321. Apontamento
Brasilino Godinho
17/Novembro/2019
AS COISAS EXTRAORDINÁRIAS
QUE NÓS DESCONHECÍAMOS…
Notícia de última hora:
"MUITOS PARABÉNS, EM NOME DE PORTUGAL! LÁ
ESTAREMOS, DAQUI A SEIS MESES, A DEFENDER O NOSSO TÍTULO EUROPEU", afirmou
o Chefe de Estado, numa curta declaração transmitida à agência Lusa.
Ao ler esta mensagem fiquei completamente
baralhado. O Presidente da República, em nome de Portugal, dá os parabéns a
quem? Pressuponho que seja à futebolística selecção de Portugal que hoje se
apurou para disputar a fase final do campeonato europeu da modalidade.
A seguir, o Chefe de Estado, usando o plural
majestático, afirma que “lá estaremos, daqui a seis meses, a defender o nosso
título europeu”.
Se bem julgo o Presidente Marcelo afirma que “lá
estaremos, daqui a seis meses” e assim, em termos precisos, mata dois coelhos
de uma cajadada: dá como certeza que lá estará algures (não se sabe onde) e
demonstrando que está a par dos calendários das provas desportivas.
O que me deixa atónito e sem perceber bem é o
expresso compromisso público do Presidente da República de que, então decorridos
seis meses e algures, em parte incerta, se encontrará a defender o também dele
título europeu.
E é relativamente a este ponto que mais incide o
meu embaraço em apreender o que verdadeiramente está compreendido na intrigante
afirmação de Sua Excelência.
Interrogo-me: Como vai o Chefe de Estado defender o
“nosso título europeu”? Integrado na equipa dos selecionados, a jogar em campo
aberto? Em que posição, de ataque, de defesa? Curiosidade maior a destacar – se
for o caso - é a habilitação futebolística do Presidente Marcelo que o público
desconhecia. A qual acrescerá à sua qualidade de nadador exímio que, frequentemente,
se tem exibido na baía de Cascais.
Mas se não vai actuar integrado na equipa selecionada,
será que vai ser jogador de tribuna? E como, nessa condição, se desempenhará da
defesa que se propôs fazer?
Pelo acaso oportunista, o Presidente já iniciou a
preparação bem cuidada para não ficar mal visto, nem comprometido o êxito da defesa
do título?
Por outro lado da questão, se a defesa do título
vai ser coisa diferente das hipóteses aqui citadas, que armas secretas ou
modalidades de acção vai o Presidente utilizar de forma a que depois não se diga
que o seu propósito foi por águas abaixo ou que ficou ingloriamente perdido em
águas de bacalhau?
Questão marginal tem a ver com a curiosidade de que
estou possuído sobre a data em que o Chefe de Estado inicia o estágio de
preparação da sua peculiar defesa do título europeu e se ela implicará interrupção
do exercício das funções oficiais que lhe estão atribuídas. Eventualmente, paralisação
configurada como licença sem vencimento?
Enfim, em Portugal sucedem coisas extraordinárias…
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