Só obtuso COELHO PASSOS DE PEDRO
poderia, de uma cajadada, matar 3
coelhos
Brasilino Godinho
01.
Tal e qual, assim aconteceu! Ontem, 06 de Maio de 2015, na Assembleia da
República, durante o debate quinzenal, o actual presidente do Conselho de Ministros,
(temos que ressalvar algum respeito pelo incómodo ou desencanto que Salazar
possa sentir na tumba, por aqui utilizarmos a designação que lhe era atribuída
oficialmente), voltou a fazer, com inaudito despudor, rasgados elogios ao
famigerado Dias Loureiro, comparte do escândalo da falência do BNP, a quem Coelho - cabe lugar à
inferência - deverá facilidades pela publicação da sua biografia, ora lançada
de encontro à estupidez crónica do gentio nacional.
De
uma cajadada, Coelho matou três coelhos. Ou melhor dizendo: de uma assentada
insultou: a função governamental; o País; a inteligência do cidadão português.
02.
O que aconteceu em Aguiar da Beira e no Palácio de S. Bento, relativamente às
canhestras tentativas da coelhal figura de lavar a imagem chamuscada do Dias
Loureiro - que mais adequado seria chamar-se Noites Loureiro, por sinal, elas,
significativas de tristeza e de obscuridade - foi, afinal, o desencadear de uma
intensa campanha de branqueamento de capitais amontoados em sede do PSD; os
quais, preenchem um invulgar repositório de grandes saberes, de sofisticadas e
sigilosas experiências, de austeras competências na arte do disfarce e do
embuste e de equívoca cultura política; de que são magníficos exemplos: Dias
Loureiro, Passos Coelho, Isaltino Morais, Duarte Lima, Miguel Relvas, Oliveira
e Costa, Marco António, Santana Lopes, Durão Barroso, major valentão de apelido
Loureiro, e tantas outras jóias ornamentais que dão resplandecente brilho à
exploração ardilosa do pomar da ‘Quinta
Lusitana’, onde por singulares artes de artificialidade brotam imensas laranjas
de sabor azedo e numerosas laranjinhas de desagradável proximidade e de
intragável degustação.
Quanto
aos maiorais artistas do cavacal grupo folclórico, cantores do fado corridinho
de elogio mútuo da rapaziada da corda
alaranjada: Cavaco, Marcelo, Mendes,
a diva Manuela Leite, estão um pouco desligados da dita campanha, porque eles
próprios tratam das suas lavagens pessoais. O primeiro, que nunca se engana
(talvez que a si, embora que quanto ao Zé-Povinho a conversa seja de outro sentido
mais realista…) já anunciou Memórias da
sua privilegiada falta de memória; o segundo, o terceiro e a quarta, com
periocidade semanal, tratam de branquear o fácies com o pó de arroz das
maquilhagens televisivas.
03.
De imediato e em continuidade da referida campanha publicitária, a coelhal
figura, simbólica peça da governação que temos a chagar-nos a paciência e
sempre a ameaçar o bem-estar da população, promoveu o lançamento de um livro
biográfico, escrito por senhora envolvida nas actividades do grupo parlamentar
do PSD, através do qual é feito um inglório esforço de limpeza num ser que, por
tão deteriorado pela patine acumulada
através de um tempo de vida confusa e transgressora dos preceitos sanitários
atinentes a uma normal e exemplar existência individual, já não consegue
recuperar a atraente imagem que deseja, a todo o transe, em delírio fantasmagórico
e desmesurado sobressalto de natureza eleitoralista, apresentar ao público
respeitável que ainda existe em Portugal.
04.
Por conseguinte e relativamente à biografia da coelhal figura, há que atender aos
seguintes factores:
-
a generalizada sensação de que a obra foi encomendada;
- ter
sido, quase de certeza, servilmente escrita, dado o facto de a senhora integrar
o círculo de amizades e de interesses instalados correlativos ao partido e a
Passos Coelho;
-
a ideia de que a autora se prestou ao censurável papel de branqueadora da feia
e obscura imagem de um seu superior hierárquico;
- ter
sido editada por uma empresa de propriedade do habilidoso Dias Loureiro (como
tem sido divulgado pelos órgãos de comunicação social, sem se ter registado
qualquer desmentido);
- ter
sido lançada em tempo de actividades eleitorais, com vista a iludir os
eleitores.
Tudo,
afinal, que compromete irremediavelmente a pretensa credibilidade da obra
biográfica, que - diga-se! - não tardará a ser anunciada como um extraordinário
êxito de vendas (idêntico ao do livro da tese de José Sócrates… que, segundo
alguns jornais, terá sido o grande comprador de milhares de exemplares que
provocaram o precoce esgotamento da respectiva edição).
05.
Nesta época de convulsão eleitoral, em que se encontram mergulhados os grandes
artistas do circo político, deixamos uma recomendação:
O
povo que se cuide! Não vá no ‘conto do vigário’
mal-encarado Coelho, da paróquia sita na ‘Quinta
Lusitana’ onde, em época de triste memória, se instalou o mal-amanhado
pomar das laranjas e das laranjinhas de detestável proximidade; os quais frutos,
tantas e graves doenças alérgicas provocam nas debilitadas gentes da nação
portuguesa.
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