PIADA DE MAU GOSTO (DE HOJE)
Brasilino Godinho
22/Novembro/2019
“Ministro da Administração
Interna desconhece que haja polícias a comprar o próprio material”.
Tal informação foi recolhida de
vários sítios da Internet.
Atrevo-me a dizer que muitíssimos
portugueses têm ouvido e lido que bastantes polícias têm feito diversas compras
necessárias para exercerem as suas funções, pagas por eles. Porém, o ministro
ignora o que muita gente sabe.
Só pode ser piada de mau gosto.
Ou tratar-se de inqualificável demonstração de que ministro não acompanha
devidamente o que se passa no dia-adia da corporação policial que está sob sua
tutela. Ou ainda pior do que tudo o resto de desconformidade funcional que se
lhe pudesse apontar, que sua excelência conhecendo a realidade, a nega com desenvoltura
e notória intenção de sacudir a água do capote.
Mas, também, se pode admitir que
o ministro pretenda apoiar-se na pessoal decisão de, deliberadamente, se
aproveitar da crónica iliteracia de uma legião de portugueses que, nessa
condição de subalternidade cívica, constituem uma massa acrítica que aceita
todas as patranhas apresentadas pelos governantes e políticos predispostos a
intrujá-los e a explorá-los.
Em qualquer das situações, falha
o desempenho da ministerial criatura – o que é lamentável e prejudicial, no que
concerne a uma actividade primordial no capítulo da segurança pública.
Aliás, quando focamos as
políticas desastrosas prosseguidas pelos sucessivos governos dos regimes
monárquico e republicano, há que ter em conta que é tradicional e profundamente
arreigada a prática política sempre caracterizada por abusos, prepotências,
clientelismos, incompetências e desvarios de naturezas várias a provocarem,
sobremodo, situações de bancarrota do Estado e o consequente dificultoso, fragilizado,
enfraquecido e deficitário, funcionamento da administração pública.
E este é um triste quadro que
remonta aos tempos de Sá de Miranda, Almeida Garrett, Alexandre Herculano,
Antero de Quental, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Andrade
Corvo, António Sérgio, Norton de Matos, Rocha Martins, Ramada Curto, Joaquim
Manso, Norberto Lopes, Lelo Portela, Pe. Abel Varzim, D, António, bispo do
Porto, Humberto Delgado e tantos outros cidadãos que foram intervindo no
sentido de inverter o rumo de aviltamento e degradação do país, que vem sendo
prosseguido desde o século XVI e reinado de D. João III.
Numa coisa os nossos governantes
e políticos são hábeis: conhecendo que um povo ignorante é factor decisivo de
mais facilmente ser enganado e não propender para o exercício de uma cidadania
consciente, rigorosa, crítica e exigente, usam os mais repugnantes meios de manter
o statu quo ante, por nele perceberem a garantia das suas continuadas políticas
de manipulação e de exploração.
Assim vamos passando ao compasso
do tempo, continuando, não a cantar, nem a rir; mas, sim, lamentando a triste
sorte de sermos tão mal governados, sofrendo as malvadezas que tanto nos
afligem, e muitos portugueses amargamente chorando lágrimas de sangue…
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal