NÃO É FENÓMENO DO ENTRONCAMENTO
MAS É FENÓMENO DE ÂMBITO NACIONAL
Brasilino Godinho
24/11/2019
01. Por falar de fenómenos dou-me conta de que os
do Entroncamento foi um ar que lhes deu. Desde 1974, ano da Revolução dos
Cravos, que nunca mais se falou dos fenómenos do Entroncamento. Porquê? Terão
mesmo acabado? Que sumiço lhes deu?
Admito que não tenham resistido à grande
concorrência dos fenómenos que, após 25 de
Abril de 1974, têm ocorrido, numa sucessão tão
persistente que causa vertigens no mais desprevenido cidadão.
Porém, todos quantos indígenas estejam atentos às
coisas e loisas reais e abstractas que se lhes deparam na correnteza dos dias,
já se habituaram à forçada convivência com os fenómenos vários que têm surgido
nas duas décadas deste século, em Portugal.
E quando alguns mais inusitados surgem, são
absorvidos pela rotina e não lhes é dispensada grande atenção.
02. Todavia, sobressaindo dessa letargia há um
fenómeno que, mantendo-se latente, tem continuados períodos de desenvolvimento,
principalmente neste século.
Quero referir-me à avassaladora onda de mentirosos
que se expandiu de lés-a-lés por todo Portugal.
Eles são tantos, de variadas espécies e múltiplas
cores, que se disso tivessem necessidade, bem poderiam formar uma fraternidade
de orgulho mentireiro, com dispensa de se acomodarem a um secretismo típico das
fraternidades maçónicas…
E não precisariam de recorrer a secretismos porque
estão habituados a servirem-se da mentira às claras, com exuberância e o maior
descaro. Quase sempre, com largos proventos pessoais e de grupos vários.
Assinale-se que os mentirosos estão infiltrados em
todos os sectores da sociedade portuguesa: político, administração pública, comunicação
social, ensino, judicial, forças armadas, religioso, desportivo. E neles
desfrutam de preponderância operacional e grande influência no domínio das
orientações e programações de actividades.
03. As mentiras são de variegadas naturezas e de
diversos formatos. Dir-se-á que enquadradas com a caracterização do sector em
que se produzem e as circunstâncias que lhes proporcionam ocorrência.
Actualmente, a mentira atingiu tão eficaz ponto de
convergência fática e temporal no alcance de benefícios do mentiroso compulsivo
que, para ele, essa sua específica condição/especialização associada à posse de
uma licenciatura arrelvada, socrática ou barreirasduarte, constitui a melhor e
recomendada credencial para ser nomeado chefe de partido, primeiro-ministro,
ministro, deputado, presidente de autarquia, vereador, e assegurar nomeação de
chefe de gabinete secretário, assessor e especialista de 1.ª classe, num
qualquer ministério de governos que tendem a ser preenchidos com mais
ministérios; visto que é sentida a necessidade de criar empregos para a
numerosa clientela que se apresenta tão bem creditada com a magnífica(…)
classificação de falsidade e de irresponsável mentir.
04. E acrescento ao triste rol de desventuras
correlacionadas com a Mentira prevalente, a oportuna referência a um caso
ilustrativo do que está exposto nos precedentes.
O deputado João Almeida, em data não muito
distanciada, informou os eleitores de que os políticos mentem e a isso estão
obrigados pelo povo (e neste ponto, já exposta uma refinada, muito atrevida,
mentira).
Há dois dias, deputado João Almeida, anunciou que
se candidatava à chefia do Partido CDS/PP.
De registar que sendo político e mentiroso - a que
está conectada a característica que atribuiu aos políticos e que no meio
político foi aceite, sem qualquer contestação – provavelmente vai ser eleito,
mercê dessa apropriada e benquista(…) condição de inata tendência, e de usual e
profícua prática de mentireiro; que até não teve rebuço em o afirmar
publicamente.
05. Enfim, Portugal sendo um reino de bicharada, em
que dele há conveniência e imperiosa precaução de sanitário afastamento e nele,
também, ser manifesta a necessidade de apurado e persistente recurso à higiene
mental; é, outrossim, detestável espaço cénico onde se expõe sem peias morais e
éticas - e desenvolve - a malsã arte da hipocrisia, da falsidade e da mentira.
06. Igualmente, haja consciência de que, neste
nosso malfadado tempo, sobressai a propalada mentira de em Portugal estar em
prática a Democracia.
A Democracia não existe num país - Portugal - em
que a Mentira é activa, prepotente e soberana; sobrepondo-se a tudo que é
legítimo, orgânico, harmonioso, moral, ético, deontológico e bem-comum. Por
formas e obscenos atrevimentos altamente lesivos dos superiores interesses da
Nação.
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