínio pessoal/familiar de Passos
Coelho e que configuram um segundo catálogo das típicas peças de adorno que,
produzidas por ele, são prazenteiramente apresentadas ao povo eleitor, pelo embaciado
astro lisboeta, designado SOL.
Ei-la
a grande pérola:
(…)
vivo
muito bem em Massamá (…)
Dando
opinião sobre tão reveladora pérola coelhal diremos o seguinte:
O
Zé-Povinho andava desconfiado…
Agora
Passos Coelho dá a certeza do seu viver.
Estava
no ar pairando a dúvida quanto às condições de vida de um Coelho que decretou a
generalizada pobreza e a consequente amargura da maioria da população
portuguesa.
Por
toda a parte da nação portuguesa perguntava-se: Como vive o Coelho causador da
nossa desgraça nacional?
Agora
face ao empenho do SOL alguém curioso
perguntou: Coelho vive bem?
A
resposta é imediata: Não!
A
seguir, com apoio na pérola da coelhal criatura, contrapõe-se a peremptória
afirmação do presidente do Conselho: “Vivo
muito bem em Massamá”.
Moral
da verídica história: Coelho permite-se o gozo do bem-estar enquanto milhões de
portugueses vivem muito mal ou sobrevivem em condições de extrema miséria.
A
que Coelho junta a circunstância de, por feliz acaso de natureza futebolística,
poder afirmar: “Estou muito contente por o Benfica ser campeão.” Esta, uma das
minúsculas peças de pechisbeque caseiro que, não obstante, proporcionam adorno
e o conforto do bom viver de Passos Coelho.
Nesta época eleitoral soam as
trombetas da publicidade de Coelho.
Enquanto a mesma criatura (de
coelhal anatomia) vai assobiando para o lado e, como se estivesse no tempo da
outra senhora que se finou a 25 de Abril de 1974, festivamente cantando:
“ Lá vamos cantando e rindo…
Cantando pela regalada vida
que levam as rapaziadas que abancam à mesa do ORÇAMENTO.
Rindo? Sim, do Zé-Povinho!
No pressuposto de que ele é
cego, surdo e mudo…
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