BRASILINO
GODINHO
88.º
ANIVERSÁRIO NATALÍCIO
ESTE ANO POR SER DE BONITA CAPICUA
COMEMORO
MEU ANIVERSÁRIO
Com a publicação do 284. APONTAMENTO iniciei
o ciclo das comemorações
Brasilino Godinho
17/Outubro/2019
RETALHOS DA MINHA VIDA DE ALUNO
DOS ENSINOS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO
(Continuação
do 287. Apontamento)
02. NO ENSINO SECUNDÁRIO
No ano seguinte, entre os meus 12 e
13 anos, na mesma Escola Industrial e Comercial Jácome Ratton, da cidade de
Tomar, frequento o segundo ano do curso, mas repetindo a disciplina de
Português. Nesta disciplina tendo como professora a Dr.ª Luísa, uma das mais
bonitas mulheres com quem me encontrei ao longo da vida.
Mulher lindíssima! Jovem (talvez 25
anos de idade). Espampanante! Lídima encarnação do eterno feminino deslumbrante!
De fazer parar o trânsito e as pessoas ficarem extáticas. Maravilhosa! Um
fantástico regalo para a vista! E muito única, agradável, sensação
extraordinária de encanto para quem aprecia a Beleza em todo o seu esplendor.
Quase a findar o primeiro período,
ela tem uma ideia que seria inimaginável trazer graves consequências para o
aluno Brasilino Godinho. De que ela se lembrou? De mandar, como trabalho de
casa, que os meninos, seus alunos, fizessem uma redacção sobre a professora de
Português – ela, Dr.ª Luísa.
Com esse encargo o aluno Brasilino
fez uma redacção invulgar. Elabora como que um ensaio em que aprecia e avalia a
professora com abrangência, sob vários ângulos e aspectos; com realce para a
componente física. O que faz com acentuada ironia. Se é que não com algum cunho
sarcástico.
O aluno Brasilino destacava o
cuidado primoroso evidenciado no belo penteado, a formosura do rosto, o brilho
dos olhos, o olhar altivo e sobranceiro, a imponência e o balancear do seu
esplendoroso altar, a soberba da pose fascinante, o requebro do andar, a
elegância e o bom gosto do trajar, o discurso fluente.
Logo na aula que se seguiu à da
distribuição da peça tarefeira de casa, foram entregues as redacções. Terei
sido dos últimos alunos a entregar a minha. Talvez por isso, ela foi das
primeiras (e a última) a ser lida pela professora Luísa. Pegou na folha e
começou a ler. E à medida que ia lendo, ficando o rosto cada vez mais
avermelhado. Prestes a terminar a leitura, disse: “Parece impossível!” E
repetiu: “Parece impossível!!” Logo, de imediato: “Podem sair!”
A partir daquele dia, o Brasilino
foi marginalizado. E no fim do 1.º período era contemplado com nove valores.
Nos segundo e terceiro períodos coleccionou mais dois noves, perfazendo o total
de 27 valores - não atingindo os 29 valores, voltou a perder o ano em
Português.
No ano seguinte de Português, em
repetição, já tendo o exigente professor Bretes, o aluno Brasilino era posto,
face à turma, nos píncaros da Lua com alguma frequência.
Deixo a censura de que a professora
Luísa não ficou bem na fotografia. Teve a fraqueza de se vingar de uma criança.
O aluno Brasilino desvalorizado e
como que repudiado, foi tabu atribuído pela professora Luísa.
Brasilino tratado tal e qual - e
por outras razões de pretensa indisciplina - como tinha sido, no ano anterior,
pelo professor Nicolau da Mata.
Anoto que nos meus percursos
escolares (primário, secundário, universitário) e profissional, só tive duas reprovações.
Ambas em Português, do curso industrial (Escola Industrial e Comercial Jácome
Ratton, de Tomar), que me foram aplicadas, respectivamente pelos professores
Nicolau da Mata e Luísa, nas condições que ficam relatadas nestes APONTAMENTOS.
Assinalo que nunca me arrependi de
ter feito aquela redacção sobre a professora Luísa. Nem que, em tempo algum,
sentisse qualquer aversão ou ressentimento por ela. Ainda hoje sinto algum
fascínio pela sua magnífica, encantadora, beleza; a qual, conservo de memória.
E que foi razão por, no foro íntimo, lhe ter perdoado o chumbo com que
correspondeu à ousadia do imberbe aluno Brasilino Godinho…
Hoje, decorridas dezenas de anos, reconheço que muito cedo se
me despertaram: o sentido crítico, a tendência humorística e a vertente irónica
(por vezes, sarcástica) da escrita brasiliana…
Se isso é defeito, não estou à espera que mo apontem. Aqui,
eu renitente pecador, antecipo e me confesso… Desde já, rejeitando
indulgências…
(Continua no 289.
Apontamento)
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