Leitor,
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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, novembro 21, 2019


NOTÍCIAS DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO
Por Brasilino Godinho

01. Ontem, dia 20/11/2019, realizou-se - pela primeira vez – uma sessão exclusivamente consagrada à distribuição de prémios aos melhores alunos da Universidade de Aveiro.
A cerimónia ocorreu no auditório Renato Araújo, da Reitoria da Universidade.
A partir daqui, cantinho onde nos encontramos e em lugar cativo do grupo AUA - AMIGOS, UNIVERSIDADE, AVEIRO, saudamos a meritória iniciativa da Reitoria e felicitamos os galardoados; expressando-lhes os votos de que prossigam os estudos sem desfalecimentos e com a continuação dos melhores aproveitamentos escolares.
02. Na mesma data, foi anunciado que vão ser criados: “um prémio para Melhor Docente, Melhor Investigador, Melhor Funcionário Técnico, Administrativo e de Gestão”.
Compreendemos a ideia de estimulação que está subjacente à iniciativa ora prevista.
Mas seja-nos permitido que manifestemos algumas reservas quanto ao alcance dela advindo, traduzido em práticos efeitos benéficos para a quotidiana vivência da academia aveirense.
Manifestação que é tida em sede pessoal, no pressuposto de que possa ser motivadora de reflexão sobre a sua pertinência e validade.
03. Qualquer ser animal é por natureza conflituoso. O homem tem nele arreigado esse instinto animalesco. E a todo o tempo o evidencia nos seus comportamentos mais ou menos agressivos e nas mais díspares circunstâncias: no seio da família, no emprego, nas relações sociais.
E é, geralmente, no exercício da actividade profissional onde a inata agressividade do indivíduo se expressa com mais frequência e intensidade. Afinal, virulência nem sempre controlada nos limites da decência e no respeito que nos devemos uns aos outros. Seja suscitada pela intensa e absorvente competição entre iguais, seja por inveja, seja pelo extravasar atitudes descontroladas, impulsivas e muitas vezes, também, por actos reflexos de mau carácter da pessoa que, não raro, se torna antipática para a sociedade em que está integrada.
E se numa família, por vezes, são criadas imprevistas dificuldades de relacionamento; num emprego partilhado com centenas de pessoas onde coabitam várias sensibilidades e múltiplos interesses, sempre prevalecem situações de profunda desarmonia social que geram e dão sustentabilidade a um penoso clima de mau relacionamento inter-pares.
04.  Isto escrito para anotar que uma universidade como a de Aveiro, pela sua dimensão e importância, está inevitavelmente na contingência de nela se desenvolverem situações melindrosas de conflitos de sensibilidades diferentemente condicionadas pela suas específicas tendências e interesses pessoais ou de grupos ad hoc formados com determinados objectivos, nem sempre claros ou recomendáveis.
Certamente que o mais desejável é que na Universidade de Aveiro e em qualquer época exista um natural, regular, harmonioso e eficaz funcionamento de toda a sua estrutura organizativa.
Porém, na nossa perspectiva, admitimos que os prémios para melhores docentes e investigadores vai distraí-los das suas absorventes e meritórias ocupações e incentivá-los no propósito de, a qualquer preço ou jeito, alcançarem o aludido prémio.
Também e principalmente, será introduzido um factor de perturbação num ambiente que se desejaria calmo, produtivo e isento de estéreis e prejudiciais convulsões internas.
Outrossim, a nosso ver, um professor, um investigador, exerce, trabalha, investiga, por ser a sua missão e não procede com mira na vã glória de ser considerado o melhor entre os seus pares. E não necessita de actuar motivado no propósito de alcançar tal destaque profissional. O qual, é contingente, de difícil e complexo apuramento, e fautor de controvérsias, despeitos, invejas, e divisionismos que, tudo leva a crer, seriam muito lesivos da regular vida quotidiana da Universidade de Aveiro.
Mal iria prosseguindo o Ensino se os professores e investigadores tivessem que se envolver em lutas fratricidas para um ou outro ser premiado como o melhor na sua especialidade – sempre a determinar sob critérios subjectivos ou quantitativos de pretensos resultados maioritários de produções várias de hipotética clara objectividade.
De facto, uns e outros que se deveriam considerar mutuamente como colegas e amigos leais, passariam a ser adversários desconfiados que se vigiam, se invejam, se hostilizam e se tornam, invariavelmente, calculistas, quiçá até intriguistas.

Resumindo: que estas minhas considerações sejam credenciadas como singela contribuição à Universidade de Aveiro, que muito estimo e com a qual estou profundamente relacionado. 

Nota pessoal:
- Na qualidade de cronista que muito porfiou - nos finais dos anos sessenta e princípios dos anos setenta - na imprensa, pela criação da Universidade de Aveiro;
- na condição de projectista das infra-estruturas da ampla zona localizada a sul da antiga praceta (junta ao CIFOP), do Campus da Universidade de Aveiro;
- na agradável situação de ser um ex-aluno da Universidade de Aveiro, que com mais elevada idade (77 anos) foi seu caloiro, licenciado e doutorado, com boas classificações, no decurso de 8 anos de frequências assíduas a todas as disciplinas dos currículos dos cursos de Licenciatura e Doutoramento; e, sobretudo, por poder afirmar alto e bom som que Brasilino Godinho é em Aveiro e Portugal o cidadão que tem mais prolongada, abrangente e multifacetada ligação à Universidade de Aveiro (ligação à universidade aveirense contada desde os seus primórdios);
- senti obrigação moral e sujeição cívica em vir aqui expender as precedentes, breves, considerações sobre a problemática dos prémios ora anunciados.
Termino com um apropriado parêntesis. A afirmação de que sou “o cidadão que tem mais prolongada, abrangente e multifacetada ligação à Universidade de Aveiro” é feita por ser verdadeira, para que conste nos meios mal informados e, sobretudo, pelo prazer que sinto em chatear (passe o termo) alguns amigos da onça e uns meus raros inimigos de estimação; e, simultaneamente, como sou benevolente, lhes dar oportunidade para virem ufanos à praça pública dizerem: Reparem como o Brasilino Godinho é vaidoso e imodesto…