167.
APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
17 de Agosto de 2018
BRASILINO GODINHO
17 de Agosto de 2018
PAPA ESTÁ
INCOMODADO!
TEM RAZÕES
PARA ISSO…
Os jornais de ontem trouxeram duas notícias que são
muito depreciativas para a Igreja Católica e que até incomodam os descrentes
que prezam os valores da moral e da dignidade humana.
Primeira notícia: “A Igreja nos Estados Unidos
encobriu abusos sexuais de clérigos a mais de mil crianças.”
Segunda notícia: “Papa diz estar envergonhado e
irritado com os casos de pedofilia na Pensilvânia”.
Se a primeira notícia é de natureza muitíssimo
repugnante e reporta casos absolutamente indignos de uma instituição religiosa,
em que os seus sacerdotes, bispos e cardeais fizeram votos de castidade e que
de forma tão indecente os violaram; a segunda notícia informa que o Papa está
bastante incomodado com as agressões sexuais que nos Estados Unidos têm
ocorrido nas últimas décadas.
O Papa enfrenta uma grave situação de
desconformidade existente entre o que preceitua a doutrina da Igreja Católica e
o incumprimento, por vezes criminoso, das regras de conduta dos seus membros –
o que é inadmissível numa religião que impõe práticas de virtude, de aprimoramento
moral, de respeito para com o próximo e de fraternidade entre os humanos.
O que de desvios sexuais dos membros do clero
católico vem acontecendo em vários países e em Portugal, traduzidos em
violações de princípios e normas de comportamento, é notoriamente uma aberração
e clara negação do que é entendido como a missão da Igreja.
Por citar Portugal e ser de anotar a minha pessoal
experiência de vida de octogenário que tem muitas histórias em reserva de
memória, poderia referir vários casos de padres, bispos, que, sem constituírem
família, tiveram filhos de amantes. Para ilustrar o que afirmo anoto o caso de
um bispo que era bastante incensado como muito virtuoso. Sempre que ouvia os
elogios ou lia as loas que lhe eram dirigidas, inscritas nos jornais, não
conseguia conter o riso. Também ele tinha uma amante. E mais: limitava-se a
transferir padres sempre que havia denúncias de estupros ou mancebias
escandalosas por parte de sacerdotes.
Conto uma peripécia um tanto patética.
Num dia de Agosto, no Restaurante O Telheiro, à
entrada da cidade da Guarda, que funcionava no segundo piso do edifício; e a
que se acedia por uma escada exterior de um só lanço, almoçava com a minha
mulher. Em dada altura chega um casal, ambos trajados com fatiotas de verão.
Ele em meias-mangas de camisa branca às riscas azuis. Ela de saia e blusa
ligeiramente decotada. Ficaram especados cerca da porta de entrada, pelo lado
interior, porque a sala tinha a lotação quase esgotada, aguardando a
aproximação do empregado de mesa. Este chegado próximo do casal, indicou-lhe a
mesa que estava vaga, quase defronte da minha e em posição à direita
ligeiramente afastada.
Então o cavalheiro e a dama sentaram-se um defronte
do outro. Ele de costa para a parede lateral com a face esquerda bem visível
para o lugar que eu ocupava. Ela de costas para a pequena passagem de intervalo
entre as duas mesas, mas com a face direita, de esguelha, numa posição que
manteve durante a refeição, atenta que estava à conversa com o seu
acompanhante. Então ocorreu algo patético que me dava vontade de rir. Porém,
mantive uma atitude discreta, fingindo que não me dava conta da cena, deveras
caricata. O casal era especial. Tratava-se de um senhor bispo e da sua amante.
O leitor imagine que o virtuoso bispo como era apresentado aos fiéis, manteve
durante três quartos de hora – o tempo que durou o meu almoço – a sua mão
esquerda permanentemente tapando o rosto do lado esquerdo. Quando saí o senhor
bispo deve ter ficado muito aliviado. Descendo a escada exterior do Restaurante
O Telheiro, a minha mulher, que era mui perspicaz, tendo-se apercebido do
embaraço da criatura, referiu a cena e perguntou-me se a conhecia. Respondi que
era o bispo x e a amante.
Interpretação da cena: o senhor bispo procurou
encobrir sua identidade; decerto, por sentir que estava a transgredir a sua
condição de bispo que um dia jurara cumprir voto de castidade; e a dar
confirmação de uma realidade que era conhecida de restrito número de pessoas.
Será desnecessário acentuar que situações de
mancebia de padres, bispos e cardeais, ou de práticas pedófilas, são
inquestionavelmente casos de hipocrisia e de gente que não se respeita a si
mesmo, nem os seus semelhantes.
Tais indivíduos não merecem a confiança de ninguém!
Obviamente, que a Igreja Católica não fica bem na fotografia… Pelo visto, só o
Papa se sente inconformado com tais circunstâncias que se vêm acumulando à
escala intercontinental…
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