323.Apontamento
Brasilino Godinho
19/Novembro/2019
ESTÁ CONSAGRADO O ESQUEMA
DE ENRIQUECER RAPIDAMENTE…
Mas não é aplicável a toda a gente. Está concebido
para pardalada fina e atrevida que convive fraternalmente com aqueles senhores
cinzentos de que falava o falecido político e professor de Direito, Doutor António
de Sousa Franco e que são os famosos e anónimos donos disto tudo. Indivíduos
que não dão a cara mas que se movimentam no círculo que delimita a quadratura
subterrânea onde se acolhem com aprazimento e vultosos proventos - que, para
eles, são possibilidades absolutas.
O esquema, que aqui é foco da minha presente
informação, reporta à forma expedita como certos pardais saltitantes - melhor
dizendo: certos indivíduos, de apurada esperteza - conseguem, rapidamente e em força, obter o
estatuto de milionários ou de possuidores
de grandes fortunas. Basta que, devidamente recomendados pelos acinzentados
senhores, sejam nomeados para os cargos de presidentes e membros dos conselhos
de administração dos Bancos.
Uma vez na posse dos lugares não têm que exagerar
na aplicação da eventual e incómoda ideia de bem gerir as instituições. Os
exercícios dos cargos faculta-lhes as possibilidades de auferirem avultados
vencimentos e mordomias; mesmo que, nas instituições que mal administram, se
verifiquem dificuldades financeiras e se acumulem prejuízos de milhões de
euros.
O que é facilitado pelo facto de que as primeiras
medidas que tomam é de fechar agências e despedir centenas de funcionários
bancários. Assim, obtém-se enormes reduções de despesas com encargos de pessoal
e manutenção funcional das agências. E as verbas de tais poupanças servem, às
maravilhas, para serem, no fim do ano, distribuídas pelos administradores;
usando o expediente de aumentar-lhes os vencimentos, conceder-lhes
gratificações e outras regalias; para as quais, não lhes faltam imaginação,
grande propensão, forte vontade e oportunidades na concepção e concretização.
Dá-se até a circunstância de, nalguns bancos
falidos ou em vias de falência, os presidentes e membros dos conselhos de administração
continuarem todos os anos a serem beneficiados com elevados aumentos e
gratificações pelo excelente trabalho… de ruína financeira de cada um dos
bancos que era suposto serem bem administrados. Um procedimento que é causa
facilitadora de colapso das instituições que exploram a seu bel-prazer.
São conhecidos os casos de vários bancos que
faliram e outros que estão em estado de crónica falência em que mais têm sido
evidenciados tais procedimentos fraudulentos e indecorosos.
As consequências desses desmandos acabam por,
indecentemente, atingirem os contribuintes e os portugueses mais carecidos de
bens materiais.
Há dias foi revelado na imprensa e pela Internet que
o Novo Banco, para além de instar o Governo para lhe ser concedido um
financiamento de milhões de euros para cobrir um défice correspondente ao
montante solicitado, não se dispensou, no corrente ano, de aumentar em 30% o
ordenado do presidente do respectivo conselho directivo e, também, mais
reforçando as mensalidades dos restantes membros do conselho de administração.
Por devido a esta história dos avultados proventos
monetários de que se constituem beneficiários sem escrúpulos, é que os
dirigentes bancários de topo, nas respectivas hierarquias, enriquecem
abruptamente enquanto o Diabo esfrega um olho e… certamente, se queda algo
aparvalhado com tanta desfaçatez.
Este configurado quadro de enriquecimentos
escandalosos de alguns portugueses que a si próprios se consideram portugueses
de primeira classe; em contraposição com a maioria dos portugueses de segunda e
terceira classes, sobrevivendo com inúmeras carências e redutoras condições de
vida; ele (quadro incrível e repugnante) é patente e reconhecido no mundo
civilizado como que expressando uma tremenda realidade: a de que em Portugal
aumenta progressivamente o número de milionários em simultâneo com o aumento,
em cadência muito mais acelerada, do número de pobres.
Também alargado e aprofundado o fosso entre ricos e
pobres. Ricos e milionários aumentando a riqueza em termos de desarmonia
social. Pobres, cada vez mais mergulhados no pantanoso campo da pobreza.
Possuído de uma cada vez maior desigualdade social,
Portugal regride assustadoramente e está correndo o risco de se tornar um país
do terceiro mundo; inserido no seio de uma Europa enriquecida que tenderá a
sentir-se incomodada a partilhar associação e correlativo estatuto de membro:
ele, tão desqualificado. Por sinal, na triste e vergonhosa condição de “patinho
feio” que, a breve trecho, será escorraçado da União Europeia por indecente e
má figura.
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