Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

domingo, outubro 13, 2019

BRASILINO GODINHO
88.º ANIVERSÁRIO NATALÍCIO
ESTE ANO POR SER DE BONITA CAPICUA COMEMORO MEU ANIVERSÁRIO
Com a publicação do 284. APONTAMENTO iniciei o ciclo das comemorações

285 Apontamento
Brasilino Godinho

13/Outubro/2019

RETALHOS DA MINHA VIDA DE ALUNO
DOS ENSINOS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO

(Continuação do 284. Apontamento)

02. NO ENSINO SECUNDÁRIO

No precedente 284. Apontamento concluí a sucinta descrição da minha passagem pelo Ensino Primário. Importa acrescentar que no exame final do curso obtive a classificação de Distinto.
Seguiu-se logo a matrícula no Curso Industrial de Serralharia Mecânica, ministrado na Escola Industrial e Comercial Jácome Ratton, de Tomar – a cidade da minha naturalidade.
Uma penosa inscrição justificada por meus pais não terem capacidade financeira para o filho poder frequentar o Colégio Nun’Álvares que, ao tempo, era em Tomar o único estabelecimento escolar que leccionava o curso liceal. Por sinal, um colégio cotado como dos melhores de Portugal.
E no entanto, bem se poderia supor que o abastado avô paterno facultasse os meios monetários de ajuda ao neto, de quem fora padrinho de baptismo. Verdade se diga que não foi solicitado nesse sentido.
O curso não correspondia à minha vocação. Toda ela direccionada para as letras.
Aliás, não tinha nenhuma aptidão para os trabalhos manuais. Uma falha que tem persistido em toda a minha vida. Com uma ressalva importante: consegui ser um bom desenhador de construção civil.
E do início da aprendizagem oficinal dou informação do insólito desfecho do primeiro trabalho a que me devia dedicar exclusivamente. O mestre da oficina, na primeira aula oficinal, entregou-me uma peça quadrada de chapa de ferro com uns 16 cms de lado e 8 mm de espessura, para limar e acertar esquadria em todas as arestas. O aluno Brasilino, nos dias e semanas que se seguiram, esforçou-se a limar. Limou, limou, limou… tanto limou e manuseou o esquadro com que ia verificando o desempenho da tremenda tarefa, que, em dada altura, a peça já estava reduzida quase a metade. Perante tal situação, o mestre, compreensivo, resolveu pôr o aluno Godinho a trabalhar com máquinas; ocupação de que ele se foi desempenhando com sofríveis resultados.
Hei tido a sorte de despertar a compreensão do mestre e de os colegas não me terem amesquinhado.
Ainda no primeiro ano tive um professor de Desenho que, perante algumas incorrecções nas peças desenhadas, pegava no lápis, riscava e ia dizendo; Burrice! Burricóide! Burro! Burricaço! Burricóide!
Também, no primeiro ano, outro professor de Desenho tinha a propensão de distribuir alcunhas pelos alunos. Lembro-me das mais engraçadas: Batatinha Nova, José das Dornas, Felisberto das Latas e Mê Zé.
Ainda no primeiro ano, tive o director da escola, como professor de Matemática. Era competente, mas muito temido por todos os alunos da escola. Figura austera e médico que aparentava ter cinquenta e tal anos. Um dia elogiou-me. Passado algum tempo, num outro horário, não dei resposta acertada a uma pergunta. Agastado e em tom agreste invectima-me: Gabei-te, estraguei-te! Estragado… foi o cabo dos trabalhos para o Brasilino recuperar o regular estado…
Noutra aula, de Matemática, com o director ocorreu um episódio que deixou marca profunda em todos os membros da turma.
O Batatinha Nova estava actuando no quadro negro, a ser interrogado pelo director. A certa altura enganou-se na resposta e no que estava escrevendo e záz! o director, vociferando, pega no ponteiro e aplica-lhe uma forte pancada na cabeça. Foi tiro e queda! Batatinha Nova cai redondo! Desmaiado! Director, apesar de médico, nas calmas, volta-se de esguelha, e toca a campainha. E enquanto aguarda a vinda do contínuo permanece sentado. Chega o contínuo, abre a porta e o director, impassível, diz-lhe: “Leva esse animal para o corredor; dá-lhe umas bofetadas e isso passa-lhe! Todos os alunos, novos e imberbes, ficámos apavorados.
O que fica descrito dá ideia do funcionamento do sistema escolar nas áreas dos ensinos primário e secundário, na época da Ditadura do Estado Novo.
Na actualidade, em plena e exuberante prevalência da Ditadura da Partidocracia, pelo que se vai conhecendo, passou-se do oito para o oitenta.
Inverteram-se os papéis: os professores são as vítimas indefesas e os alunos os violentos agressores – impunes!
Mas, atenção! Quer a condenável antiga usança; quer a anárquica, criminosa, admitida e impune, prática vigente nas escolas deste país, são intoleráveis. Mesmo inadmissíveis num Estado de Direito – o que, infelizmente, não é o caso de Portugal!
Há que pôr ordem e regularidade funcional no sistema educativo. Se, por acaso, isso ainda for possível num Portugal onde quase tudo se processa em termos do “faz de conta”; afinal, recorrendo ao fingimento mais abjecto e sob o grosseiro manto da hipocrisia.
Ou não estivéssemos submetidos a uma ditadura. Esta, com o colorido, o tipo folclórico e as muitas desvergonhas, as insistentes arbitrariedades e as ostensivas corrupções, vigentes nesta peculiar Partidocracia; que, abusivamente, sem qualquer pudor e mínimo escrúpulo, alguma gente designa por "democracia".

(Continua no 286. Apontamento)