Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, outubro 12, 2019


BRASILINO GODINHO
88.º ANIVERSÁRIO NATALÍCIO

ESTE ANO POR SER DE BONITA CAPICUA COMEMORO MEU ANIVERSÁRIO
Com a publicação deste 284. APONTAMENTO inicio o ciclo das comemorações

284. Apontamento
Brasilino Godinho

12/Outubro/2019

RETALHOS DA MINHA VIDA DE ALUNO
DOS ENSINOS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO

01. No ENSINO PRIMÁRIO (hoje Ensino Básico)

Nos tempos da ditadura do Estado Novo as escolas primárias e secundárias não eram risonhas, nem francas. Sobretudo a escola primária era temida pela omnipresença e uso da palmatória pousada na secretária professoral e do grande ponteiro; este, ostensivamente colocado ao lado do quadro negro fixado na parede e ao alcance da mão justiceira do professor. Era um cenário que, associado com o porte austero do mestre, infundia medo.

Na escola que frequentava, acrescia a prática das aulas em que, quase todos os dias, o professor dava reguadas e, geralmente, depois do almoço se entretinha a entalar a palmatória sobre os dedos da mão do aluno pousada no intervalo da gaveta e a pressioná-la com força, o que causava intensas dores nas articulações, como se elas estivessem sendo esmagadas. Outras vezes, o professor punha cola no buço e sobre ela aplicava tabaco – o que era bastante incomodativo.

Se não fui contemplado com reguadas, bastantes vezes suportei as entaladelas e as doses de tabaco sobre a colagem do buço; sem isso estar relacionado com qualquer punição. Só tendo a ver com o aspecto sádico do procedimento tido para com o aluno.

O colega, com a alcunha de “Truca Bazaruca”, nalgumas ocasiões, foi exposto, de pé contra a parede, com o letreiro de: “EU SOU BURRO”, pendurado nas costas.

Pelo mesmo professor, eu e o colega Sá fomos distinguidos, nas 1.ª, 3ª e 4ª classes, com a tarefa de rever as provas de ditados dos colegas (Na segunda classe tive uma professora que desenvolveu uma insanável embirração comigo: queria, à viva força, que me assinasse Brazilino e não Brasilino – tratou-se de uma situação algo complicada, assim a modos de reviver o caso da Espada de Dâmocles… ).
Primeiro, o professor revia as nossas provas (com raríssimos e ocasionais erros ortográficos) e depois era ele e nós dois que partilhávamos essa tarefa.

As passagens de classe processavam-se naturalmente pelas avaliações que iam sendo feitas ao longo do ano escolar. No final do tempo da 4.ª classe era realizado o exame do curso primário.

Naqueles tempos, geralmente, iam todos os alunos a exame.
Particularidade interessante: todos íamos muito bem preparados e sem receio de chumbar, embora com ligeiro nervosismo sentido por um ou outro aluno. Eram raríssimos os chumbos. Estou crente que na minha turma não se terá registado qualquer reprovação.

Realço, sem margem para dúvidas, que com o exame da 4.ª classe, geralmente, não eram admissíveis erros ortográficos, sabíamos Gramática, História Pátria, Geografia (no pleno do Império Português) e Aritmética – imagine-se, que até tínhamos na ponta da língua … a tabuada. Mais: igualmente aquilo que hoje é inconcebível… fazíamos cálculo mental.

Provavelmente, em pleno fausto da Partidocracia, haverá alguém inteligente que pense ser motivo para os alunos serem atirados às feras no Jardim Zoológico de Lisboa. Pois que considerando serem maus exemplos de excessos de aprendizagem e de sobrecarga mental de jovens que se querem mais orientados para a parasitagem social e por forma mais adequada a absorverem, sem esforço, os inconfundíveis ensinamentos ministrados nos excelentes cursos arrelvados e socráticos, assaz recomendados para quem pretenda ingressar nos ministérios e (ou) viver comodamente refastelado à mesa do Orçamento; o qual é suporte da famosa e muito portuguesa Partidocracia.

Todavia e certamente, que tais assinaláveis competências adquiridas in illo tempore no Ensino Primário, não se assemelham às incompetências que são agora alardeadas por gentes letradas da época actual, eventualmente adornadas com deslumbrantes licenciaturas arrelvadas e socráticas.

Devo registar que, actualmente, as escolas dos ensinos básico e secundário continuam a não ser nem risonhas, nem francas. Pior que as de antanho, são mais perigosas por nelas estar instalado um clima de insegurança, uma já tradicional indisciplina e uma habituação de extrema agressividade dos alunos para com professores, colegas e funcionários. Urge estabelecer padrões de bons comportamentos e de respeitabilidade entre todos quantos actuam nos estabelecimentos escolares. 
Impõe-se restabelecer o predomínio da hierarquia.

(Continua com o 285. Apontamento)