Leitor,
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Leia!
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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quarta-feira, maio 06, 2015



Mais uma cavacal orgia turística
de caixeiro-viajante, na Noruega

Brasilino Godinho

01. Desta vez, a partir de ontem (04/5/2015), Cavaco Silva, na admitida condição de caixeiro-viajante, encontra-se na Noruega ocupadíssimo na ingente tarefa de dar-se banhos mediáticos das televisões portuguesas e doutros órgãos de comunicação social nacionais, com o anunciado propósito de: apresentando-se bem penteado, melhor vestido, finoriamente calçado e profusamente adornado com todos os não recomendados e pouco vistosos endereços; e, sobremodo, municiado com um arsenal de vulgares instrumentos de persuasão física, mental e de outros característicos apetrechos de primária ou incipiente arte malabarística; realizar grandes negócios com os crédulos noruegueses. Para o transcendente efeito, fez-se acompanhar da esposa, de ajudantes e assistentes de viagem e de 70 pessoas, segundo os dados que foram facultados à imprensa. Assim, a cavacal excelência presidencial agindo; qual antecipado Pai Natal que, fora da sua época, distribui brindes turísticos pela rapaziada amiga e por alguns profissionais do comércio e da indústria que, ainda, sobrevivem no pântano das falências; o qual, diga-se, é um emblemático espaço paisagístico deste nosso Portugal destroçado.
A estadia na Noruega segue-se à digressão turística que a mesma presidencial figura, acolitada pela condescendente (que aparenta ser) e venerável Senhora D. Maria (esposa do venerando Chefe do Estado) e por numerosa comitiva, fez em data não muito afastada à China.
E se dessa viagem ao longínquo país asiático Cavaco não deu aos portugueses cavaco (relatório) nem amostragem de resultados, porque a mesma foi, sem margem para dúvidas, uma digressão turística e mal parecia mencionar, sem disfarces, eventos gastronómicos, de lazer e de digressões por diversas áreas; é de esperar que, também agora, não haja referências sobre as contrapartidas do rombo no Orçamento que comporta esta digressão turística, embora rotulada de comercial, ao país dos fiordes e dos ‘bacalhaus da Noruega’.
Tal como sucedeu com as anteriores viagens de natureza lúdica do presidente Cavaco e para não fugir à regra, o venerando chefe do Estado regressará de mãos a abanar ou com elas enfiadas nos bolsos vazios das peças da vestimenta, sem coisa nenhuma de importante para Portugal.
Porém, eventualmente, com uma diferença: as bagagens do presidente e dos setenta turistas virão recheadas de bacalhaus oferecidos por entidades norueguesas, a título de reconhecimento pela atenção dispensada aos atractivos turísticos da península escandinava.
Dá a impressão que Cavaco vai estabelecendo contactos e treinando sem gastar uns parcos cêntimos da sua carteira bancária para, pós termo da função presidencial, prosseguir carreira de vendedor internacional. Temos de convir que aos contribuintes não lhes cabe fazer tamanho financiamento de serôdia aprendizagem especializada na área do comércio exterior.
Mais de reprovar: por que encargos financeiros tidos num tempo em que Portugal está de tanga e a maioria da população em estado de pobreza, que não tem paralelo nos países da Comunidade Europeia.
O que contraria frontalmente dois elementares preceitos: o dever do sentido de Estado e a obrigação de contenção de despesas; a serem rigorosamente respeitados pelos altos dignitários da República de Portugal.
Também, no caso em apreço, evidencia-se uma inqualificável predisposição de esbanjamentos e exibicionismos, ao arrepio dos superiores interesses da Nação. E que a simples faculdade de bem ajuizar, inequivocamente, contraria ou impossibilitaria.
Desgraça nossa, a de termos a desgovernar-nos políticos que estão possuídos de uma compulsiva tendência para o despesismo à pala do Orçamento do Estado.

02. Entretanto, acentua-se a impressão de que em Portugal está criada uma nova casta profissional constituída por indivíduos que exercem uma inovadora actividade especificamente portuguesa, clandestina, de difícil e privilegiado acesso, como se tratasse de uma segunda profissão (isenta de impostos…): a de acompanhante dos presidentes da República e do Conselho e dos ministros e secretários de Estado, nas inúmeras viagens de turismo (sublinhe-se que rotuladas de interesse de Portugal) que todos eles fazem pelos diversos e mais ou menos distantes países do planeta Terra.
E não só tais personagens do Poder instalado. Pois já houve deputados que fizeram confortáveis e dispendiosas viagens, designadas de serviço público, a diversos países dos cinco continentes (África, América, Ásia, Europa e Oceânia), com suas companheiras, sem sequer saírem de Portugal – o que foram proezas que não estão ao alcance de qualquer indígena, mas que se creditam como sendo de inegável esplendor artístico, de singular ubiquidade e de não menor relevância monetária a reflectir-se nas contas bancárias de tão ilustres seres; quais parasitas que infestam o palácio de São Bento.

03. Facilmente se intui do que ficou explicitado que é absolutamente necessário e da maior urgência informar o povo português da total dimensão dos enormes gastos com as passeatas dos dirigentes governamentais que oneram, sobremaneira, o Orçamento.
Aqui está uma tarefa que suporíamos caber no âmbito das atribuições institucionais do Tribunal de Contas.   

04. Porém, como o douto tribunal parece alhear-se desta problemática das sistemáticas despesas excessivas e inúteis correlativas às fantasiosas viagens dos grandes protagonistas da desgovernação em curso, sugerimos a quem for crente e esteja bem relacionado no firmamento onde assenta a Divina Providência e, ainda, mostrando propensão para zelar pelo bem comum e repudiando os abusos dos agentes da desgovernação, faça uma imperiosa obra de misericórdia: interceda ao Grande Arquitecto do Universo e, em simultâneo, ponha uma velinha a Nossa Senhora de Fátima, para que concedam ao sacrificado e ofendido povo luso a mercê de inspirar e encaminhar alguém no sentido de, com seriedade e competência, fazer rapidamente e em força*(como diria o Oliveira Salazar da outra democracia orgânica; que, por sinal, não era viciado em gastos com passeatas em Portugal e excursões ao estrangeiro - o que, talvez, explique ter deixado o Tesouro abarrotado de barras de ouro, muitas delas vindas da Alemanha nazi em pagamento do volfrâmio fornecido por Portugal…) um rigoroso apuramento de quantos milhões de euros do Erário foram gastos com as viagens ditas oficiais, do venerando chefe do Estado Cavaco Silva, do agora (em coincidência de época eleitoral) servilmente biografado presidente do Conselho, Passos Coelho, do ecléctico ministro ajudante, incansável operador nocturno de fotocopiadoras ministeriais, vendedor errante de grandes negócios estrangeiros e irrevogável subalterno do grande chefe do governo, Paulo Portas e dos restantes ministros, dos secretários de Estado e dos deputados.
Viagens que, na prática, são de turismo, promoção pessoal para inglês ver, de enriquecimento curricular de viajatas, de recreio e de desvio das rotinas diárias.
Nos casos cavacais, em apreço, talvez excursões de tirocínio na profissão de caixeiro-viajante, visando alcançar credenciais de habilitação para ser émulo do companheiro de andanças políticas, o irrequieto e palrador Portas e para actuar, desinibido, no exterior – o que não é de excluir, porquanto estamos informados, pela própria criatura presidencial, de que tem sido mal pago, que lhe cortaram a reforma e que, ainda-por-cima, a esposa tem mísera pensão, pelo que, facilmente, se presume que esteja endividado e nessa deplorável condição tenha necessidade de novo emprego a partir dos meados de 2016, a-fim-de angariar meios monetários de subsistência familiar e coleccionar materiais sonantes que, também, lhe permitam liquidar eventuais compromissos financeiros intempestivamente assumidos a contragosto.
*  ”Para Angola, rapidamente e em força!”- a frase de Oliveira Salazar proferida aos microfones da RTP, numa alocução ao País, na noite de 13 de Abril de 1961; que se pode apontar como decisivo marco histórico do início oficial da guerra colonial. 
Fim