BRASILINO GODINHO 

88.º ANIVERSÁRIO NATALÍCIO 

ESTE ANO POR SER DE BONITA CAPICUA 

COMEMORO MEU ANIVERSÁRIO 

Com a publicação do 284. APONTAMENTO 

iniciei o ciclo das comemorações 

287. APONTAMENTO 

Brasilino Godinho
17/Outubro/2019

RETALHOS DA MINHA VIDA DE ALUNO 

DOS ENSINOS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO 

(Continuação do 286. Apontamento) 

02. NO ENSINO SECUNDÁRIO 

Se continuo focado na fase do ensino secundário forçosamente hei-de mencionar qual o meu aproveitamento consagrado em diploma do curso. Mas antes de concretizar tal informação devo dizer que fui contemplado com duas reprovações nos anos primeiro e segundo do curso industrial e na disciplina de Português. Repare o leitor que não digo chumbei. Pela razão de que foram o professor Dr. Nicolau da Mata e a professora Dr.ª Luísa que me chumbaram por vingança mesquinha e incrível num contexto pedagógico.

Registo que em todo o meu currículo de vida escolar e profissional foram as referidas duas reprovações as únicas que aconteceram e relativamente às quais não sinto qualquer constrangimento. Pelo contrário, tenho satisfação! 

Explicito as duas ocorrências. Brasilino Godinho tinha entre os 11 e os 12 anos de idade, frequentava o 1.º ano do curso industrial. Professor Nicolau da Mata, rondando os 45 anos de idade e madeirense (cara de pau, nunca se lhe viu um sorriso estampado no rosto). 

Primeira aula de Português – apresentação. Professor desenvolve uma exaustiva intervenção sobre como os meninos deviam estar sentados: erectos, calados, atentos às palavras do professor, de mãos aquietadas e sem apoiarem o rosto ou o queixo. Os braços e as pernas deveriam estar imóveis e sem se cruzarem, etc. etc. Ainda as instruções iam a meio e já o menino Brasilino levantando a mão para dar ligeiro suporte à cara, despertou a atenção do professor que lhe deu forte reprimenda por não acatar as determinações. Passados uns dez minutos o mesmo menino cruzou as pernas e… o caldo ficou, desgraçadamente, entornado. O professor, indignado faz aviso solene: “se o menino voltar a repetir as gracinhas vai para a rua com duas faltas”. 

O menino Brasilino, a partir do primeiro dia de aulas de Português, ficou marcado, como se lhe tivesse sido colocado na testa o rótulo de indisciplinado. Ainda no primeiro período, o professor chama-me ao quadro e logo me intima: “dê-me a definição de substantivo comum-de-dois”. Zás! Convicto e seguro, o menino Brasilino responde acertadamente. Reacção imediata do Professor, falando em tom irritado: “está errado!” Resposta do moço Brasilino: Senhor professor: “eu digo que está certo.” Professor: “como se atreve a desmentir-me”. Brasilino: “Senhor Professor, é assim que está na minha Gramática” (anoto: uma das melhores gramáticas da Língua Portuguesa, da autoria do distinto Professor Pires de Castro). Reacção muito irritada do professor Nicolau da Mata: “Vá buscar a Gramática, se não estiver lá vai para a rua com duas faltas” (O professor não aplicava as penas por menos que duas faltas – digamos que era a pena padrão…). 

O Brasilino, calmo e vagaroso, malandrote quanto bastava para não demonstrar temor, cumpre a ordem. Foi à carteira, que ficava a meio do comprimento da sala, pegou na gramática e retornando sem pressa e desfolhando página, por página, chega junto à secretária, onde o mestre continuava sentado, pousou o livro aberto defronte dele e disse-lhe: “está aqui!” Professor leu e contrariado, diz-me: “Repita o que disse.” E o menino Brasilino repetiu! Após o que o professor manda: “vá sentar-se!” Não mais o menino Brasilino voltou a ser interrogado. Completamente ignorada a sua presença nas aulas durante os dois períodos seguintes.  

Naquele tempo tinha-se que obter 29 valores de classificação final dos 3 períodos de aulas. Nesse ano, o Brasilino perdeu o ano de Português pelo facto do Prof. Nicolau da Mata lhe ter atribuído 28 valores, com escândalo dos outros professores, quando reunidos em conselho escolar de atribuição de notas classificativas – como vi a saber. (No exame final da 4ª classe, da Instrução Primária, o menino Brasilino obtivera a classificação de distinto). 

Perdi o ano na disciplina de Português, mas passei para o segundo ano nas restantes cadeiras. Anoto que repetir a disciplina de Português não me causou qualquer abalo psíquico. 

(Continua no 288. Apontamento)