1. NÃO VOU “CHOVER NO MOLHADO”
2. NEM MUITO BATER NOS CEGUINHOS
3. MAS - PORÉM - TODAVIA – CONTUDO
Brasilino Godinho
1. NÃO VOU “CHOVER NO MOLHADO”
Portugal está
profundamente doente. Todo o mundo reconhece esse estado. O povo português
sente-o penosamente. A caracterização da enfermidade é a de endemia que,
latente desde o século XVI, se aprofundou a partir do século XIX, atingindo
maior amplitude no início de século XXI. E a situação é de extrema gravidade.
Tenho escrito
bastante sobre as patologias de que sofre a nação portuguesa.
Para não maçar os
meus leitores que bastante conhecem das crónicas elaboradas ao longo da minha
longa actividade de escritor independente e das correlativas análises/críticas
referentes ao estado da Nação; aqui e agora não o vou esmiuçar nas
considerações que se seguem. Até porque seria “CHOVER NO MOLHADO”.
2. NEM MUITO
BATER NOS “CEGUINHOS”
Também me vou abster
q. b. de bater nos “ceguinhos”. Eles são inúmeros, de diferentes morfologias;
por vezes, agentes activos com grandes e negativas interferências nas
patologias com que se confronta esse organismo vital do País, que é a nação
portuguesa.
Dada a extensão e
complexidade da concernente matéria doentia, não cabem, neste texto, propósito
e amplo espaço de seu correlativo e adequado acolhimento e, também, extensa
exposição.
3. MAS - PORÉM - TODAVIA – CONTUDO
Mas nesta
data, de celebrações eleiçoeiras, é pertinente escrever algo sobre os
“ceguinhos” de diferentes estirpes que bem ou mal intencionados, com maior ou
menor habilidade vocal e engenho na escrita, se vão entretendo em investir
contra as abstenções e os abstencionistas dos actos eleitorais.
O que sucede reflectindo
o estado de degradação do País.
É precisamente nos
períodos eleitorais que mais se evidência a degradação moral, a debilidade
intelectual e os crónicos analfabetismos: primário, funcional e cultural,
existentes na Nação. E mais são postos a nu os préstimos dos partidos do arco
do Poder em serem agências de emprego, bastiões de defesa das causas inúteis e
desvirtuadoras da Política e da Democracia e incansáveis propagandistas dos
seus gloriosos feitos de abastardamento da sociedade, de desavergonhados aproveitamentos
gastronómicos à mesa do Orçamento e de milionários esbanjamentos que desfalcam
imenso o Erário.
Um deprimente quadro
que de forma muito expressiva dá visibilidade e definição pejorativa à
sociedade que partilhamos e que dela ele deriva em termos de aberrante
decorrência.
Porém, a
este ponto chegado, detenho-me sobre o que aparece frequentemente comentado
sobre as abstenções registadas nas eleições portuguesas.
Geralmente,
comentário formulado nos seguintes termos:
“A abstenção não é opção”. Votar, mais que um dever cívico é
uma obrigação moral para todos quantos lutaram para que hoje possamos exercer
este direito em liberdade.”
No espaço doentio em que Portugal vem penosamente
sobrevivendo, a ideia e o argumento de imposição moral de comparência às urnas
não tem valia, nem é susceptível de ser bem aceite pela maioria do povo
português. O que logo, à partida e no p.p. dia 06 de Outubro, foi evidenciado
pelos milhões de portugueses que se abstiveram de votar.
Tem certa piada que haja pessoas que condenem as abstenções
nos sufrágios eleitorais; e nem sequer critiquem as abstenções que ocorrem em
sede da Assembleia da República, no decurso das votações feitas nos plenários.
Depois, há que
afirmar que não votar é uma decisão legítima, protestativa, necessária, do cidadão,
se nativo de um País em que a Democracia e o Direito são, respectivamente, fantasia
e miragem perdidas nas ruas das muitas amarguras que dilaceram os indígenas. A
propósito: infelizmente Portugal é um país de fingido Estado de Direito e onde
predomina o abuso do “faz de conta”.
Igualmente, se
Portugal fosse uma DEMOCRACIA e ESTADO DE DIREITO, fazia sentido evocar o dever
cívico e obrigação moral de votar. MAS NÃO É!
Todavia, no
presente, até se pode afirmar “que para todos quantos lutaram para que hoje
possamos exercer este direito em liberdade” é imperativa a recusa de participar
na fraude eleitoral; a qual, é factor decisivo para estimular a continuação da
bandalheira que arrastou o povo luso para o abismo em que está mergulhado. Mais
se acrescenta: agora em Portugal não votar é uma forma de protesto de quem não
pactua com uma nefasta e asquerosa Partidocracia que alimenta a desgovernação,
favorece a corrupção e causa a desgraça nacional; esta, dispersa pela maioria
dos sectores da comunidade portuguesa.
Contudo, eu
e muitos portugueses vivemos dezenas de anos de ditadura do Estado Novo a
desejar eleições livres. Toda essa angústia não foi sofrida para nesta altura
vivermos na ditadura da Partidocracia e de nos convocarem para participar em
eleições falseadas, com todos os requintes de disfarçada malvadeza e ostensiva hipocrisia
institucionalizada e admitida como habilitação funcional da sociedade.
Pior, ainda, como
expediente obsceno de pretensa legalização de um sistema governativo tendente à
ruína do País e à continua progressão da miséria da maioria dos portugueses,
tratados como cidadãos de segunda e terceira classes.
Concluindo:
No sufrágio
universal de 06 de Outubro de 2019 registaram-se os seguintes resultados:
Votantes: 5 092 424
Votos no PS: 1 866 407
Votos em branco:
129 610
Votos nulos: 88 551
Não votaram: 4 250 274
Habitantes
inscritos: 10 811 436
Os portugueses
fiquem cientes de que o PS não se pode arrogar o desplante de se vangloriar de
que, para governar autoritariamente e à tripa forra, tem a aprovação e o apoio
da população portuguesa.
Somente um milhão,
oitocentos e sessenta e seis mil, quatrocentos e sete portugueses nele
confiaram. Número demasiado pequeno se enquadrado com o conjunto populacional
de dez milhões, oitocentas mil e quatrocentas e trinta e seis almas.
Como o Dr. António
Costa disse um dia : “É POUCOCHINHO!”
Oxalá que, enquanto
governante, tenha essa compenetração!
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