A REALIDADE QUE NÃO PODE SER IGNORADA
OU SEMPRE ENCOBERTA ARDILOSAMENTE
Brasilino Godinho
Às 0 horas de hoje,
dia 07 de Outubro de 2019, desceu o pano sobre o palco dos espectáculos que se
desenrolaram à boca de cena do circo político que funcionou todo o dia e noite
de ontem e de que as televisões deram ampla cobertura.
Houve grupos e
artistas que concitaram mais apoiantes e outros que menos se evidenciaram e que
manifestaram desencanto; até alguns não esconderam frustração.
Perante o programado
quadro do início da nova legislatura é apropriado desenvolver pertinentes
considerações alusivas à problemática que lhe está subjacente.
Desde logo há que
pôr circunspecção e reserva quanto à euforia dos vencedores e cuidar de
prevenir os portugueses menos atentos à existência quotidiana da sociedade
portuguesa e ao processamento da governação do país, relativamente aos excessos
eventualmente decorrentes de inadequadas interpretações tidas no decurso dos
entusiásticos festejos daquilo que se poderá admitir ser uma vitória de Pirro.
Por elementar
sentido das conveniências do coletivo dos cidadãos importa chamar a atenção de
todos os portugueses para o verdadeiro significado e alcance do que vulgarmente
se designa por vitória do partido A ou B, num qualquer pleito dito eleitoral
realizado em Portugal.
Neste país está
adquirido o hábito de o partido vencedor, seus dirigentes e membros, se
considerarem autorizados e mandatados para exercer o Poder de modo autocrático alegando,
a toda a hora, que a maioria dos portugueses aprovaram o seu programa e lhe
outorgaram essa prerrogativa com a maior quantidade de boletins que entraram
nas urnas. E o povo, infelizmente, aceita essa oportunista cantiga de muito o enganar
e confundir.
Reportando à actualidade:
o PS deve ter presente e os portugueses consciência de que, num universo de
mais de 10 milhões de residentes portugueses (10 562 178, pelo Recenseamento
de 2011)), só teve o apoio de 1 866 407 cidadãos – o que é uma ínfima
percentagem da totalidade da população. De modo nenhum o PS poderá dizer que
está mandatado pelos portugueses para fazer o que quer que seja que lhe dê na
real gana.
Muito menos,
proclamar que os cidadãos aprovaram o seu programa. Não houve aprovação
nenhuma; não só pelos diminutos boletins entrados nas urnas, como também por se
saber que, praticamente, ninguém lê ou liga ao mesmo. A lógica do escrutínio
cinge-se ao carisma do chefe do partido e à filiação ou simpatia no respectivo
clube partidário; tal como sucede com a cegueira dos fanáticos associados dos
clubes desportivos.
Pretender insinuar
ou afirmar o contrário do que evidenciamos nos precedentes é inglória e
insólita tarefa que se inscreve no reino da absurda fantasia, se localiza no
campo da falácia e que emerge mal cheirosa no pântano da hipocrisia.
Entretanto, mesmo
ontem, já se assistiu a um acto de fala que foi um mau presságio, deveras
preocupante, da autoria do Dr. António Costa,
Secretário-Geral do
Partido Socialista. Aos jornalistas, ele disse:
“Os portugueses gostaram da geringonça e desejam a
continuidade da atual solução política.”
O chefe do Partido
Socialista, apesar de se contemplar no provérbio de “presunção e água benta,
cada um toma a que quer”, mal pensa; e acresce a circunstância de que está
profundamente enganado.
Decerto que presunção tomará
a seu bel-prazer, ainda que indevidamente. Mas a água benta é-lhe vedada devida
à sua condição de governante que, acima das veleidades pessoais e partidárias,
deve privilegiar os superiores interesses da nação portuguesa.
Repare-se que entre 10
milhões de portugueses, somente 1milhão e 866 mil e 407 pessoas “gostaram e
desejam a continuidade da actual solução política.”
Caso para se afiançar que se
“não deve o sapateiro subir acima da chinela”, também não deve o pessoal do PS
e o seu dirigente máximo, enfeitarem-se com adornos fantasiosos.
ESTA É A MULTIFACETADA
REALIDADE QUE NÃO PODE SER IGNORADA OU SEMPRE ENCOBERTA ARDILOSAMENTE, com a conivência ou distracção dos órgãos da
Comunicação Social.
Mas, decerto, por ser uma incontroversa
verdade foi, acintosamente, “esquecida” pelos autoconvencidos e avençados comentadores
das televisões e dos jornais.
Post Scriptum – Pelo visto,
Brasilino Godinho é o único escritor que, em Portugal, conforme é patente no
dia-a-dia, faz este tipo de análises objectivas (arredadas de visões
parcelares) e isentas, apontadas ao superior interesse da nação.
Faço o reparo! Não formulo
lamento! Nem me vanglorio! Mas devo fazer o registo! Para conhecimento público!
E os cidadãos extraírem as devidas e atinentes conclusões!
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal